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domingo, 31 de maio de 2015

Amílcar Cabral assassinado por Nino Vieira – Diz o poeta médico santomense, Tomaz Medeiros, antigo general da guerrilha no MPLA – O autor de A verdadeira morte de Amílcar Cabral" , atualmente cego, afirmou, numa breve entrevista, no final da Homenagem a Cuba e a Fidel Castro, na Casa Internacional de Tomé e Príncipe, integrada nos 40 anos das independências da ex-colónias portuguesas, que o lider do PAIGC "não foi morto por ser bandido ou por ser traficante de droga".

Jorge Trabulo Marques - Jornalista  - AFINAL, QUEM MATOU AMILCAR CABRAL?

Culpou-se o exército português e a PIDE, não é que vontade não falasse ao regime colonial, e, pelos vistos, até chegou a desencadear  operações nesse sentido, mas, afinal, os maiores inimigos do fundador do PAIGC, estavam no interior das suas próprias  fileiras. E, de facto, se dúvidas existiam acerca da origem do assassinato  de Amílcar  Cabral, na altura em que o atentado se deu, agora, volvidas mais de quatro décadas, tais interrogações vieram a dissipar-se completamente. Bastaria atentar na série de mortes fratricidas ocorridas no seio da classe política guineense – Tal como já alguém referiu, por altura dos 40 anos sobre a morte de Amílcar Cabral, “O pai da Guiné-Bissau não assistiria ao seu nascimento como Nação e desde então os seus ideais têm sido muitas vezes traídos, numa multiplicidade de mortes póstumas “ A segunda morte de Amílcar Cabral ocorreu com o golpe de Estado em que Nino Vieira depôs o então presidente Luís Cabral (meio-irmão de Amílcar) e pôs fim ao grande projecto de fazer da Guiné-Bissau e de Cabo Verde um único país capaz de resistir às pressões dos vizinhos Senegal e Guiné-Conacri. Seria a primeira de muitas mortes póstumas. Quarenta anos após a morte de Amílcar Cabral o que resta 

MAIS  LENDAS DE QUE CERTEZAS – MAS, PARA TOMAZ MEDEIROS,  O ASSASSINO TEM UM NOME

“Há muita lenda acerca da morte de Amílcar Cabral: Amílcar não foi morto por ser bandido ou por ser traficante de droga: Amílcar Cabral foi morto por ser um homem politico  por certas etnias que lutavam contra Amílcar Cabral – Diz Tomaz Medeiro, em declarações à nossa reportagem, no final da cerimónia,  quando o quisemos inquerir a respeito do seu último livro "A verdadeira morte de Amílcar Cabral - Mudar de Vida – – Livro editado em Lisboa, em 2012, no auditório da Fundação Pro Dignitat, depois reeditado em Março de 2014 . A citada obra não  aponta nomes, deixando apenas pistas ou caminhos, mais abertos à reflexão de que um libelo acusatório. Afirmando então:   "não vale a pena procurar assassinos, mas sim estudar a filosofia política de Amílcar Cabral, que punha em causa os interesses das potências ocidentais, os verdadeiros mentores da morte de Cabral" assassinado em Conacri dia 20 Janeiro de 1973, a escassos 6 meses da proclamação da independência da Guiné-Bissau. 

 Entretanto, reeditado em 2014, uma análise à obra refere, que, “no  centro deste trabalho está a contradição de uma política que se quer revolucionária sem assentar no proletariado”, frisando que “na Guiné, mais ainda do que em Angola ou Moçambique, era inevitável a marca de classe pequeno-burguesa no movimento. As fábricas existentes no país contavam-se pelos dedos e quase não havia trabalho assalariado no campo. A exploração colonial não tinha o rosto das grandes plantações de café ou de algodão, e sim o da manipulação dos preços da mancarra (amendoim). E esse rosto tinha contornos menos nítidos e mais difíceis de identificar “A verdadeira morte de Amílcar Cabral - Mudar de Vida

QUEM COM FERROS MATA, COM FERROS MORRE - TOMAZ MEDEIROS  ACUSA NINO VIERA DE TER SIDO O MANDANTE DO ASSINIO DE AMILCAR CABRAL 

Nino Vieira
Amilcar Cabral
Diz um velho ditado popular que quem com ferros mata, com ferros morre. Pelos vistos, assim teria acontecido à trágica morte de Nino Vieira - Assassinado, no inicio de Março de 2009,  por militares depois de  um atentado à bomba ter provocado a morte ao chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waié. 

