expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

domingo, 17 de agosto de 2014

São Tomé - Francisco José Tenreiro- O poeta da “Ilha de Nome Santo” – Tem busto na Biblioteca Nacional – “Nós, minha mãe Não nascemos um dia sem sol!” Finalmente, fez-se sol, a homenagem merecida – Numa terra onde os voos continuam inacessíveis à maioria dos santomenses




 
(atualização) Do poeta, escritor  e jornalista, Nuno Rebocho, recebi por e-mail esta sugestão que aplaudo inteiramente: “Espero que a Alda do Espírito Santo e a Maria Margarido também venham a merecer a mesma distinção.”



São Tomé e Príncipe distingue Francisco José Tenreiro, um dos seus maiores poetas e escritores,  com um busto frente à Biblioteca Nacional – A cerimónia decorreu ontem, Sábado e foi presidia pelo Ministro santomense da Cultura, Jorge Bom Jesus.

“A edificação do busto, segundo este governante, é uma forma dos santomenses renderem homenagem do geógrafo e escritor que traduziu’ a forma de pensar, expressar e viver do homem santomense’’.
"Na cerimónia que marcou, também, abertura oficial do ‘’Festival Gravana 2014’’ e que conta para os próximos três anos com um patrocínio de uma operadora de telefonia móvel instalada no país, o Ministro reconheceu que o ‘’ poeta Francisco José Tenreiro, é uma figura que tem e marca, igualmente, o espaço da negritude e cultural da CPLP’’. Agência Noticiosa STP-PRESS




Foto Renato Sena Santos


Francisco José Tenreiro, nasceu na Roça Boa Entrada, a 20 de Janeiro de 1921. Fazia anos no mesmo dia do mês em que eu mais tarde nasci e faleceu na madrugada de 31 de Dezembro de 1963, dois meses depois de eu ter desembarcado na sua Ilha de Nome Santo. .  Se fosse vivo, teria 93 anos. Presumo que ainda vivam muitos são-tomenses com a sua idade e lúcidos.





POENTE  - Poema de Francisco José Tenreiro -Foto de Renato Sena Santos

Envolve-se pudicamente o sol, nos lençóis do mar
e súbito vem a noite. Muito súbito e muito rápido.
Logo no céu de cabelos revolta a lua nasce
banhando de sossego a cidade  escaldada
donde se evolam os fumozinhos da humanidade.

Das mangueiras nascem  morcegos de vigília:
poetas mamíferos a quem a noite dá asas
acompanhado de sonhos o poeta das insónias.
E a cidade  adormece para o vício  e para o amor! 


Nós, Mãe 

Tens o rosto vincado, minha mãe!
Os teus seios deixaram de dar leite
e tombaram em desalento
como duas folhas envelhecidas.
Só as tuas pernas engrossaram
e os dedos cortados e lascados 
se enraizaram pela Terra
dizendo ainda que vives.
De resto, o teu ventre murchou
como se tivesse sido soprado
pelo bafo de um vulcão maldito.
De resto, o teu coração de azeviche
mirrou e tornou-se padecento
e a tua pele fina, minha mãe,
ficou rugosa e feia
como casca de uma árvore velha.

Os teus olhos são duas poças de água
procurando em vão nem tu saberás o quê?
Talvez os teus tantos filhos
paridos desse ventre gasto e encarquilhado
e que vão gritando pelo mundo lágrimas de sangue.

"o cantar doce dos coqueiros
ondulando à brisa
era o balbuciar do teu primeiro filho.
e a nossa primeira irmã
tinha nos olhos duas luas negras
acendendo a nossa alegria.
Então, os teus seios, minha mãe,
tinham leite escorrendo dos bicos
em dos rios muito brancos
na pele cor de ébano."

Ah! Brancos, negros e mestiços
escaldaram o teu corpo de sensações
com o bafo de um vulcão maldito.
E os teus seios secaram 
e o teu corpo mirrou
e as pernas engrossaram
enraizando-se no teu próprio corpo.

E os teus olhos...

Os teus olhos perderam brilho
ao sentirem o chicote 
rasgar as carnes duras dos teus filhos.

