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terça-feira, 1 de março de 2016

Em S. Tomé, - Homenagem Singular - Fernando Nunes, vice-presidente da Associação de Futebol de Évora - admirador das minhas aventuras marítimas e da minha escalada do Pico Cão Cão Grande, com uma equipa de santomenses, obsequiou-me com um molho de bandeirinhas nacionais e uma camisola com o símbolo da FPF



Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador 

EM S. TOMÉ – SINGULAR HOMENAGEM DO VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DE ÉVORA – Em gozo de férias com um grupo de familiares e amigos  - Tendo-me distinguido  com a oferta de um molho de bandeirinhas nacionais, das que costumam ser distribuídas nos jogos da nossa selecção  e  uma camisola, com o símbolo da Federação Portuguesa de Futebol–  Como prova da sua admiração pelo arrojo das minhas aventuras marítimas no Golfo da Guiné

Um gesto, muito amável e caloroso, que não estava à espera- Pois é a primeira vez que, um dirigente desportivo português, me distingue de forma tão singular, espontânea e carinhosa, tanto mais que, quer ele como as pessoas amigas que o acompanhavam, fizerem questão  de se fotografar na minha companhia – Momento de particular emoção, que muito me honrou e sensibilizou.


Disse-me que tomou conhecimento das minhas aventuras marítimas e da escalada do Pico Cão Grande, através do meu site e que, desde então, passou a admirar o meu espírito aventureiro – identificando-me com o nosso passado de portugueses marinheiros, o que, para mim, é também um motivo de grande  orgulho







A colonização teve os seus pecadilhos mas a gesta marítima, cantada por Luís de Camões, é inigualável, única no mundo inteiro – Um país, tão pequeno, ter cruzado todos os oceanos, navegando e descobrindo novas terras e civilizações, por todas as sete partidas da Terra.



Este inesperado encontro,  ocorreu a meio da manhã de hoje - Encontrava-me sentado, na esplanada do Hotel Avenida, frente a uma das  Residências Temporárias do Palácio Presidencial, onde me encontro alojado, graças a uma amável gentileza do Presidente da República Manuel Pinto da Costa, como gesto de cortesia pelos trabalhos, que tenho vindo a desenvolver na área das minhas investigações,  das quais já  resultaram a descoberta de uma antiga espada, de um antigo punhal e de outros vestígios arqueológicos

- Tal como já tive oportunidade de referir neste site:

O PASSADO JÁ NÃO PODE SER ALTERADO, REPETIDO OU MODIFICADO: A LIGAÇÃO COM PORTUGAL É UMA REALIDADE HISTÓRICA, LINGUÍSTICA, AFECTIVA E CULTURAL - INDUBITÁVEL - SÓ QUE, ANTES DOS PORTUGUESES, ALI DESEMBARAÇAREM,  HAVIA OUTRA REALIDADE QUE NUNCA FOI DITA E PERSISTE EM SER IGNORADA 

Deve ser investigada e estudada sem preconceitos ou reservas de qualquer espécie para melhor compreensão da origem de um pouco e da própria identidade 

Os tempos já não se compadecem, nem com obscurantismos nem com hipocrisias ou submissões mas devem ser de frontalidade e de esclarecimento. Só compreendendo as verdadeiras raízes históricas, se alicerça o momento presente e se parte com coragem e determinação para os desafios do futuro. 

Pouco tempo após ter desembarcado em S. Tomé, em 1963, fiquei logo com a impressão de que as ilhas, eram possuidoras de uma história muito mais antiga, que a admitida pelos compêndios coloniais.  Aos povos africanos, situados no litoral e a sul de São Tomé, não teria sido difícil aproveitar a direção dos ventos e das correntes.







Do alto das velhas muralhas do Fortim de São Jerónimo, onde tantas vezes olhava a espuma que ali ia rebentar nas rochas negras e contemplava o mar ao largo, sim, muitas vezes ali me envolvi em prolongadas cogitações. E só via o mar... Só pensava, obsessivamente, nas distâncias e nas entranhas do mar.!.. Olhava-o com pasmo e respeito, mas queria sentir-me também parte dele! Ser mais um elemento do mítico e misterioso oceano! Ir por ali a fora numa das ágeis pirogas.! Desvendar segredos esquecidos no tempo!


Oh, e quantas vezes ali mesmo, não experimentei as estreitíssimas cascas de noz, navegando em frente ou embicando na areia da pequena praia ao lado, naqueles meus habituais treinos, ao Domingo, vindo da Praia Lagarto (ao fundo da descida a caminho do aeroporto), passando em frente da Baía Ana Chaves, Fortaleza de São Sebastião, costa da marginal, Praia Pequena e ponta do Forte de São Jerónimo -e, por vezes, ainda um pouco mais a sul, à Praia do Pantufo.


São Jerónimo era geralmente a baliza de chegada e de retorno ... E, também, muitas vezes ao fim da tarde e pela noite adentro, era o meu local preferido (até por ficar um pouco isolado e retirado da cidade) para me familiarizar profundamente com o mar.

Lembrava-me das façanhas dos pescadores são-tomenses, dos seus antepassados que demandaram as ilhas, dos barcos negreiros que ali aportaram e também dos nossos marinheiros (antes desse vil mercado) que por aquelas águas navegaram; imaginava quantos naufrágios e sofrimentos aqueles mares, já não teriam causado.


Sabia dos muitos perigos que me podiam esperar - não os desdenhava! mas entregava-me ao oceano de coração aberto, possuído de uma enorme paixão, em demanda dos grandes espaços e de uma infinita liberdade, tal qual as aves migradoras! Olhava-o como se fosse já meu familiar e meu amigo. Embora sabendo que a sua face, quando acometida de irascível crueldade, havia sido palco de muitas tragédias, havia engolido muitos barcos e tragado muitas vidas. Contudo, eu não ia ali apenas movido pelo prazer da aventura: só por isso, não sei se compensaria... Mas orientado por razões mais fortes

Havia algo, no fundo de mim,  impelido como que por um pendor sobrenatural inexplicável que me fazia acreditar que, mesmo que apanhasse alguns sustos, tal como já havia acontecido em anteriores viagens, lá haveria de sobreviver e de me safar!.

