expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

domingo, 25 de janeiro de 2015

Tartarugas em S. Tomé e Príncipe- A lei da sua proteção entrou em vigor e as organizações ambientalistas já espalham a mensagem pelas praias – Hipólito Dias, um dos santomenses mais apaixonados pela defesa de um dos animais mais antigos do planeta, ameaçados de extinção




S. Tomé – Praia Jálé - Largada de tartarugas recém-nascidas – Poucas sobrevivem à longa jornada


Filhotes de tartarugas lançados dos ninhos ao mar numa das praias mais belas e paradisíacas da Terra – Segundo os especialistas, apenas, uma em mil, poderá sobrevier e voltar à praia onde foram largadas, tais são as ameaças que pendem desde o momento em que são retiradas dos ninhos donde saíram da casca dos ovos, num dos espaços reservados à nidificação e avançam pela areia a fora até se deixarem envolver pela brancura das ondas e pelo azul imenso do oceano, seu meio natural

A operação, a que podemos assistir, em Fevereiro de 2016, é organizada pelo Programa Tatô de Proteção das Tartarugas Marinhas de São Tomé e Príncipe, uma iniciativa da ONG MARAPA (Mar Ambiente e Pesca Artesanal). Consiste na monitorização da desova das fêmeas nas praias da ilha de São Tomé entre Setembro e Abril, no seguimento da incubação dos ninhos e sensibilização do público à conservação destas espécies ameaçadas. Em 2012, a MARAPA e Praia Inhame Ecolodge associaram os seus esforços para permitir a implementação do Programa Tatô nas praias de Cabana e Inhame em Porto Alegre, no distrito de Caué.

As tartarugas marinhas nasceram para ficar. Com uma armadura única, nadam nos oceanos desde o tempo dos dinossauros. Durante séculos foram procuradas pelos seus ovos, carne, gordura, pele e carapaça, o que levou ao declínio de várias populações. Atualmente, com o rápido crescimento da população humana, surgiram novas ameaças que põem em perigo a sua sobrevivência. A poluição, a pesca acessória, o desenvolvimento costeiro, as alterações climáticas e o comércio ilegal colocam as tartarugas marinhas entre as espécies mais ameaçadas do planeta sendo urgente sensibilizar para a sua conservação. Segundo o Programa Tatô, são 4 as espécies de tartarugas que nidificam na ilha de São Tomé, nomeadamente a tartaruga verde (Chelonia Mydas), vulgarmente conhecida em São Tomé e Príncipe por Mão Branca. Segue-se a tartaruga Oliva (Lepidochelys Olivacea), com nome vulgar em São Tomé de Tatô. A tartaruga de Pente (Eretmochelys Imbricata), vulgarmente conhecida por Sada, e por fim a tartaruga de Couro (Demochelys Coriacea), em São Tomé chamada de Ambulância. Os colabores do Programa Tatô operam dia e noite em 31 praias da ilha de São Tomé monitorizando o processo de nidificação e desova das tartarugas. Boa parte das fêmeas que desovam nas praias é marcada para permitir o acompanhamento das mesmas.

 
A tartaruga (capaz de atravessar oceanos na busca de alimentos e para nidificar) pode chegar a desovar mais de uma centena de ovos mas apenas pouco mais de 1% chega à fase de adulta, que pode atingir os 180 anos, se não for capturada – Mas, de um modo geral isso não acontece porque a sua existência, corre sérios risco de  extinção. 

Os seus principais inimigos (além dos agentes poluidores e das redes de pesca, em que ficam presas ou das aves e dos peixes que  matam e engolem os pequenos filhotes quando abandonam os ninhos), tem sido a  captura indiscriminada em todas as regiões do globo, desde os ovos à carne, ementa preferida nos pratos asiáticos, mas não só nesses países:

– Também em  S. Tomé e Príncipe, é  frequente verem-se  pedaços de tartaruga retalhada exposta na canastra das peixeiras – 

Foi esta a imagem com que me deparei, em Outubro passado, para minha surpresa e desencanto, ao ser  abordado por uma vendedeira,  numa das ruas da cidade, mesmo já depois de lei, que prevê  a sua proteção, ter sido discutida e aprovada. No entanto, só agora, em Janeiro, é que entrou em vigor.