Os teus olhos são poços de água pálida
porque cheiraste na velha cubata
o odor intenso de uma aguardente qualquer.

Os teus olhos tornaram-se vermelhos 
quando brancos, negros e mestiços instigados
pelo álcool
pelo chicote
pelo ódio
se empenharam em lutas fratricidas
e se danaram pelo mundo.

E a ti,
Oh! mãe dos negros e  mestiços e avó dos brancos!
ficou-se esse jeito
de te perderes na beira de algum caminho
e de te sentares de cabeça pendida
cachimbando e cuspindo para os lados.

Mas os teus filhos não morreram, negra velha,
que eu oiço um rio de almas reluzentes
cantando: nós não nascemos um dia sem sol!

Que um rio vem correndo e cantando
desde St. Louis  e Mississípi 
ao som dos quissanjes numa noite africana
às noites  longas dos cargueiros  em Post-Said
à luz nevoenta de algum botequim de cais inglês
até onde haja um peito negro tatuado e ferido.

Conheço, sim, o cansaço  do nosso corpo.
E se um dia não puderes mais
fecha os olhos e encosta o ouvido à terra.
Ui! ouvirás  no ressoar de um tambor ao longe 
o canto altivo  e sereno dos teus filhos.

Nós, minha mãe
Não nascemos um dia sem sol! - Da obra poética  de Francisco José Tenreiro, 1967 


A BELEZA PROPORCIONA SENTIMENTOS DE PAZ DE AMOR E DE HARMONIA- E QUEM NASCE NAS PARADISÍACAS ILHAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, É JA MEIO CAMINHO ANDADO PARA SER-SE POETA - Mas para os que emigram é cada vez mais difícil o retorno.

O local ideal para aperfeiçoar a arte da calma”, sugere o canal de viagens da CNN. Para a CNN, São Tomé e Príncipe é um dos dez «destinos de sonho# de 2014 .

 ILHAS MARAVILHOSAS  - MAS CONTINUAM A SER UMA MIRAGEM  À MAIORIA DAS  BOLSAS

Fotos de paisagens de  Renato Sena Santos
Pena é que seja o local idílico só para os turistas mais endinheirados    Os preços da hotelaria são caríssimos, contudo, a vida das famílias santomenses de baixa renda tornou-se insustentável. 
 - - equivalente a cerca de 40 euros, contra os 800 mil dobras  
"São Tomé - «Bicabala» é o termo do crioulo são-tomense para definir a tarefa diária de cada cidadão para sobreviver no dia-a-dia, ou seja, a «lei do desenrasca». Raros são os salários que são suficientes por si mesmo para uma família"

«Mais voos por menos dinheiro é o que propõem as companhias aéreas STP Airways e TAP Air Portugal» que se juntaram ao Grupo Pestana para promover S. Tomé.

Seja por que razão for, embora os preços  fiquem muito áquem do desejável, é de saudar: "Grupo Pestana, STP Airways e TAP promovem S. Tomé A proposta passa por pacotes com voos e alojamento nas unidades do Grupo Pestana em S. Tomé, a preços convidativos Mais voos por menos dinheiro é o que propõem as companhias aéreas STP Airways e TAP Air Portugal» que se juntaram ao Grupo Pestana para promover S.Tomé - Pormenores em  Grupo Pestana, STP Airways e TAP promovem S. Tomé e ...

 POR QUE RAZÃO SE PENSA UNICAMENTE  NOS TURISTAS E NÃO HÁ PROMOÇÕES ESPECIAIS PARA OS SANTOMENSES DA DIÁSPORA? -SIM, DE MODO A PODEREM MATAR SAUDADES DA SUA TERRA,  REGRESSAREM OU  IREM AO ENCONTRO DE FAMILIARES E AMIGOS

De facto, viajar para São Tomé e Príncipe continua a ser mais caro que viajar para  China ou para qualquer país da América latina – E, então, para os santomenses, que queiram “voar” para o exterior, autêntica miragem

E quem sentir o apelo irresistível de ali voltar ou, simplesmente, for atraído pelo seu fascínio, terá que estar atento às chamadas viagens promocionais, através de Internet, que podem incluir ou não estadia.  Todavia,  mesmo pagando apenas os voos, há outros destinos mais longínquos e mais baratos - Por isso, é uma questão que merece aprofundada reflexão por parte das companhias aéreas e operadores turísticos.