O mar também é generoso quando quer ... A sorte protege os audazes e acreditava que o mar haveria de compreender os objetivos pelos quais que norteava o meu espírito e a minha temeridade.


Quando Luís de Camões escreveu na estância XII do V Canto de "Os Lusíadas"

"Sempre, enfim, para o Austro a aguda proa,
No grandíssimo golfão nos metemos,
Deixando a Serra aspérrima Leoa,
Co Cabo a quem das Palmas nome demos.
O grande rio, onde batendo soa
O mar nas praias notas, que ali temos,
Ficou, coa Ilha ilustre, que tomou
O nome dum que o lado a Deus tocou."

"O contributo dos Portugueses para uma nova visão do Mundo e da Natureza  é essencialmente informativo e empírico (baseado nos sentidos). Como escreveu Pedro Nunes: “os descobrimentos de costas, ilhas e terras firmes não se fizeram indo a acertar…” Pois os nossos marinheiros: “…levavam cartas muito particularmente rumadas e não já as que os antigos levavam"


EM DEMANDA DAS ROTAS DOS ANTIGOS NAVEGADORES DAS PIROGAS NAS SUAS MIGRAÇÕES DA MÃE-ÁFRICA PARA AS ILHAS DO PARAÍSO -   

.NÃO ME CRUZEI COM AS SUAS VELAS MAS IMAGINEI-AS, MUITAS VEZES, NAQUELES MESMOS MARES, TAL COMO TAMBÉM, OS NAVEGADORES QUE ALI PASSARAM, MAIS TARDE, NAS SUAS CARAVELAS

Há que realçar a coragem dos marinheiros lusitanos, que se fizeram ao mar apenas munidos de um mero astrolábio - Não dispunham de sextante, nem de cronómetro ou sequer de almanaque náutico que lhes possibilitasse algum rigor da navegação - Não iam completamente às cegas, porém,  embora dispondo de alguma informação, iam à aventura! - Indubitavelmente, foram grandes navegadores aventureiros

 
Sou português  e não descuro os feitos marítimos dos meus antepassados. Mas também não quero fazer  como a avestruz e meter a cabeça debaixo da areia. Nem fazer dos compêndios coloniais a bíblia sagrada.  

Sem deixar de admirar a coragem dos antigos navegadores,  busco outras interpretações. Eu próprio me desloquei de canoa, em Dezembro de 1970, desde a Baía Ana de Chaves ao recanto de  Anambó Local onde é suposto terem aportado pela primeira vez, João de Santarém e Pero Escobar  

Curiosamente, confrontando as imagens, vejo que o sítio está agora mais bem conservado do que estava naquela altura, onde passei uma noite horrível, com as costas sobre lascas e gogos de todos os tamanhos e feitios (pois ali não existe praia de areia), mesmo quase sobre a margem onde as ondas vinham bater, embrulhado pelas palmas dos coqueiros mas constantemente a ser espicaçado e mordido por enormes caranguejos do mar e da terra, que não me deram um minuto de descanso 

Não me deitei no mato, receando as cobras negras. E, ao alvorecer, perante aquele vetusto e simbólico padrão,  rodeado de palmas, tão belas, sonoras e verdejantes, não me importei de  homenagear os marinheiros de quinhentos, com a bandeira portuguesa.  
.
HÁ QUE DISTINGUIR A EPOPEIA MARÍTIMA DA COLONIZAÇÃO

Uma coisa é a verdade histórica (e foi essa que eu procurei através de várias travessias em pirogas e que ainda hoje questiono), outra, as omissões ou  a que convinha ao Reino..

Todavia, quer os portugueses, nas frágeis caravelas, quer os primeiros povoadores, nas suas toscas pirogas, foram lobos do mar e heróis desbravadores à sua maneira. 

Também as canoas africanas, à semelhança das grandes migrações no Pacífico, se fizeram ao mar alto: Fizeram extensas travessias no Golfo da Guiné, tal como os primitivos navegadores da Polinésia, considerados os "navegadores supremos da história":  que, velejando  em linha, cada uma à distancia da visão da canoa  que lhe seguia atrás, até qualquer delas divisar uma ilha habitável, atravessaram vastas extensões daquele imenso oceano, colonizaram as mais remotas ilhas, algumas a milhares de milhas, umas das outras, não dispondo sequer de uma bússola ou de qualquer outro instrumento náutico


Quase assim procedi: munido de uma simples bússola, sem bóias, meios de comunicação com exterior, encaixado num frágil esquife, quase desprovido de tudo. Recuando, tanto quanto possível, às condições precárias em que foram sulcados os mares pelos antigos povos que ligaram a costa africana às ilhas do Golfo da Guiné




Estes meus olhos têm muito que contar - Viram muitas tempestades, noites medonhas, inarráveis!...Manhãs e tardes de ameaça e assombração!... Mas também se maravilharam com muito azul do céu e do mar...


..Viveram horas intensas...extraordinárias!.... Fantasmagóricas!... Dias e dias!... Noites e noites a fio!...Completamente exposto ao sol, à chuva, aos elementos, às intempéries... Só de uma vez foram 38 dias seguidos, entre Outubro e Novembro de 1975 - mais das vezes passados à deriva, por perda dos remos principais, que um violento tornado mos roubara - Sim, a minha canoa fora escavada num casco de árvore - era comprida mas só tinha 60 cm de altura por 1 metro de largura.

Vagueava como se estivesse permanentemente no interior de um caixão à espera de ser sepultado a qualquer o momento na profundeza das águas. A minha vida estava sempre suspensa - Depois que perdi a maior parte dos apetrechos e passaram a ser as correntes e os ventos a comandar os meu destino, havia esperança (sim, nunca a perdi) mas não podia ter certeza alguma - Não sabia onde estava nem a que ilha ou ponto da costa podia ir dar. Mas também não sabia, em absoluto, se lá chegava..


