Jorge Trabulo Marques - Jornalista - e antigo navegador solitário em canoas
O naufrágio ocorreu na fatídica noite de 14 de Abril de 1912, durante sua viagem inaugural, entre Southampton, na Inglaterra, e Nova York, nos Estados Unidos, com 2208 pessoas a bordo. após o choque com um iceberg no Oceano Atlântico, afundando-se duas horas e quarenta minutos depois, já na madrugada do dia 15 de abril, provocando a morte de 1 496, havendo quem registe 1517, transformando-o em um dos piores desastres da história da navegação


TAMBÉM EU FUI UM NÁUFRAGO
Náufragos do desespero!
das inumeráveis viagens inacabadas,
dos inarráveis rumos que foram traçados
e dramaticamente, riscados,
abruptamente destroçados,
afundados no torvelinho das águas!..
Tal como vós, também um dia parti de um porto,
de um indistinto porto tracei meu rumo,
perdi-me, voguei errabundo, fui náufrago!...
Vivi todas as sensações e emoções do mundo,
como só talvez as viva intensamente
quem se abra de corpo aberto
e coração fundido à pulsação
desse plangente limite,
viscoso, movediço, sorvente!
irradiado do próprio sonho,
felizmente resisti e sobrevivi!
Náufragos, irmãos meus!
Afinal, irmãos de todos os homens,
de todos os seres e de todas as coisas!
Ricos ou pobres - O sufoco do mar não os distingue,
engole-os e traga-os a todos por igual.
Tal como vós, ó náufragos do Titanic,
fiz do meu pequeno barco
não a mansão luxuosa
mas o mesmo lar no grande mar!...
e, através das suas ondas,
rugidoras de presságios,
se não tive a vossa sorte,
quantas vezes naveguei e aspirei,
em cada espuma,
em cada noite cerrada,
em erma bruma,
um perfume salgado de morte!...
Jorge Trabulo Marques
Perdida nas brumas do tempo e das trevas...
Longe vai a noite centenária e impiedosa, sombria e mortal da tragédia!
Que atormentou e sepultou o mais luxuoso navio do mundo - o lendário Titanic.
Que atormentou e sepultou o mais luxuoso navio do mundo - o lendário Titanic.
No seu percurso inaugural de Inglaterra à América.
A quatro dias de viagem, em águas calmas do Atlântico, muito afastadas do Ártico,
mas subitamente transformadas em aragens de afrontosas ameaças e de arrepio!
Semeadas por flutuantes e perigosos icebergues,
cujo brilho azulado a noite ofusca sob límpido mas negro céu.
Em latitudes onde a Primavera tarda, é fria
e tem, da cor da fuligem, o sinistro véu!
- Porém, eu, náufrago, sobrevivente
em atribulados mares de outras paragens,
por natural associação às longas horas
que por mim foram vividas,
ainda diviso, debaixo da treva e do assombro da ímpia noite sideral
o perfil do luxuoso e imponente navio
que, sulcando o mar em imprudente marcha veloz, vai embater e raspar
- Porém, eu, náufrago, sobrevivente
em atribulados mares de outras paragens,
por natural associação às longas horas
que por mim foram vividas,
ainda diviso, debaixo da treva e do assombro da ímpia noite sideral
o perfil do luxuoso e imponente navio
que, sulcando o mar em imprudente marcha veloz, vai embater e raspar
nas gélidas arestas de enorme bloco de gelo,
sofre duro rombo a estibordo, e, desamparado,
sofre duro rombo a estibordo, e, desamparado,
perde-se para sempre e naufraga!
- Consequência de monstruoso temporal, casuais fatalidades ou flagelos inevitáveis?!..
Oh, não, nada o salvará!... Os caprichos do destino são incontornáveis,
porém, mais graves e propensas serão ainda as ameaças,
quando, às adversidades, ao incerto e obscuro,
se junta a negligência, a vaidade e a insensatez!..
.
.
Pelo telégrafo surgem avisos e alarmes vários
a que não se dá crédito. Aumenta-se até a velocidade
para se apressar e festejar a chegada -.
Às 23h40, do dia 14 de Abril de 1912, com o navio a navegar
a 640 km dos Grandes Bancos da Terra Nova, "os vigias do mastro,
Frederick Fleet e Reginald Lee,
avistaram um iceberg bem em frente do navio".
Quando o sino de alerta do alto toca três vezes a rebate, já é tarde!.
- Por isso, haverá maior culpado que a mente humana
quando despreza e descura
as hostis e adversas forças da Natura?!..
Todavia, evoco o vosso sofrimento, ó lúgubre navio e lágrimas choradas!
Vivendo a incerteza e angústia, ainda não sarada, daqueles meus longos e penosos dias,
cujo lastro tenho bem presente na alma ferida por longas e tormentosas noites de vigílias,
vejo-vos e ouço-vos, corações atormentados! Escuto os ais e os gritos aflitos,
as desolações que se afundam! - Nitidamente descortino,
no tropel confuso da tragédia humana que vos enlutou,
e, sob a capa da mais gélida e sideral atmosfera,
o imenso poço que vos submergiu e afundou!
Ouço os vossos soluços e claramente vos revejo e situo ó almas perdidas!
Ouço os vossos soluços e claramente vos revejo e situo ó almas perdidas!
Através da luz sombria que ficou memorizada nos meus olhos,
das muitas imagens que a minha retina em desvairadas tempestades fixou,
ainda consigo descobrir, já engalfinhada por mãos de terríveis sacrilégios,
a majestosa e iluminada esfinge que vos transportava,
agora enxague e ferida por um dos enormes escolhos vítreos
que boiavam soltos, que tragicamente a romperam e traíram
e que não tardará a desvanecer-se...
- Qual sopro de vela que flutua acesa e depois se afunda e apaga