Pese o facto do  Governo santomense ter reduzido o preço dos vistos para 20 euros, aplicado aos turistas com o objectivo de incentivar o maior fluxo, com o objetivo de . atingir a meta de 25 mil turistas e 2014, São Tomé e PríncipeGoverno aposta num número de 25 Porém, tal esforço não foi correspondido pelas duas operadoras que fazem voo regulares para estas Ilhas . 

ESTEJA ATENTO ÀS PROMOÇÕES DOS VOOS CHARTERES

Os voos charteres são aqueles que lhe poderão proporcionar ofertas mais variadas e com preços mais acessíveis -  Há muitas agências por onde escolher. Confronte as várias propostas, pois verificará que há diferenças substanciais - Os melhores hóteis são alugados através de agências  - Se viajar sem esse cumpromisso, veja a resposta quenos deram e que pode esperar:

Reservas S. Tomé



De acordo com o solicitado informamos que esta promoção esta validade, mas somente acessível através de agencias de viagens em Portugal.
Sem outro assunto de momento, ficarei a sua inteira disposição.

Atentamente

 O QUE SE DIZ DO POETA E ESCRITOR

Francisco José Tenreiro nasceu em São Tomé e Príncipe em 1921 e faleceu em 1963,  numa altura em que se intensificava a Guerra Colonial. Geógrafo por formação, usou a poesia para exprimir a nova África, já não a dos postais ilustrados e dos povos, plantas e animais exóticos, mas a de um novo tempo, marcado pela fusão de culturas nativas.
Veio para Lisboa ainda bastante novo, numa altura em que nos Estados Unidos e na França se ouviam as novas vozes dos intelectuais negros a reclamarem os direitos e a proclamarem a identidade dos povos africanos. Tenreiro enquadra-se nesta corrente. Também ele viveu para exaltar a cultura da sua terra natal, se bem que não renegando certos valores adquiridos com a colonização. Por isso, mais do que o poeta da negritude, assume uma postura de defesa de todas as minorias étnicas, como é visível no poema “Negro de Todo o Mundo”. A sua poesia exalta o homem africano na sua globalidade, ou seja, a diáspora africana que se propagou por todos os cantos do mundo.
  (...) Considerado o primeiro poeta da Negritude de língua portuguesa, Ilha de Nome Santo é, porém, poesia eminentemente insular, não obstante os “3 poemas soltos - Excerto de Francisco José Tenreiro - Lusofonia -

Francisco José Tenreiro (Francisco José de Vasques Tenreiro)   nasceu em 1921, em São Tomé e Príncipe, e faleceu em 1963, numa altura em que se intensificava a Guerra Colonial. Mestiço. Desde muito novo em Lisboa, aqui fez todos os seus estudos. Diplomado pela Antiga Escola Superior Colonial, colaborador do Centro de Estudos Geográficos, estudos e investigações na Escola de Ciências Económicas  e Políticas, de Londres, Assistente de Geografia  na faculdade de Letras. Depois, assumindo, novos compromissos políticos, aceita tornar-se deputado por São Tomé e Príncipe à Assembleia Nacional . Em 1961 doutorou-se  pela Faculdade de Letras de Lisboa  e foi professor catedrático  do Instituto Superior  de Ciências Sociais e Política Ultramarina. Desde cedo e ainda estudante  universitário, ao mesmo tempo que abraça o neorrealismo, desempenhou papel activo  na divulgação e doutrinação  dos problemas da negritude sendo autor do primeiro livro marcado pela negritude  escrito em português: Ilha de Nome Santo, integrado na colecção Novo Cancioneiro. Por vários jornais e revistas, incluindo a Mensagem (CEI) tem colaboração poética, crítica e ensaística, literária, e ainda de geografia  e sociologia africana - Autor de numerosa bibliografia africa - Excerto do livro No  Reino de Caliban, antologia panorâmica da poesia de expressão portuguesa  - Angola e Sao Tomé e Príncipe - por  Manuel Ferreira

Nenhum comentário :