A única novidade nesta minha última canoa, era um pequeno rebordo e uma pequena ponte de contraplacado para a proteger das ondas.. Parte do qual vim a sacrificar para improvisar um remo. 
Qualquer das duas canoas  que utilizei - à exceção da usada na travessia de São Tomé ao Príncipe - exigiam, no mínimo, duas pessoas - Muitas das minhas dificuldades, que enfrentei,  teriam sido superadas.  Todavia, parti sozinho

Na viagem dos 13 dias à Nigéria nem coberta levara... Na travessia de São Tomé ao Príncipe, a canoa era minúscula e ainda mais frágil de que a generalidade das canoas dos pescadores.. Não tive dinheiro para comprar uma melhor...O mastro um pau vulgar do mato e as velas, do mesmo pano que as tradicionais, com sacos de farinha das padarias.

O baú um vulgar caixote do lixo. Os instrumentos de navegação, apenas a bússola. Não levava boias. Não podia comunicar com ninguém... Enquanto não se furou, um simples colchão de praia...Depois passei aninhar-me conforme podia ...Mas raramente dormia uma noite inteira...O Golfo da Guiné Equatorial - então na época das chuvas - é turbulento, muito perigoso: ou há calmarias ou tempestades. Se tivesse alcançado o meio do Atlântico, dificilmente iria debater-me com tantas adversidades


Sacudido pelas vagas ou, quando deitado no fundo da canoa (mais das vezes encharcado numa salmoura até aos ossos) ouvindo o marulhar exasperante de cada impulso sobre o casco.... Não há palavras... é quase de se ficar louco com aquele baque-baque constante...A todos os momentos, a todos os instantes...Sempre que sentisse um estrondo maior, soerguia-me e ia logo apalpar se havia alguma racha...Mas foram os tubarões, que investiram, que lha fizeram um pouco acima da linha água - Vinguei-me, porém, da sua ferocidade, pescando alguns enquanto tive linhas e anzóis
Peixes estranhos (talvez vindos das profundidades, aproveitando-se da escuridão à superfície) vagueavam por baixo da canoa: não os via mas sentia-os quando se encostavam ou roçavam sob o bojo e nas trevas mais negras....

Baleias que se levantavam a alguns metros e que, só por um golpe de sorte, não a despedaçavam...Cardumes que chegaram arrastá-la por várias horas, como se fosse um mero despojo...Bebendo água das chuvas ou do mar, quando faltou a água potável e os alimentos... - À flor do mar e sempre com o abismo por baixo dos pés: enfraquecido e esgotado mas nunca desanimado e dado por vencido

CUSTAVA-ME A CRER QUE OS PESCADORES - TÃO EXÍMIOS NAS CANOAS - SENTISSEM ALGUM PAVOR EM PERDER A SUA ILHA DE VISTA


A cada pescador que eu perguntasse se já tinha ido à Ilha do Príncipe, a resposta era invariavelmente a mesma: "Quando vem tornado e leva canoa, só gente de feitiço é que vai lá parar. Vem gandú e come perna de gente" - Achava a justificação um bocado fatalista:

O colonialismo foi tremendamente castrador e repressor e contribui  para criar muitos fantasmas nas populações nativas. Pelo visto, os pescadores, estavam em vias de perder a sua memória ancestral. Se eles eram arrastados, involuntariamente, com a sua canoa para as costas do Gabão, dos Camarões ou da Ilha do Príncipe, era sinal que as canoas resistiam e também lá podiam ir voluntariamente.

Este o meu primeiro desafio: pretende contrariar esse fatalismo, que parecia instalar-se na sua mente e nos seus olhos. Mostar-lhes que as suas canoas - mesmo que o tornado as arrastasse - sendo de madeira do ócá (quase tão leve como a cortiça), podiam ir dar a qualquer parte - Eu precisava de lhe fazer essa demonstração.

Quando comprei a primeira canoa (por 200$00)a um pescador na Praia do Lagarto, eu justifiquei-me dizendo que queria ir nela ao Príncipe: "Você não seja louco!" Você, morre no caminho!.... Se você vai fazer isso, eu digo capitania!"

Não tive outro remédio senão mudar de praia... Quando, mais tarde, se constou que fizera essa travessia, passei a ser encarado como feiticeiro - E a ser procurado, por um dos profissionais - Ele pedia-me que lhes ensinasse os meus segredos - mas que segredos?...

No pós 25 de Abril, fiz a travessia à Nigéria. Mesmo assim, foi à socapa. Porém, quando regressei a S. Tomé, para tentar a travessia transatlântica - para seguir pela rota dos escravos - felizmente que já o seus povos eram soberanos, e as ilhas independentes.

Na viagem à Nigéria, ainda pensei ir acompanhado, por não ter bem a certeza de que seria capaz de fazer tão extensa travessia. Como dormir?.. (o mínimo que fosse) E ao mesmo tempo assegurar a navegação e o equilíbrio da canoa, durante os vários dias que contava demorar; eram questões que então me preocupavam. Pois, a viagem ao Príncipe, fora apenas de três dias, muito complicada e pouco conclusiva. Precisava de fazer a ligação ao continente., de reforçar a minha teoria, com um teste mais arrojado

Ainda no mesmo ano de 1975, tentei a travessia oceânica de São Tomé ao Brasil. A canoa foi transportada num pesqueiro americano para ser largada um pouco a sul de Ano Bom, na zona de influência da grande corrente equatorial. O comandante do barco, no entanto, faltou ao prometido: tentou dissuadir-me a não fazer a viagem, a abandonar a canoa e a ficar a bordo.

