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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Jornalistas e o Jornalismo em S. Tomé e Príncipe – Um dos países de África onde a liberdade de expressão mais se tem afirmado – O Povo é pacifico e gosta de expressar o que lhe vai na alma – Contudo, a imprensa tem-se debatido com problemas de alguma precariedade e instabilidade: também ali, o chuto, não é só no futebol .



Além de uma certa precariedade, que, nestas ilhas afeta o exercício provisional  de jornalista,  claro que o fenómeno dos ordenados baixos é transversal a outras profissões - , tem-se assistido a alguma instabilidade, já que, a mudança de poder, acaba também por interferir, não apenas nos lugares de chefias, como naqueles que estão na primeira linha da noticia ou da reportagem. 

 JORNALISTAS MAL PAGOS E,,  SEMPRE QUE O GOVERNO MUDA, COM O CREDO NA BOCA.



Ordenados, que mal dão para as despesas  do vestuário ou para alimentação, é o equipamento e as condições das redações (especialmente nos sites particulares, onde as dificuldades são ainda maiores, exercendo a atividade praticamente por carolice), sim,  é também  iminência  do chuto que pode suceder quando menos se espera – Infelizmente, há noticias desses exemplos.


De recordar, que , em 3 de Maio de 2012,  com Patrice na Governação, o dia da Liberdade da Imprensa, noticias davam conta de que “os jornalistas são-tomenses e as instituições ligadas a comunicação social, reagiram neste dia “Com um silêncio frio num dia de chuva intensa em São Tomé Príncipe.

A liberdade de imprensa “ - dizia Abel da Veiga, no téla-nón é uma realidade em São Tomé e Príncipe, desde o advento da democracia pluralista em 1991. Nunca um jornalista são-tomense foi agredido no exercício das suas funções. No país até agora calmo, ninguém perdeu a vida por causa do conteúdo de uma reportagem radiofónica ou televisiva, ou por desabafo feito nas redes sociais".

No entanto,  este ano o dia da liberdade de imprensa assinalado 3 de Maio, ficou marcado por um profundo silêncio dos jornalistas.

Na TVS, o Téla Nón contactou pelo menos 5 jornalistas para emitir a sua opinião sobre a liberdade de imprensa em São Tomé, mas todos recusaram. Na “Televisão de Todos Nós”, nenhum profissional ousou falar sobre a liberdade de informar e de ser informado, tanto para o Téla Nón como para outro órgão de comunicação social, presente na estação televisiva para ouvir os profissionais.

(…)Silêncio pesado, a dominar a classe dos jornalistas. A violência física contra os jornalistas não é prática em São Tomé e Príncipe, mas mecanismos de pressão e de represálias foram sempre activos na relação entre o poder e a imprensa.

São de Deus Lima, Jornalista do Semanário Kê Kua, não está amordaçada. «Se comparar São Tomé e Príncipe com determinados países no mundo, dir-se-á que há um grau apreciável de liberdade de imprensa. É verdade que a repressão e o condicionamento são mais discretos», afirmou a jornalista. – Excerto de Jornalistas amordaçados no dia da liberdade de imprensa .

(Conceição Lima - foto da Web)

Curiosamente, este era o título de uma noticia, aparentemente animadora,  divulgada (on lin) pelo Jornal Transparência, uns dois meses antes,(12.03.2015)dando conta que   o actual governo liderado pelo Primeiro-ministro Patrice Trovoada,  está disponível e empenhado em apoiar os problemas da classe dos jornalistas e técnicos da Comunicação Social de São Tomé e Príncipe, face as dificuldades que vêem enfrentando aos longos anos no cumprimento das suas actividades profissionais.

Este empenho foi manifestado esta quarta-feira pelo Primeiro-ministro e Chefe do Governo são-tomense Patrice Emery Trovoada, após um encontro tido com o Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social de Santomense (SJS). Jornal Transparência -  

 JORNALISMO NACIONALISTA SÃO-TOMENSE - UM PASSADO RICO DE  HISTÓRIA 

S. Tomé e Príncipe, pese as grandes limitações impostas pelo colonialismo salazarista, tem uma herança de notáveis homens de letras: no jornalismo  e nos vários géneros da literatura – poesia, romance, contos, ensaios, nomeadamente.