Tomaz Medeiros, o poeta santomense, antigo médico e general do MPLA, no período da guerrilha, acusa Nino Vieira pelo assassínio da morte de Amílcar Cabral





De seu nome, António Alves Tomaz Ribeiro,  filho de José Tomaz Alves de  Medeiros e de Polónia Tomaz de Almeida, nasceu em S. Tomé no dia 5 de Novembro, de 1931. Terminada a instrução primária, aos 13 anos, e, tal como a generalidade dos santomenses, como os  seus pais, não tinham possibilidades económicas, começou a trabalhar numa barbearia, como vendedor de jornais e vendedor de carvão, depois numa loja comercial. 

Porém, nada disso lhe interessava, a sua vocação era outra: destinos ousados o aguardavam. Então os seus pais mandaram-no para Nova Lisboa, Huambo, onde fez o primeiro ciclo liceal, após o que, três anos mais tarde,  parte para a capital do Império  para concluir os dois anos que lhe faltavam e inscreve-se na Faculdade de Medicina - 

De nada lhe valeu: como estava ligado à atividade politica, foi denunciado pela PIDE e por uma organização da extrema direita, como sendo um dos estudantes comunistas mais perigosos em Portugal, o que lhe valeu um mandato de captura – Para não ser preso, fugiu para Moscovo, onde cursa medicina, trabalha como locutor na Rádio de Moscovo, é Secretário-geral dos Estudantes Africanos na Europa,   Secretário-Geral dos Estudantes Africanos na União Soviética, colaborador da Academia das Ciências e investigador numa biblioteca.

Três anos depois parte para Crimeia onde conclui o curso de medicina . Não sendo obrigatório o exercício da profissão para os estrangeiros,  paralelamente faz a cadeira de latim e vários cursos de formação política:  o  Curso de Academia política,  o de História do Partido, de Marxismo Leninismo e o Curso de Medicina Militar  - Volta ao continente africano, a Brazzaville, onde o MPLA tinha a sua sede. Dali parte para Cabinda onde é médico militar e dos refugiados, professor de instrução revolucionária, tendo chegado à patente de General – Oportunidade de alto combatente que lhe deu a possibilidade de privar  com todos os líderes históricos dos movimentos de libertação: desde Agostinho Neto, Amilcar Cabral, Ângelo Cabral,  Francisco Tenreiro, Fernando de Sousa, Marcelino dos Santos, Eduardo Mondlane  - Reconhece que a sua relação, com S. Tomé e Príncipe, era muito estreita, porque, naquela altura, os elementos envolvidos na guerrilha, não tinham possibilidade de viajar, tendo ido lá apenas duas vezes mas em viagens muito curtas. 


Na breve entrevista que me concedeu na Casa Internacional de S. Tomé e Príncipe, acerca do  debate-homenagem  ao papel de Cuba nas independências e consolidação de África,  ele conta-nos  alguns dos passos da odisseia da sua  vida, intensa, de grande generosidade, dedicação  e risco –  Sim, de forma muito sumária, já que a sua vida, daria muitos livros – Além dos que ele já escreveu, desde a poesia, ao romance e aos textos de intervenção



Clike para ouvir a entrevista, depois de alguns sons da música santomense

"Ir a São Tomé!... Sentir o cheiro da terra, sem poder palpá-la, sem poder vê-la!... É muito triste!... Preferia morrer!..."


"Eu sou um combatente” É assim como ainda hoje se classifica Tomaz Medeiros, autor de várias obras contra o colonialismo, de poesia e prosa em prospetos, autor do romance “O Pseudo-socialismo em Angola e uma novela, dedicada ao mesmo tema a S. Tomé e Príncipe. A sua última obra, foi publicada em 1012, com o título A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral 

A  impossibilidade de contemplar a luz do dia, é um drama terrível para qualquer ser humano – sobretudo para quem a perdeu na curva na vida -  Mas especialmente para um  poeta, e também o era, desde que cegou por completo,  o antigo combatente que andou  pelas  densas florestas do Norte de  Angola – Sim, era  o  drama de Tomás Medeiros, nascido em S. Tomé,  em 05-11- 1931 que, além de um extraordinário escritor e poeta, era também uma das mais importantes figuras histórias, na luta de Libertação de Angola

ELE FOI GENERAL EM CABINDA  - PRIVOU COM COM OS LÍDERES HISTÓRICOS DE TODOS OS MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO


Tomaz Medeiros, que a PIDE  chegara a classificar como o estudante comunista mais perigoso, quando desempenhou  a coordenação de estudantes africanos, uma corrente anticolonial à frente da Casa de Estudantes do Império, tendo sido obrigado a exilar-se nem Moscovo, pôde,  desde esses recuados tempos, privar com as mais importantes figuras históricas dos movimentos de libertação, entre as quais as duas figuras mais emblemáticas da Guiné e de Angola,  Agostinho Neto e Amílcar Cabral – Com este, nomeadamente, em diversas conferências internacionais – Oportunidade aproveitada para um diálogo, amistoso e aprofundado,  entres dois grandes marxistas convictos. Medeiros, porque vinha com sólidas formação  de vários cursos de marxismo na Cremeira, e, Cabral, porque era a linha que pretendia impor para uma verdadeira libertação da Guiné e Cabo Verde, sob o jugo colonial.