Não podendo navegar para oeste, vi-me forçado a voltar a São Tomé para tentar a travessia noutra ocasião - Um violento tornado, logo na primeira noite, quando empreendia o regresso, (pois não tinha outro alternativa senão aproveitar os ventos e as correntes para Norte) far-me-ia perder quase tudo. Estava-se na época das chuvas e era a pior altura para se navegar sozinho no Golfo. Naquele ponto, estava a 180 Km a sudoeste de S.Tomé e a 350Km a oeste da costa africana

Acabaria por acostar, 38 dias depois, à ILHA BIOKO - EX-FERNÃO DE PÓ - a mais setentrional .

Mas só soube, quando fui ter   a uma finca, que era a  à ilha de BiokoBioko –ex-Fernão do  ,  

Tendo assim realizado a mais longa travessia entre as ilhas;  da ilha mais meridional à mais setentrional do Golfo da Guiné - Apesar das extremas dificuldades, pude sobrevir e enfrentar as maiores adversidades, provando, desse modo, que as pirogas podem resistir às mais violentas tempestades ou situações de mar.

Mesmo assim, julgo que valeu a pena - Queria prosseguir a experiência de Alain Bombard- Mostrar aos náufragos que o maior inimigo não é o mar mas o desespero - E, afinal, acabei mesmo por lutar como o náufrago que não se rende.

Pretendia reforçar a minha teoria, sobre as capacidades das pirogas, e, mesmo sozinho, logrei por três vezes navegar grandes distâncias dentro delas, provando que também as mesmas podiam ter sido usadas pelos primeiros povoadores das ilhas. 

Qual dinheiro, qual riqueza?!... - Qual vida tranquila, qual quotidiano ocioso e sem sobressaltos! quando se prossegue um ideal, um objectivo, um sonho! - Não é exibir a vaidade mas expor com fraqueza a verdade.

Antigos mapas já existiam mas estavam arrumados e esquecidos em velhos arquivos. Agora, vieram à luz do conhecimento e das novas tecnologias - Mercê de dedicados investigadores. Eu, porém, continuo a recuar no tempo, muito para lá da existência de qualquer mapa

(treinos)

História de São Tomé e Príncipe -das descobertas, diz que as «ilhas de S. Tomé e Príncipe, foram descobertas, por João de Santarém e Pero Escobar, entre 1470-71, estavam desabitadas  e que  começaram a ser povoadas em 1493 por judeus, aventureiros, colonos portugueses e escravos  

 Álvaro Caminha, a quem o rei fizera doação da capitania de S. Tomé, trouxe para a ilha os filhos dos judeus castelhanos que não haviam deixado o reino no prazo fixado. Essas crianças, depois de baptizadas, foram entregues aos donatários, a "fim de que, uma vez tonadas grandes, pudessem contratar casamento e povoar assim aqueles ilhas"» Gastão de Sousa Dias In África Porttentosa
No tocante a Bioko  (conhecida até à independência da Guiné Equatorial, por Fernão de Pó), refere-se que a ilha foi descoberta em 1472 pelo navegador Português Fernão do Pó, a que deu o nome de Flor Formosa, tendo mais tarde passado a ser conhecida pelo nome de seu descobridor. A Ilha de Ano Bom (Pagalu) foi descoberta no dia 1 de Janeiro de 1473 e, por isso, ficou conhecida por Ano Bom. 

Estes territórios mantiveram-se Portugueses até 1778 altura em que Portugal os cedeu à Espanha os quais em 12 de Outubro de 1968 foram proclamados independentes da Espanha. A língua oficial destes territórios é o Espanhol GUINE EQUATORIAL...

Toda a zona do Golfo da Guiné e costa africana estava cartografada, e, naturalmente, sendo ilhas tão férteis e tão belas, logo que  conhecidas, dificilmente deixariam de serem procuradas e povoadas - Levando povos do litoral, ou, por curiosidade ou por espírito de aventura, a demandarem-nas, a fixarem nelas, rendidos  à  variedade e beleza da sua flora, das suas praias e abundância de frutos . Pois, todas elas, são possuidoras  de muitas espécies endémicas(fauna e flora), certamente  muito mais antigas de que a própria humanidade.São Tomé e Príncipe » Herbário da Universidade de Coimbra .....Espécies de aves endémicas de São Tomé ....Espécies de aves endémicas de São Tomé .



NÃO CHEGUEI ATRAVESSAR O OCEANO ATLÂNTICO, TAL COMO ESPERAVA MAS CONTINUO ACREDITAR QUE SÃO POSSÍVEIS LONGAS TRAVESSIAS
MESMO ASSIM:




Comprovei que as canoas vão ao cabo do mundo: naveguei e fui arrastado por centenas de milhas: - Liguei as ilhas e estabeleci ligações de uma delas ao continente.



Sozinho e ao longo de sucessivos dias é extremamente arriscado e muito difícil navegar a bordo dessas frágeis embarcações  - E, se eu não fiquei no mar, talvez o deva a um feliz acaso - mas não estou arrependido, pois safei-me por três vezes. 



Os pescadores (nas Ilhas) aos quais se inculcou o fantasma de que só gente de feitiço é que o tornado leva a canoa ou que o "gandú" não engole "perna de gente" , poderão estar descansados:


Se a tempestade alguma vez os surpreender e os arrastar para fora do alcance ou do horizonte da sua querida Ilha, não se importem; deixem-se levar pelo seu ímpeto

Não cruzem os braços e se dêem por vencidos: remem ou velejem, sempre que puderem ou então deixem que a canoa vogue à flor das ondas, que o mar não quer nada que lhe seja estranho e a algum ponto da costa, hão de ir parar

Basta que não percam a calma e se alimentem com a pesca: a carne do peixe mata a fome e o sangue, que não é salgado, a sede - E a água das chuvas, com um pouco de água do mar, é ainda melhor 

A CANOA SÓ VAI AO FUNDO SE ESTIVER MUITO CHEIA DE PESCADO OU NÃO FOR DE ÓCÁ. O MAR BRINCA COM O SEU CASCO E O SEU CASCO DESLIZA E BRINCA COM O MAR.