Por exemplo, referindo-me a jornalistas, é Carlos Espírito Santo, que,  no seu livro “O nacionalismo Político São-Tomense, destaca  o papel de São-Tomenses nos jornais que surgiram no período pós instauração da  República: - Recordando, que, “além dos movimentos políticos unitários, diversos jornais protonacionalistas preconizando o  desenvolvimento dos povos nativos de África, foram criados na  capital portuguesa, depois da queda do regime monárquico. Eram bastante lidos sobretudo pelos intelectuais das colónias portuguesas, que de resto colaboravam enviado textos para divulgação, denunciando factos sociopolíticos reputados significativos das suas terras, onde alguns eram correspondentes dos referidos periódicos. Por exemplo, O Negro que foi publicado em Lisboa, a 9 de Março de 1911. Foi com este jornal  que teve inicio o protonacionalismo” 

E, mais adiante - no seguimento das  referências, que,  Carlos Espírito Santo, faz  ao papel deste jornal,  - diz: “atente-se, pois, neste extrato: «Queremos a África propriedade social dos africanos e não retalhada em proveito das nações que a conquistaram e dos indivíduos que a colonizaram roubando e escravizando os seus indígenas.» 

E acrescenta:Analisando o número de correspondentes de O Negro em diversas paragens do mundo, é forçoso sublinhar que São Tomé e Príncipe constituía o território que acolheu mais representantes do jornal. Figuras de prestígio como o advogado Manuel da Graça do Espírito Santo, o poeta Herculano Pimentel Levy e o político Augusto Gamboa, são apenas três exemplos que importa mencionar. Mais, nos três números que são conhecidos de O Negro foi marcante a participação dos indivíduos oriundos de São Tomé e Príncipe. Assim, no seu corpo directivo vemos são-tomenses tais como J. C. Cunha Lisboa (director), Artur Monteiro de Castro (redactor principal) e Aires de Sacramento Menezes (editor). 

No mesmo estudo, o investigador São-Tomense, referindo-se a esse período áureo da liberdade de expressão,  de entre os periódicos que recorda, cita, por exemplo, o jornal “A Mocidade Africana”, explicando que “alguns estudantes negros, maioritariamente de São Tomé Príncipe e pertencentes às diversas faculdades de Lisboa, procurando sensibilizar os seus irmãos de raça para a necessidade de envidarem esforços tendo como finalidade pôr termo ao estado de deterioração  que desde o início da colonização portuguesa dominava a África, acharam conveniente fundar um jornal que designaram  A Mocidade Africana, e cujo número inaugural foi editado dia 1 de Janeiro de 1930. Educar, educar sempre, educar com todas as forças, era o caminho que se propunham seguir, até que vissem concretizadas as suas esperanças, até que vissem alcanças seus objectivos.

Liberdade de Expressão esta que o Estado Novo viria a decepar.: - E que haveria de vir a ser justamente a orientação  seguida  pela  linha editorial do último jornal colonial nestas ilhas: A Voz de São Tomé  - Propriedade da Acção Nacional. Popular , através do qual, desde os tempos do Governador Carlos Gorgulho, houve a preocupação de destruir ou denegrir  a  pequena elite destas ilhas:. Pelo que, quer o seu diretor, quer o redator principal, eram da estrita confiança do regime. Usando as suas páginas para  humilhar e  deferir as mais insidiosas e torpes acusações .

Todavia, a revista Semana Ilustrada, de Luanda,  da qual tive a honra e o prazer
de ser  o seu delegado em S. Tomé, durante quatro anos,  contou com a valiosa colaboração de Cassandra, no Príncipe, e  de João Neto, radicado em Luanda, em cuja cidade  chegou a receber um grupo de santomenses, ali também radicados,  que quiseram homenagear os vários trabalhos publicados em prol destas ilhas.– E não se pense que  eram todos para servir as   agendas institucionais. Tanto antes como depois do 25 Abril, os artigos publicados nesta revista, não envergonham os seus autores – Bem pelo contrário –  Pessoalmente, não tenho problemas de consciência  do que escrevi. E julgo que nem o chefe de redação, Mourão de Campos, que , por várias vezes, se deslocou de Angola a S. Tomé para fazer edições especiais. Julgo que se hoje fosse vivo, também não teria  problemas dessa natureza.
 