UM PASSO IMPORTANTE – COM AS EQUIPAS AMBIENTALISTAS JÁ A DIFUNDIR A MENSAGEM PELAS PRAIAS.

Aparentemente as autoridades estão empenhadas, e a entrada em vigor da lei é realmente um passo muito significativo, num país  onde as caça às tartarugas têm atingido níveis preocupantes:



«As pessoas que hoje em dia utilizam as tartarugas marinhas devem ter atenção. Vamos fazer um processo de sensibilização, de formação e comunicação à população em geral sobre o conteúdo desta lei, para que as pessoas possam estar conscientes de que quando estão a caçar e a comercializar as tartarugas estão a violar as leis», declarou, recentemente, à imprensa, o Director Geral do Ambiente, Arlindo Carvalho.Lei para salvar tartarugas já existe agora falta autoridade 

A lei de proteção às tartarugas, proibindo  a caça e a comercialização da carne, criminalizando a utilização ou comercialização dos ovos, aprovada ainda na vigência do anterior governo, entrou finalmente em vigor – E as equipas das organizações ambientalistas, já estão no tereno distribuindo cartazes ao longo de todas as comunidades costeiras e grandes cidades de cada distrito em colaboração com a câmara e comando policial distritais, dando a conhecer as actividades proibidas e a razão pela qual é importante conservar as tartarugas marinhas” A ATM e a MARAPA já iniciaram a campanha de divulgação

É uma boa notícia para os defensores destes extraordinários seres marinhos, porém,  mesmo assim, não é suficientemente tranquilizadora,  já que, os hábitos da captura indiscriminada,  não são fáceis de mudar através da letra da lei -  Pois, vários têm sido os alertas por organizações ambientalistas, por exemplo, dando conta de que “em cada quatro tartarugas que chegam à praia, três são capturadas” . “E são muitas as tartarugas que acabam no mercado”,lamentava-se, ainda não há muito, a ONG Marapa, responsável pelo projeto de proteção das tartarugas marinhas nestas Ilhas  captura indiscriminada de tartarugas em são tomé

HIPÓLITO LIMA – O ESFORÇO, O AMOR E A  DEDICAÇÃO DE UM SANTOMENSE EM PROL DA SALVAÇÃO DAS TARTARUGAS




Durante a minha breve mas profícua estadia em S. Tomé, 39 anos depois de ali ter partido para tentar a travessia oceânica de canoa S. Tomé- Brasil, uma das boas surpresas, que agora ali tive foi realmente ter-me encontrado,  na Praia de Moro Peixe, com o Sr. Hipólito, sem dúvida, um dos santomenses mais apaixonados pela salvação e reprodução das tartarugas.

Morro Peixe, é uma pequena  aldeia de pescadores situada na costa norte de São Tomé, zona litoral na  qual se encontram (pela qualidade e tranquilidade das sua finas areias) algumas das praias mais procuradas para a desova das tartarugas, nomeadamente, as praias de Micondó,  Conchas,  Atrás-do-Morro, Tamarindos,  São Carlos, Manque Bicho, do Caroceiro, do Governador e da Brigada – Visto que, nas muito batidas nas suas margens  ou já sem areia a descoberto, devido ao aumento do nível das águas ou, então, naquelas onde predominam os duríssimos gogos  ou areia grossa, tais condições impedirem  a sua nidificação.

A casa típica  de madeira, onde vive, Hipólito Lima, conhecida por “Casa Tatô, erguida ali mesmo à beira da praia, está transformada num autêntico museu de informação das tartarugas mas também de meios  para a sua proteção e monitorização. 