A vida só tem sentido em prol da ciência, da arte ou da comunidade - vivida, sobretudo, sob o signo da espiritualidade. Se não for pautada por um ideal é um completo vazio. Vale sempre a pena correrem-se os riscos. Mesmo que a morte seja o maior preço a pagar."Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena."



Por minha parte, dei o meu contributo. Não procurei remar contra a história mas ir ao sabor dos ventos que a formaram, ao encontro da sua verdadeira raiz: e, pelos vistos, o que parecia estar esquecido nos bolorentos arquivos históricos, veio dar-me razão - através da demonstração das várias viagens que empreendi em pirogas primitivas.



Claro que me deparei com imensas dificuldades: - duas das três canoas que usei (embora não tendo mais de 60cm de altura por um metro de largura) eram compridas e  precisavam de mais dois braços.  E, os antigos povoadores, dificilmente  teriam partido sozinhos ao seu encontro. Muitas das pirogas que ainda hoje se constroem nos países que bordejam o Golfo, são enormes e podem ser remadas por muitos braços  de mulheres e homens

Obrigado por viajar comigo ao  fundo dos tempos  das maravilhosas ilhas do Golfo da Guiné - Há muito abordadas e habitadas por povos da costa africana - A própria história dá-nos algumas pistas e até alguns mapas - O importante é que a sua leitura, não seja feita da mesma maneira de como o adepto do futebol, que só aceita, como verdades absolutas, as boas notícias da sua equipa. Isto para já não falar dos exacerbados nacionalismos do colonialismo. 

 Depois, se lhe sobrar um pouco da sua disponibilidade, não deixe de me acompanhar por alguns dos meus atribulados 38 dias, a bordo de uma piroga,  em demanda desse longínquo passado: 30º Dia - Não comi nada: limitei-me a comer uma das barbatanas do tubarão.  ........32º Dia Digam lá o que disserem!... Neste mar!...Infinito!... Um coco vir-me parar às mãos?!... Isto é obra de Deus!!!.....Não é outra coisa!........33º Dia - Estou exausto!....SEM DESTINO A NOITE  POR COMPANHEIRA (poema)......Dia 34º -  Sinto uma grande dureza no estômago..

E SEM COM ISTO PRETENDER ABUSAR DA SUA PACIÊNCIA - NÃO DEIXE DE VER A ESCALADA AO PICO CÃO GRANDE  Um dos mais  belos e singulares picos do Mundo A GRANDE ESCALADA AO PICO VERTICAL


A ORIGEM DO POVOAMENTO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE É MUITO MAIS ANTIGA DO QUE AQUELA QUE A EDITADA  NOS MANUAIS DO COLONIALISMO

"Continuamos esmagados pelos Descobrimentos"

 "Vasco Graça Moura, poeta e ensaísta que entre 1988 e 1995 presidiu à Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, reconhece que continuamos “marcados” pelo que Portugal foi capaz de fazer a partir do começo do século XV, mas que essa memória, tantas vezes de olhos fechados à dura realidade do dia-a-dia do país nessa época e carregada de mitificações, não molda o que somos hoje nem limita a leitura que fazemos do passado — ajuda, antes, a compreendê-lo .PÚBLICO Série Mar Português: Continuamos esmagados pelos descobrimentos? - Público **Série Mar Português: O que (não) fizemos para voltar ao mar -*

 "O oceano constitui um local de constantes migrações, não apenas para o plâncton vegetal e animal, que deriva ao sabor das correntes, mas ainda para os animais superiores (peixes, repteis, aves mamíferos), e, como é evidente, para o homem" Cousteau"

DESCOBERTAS PORTUGUESAS - OMISSÕES E ABSURDOS


(...) "o tope comercial dos descobrimentos, em 1466,  era a Serra Leoa. Comercial. E não de forma alguma geográfico (...) Da Serra Leoa por diante e até ao Rio Lago, da actual Nigéria, os aspectos da geografia humana mudavam inteiramente. Entre o Senegal e a Serra Leoa dominava o urbanismo flúvio-marítimo. Dali por diante, ao contrário, a população encontrava-se disseminada  ao largo do litoral em pequenas aldeias; depois do Cabo das Palmas e por toda a Costa do Ouro era muito densa, mas fraccionada em unidades mínimas, que não obedeciam a qualquer organização política, como a dos mandigas. Enquanto aquele império se desenvolvera numa zona de estepes e savanas, propícia ao deslocamento de grupos humanos, ao contrário, desde a Serra Leoa por diante  e ao largo de quase todo o Golfo da Guiné a grande floresta tropical bordava as costas, impondo a disseminação dos homens, cortando-lhes os movimentos em terra e impelindo-os para  o mar" - Diz o historiador Jaime Cortesão Volume II - In "Os Descobrimentos Portugueses 


Como de depreenderá, daí a necessidade dos povos da costa do Golfo da Guiné, se sentirem impelidos a expandir-se através do oceano que tinham à sua frente  - Com o Monte dos Camarões, e florestas densas, intransponíveis, disseminadas com os tais mil pântanos, mil estuários e mil mangais, só lhes restava demandarem o mar ao encontro das ilhas.  Jaime Zuzarte Cortesão,  que, entre outros feitos e obras valorosas,  participou como voluntário do Corpo Expedicionário, como capitão médico na primeira guerra mundial, onde sofreu ferimentos graves - Sem dúvida, foi um dos intelectuais mais corajosos e notáveis do seu tempo.


Ainda no mesmo estudo, diz, Jaime Cortesão, que, "Só no fundo do Golfo da Guiné, numa região baixa cortada de rios, lagoas e canais, compreendida entre o Rio Lago e o Níger, se deparavam  de novo as aglomerações de estuário e até o grande urbanismo.