ANGOLA REJUBILOU COM O LEVANTAMENTO DO EMBARGO A CUBA

“Apesar dos graves problemas, com que  o mundo ainda se debate,  em várias paragens, há um sinal de esperança com as novas notícias”: a do “ levantamento do embargo a Cuba, que causou enorme júbilo aos angolanos”. Disse Estevão Alberto, conselheiro de imprensa, da Embaixada de Angola, em Portugal   Palavras proferidas na Casa Internacional de São Tomé e Príncipe,  durante um debate-homenagem  ao papel de Cuba nas independências e consolidação de África, bem assim como o reconhecimento ao líder histórico Cubano Fidel Castro e ao seu povo pela atenção e dedicação à África –- Que aproveitou para recordar “aqueles que foram os grandes fundadores desta irmandade histórica, entre Angola e Cuba,  Agostinho Neto e o comandante Fidel castro, que muito fizeram para que Angola e Cuba, fossem países amigos, países irmãos, frisando que é para nós, também, gratificante saber que estas figuras são sempre lembradas quando se fala da história de Angola, porque, na verdade, são os pais da irmandade e cooperação bilateral entre os dois povos 




Este evento contou com as presenças da Embaixadora de África de Sul Matthews, Embaixadora de Argelia Fatiha, Embaixadora da Venezuela, Katiusca, 1º Secretária da Embaixada da Venezuela, Katiuska, Embaixadora de Cuba, Johana, pela Embaixadora da Guine Bissau Carlos Balde. Por Estevão Alberto que esteve em representação do seu embaixador de Angola – E ainda por representantes de Timo-Leste, de Moçambique e Frente Polisário.  S.Tomé e Príncipe,  representando, em nome  da sociedade civil, pela figura do herói nacional de Angola Tomaz Medeiros, nascido em S. Tomé mas cuja vida, a partir dos 13 anos, haveria de ficar fortemente ligada ao MPLA, onde chegou ao posto de general. Uma curta intervenção emocionada, muito aplaudida pela assistência e distinguida com um forte abraço pela embaixadora cubana, ali presente,


Os valores mais importantes  não são as coisas mas as pessoas, disse a Embaixadora de Cuba, em Portugal, ao recordar o papel de Cuba nos movimentos de libertação do colonialismo.  Cuba enviou médicos para África, para mais de 40 países – E ainda quando estes faltavam às suas populações -  “As coisas boas se devem repetir e as coisas más também se devem também lembrar para que nunca mais aconteçam. Essa história de África, com Cuba, é uma história linda e recíproca”. – Por isso mesmo, a homenagem era de reconhecimento à solidariedade da revolução cubana para com a libertação e independência os países africanos, sob o domínio colonial, razão pela qual – depois da embaixadora ali proferir, também uma intervenção muito calorosa,  receber um excelente quadro artístico, oferecido pela direção  da Casa Internacional de STP, para que fosse entregue ao grande comandante líder histórico, Fidel Castro






Entretanto, recebi de Nuno Rebocho – jornalista, escritor, poeta, organizador de vários eventos de poesia, atualmente a viver em Cabo verde, que me transmitiu a seguinte opinião:  Meu caro, esta tese corresponde ao que eu, em grande parte, penso. É preciso ver como a destrinça de classes no seio do PAIGC determinou tudo isso (os cabo-verdianos, mais cultos, iam para a liderança ou para as universidades do Leste, enquanto os guineenses iam puxar o gatilho; o crioulo - de origem cabo-verdiana - era uma espécie de "esperanto", ou "minderico", para as muitas etnias se entenderem sem o portuga perceber, etc). Há toda uma série de factos que apontam nesse sentido. Essa história de Amilcar ter sido morto pela PIDE é um mito que não resiste às análises e não acreditei nela desde o início. Lembro-me que, então, preso em Peniche discuti largamente o assunto com o Francisco Martins Rodrigues...
Um abraço




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