ao surgimento dos indiscifráveis mistérios
que, a rompê-los ou a desvendá-los - Em redor
não há claridade alguma. Não se enxerga nada.
- O mar é a imensa planície escura mas tranquila.
A noite é gélida mas aparentemente pacífica e calma.
Os habituais ventos que sopram em noites frias e aziagas,
parece terem-se apaziguado ou feito algumas tréguas - Não uivam!
Não há nevoeiros compactos, coalhados de densa maresia, que se enfiam
pelas narinas, têm o sabor do sal, toldam ainda mais a vista e quase sufocam.
Quem espreitar pelas vigias, não descobrirá os brumosos novelos que lembram fantasmas,
as leitosas névoas ensanguentadas que ofuscam o sol poente ou antecedem as noites de agoiro,
o tumulto das tempestuosas marés que tudo envolvem e arrastam.
O céu está descoberto e estrelado! Não há sinais
de cerrados tectos ou sinistras e fúnebres abóbadas!
Haverá, no entanto, sortilégios, esconjuros e temíveis perigos
de que há noticia mas que se negligenciam e ignoram.

As eternas constelações aparentemente fixas,

Eu, que sozinho voguei sob noites equatoriais povoadas de assombro e trevas
Distingo o perfil inconfundível de esbelto e moderno navio - O seu vulto!
Através dele o casco e as linhas aprimoradas que lentamente se afundam e suspiram,
que lentamente soçobram e asfixiam, que lentamente mergulham, vergam e se revolvem
na líquida massa negra azulada, movediça, ondulada e informe,
coalhada de pedaços de gelo do mesmo icebergue, que depois de lhe deferir
duro golpe fatal, ali mesmo o vai sepultar!... Com idêntica crueldade e gélido brilho
ao que espelham as mortuárias águas!... O mesmo que é reflectido
do sideral firmamento, no qual as estrelas continuam silenciosas mas rutilam.

Vejo-o e distingo-o, como se aquela noite de tragédia
se fixasse no éter para sempre,
perpetuada na atmosfera vítrea da amortalhada imensidade!
Espelhada no rosto dos astros - No calendário programado
dos grandes naufrágios do mar ! - Afrontosa crueldade
marítima, cuja hora idêntica ainda hoje perpassa
clarissima pela minha mente,
tantas vezes a vivi e a revivo
desde a infância na memória!

As eternas constelações aparentemente fixas,
fazem o seu giro no firmamento. O sol ilumina outros cantos da Terra
e, quem vai no interior do faustoso paquete, espera que, no dia seguinte,
volte acordar sob a grande luz cósmica - Esta volte a raiar do fundo das águas!
- O céu é escuro mas não espesso. Prevalece, contudo, o brilho rutilante das estrelas,
que, por tão longínquas, vão manter-se indiferentes e alheias ao drama e ao infortúnio
do mais tenebroso caleidoscópio, que, a horas nocturnas e malditas, caladas e surdas,
vai desenrolar-se sob a frieza do mais inesperado e horrível presságio - Em cenário
desolador e árido, que ondula rumorejante, quase silencioso, mas escuro e gelado! 
Eu, que sozinho voguei sob noites equatoriais povoadas de assombro e trevas
e habituei meus olhos e meu instinto
a ver o que as sombras e nevoeiros nocturnos ocultam ou encobrem,
mesmo à distância do espaço e do tempo,
claramente ainda diviso o pronúncio sinistro das mais trágicas horas de luto!... Distingo o perfil inconfundível de esbelto e moderno navio - O seu vulto!
Através dele o casco e as linhas aprimoradas que lentamente se afundam e suspiram,
que lentamente soçobram e asfixiam, que lentamente mergulham, vergam e se revolvem
na líquida massa negra azulada, movediça, ondulada e informe,
coalhada de pedaços de gelo do mesmo icebergue, que depois de lhe deferir
duro golpe fatal, ali mesmo o vai sepultar!... Com idêntica crueldade e gélido brilho
ao que espelham as mortuárias águas!... O mesmo que é reflectido
do sideral firmamento, no qual as estrelas continuam silenciosas mas rutilam.