Desta sorte, a porção da litoral formada pela Costa da Malagueta. Contígua à Serra Leoa, e a seguir à Costa do Marfim e a Costa do Ouro estavam compreendidas entre duas zonas de povoamento e urbanismo flúvio-marítimo, ligadas ao tráfico de oiro, as quais por via de regra inalterável, supõem o comércio marítimo e uma cultura geográfica correspondente. E não é crível que os portugueses, durante o período henriquino, não tivessem recolhido e aproveitado informes de carácter geográfico por intermédio dos negros que levavam como escravos para Portugal e depois utilizaram como intérpretes.



Tal como tem sido escrito, a história dos descobrimentos durante a fase de transição entre a época de D. Henrique e a D. Afonso V e  D. João II assenta numa série de absurdos". Citação extraída da leitura das obras de Jaime Cortesão"







“8000 anos atrás, "barco mais antigo conhecido da África" ​​Nigéria: - Canoa  descoberta perto da região do rio Yobe, pelo pastor Fulani,  em maio 1987, na Vila Dufuna, ao escavar um poço. "Madeira quase negra" da canoa, que dizem ser de mogno Africano.  Vários testes de radiocarbono realizados em laboratórios de universidades de renome na Europa e América indicam que a canoa tem mais de 8.000 anos de idade, tornando-se assim o mais antigo na África e na terceira mais antiga do mundo. 8000 years ago africans invented a dufuna canoe in nigeria

A FUGA DE ESCRAVOS NAS CANOAS –  Referida por Gerhard – TAMBÉM COMPROVAM A POSSIBILIDADE DAS LIGAÇÕES DE CANOAS DO CONTINETE ÀS ILHAS E DESTAS AO CONTINENTE

Seibert, numa conferência, em 2009, referia-se aos "escravos fugidos de São Tomé ou do Príncipe, realizaram em suas  canoas pelas correntes marinhas ligações à ilha de Fernando Pó. Em 1778,  o ano da transição do domínio Português ao da Espanha, um grupo de  ex-escravos de São Tomé e Príncipe viveu no sul de Fernando Pó.  (..)Após a abolição da escravatura em 1875, trabalhadores contratados africanos fugidos respetivamente, foram frequentemente devolvidos  pelas Autoridades espanholas para os seus senhores em São Tomé e Príncipe. Outros foram simplesmente entregues aos empregadores locais. 
Um século mais tarde, em 1975, Jorge Trabulo Marques, partiu sozinho desta ilha numa canoa em uma tentativa de atravessar a Atlântico. Em vez disso, depois de uma odisseia de 38 dias, ele desembarcou em Fernando Pó. Ele era detido e interrogado pelas autoridades locais e depois repatriado  - Excertos de ]Equatorial Guinea's External Relations: São Tomé e ..

PENSE PELA SUA CABEÇA, LIBERTE-SE DE FICÇÕES E FANTASMAS SOCIAIS, DE PRECONCEITOS RELIGIOSOS E RACISTAS  DO PASSADO... NÃO SE IMPORTE DE DIZER:


 

QUE AS ILHAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE   -E, TAMBÉM, ANO BOM   E  BIOKO (EX-FERNÃO DO PÓ)-  SÃO POSSUIDORAS, NÃO DE CINCO SÉCULOS DE POVOAMENTO E COLONIZAÇÃO MAS DE UMA ORIGEM ANCESTRAL MAIS REMOTA, QUE SE PERDE NA GRANDE JORNADA DA HUMANIDADE.



Existem mapas antigos que atestam pelo menos os contactos e o conhecimento dessas ilhas - Demonstrei a possibilidade dessa ligação poder ter sido feita por povos do litoral africano, através das suas pirogas, antes de quaisquer outros colonizadores, ali aportarem. 

Possibilidade, essa, sempre omitida na historiografia oficial -  Embora vá havendo (à distância de centenas de milhas) quem  diga que, pelo menos uma era habitada, as outras, desde que se formaram, estiveram à espera das boas intenções dos colonizadores europeus e à mercê dos mosquitos: "Das quatro ilhas deste arquipélago equatorial, a única que foi encontrada povoada foi a de Fernando Pó". -Breve história das ilhas do Golfo da Guiné

De resto esta Ilha, admite-se que terá sido  a parte mais elevada de uma extensão do continente, antes do termo da última glaciação - Basta ver as profundidades naquela zona. A subida dos mares (175m) veio criar aquela e outras ilhas costeiras dos oceanos, tal como as poderá vir a fazer desaparecer - sobretudo no Pacífico - devido ao efeito de estufa, criado pelos agentes poluidores


Leia  os pormenores mais adiante da minha teoria e as várias travessias que empreendi, sozinho, em pirogas primitivas, sem quaisquer meios de comunicação com o exterior, munido apenas de uma simples bússola (mais das vezes guiado pelo sol, pelas estrelas, correntes e ventos dominantes - e até o voo das aves -


Recuando, tanto quanto possível a esses primórdios. Em demanda da derradeira origem das Ilhas do Paraíso.

   
Canoe, Rivers Province, Nigeria


A GRANDE EPOPEIA AFRICANA NÃO PODE SER IGNORADA -  - O continente africano é o berço da humanidade: foi daí que irradiou o Homo sapiens . Os seus homens e mulheres, povoaram lugares nunca dantes povoados; atravessaram continentes, criaram civilizações, culturas e formaram reinos - E, mesmo os que nunca dali partiram para a grande aventura da Diáspora, tinham os seus costumes, as suas tradições e  as suas hierarquias - Eram livres à sua maneira.  

O  europeu veio mais tarde para retalhar os espaços geográficos à mercê das suas conveniências, corromper  os próprios comerciantes de escravos (sim, porque a escravatura, é tão antiga como o homem) ficando  eles com a fatia de leão: para dividiram territórios, humilharem, dominarem e escravizarem as populações a seu belo prazer, usurpando as suas riquezas

Quantas vezes, oh Deus!... De vigília à longa e eterna noite, às sombras da mais profunda e sinistra escuridão, enquanto, lá no alto, algumas estrelas que ora despontavam ora se sumiam por entre as clareiras que rasgavam o negro céu, pareciam mover-se de oriente para ocidente  mais depressa que as invisíveis correntes  que arrastavam a minha canoa, não sabia para que desconhecido ponto do misterioso horizonte...

