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quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Elevador da Glória , em. Lisboa, descarrilou. E matou 15 pessoas– Neste local há 25 anos, abriu os braços o ator de O FANTASMA.

Jorge Trabulo Marques  Jornalista

Elevador da Glória , em. Lisboa, descarrilou. E matou 15 pessoas– Neste local há 25 anos, abriu os braços o ator de O FANTASMA., meu conterrâneo, Já falecido O acidente provocou a morte de15 pessoas e 23 feridos . Ricardo Moneses, era natural de Castelo Melhor, Foz Côa - Meu abraço aos jornalistas que ali permaneceram horas seguidas e minha sentidas condolências às famílias tão duramente surpreendidas



FOI DECLARADO LUTO NACIONAL - O elevador, que liga os Restauradores, ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros, é muito procurado por turistas, tombou junto à Avenida da Liberdade.



O acidente ocorreu às 18:05m de Quarta-feira provocou 15 mortos e 23 feridos, cinco dos quais em estado grave. Entretanto, apontam-se como causas do acidente a rutura súbita do cabo subterrâneo que liga os dois elevadores

Mas também não me surpreenderia que o acidente pudesse ter sido provocado por falta de limpeza da linha, tal é o estado em que se encontra a via e a área circundantes, tal como pude voltar a constatar, visto ter estado nos dois pontos e ter percorrido a área lateral

Desloquei-me ao local, ainda na fase de recupearação dos corpos e onde permaneci até às cinco da manhã, que conheço desde os meus 12 anos,na altura em que  trabalhei como marçano, menino escravo na antigas mercearias e leitarias de Lisboa. Uma das quais na Rua da Atalaia. E muitas foram as vezes que subi e desci esta ígreme quelha,
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Os passageiros feridos foram assistidos nos hospitais da Amadora, São Francisco Xavier, Santa Maria e São José. Já não há pessoas Considerado uma das maiores tragédias das últimas décadas em Lisboa.

TRÁGICO ACIDENTE QUE FAZ LEMBRAR O SINÓNIMO DE FANTASMA NO PIOR SENTIDO DA PALAVRA

Ricardo Menezes, que já não se encontra entre os vivos. Foi um jovem que deixou a sua aldeia e veio procurar trabalho em Lisboa, Depois de ter passado alguns meses numa situação dos sem-abrigo, dormindo ao relento na Praça da Figueira e noutros locais, acabaria por ser escolhido a participar no filme

O Fantasma, com enredo de algum modo relacionado com a sua situação: ou seja, de um jovem que trabalhava para a companhia de limpeza urbana, e que possuia uma relação bastante obsessiva com sexo e com sensações físicas no geral

Era natural da povoação de Algodres da freguesia de Castelo Melhor, concelho de Foz Côa- Pelo que pude depreender, o filme, dada ter sido preenchido com cenas de sexo explicito, de cariz homossexual, acabaria por lhe provocar alguns problemas psicológicos, que o conduziriam a uma certa depressão e acabar numa morte muito estranha.
.O Fantasma estreou a 8 de setembro de 2000 no Festival Internacional de Cinema de Veneza, onde competiu para o Leão de Ouro. Comercialmente, o filme foi lançado nos cinemas de Portugal a 20 de outubro do mesmo ano.

Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Lisboa dos anos 50 – Marçano aos 12 – Recordações do Menino Escravo nas velhas mercearias da capital - De caixote sobre o ombro a subir ingremes escadas em caracol pra levar as compras aos clientes, de que dependia das gorjetas de centavos e a ter que dormir nos jardins, quando o patrão dava o chuto

Era uma criança... e todavia já um escravo
Recordações daqueles meus tempos de menino escravo - Mal acabei a instrução primária, tal como muitos rapazes da minha aldeia, fui procurar a vida na cidade alfacinha, como marçano - O meu primeiro trabalho, foi numa mercearia na Calçada de Santana. E consistia em levar, num caixote, que transportava às costas, as compras a casa dois clientes: desde o simples quilo de açúcar ou de arroz aos vários quilos das batatas, subindo e descendo as íngremes escadas em caracol, as chamadas escadas de serviço, já que, pelo elevador ou escadas da porta principal, tal não era permitido - Os antigos prédios de Lisboa, ainda mantém essa escadaria.