Vejo-o e distingo-o, como se aquela noite de tragédia
se fixasse no éter para sempre,
perpetuada na atmosfera vítrea da amortalhada imensidade!
Espelhada no rosto dos astros - No calendário programado
dos grandes naufrágios do mar ! - Afrontosa crueldade
marítima, cuja hora idêntica ainda hoje perpassa
clarissima pela minha mente,
tantas vezes a vivi e a revivo
desde a infância na memória!
EVOCAÇÃO COMPLETA EM - MEMORY OF THE TITANIC WRECK - A Singela Homenagem de quem viveu o sufoco aflitivo das ondas



A viagem inaugural foi no dia 10 de Abril onde partiu de Southampton, em Inglaterra, rumo a Nova Iorque. Quatro dias depois, perto da ilha de Terra Nova, no Canadá, o Titanic choca contra um ‘iceberg’.

Destroços do Titanic condenados a desaparecer no fundo dos abismos – Em 2012, um estudo dizia que, dentro de 14 anos, a corrosão provocada por uma bactéria estava a consumir os restos do navio a uma velocidade fora do normal
SÓ QUEM CONHECE NOS OLHOS O TERROR DA VIOLÊNCIA DO MAR OU O SUFOCO E A AFRONTA DAS ÁGUAS SALGADAS, NA GARGANTA, PODERÁ AVALIAR QUÃO DUROS SÃO OS MOMENTOS DÉ AGONIA OU DE INCERTEZA

Posteriormente fiz outras aventuras, de S. Tomé à Nigéria, em 12 dias, - E, ainda nesse mesmo ano, a tentativa da travessia da Ilha de Ano Bom ao Brasil, junto à qual fui largado de um pesqueiro americano, que me conduzira, desde S. Tomé até às suas proximidades, para apanhar a grande corrente equatorial. e que acabaria por se saldar em 38 longos dias, grande parte dos quais ao sabor das correntes e dos ventos.
Tratando-se da época das chuvas, altura em que se registam as grandes tempestades, deu-se o facto do pesqueiro, por duas vezes, ter sido assolado por violentos temporais. Face a tais ocorrências, o comandante do Barco chamou-me à câmara do comando e convidou-me a trabalhar a bordo e abandonar a canoa: tendo recusado, não tive outra alternativa senão de ser descido, por um dos guindastes, com a canoa para o mar,

Então sob o reinado de terror de Francisco Macias Nguema, que chegou a tecer elogios públicos a Hitler, forçando a fuga de um terço da .população, tendo sido apeado através de um golpe de Estado, em 3 de Agosto de 1979, pelo sobrinho Teodoro Obiang, atual do presidente, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo,
Ano-Bom, uma pequena ilha e província da Guiné Equatorial, localizada no Atlântico Sul, a 350 km da costa oeste do continente africano e 180 km a sudoeste da ilha de São Tomé (São Tomé e Príncipe - A ilha constitui a pequena Província de Annobón, uma das sete províncias da Guiné Equatorial. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ano-Bom


Dia 34º - Deitado no fundo da canoa...Não tenho comida... Sinto uma grande dureza no estômago - Este o titulo da postagem, que pode ser lida, com a indicação de outros linkes em Dia 34º - Deitado no fundo da canoa...Não tenho comida... Sinto uma grande dureza no estômago
Então sob o reinado de terror de Francisco Macias Nguema – da independência, em 1968, a sua derrubada, em 1979, que forçou a fuga de um terço da .população e ficou conhecido de maneira polêmica por ter elogiado publicamente a figura de Adolf Hitler, que, o golpe de Estado em Guiné Equatorial uem 3 de agosto de 1979, logorou afastar pelo sobrinho, atual do presidente, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo,


A fraqueza é imensa e deixa-me bastante debilitado. Tenho-me mantido num profundo silêncio - Foi um dos dias em que não meti nada à boca e falei muito pouco para o meu gravador.
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