Quando os europeus demandaram a costa de África, já os africanos, há muito mais tempo, haviam sulcado o litoral marítimo, subido e descido os rios e ligado as ilhas limítrofes  com as suas pirogas talhadas em enormes troncos de árvores

MAS OUVE QUEM REPARASSE NESSE FACTO: - Para alguns cartógrafos do século XVII, as pirogas assumiam a mesma importância  que as caravelas - lá tinham as suas razões: ambas dominavam os mares no Golfo da Guiné  -
 Jodocus Hondius (1606; 1628 or 1633)...Bertius (1649), mapas onde as canoas não são ignordas

AS CANOAS DE  SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE SÃO MAIS PEQUENAS QUE AS DO LITORAL AFRICANO -  As ilhas são montanhosas e as roças também não permitiam o abate de  grandes árvores - Mas a ligação dos primeiros povos foi  realizada a partir da costa africana para as ilhas à vela e a remos. Atualmente, são frequentes as viagens da Nigéria para São Tomé, com auxílio de motores fora de borda- O regresso é feito à veja e a motor.  VEJA ESTES DOIS EXEMPLARES shippage 5.html - ELDER DEMPSTER MEMORIES.***Praia de Eleko, Lagos, Nigéria Posteres de Zazzle.pt*******THE SAMINAKA COMPASSNigerian Regattas and Saminaka's African


SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - TERRAS DE PAZ E DE BELEZA - ONDE AINDA NÃO CHEGOU A NOVA CIVILIZAÇÃO DA PIRATARIA - QUE TEM NO LIBERALISMO SELVAGEM  MUNDIAL, O SEU EXPOENTE MÁXIMO.
Ilhas maravilhosas! - Verdadeiros paraísos verdejantes, orlados de espuma, situados no Equador! Perdidos como frondosas umbelas de Deus no meio do mundo. Comemoram, no próximo dia 12 de Julho, 36 anos sobre a data da sua independência. Mas o seu passado histórico é bem mais longínquo, que o apregoado pelos manuais da colonização.

 .Não se sabe ao certo, em que ano e  dia ali teriam chegado as primeiras canoas com os primeiros povoadores a bordo dos grandes troncos escavados das árvores gigantescas, cortadas nas florestas costeiras africanas, nomeadamente a sul do Gabão e a Norte do Zaire - Canoas essas, que, aproveitando as correntes e os ventos favoráveis, ali teriam aportado.
Seguramente, que os intrépidos navegadores africanos, ter-se-iam dirigido, para essas ilhas, muito antes do homem branco ter-se deslumbrado com a sua vegetação luxuriante.

(construção da canoa Yoan Gato - que usei na minha última viagem)



Defendo a teoria de  que os primeiros povoadores, aqueles que, pela primeira vez,  aportaram nas suas baías,  foram os hábeis navegadores das canoas, vindos da costa africana. 

Demonstrei essa possibilidade através das várias travessias que empreendi - De resto, não será por mero acaso que as canoas surgem nas cartas do século XVII, com idêntico destaque ao das caravelas
Em minha modesta opinião, a história das descobertas prima mais pela ficção e efabulação de que em dar-nos conta do que se verdadeiramente se passou. Mas o fenómeno da sublimação foi transversal a outras potências coloniais.

 .Mesmo, acerca do ano e dia da chegada dos Portugueses, às Ilhas do Golfo da Guiné, há mais dúvidas de que certezas. Era cómodo fixar uma data e julgo que foi o que sucedeu.

Atualmente, os historiadores não se limitam às transcrições das versões mais ou menos oficiais, devassam velhos arquivos e lançam-se, sem preconceitos, numa investigação mais aprofundada - A mentalidade colonial era contrária a esse tipo de estudo - E já surgem estudos curiosos, que pelo menos vão de encontro a um passado anterior ao da época colonial... Abrem a porta a outros horizontes e probabilidades, contrariando versões intocáveis, como se fossem intangíveis dogmas papais

Entre outros contributo científicos:

Menzies pretende demonstrar que "os grandes navegadores europeus dos séculos XV a XVIII – caso de Cristóvão Colombo, de Vasco da Gama, de Fernão de Magalhães ou de James Cook, por exemplo – partiram para as suas viagens através do Atlântico ou do Pacífico sabendo de antemão o que iam encontrar uma vez que estariam munidos de cópias de mapas chineses ou de mapas que incorporavam os alegados conhecimentos cartográficos chineses resultantes das navegações patrocinadas por Yongle- In .Revista Eletrônica RETIRA.


Tabula Rogeriana (1154)..
"O conhecimento da costa africana (lê-se em RECOMENDAÇÕES era uma realidade resultante de algumas expedições realizadas desde tempos remotos. 




A primeira por ordem o faraó Necao II (610-594 A.C.), depois a viagem de Sataspes (480-470 A.C.) até à Guiné (...)Estas e outras viagens referenciadas não têm cativado o interesse da historiografia que se mostra renitente em aceitar os relatos contidos nos textos clássicos."

"A Historiografia dos séculos XVIII e XIX refere que os fenícios projetaram o seu empório comercial na costa ocidental africana. Apenas os portugueses mantiveram a tese de que esta área estava por revelar no início das navegações henriquinas"



JOÃO DE SANTARÉM E PERO ESCOBAR, QUANDO PARTIRAM, SABIAM O QUE PROCURAVAM - MAS, NESSE TEMPO, JÁ AS PIROGAS ERAM  SOBERANAS E CRUZAVAM OS AS ÁGUAS DO GOLFO M.. - Pelos menos aos cartógrafos do século XVII, não passava despercebida a sua importância

  "Ao mar do cabo de Lopo Gonçalves, sessenta léguas de caminho ao lés-noroeste deste cabo, está a ilha que se chama S. Tomé, a qual mandou descobrir o Sereníssimo Rei D. João o Segundo de Portugal, e a povoou" .Breve história das ilhas do Golfo da Guiné..