Mas, felizmente, longe vão os dias do bisturi da censura e dos cidadãos serem presos, perseguidos ou mal tratados por exprimiram as suas ideias. 

Fui testemunha desses opressivos tempos do fascismo colonial  e dos cortes da própria censura, que, por várias vezes, me não permitiram a publicação de alguns  trabalhos jornalísticos. No pós revolução, com agressões de vária ordem por parte de quem não queria aceitar os novos ventos da história, cujo  comportamento selvagem não é fácil de esquecer

 

ÁFRICA COPIOU A EUROPA MAS OS EXEMPLOS DA EUROPA HÁ MUITO DEIXARAM DE SER EDIFICANTES E EXEMPLOS A SEGUIR

O 25 de Abril, em Portugal, trouxe a democracia e a liberdade de expressão mas também a possibilidade das colónias portuguesas acederem à independência  -E, ,desde então, desde esse histórico acontecimento, 40 anos volvidos, muita coisa aconteceu – Porém, o exercício de  tais análises, cabe à  palavra dos historiadores.. 

Um dado relevante, porém, a sublinhar, é o facto das populações poderem eleger os seus governantes. 

O que não deveria suceder é que, as mesmas figuras se perpetuassem no poder, tal como no tempo de Salazar – Estou a referir-me a outras ex-colónias, 

Criticava-se o botas por não deixar o poleiro  e só o ter deixado quando caiu de velho e enfermo numa cadeira mas a verdade é que, em África, sob a capa da democracia, há dirigentes que já somam  os trintas e tais anos, ininterruptos e de seriedade mais de que duvidosa. Sob bandeiras em que, às tantas, é já difícil distinguir o Poder do Estado do Poder Partidário:  quem não exibe cartão da militância do partido do poder, dificilmente arranjará emprego bem remunerado 

A Europa vai pelo mesmo caminho: o património, mais valioso do Estado, é vendido aos grandes capitalistas, que, por sua vez,  só empregam quem é da sua confiança política ou do seu grupo - Além disso, o controlo dos jornais, rádios e televisões, está todo nas suas mãos 

Por outro lado, nos países onde as eleições têm permitido mudanças de políticos e de politicais, em que as oposições são chamadas a mostrarem o que valem, assiste-se a um autêntico bailado de cadeiras, em que ninguém se estende; em que, as reformas do que sai, são reprovadas ou esquecidas pelo Governo que entra. um sai e entra – É  o que tem acontecido, de algum modo,  em São Tomé e Príncipe, com as eleições de sucessivos  governos – Eleitos por diversos partidos, mais deles a não concluírem os seus mandatos. Em todo o caso, sempre será  preferível a alternância democrática  de   que o poder em maiorias autoritárias e arrogantes ou que um  pais seja  governado com as mesmas caras. Isto porque, a constituição, onde esse fenómeno acontece, nomeadamente em regime presidencialista, não impõe um limite de mandatos: a norma constitucional foi concebida justamente para perpetuar o presidencialismo absoluto, dando ao caudilho e ao partido que o elege, com os poderosos instrumentos mediáticos que tem sob seu controlo,  um autentico poder monárquico. 

Em São Tomé, é certo que houve um período do partido único, mas creio que mais no sentido de uma pré-preparação pluralista e democrática, de  que com o objetivo de  impor um regime ao estilo ditatorial.. Sim, nestas ilhas, pela natureza do seu povo, alegre , expressivo e pacifico, é impensável  que alguma vez que a ditadura vingue, com sucesso, que um caudilho se perpetue no poder sem dar a oportunidade a outro. 

Por isso mesmo, São Tomé e Príncipe  é um dos raros exemplos de África onde  a liberdade de expressão mais se tem imposto e consolidado. Assim o comprova a forma pluralista e democrática, como têm decorrido  os processos eleitorais. Pena que, cada governo, depois de eleito, procure os  seus arranjos nos órgãos  estatizados de Comunicação social – Estes são os pontos negativos do pluralismo santomense. 



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