O patrão fazia dos meninos marçanos-criados, garantia-me a comida e a dormida numa tarimba mas não me pagava mais nada. Dependia apenas das magras gorjetas dos clientes, que era uns míseros centavos. 


Depois conheci vários empregos. Era sempre a mesma coisa!... O marçano era o "moleque negro" colonial para todo o serviço - e a custo zero - Um dia, farto dos seus abusos e prepotências, despedi-me. Enquanto não arranjei emprego, passei fome de cão e dormi ao relento.Era Janeiro e estava muito frio: Na primeira noite fui-me deitar por entre os arbustos do jardim do Campo de Santana, porém, às tantas, tendo sido assediado por um mendigo, que queria abusar de mim, subi pela escada de serviço de um prédio e fui-me refugiar num terraço


Quando, aos 18 anos, desembarquei em S,Tomé para uma estágio de técnico agrícola na roça Uba-Budo,  cedo me apercebi que as diferenças entre o que se passava no velho continente - na chamada Metrópole - em nada eram diferentes do esclavagismo ainda reinante nesta maravilhosa ilha. 

Como me recusasse a seguir a severa  rigidez no relacionamento com os chamados serviçais,  tratando os trabalhadores por tu, ao velho estilo colonial, como consequência, o  patrão, um tal administrador, Sr. Pereira, não tardou a enviar-me de castigo para o sul da Ilha, na Roça Ribeira Peixe - a contar cacaqueiros velhos  numa área infestada de serpentes venenosas


 ESTA LISBOA JÁ NÃO  É A MESMA DOS MEUS TEMPOS DE CRIANÇA




Antiga mercearia,das crianças escravas -Web
Bairro Alto



Conheço o Bairro Alto desde rapaz. Guardo daquelas ruas velhinhas muitas recordações. Mas , desse tempo, pouco mais resta que o seu casario. Está tão descaracterizado! Tão diferente! Sou de uma pequena aldeia nortenha. 
A casa onde nasci

Mal acabei a instrução primária, vim procurar a vida na grande cidade alfacinha, como marçano -  Tinha que aprender a escola antiga dos patrões. Servir o cliente com subserviência mas ir-lhe ao bolso nas compras.. 

Todos queriam que roubasse uns gramas e eu não tinha jeito para isso. Andei lá pelos penhascos agrestes atrás das ovelhas do nosso pastor e as minhas mãos não estavam talhadas para maniganças aligeiradas(mas eficazes) nas balanças. Acabavam por me mandar embora ou era eu a despedir-me 


Calçada de Santana 
Marçano aos 12 anos nesta esquina
E lá voltava eu andar com o saquito da trouxa às costas até conhecer novo patrão. Dormi muitas noites no desvão das escadas ou nos terraços de cimento dos prédios mais altos(subindo pela escada de serviço para que ninguém me visse. 

Receava os vadios e envergonhava-me da vida humilhante que levava. Além disso, não tinha dinheiro para pagar nas pensões, pois o  pouco que me restava era para matar a fome com umas carcaças. E também não me queriam hospedar por ser menor. 

Uma manhã acordei de tal maneira enregelado, que, mal me levantei, logo caí! - Oh como eram longas e frias aquelas horas da noite e da madrugada!... Ouvia-as bater nas torres das igrejas... Custavam-me tanto a passar!...  Mas, uns dias depois , lá acabava por arranjar outro patrão.. Era quase de borla, sempre ao seu dispor e qualquer mercearia gostava de ter o rapaz-marçano.




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