AFIRMAR QUE SÓ HÁ 500 ANOS É QUE SE FIZERAM AS PRIMEIRAS NAVEGAÇÕES MARÍTIMAS AO LONGO DA COSTA AFRICANA, PODERIA ACEITAR-SE NO TEMPO EM QUE SE DIZIA NA CATEQUESE QUE A EVA FORA CONCEBIDA A PARTIR DE UMA COSTELA DE ADÃO  

A notícia de que, naquele imenso Golfo, existiam ilhas maravilhosas, ter-se-ia espalhado, desde há muitos séculos, ao longo da costa limítrofe - De há muito que grandes canoas sulcam aquelas águas.

 CHEGUEI AVISTAR AS DUAS ILHAS: PRÍNCIPE E FERNÃO DO PÓ - NUM CERTO DIA, A MEIO DA TARDE, DEPOIS DE O HORIZONTE TER FICADO LIMPO, NA SEQUÊNCIA DE UMA TEMPESTADE, PUDE AVISTAR AMBAS AS ILHAS.


  
A Ilha de Bioko, a mais setentrional, e também a mais próxima de terra (30 quilómetros ao largo da costa ocidental de Áfricaera fácil de ser avistada, até pelo seu imponente relevo. Desta ilha, e depois da atmosfera ficar limpa, após uma grande chuvada ou tempestade, é possível avistar o Pico do Príncipe. O mesmo sucede, em relação a Tomé, a quem se encontre nas partes altas da ilha irmã. Assim sendo, a existência das ilhas no Golfo, dificilmente seria ignorada

Ao fundo à esquerda vislumbra-se Bioko, desde a costa camaronesa - Imagem extraída de um interessante estudo de autoria do Tenente-coronel João José de Sousa Cruz - Publicado na Revista Militar ::- As Ilhas do Equador – II Parte

Vivi doze anos em S. Tomé. Num certo dia, pude  fotografar, na Praia das 7 ondas e Praia da Colónia Açoriana, várias toras que ali deram à costa, com a sigla de empresas madeireiras de Cabinda. E foi essa observação, que me fez também refletir para o possível povoamento das ilhas, através das primitivas embarcações, oriundas da costa africana: se uma tora ali ia parar, era sinal de que as canoas, ali também pudessem facilmente aportar, levadas por ventos e correntes favoráveis.

Veja-se o caso da ilha da Páscoa (Polinésia) tão longe dos continentes, e, todavia, quando os europeus, ali chegaram, quão maravilhados ficaram com as suas estátuas e a sua civilização.
 Aproximação à Ilha de Bioko


Naquela altura, desconhecia a existência de cartas anteriores à descolonização portuguesa, de que as ilhas do Golfo da Guiné, constavam de antigos mapas. Conhecia apenas a versão colonial. O conhecimento da sua existência, veio dar razão às minhas arriscadas travessias.

Por isso, 
as dúvidas que agora tenho, já não residem tanto em saber se as ilhas já eram ou não conhecidas e povoadas, antes dos europeus lá chegarem: - mas quem, afinal, entre os portugueses de há cinco séculos, aportou nas suas tranquilas ou agitadas baías - mas sempre azuis e límpidas - e ali pôs pé em terra pela primeira vez.

" A história dos mapas não começou na Grécia Antiga, mas entre os povos de outros continentes – asiáticos, africanos e americanos (chineses, esquimós, astecas) – que já estavam acostumados com esta prática".


O mundo não é de ontem nem de hoje. E nem só de há cinco séculos que o homem se arrojou nas grandes viagens de navegação. Mesmo que o povoamento das ilhas do Golfo da Guiné, não fosse feito através de pirogas, já os navegadores fenícios, cartagineses e árabes, há muito haviam demandado aqueles mares, pelo que não deixariam de procurar extrair alguns benefícios das ilhas e deixar lá algumas pessoas. 

Porém, muito antes mesmo dessas viagens, julgo que já os africanos eram os senhores dos mares, costa africana e ilhas - Atlântico, Mediterrâneo e no Índico - experientes artesãos e audaciosos mestres na arte de navegar nas suas canoas Formaram verdadeiras civilizações, que foram retalhadas pela expansão colonial. .A supremacia do homem branco sobre outras raças, não passa de uma ideia absurda, de um preconceito..
Os portugueses foram grandes navegadores - E talvez dos maiores  navegadores daqueles tempos. Um país, tão pequeno e com tão fracos recursos económicos, ter feito o que fez, foi realmente uma verdadeira odisseia. Há, pois, que enaltecer a coragem daqueles bravos pilotos e marinheiros. 

Todavia, surge o aspeto negativo: o do consequente domínio colonial, através das armas, do avanço bélico, sobre povos pacíficos, tal como o fizerem  outros europeus:  aproveitando-se de prévios conhecimentos, seguindo rotas já conhecidas, orientaram as suas navegações, não propriamente para estabelecerem laços culturais ou de um pacífico intercâmbio comercial,  mas para imporem a sua vontade, o domínio e a  exploração do comércio e das riquezas naturais, com mão-de-obra escrava. 

De facto, a grande lição de que nos podemos orgulhar é a de que, embora sendo um pequeno país, cruzou mares e expandiu-se para os vários cantos do mundo. A subjugação de povos e o domínio colonial sobre os mesmos, não será, com certeza, a nota mais emblemática a recordar. Links a reter..ANTIGOS IMPÉRIOS AFRICANOS......As Civilizações Africanas no Mundo Antigo.. Aos estudiosos de África..I........Civilizações Africanas......civilizações africanas - 




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