Jorge Trabulo Marques - Jornalista - AFINAL, QUEM MATOU
AMILCAR CABRAL?

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DE QUE CERTEZAS – MAS, PARA TOMAZ MEDEIROS, O ASSASSINO TEM UM NOME
Entretanto, reeditado em 2014, uma análise à obra refere, que, “no centro deste trabalho está a contradição de uma política que se quer revolucionária sem assentar no proletariado”, frisando que “na Guiné, mais ainda do que em Angola ou Moçambique, era inevitável a marca de classe pequeno-burguesa no movimento. As fábricas existentes no país contavam-se pelos dedos e quase não havia trabalho assalariado no campo. A exploração colonial não tinha o rosto das grandes plantações de café ou de algodão, e sim o da manipulação dos preços da mancarra (amendoim). E esse rosto tinha contornos menos nítidos e mais difíceis de identificar “A verdadeira morte de Amílcar Cabral - Mudar de Vida –
QUEM COM FERROS MATA, COM FERROS MORRE - TOMAZ MEDEIROS ACUSA NINO VIERA DE TER SIDO O MANDANTE DO ASSINIO DE AMILCAR CABRAL
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Nino Vieira |
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Amilcar Cabral |
Tomaz Medeiros, o poeta santomense, antigo médico e general do MPLA, no período da guerrilha, acusa Nino Vieira pelo assassínio da morte de Amílcar Cabral
De nada lhe valeu: como estava ligado à atividade politica, foi denunciado pela PIDE e por uma organização da extrema direita, como sendo um dos estudantes comunistas mais perigosos em Portugal, o que lhe valeu um mandato de captura – Para não ser preso, fugiu para Moscovo, onde cursa medicina, trabalha como locutor na Rádio de Moscovo, é Secretário-geral dos Estudantes Africanos na Europa, Secretário-Geral dos Estudantes Africanos na União Soviética, colaborador da Academia das Ciências e investigador numa biblioteca.
Na breve entrevista que me concedeu na Casa Internacional de S. Tomé e Príncipe, acerca do debate-homenagem ao papel de Cuba nas independências e consolidação de África, ele conta-nos alguns dos passos da odisseia da sua vida, intensa, de grande generosidade, dedicação e risco – Sim, de forma muito sumária, já que a sua vida, daria muitos livros – Além dos que ele já escreveu, desde a poesia, ao romance e aos textos de intervenção
Clike para ouvir a entrevista, depois de alguns sons da música santomense
"Ir a São Tomé!... Sentir o cheiro da terra, sem poder palpá-la, sem poder vê-la!... É muito triste!... Preferia morrer!..."
"Eu sou um combatente” É assim como ainda hoje se classifica Tomaz Medeiros, autor de várias obras contra o colonialismo, de poesia e prosa em prospetos, autor do romance “O Pseudo-socialismo em Angola e uma novela, dedicada ao mesmo tema a S. Tomé e Príncipe. A sua última obra, foi publicada em 1012, com o título A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral
A impossibilidade de contemplar a luz do dia, é um drama terrível para qualquer ser humano – sobretudo para quem a perdeu na curva na vida - Mas especialmente para um poeta, e também o era, desde que cegou por completo, o antigo combatente que andou pelas densas florestas do Norte de Angola – Sim, era o drama de Tomás Medeiros, nascido em S. Tomé, em 05-11- 1931 que, além de um extraordinário escritor e poeta, era também uma das mais importantes figuras histórias, na luta de Libertação de Angola
ELE FOI GENERAL EM CABINDA - PRIVOU COM COM OS LÍDERES HISTÓRICOS DE TODOS OS MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO
Tomaz Medeiros, que a PIDE chegara a classificar como o estudante comunista mais perigoso, quando desempenhou a coordenação de estudantes africanos, uma corrente anticolonial à frente da Casa de Estudantes do Império, tendo sido obrigado a exilar-se nem Moscovo, pôde, desde esses recuados tempos, privar com as mais importantes figuras históricas dos movimentos de libertação, entre as quais as duas figuras mais emblemáticas da Guiné e de Angola, Agostinho Neto e Amílcar Cabral – Com este, nomeadamente, em diversas conferências internacionais – Oportunidade aproveitada para um diálogo, amistoso e aprofundado, entres dois grandes marxistas convictos. Medeiros, porque vinha com sólidas formação de vários cursos de marxismo na Cremeira, e, Cabral, porque era a linha que pretendia impor para uma verdadeira libertação da Guiné e Cabo Verde, sob o jugo colonial.
ANGOLA REJUBILOU COM O LEVANTAMENTO DO EMBARGO A CUBA

Os valores mais importantes não são as coisas mas as pessoas, disse a Embaixadora de Cuba, em Portugal, ao recordar o papel de Cuba nos movimentos de libertação do colonialismo. Cuba enviou médicos para África, para mais de 40 países – E ainda quando estes faltavam às suas populações - “As coisas boas se devem repetir e as coisas más também se devem também lembrar para que nunca mais aconteçam. Essa história de África, com Cuba, é uma história linda e recíproca”. – Por isso mesmo, a homenagem era de reconhecimento à solidariedade da revolução cubana para com a libertação e independência os países africanos, sob o domínio colonial, razão pela qual – depois da embaixadora ali proferir, também uma intervenção muito calorosa, receber um excelente quadro artístico, oferecido pela direção da Casa Internacional de STP, para que fosse entregue ao grande comandante líder histórico, Fidel Castro
Entretanto, recebi de Nuno Rebocho – jornalista, escritor,
poeta, organizador de vários eventos de poesia, atualmente a viver em Cabo
verde, que me transmitiu a seguinte opinião: Meu
caro, esta tese corresponde ao que eu, em grande parte, penso. É preciso ver
como a destrinça de classes no seio do PAIGC determinou tudo isso (os
cabo-verdianos, mais cultos, iam para a liderança ou para as universidades do
Leste, enquanto os guineenses iam puxar o gatilho; o crioulo - de origem
cabo-verdiana - era uma espécie de "esperanto", ou
"minderico", para as muitas etnias se entenderem sem o portuga
perceber, etc). Há toda uma série de factos que apontam nesse sentido. Essa
história de Amilcar ter sido morto pela PIDE é um mito que não resiste às
análises e não acreditei nela desde o início. Lembro-me que, então, preso em
Peniche discuti largamente o assunto com o Francisco Martins Rodrigues...
Um
abraço
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