 É, digamos, um ponto obrigatório para os amantes da natureza, e sobretudo da vida das tartarugas. O seu entusiamo, data de há mais de vinte anos.  Diz-nos que “tudo começou em 1996, com biólogos americanos – E, desde então, fez da sua vida, uma verdadeira cruzada, totalmente entregue à salvaguarda de “um dos répteis mais antigos que ainda habitam a Terra – estima-se que elas começaram a existir cerca de 220 milhões de anos atrás. Habitantes da terra ou do mar, as tartarugas possuem um escudo ósseo, que evoluiu para protegê-las contra predadores. 

Existem cerca de 300 espécies diferentes de tartaruga, das mais diferentes formas e dos mais variados tamanhos” E algumas das quais, de aspeto estranhíssimo  As 10 espécies mais bizarras de tartaruga – .Porém, tal como ele reconhece, em S. Tomé, apenas a carapaça de uma espécie é suscetível de aproveitamento para o artesanato, infelizmente também esta seriamente ameaçada.


Hipólito Lima é uma figura muito estimada e respeitada, junto das gentes do mar,  e também das mais conhecedoras da realidade das tartarugas, em S. Tomé, só que, pelos vistos, não tem sido fácil, na a sua missão, demover hábitos arreigados.  Pois, além de liderar a equipa de guardas de proteção e monitorização das praias, também gere o centro  de atendimento aos visitantes, que dispõe de um pequeno eco-museu e de um cercado de incubação.


Tem sido das pessoas que mais se tem batido pela implementação da lei – Quando nos encontrámos, em meados de Outubro passado,  ainda a lei não tinha entrado em vigor, pelo que refirmava da necessidade da mesma ser posta em prática. “Nós não nos devemos apenas preocupar com a comida mas também com o desenvolvimento”. E, no seu ponto de vista, esse desenvolvimento pode ser atraído através da curiosidade que as tartarugas suscitam no turismo das ilhas.  Não para comer a sua carne mas para  serem observadas, diz Hipólito Lima, em declarações que registámos em vídeo.

Tal como já foi referido  na imprensa, “A sua extrema dedicação às tartarugas marinhas fez com que passasse todo o seu conhecimento à  família e hoje em dia o seu filho Silvério e o seu sobrinho Kennedy trabalham de braço dado com o sr. Hipólito na protecção, marcação e recolha de dados biométricos de fêmeas e ninhos nas praias de Morro Peixe.. 10/12/2014 - Conheça a nossa equipa de Morro Peixe .
Aqui fica, pois, além de uma boa noticia – de  que a lei da proteção das tartarugas entrou finalmente em vigor (sim, mas oxalá não fique apenas pela letra), - ainda  o destaque, inteiramente justo e merecido, ao espírito de um homem bom, voluntarioso e generoso, que tem dado o melhor do seu saber e do seu esforço para evitar a extinção de uma dos mais antigos e curiosos seres do Planeta Terra.   


Massive female Leatherback; unknown photographer, East coast of Sao Tome, 1998, courtesy of Liv Larsson Gulf of Guinea Expeditions | California Academy of Sciences

"A MATANÇA

No mês de Outubro último 44 tartarugas foram abatidas nas praias da ilha de São Tomé. A ONG MARAPA, está a contabilizar a morte das tartarugas dia a dia, na ilha de São Tomé, onde as autoridades governativas não conseguem evitar a previsível tragédia. Desde Agosto último quando a ONG decidiu publicar mensalmente dados sobre a matança abusiva das tartarugas, já foram contabilizados 74 abates. No cartaz mensal em que suplica por socorro às tartarugas marinhas, a MARAPA diz que as tartarugas estão ameaçadas na ilha de Sã Tomé. Suplica por ajuda, para evitar uma tragédia a curto prazo.Téla Nón >> Matança de tartarugas não pára de aumenta

Jorge Trabulo Marques - Jornalista profissional

Nenhum comentário :