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domingo, 19 de setembro de 2021

Morreu, em França, o historiador e sociólogo português, José-Augusto França, aos 99 anos -

Uma personalidade, discreta e afável, muito dedicada ao seu trabalho de historiador, da investigação cultural, das letras e artes - Tive o prazer de o entrevistar e de com ele estabelecer enriquecedores diálogos – - Era um frequentador assíduo da Biblioteca Nacional, onde o encontrava, sempre que ali me deslocava - E foi também aí a última vez que o deixei de ver - Ficámos de nos encontrar no Jardim da Estrela, para fazer um registo de vídeo, tendo-me dito que era um dos sítios de Lisboa, onde gostava de ir a tomar o seu café - Entretanto, vim a saber que tinha ido para França por razões de saúde - Agora, é a noticia que nos é divulgada 

 Jorge Trabulo marques – Jornalista e investigador

É referido pela imprensa de que "José-Augusto França morreu, este sábado, na casa de saúde de Jarzé, perto da cidade francesa de Angers, onde estava internado há vários anos. Há cerca de três meses tinha sofrido um AVC.

A notícia foi avançada pelo jornal "Público", tendo sido confirmada pela amiga do historiador e da família, a pintora e antiga presidente da Sociedade Nacional de Belas-Artes, Emília Nadal.

Natural de Tomar, José-Augusto França foi responsável por estudos pioneiros sobre a reconstrução da Baixa Pombalina após o terramoto de 1755, ou sobre figuras como Amadeo de Souza-Cardoso, Almada Negreiros ou Rafael Bordalo Pinheiro. A sua vasta obra ultrapassa os cem livros e centenas de artigos, divididos entre história da cultura, história da arte, estudos olisipográficos, monografias, ensaios e ficção. Foi condecorado com a Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1991), a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2006) e a Medalha de Mérito Cultural (2012)."

DN - ..Diz que ."a família de José-Augusto França mudou-se de Tomar para Lisboa quando este tinha cinco meses. Começa a sua extensa colaboração na imprensa aos 18 anos, ao escrever crítica de cinema para O Diabo. Em 1945, na sequência da morte do pai, que tinha negócios em Angola, passa um ano em África, mas não se adaptou e regressou a Lisboa, onde publicou um dos primeiros romances críticos do colonialismo, Natureza Morta. É nesta fase que se integra no movimento artístico e intelectual, aquando da criação do Grupo Surrealista de Lisboa, onde se dá com Mário Cesariny, Alexandre O"Neill ou Vespeira, tendo inclusive feito uma incursão na pintura e exposto no primeiro Salão Surrealista, em 1949.

Foi editor do Grande Dicionário de Língua Portuguesa e entre 1951 e 1956 editou o conjunto de cinco publicações Unicórnio, Bicórnio, Tricórnio, Tetracórnio e Pentacórnio, que antologiava inéditos de autores contemporâneos como Almada Negreiros, António Sérgio, Jorge de Sena, Eduardo Lourenço, Vitorino Nemésio, entre outros

.Em 1959, ruma a França, que já tinha visitado em 1946, e onde conhece figuras da cultura como Roland Barthes ou André Breton. Discípulo de Pierre Francastel, é aí que se licencia em Ciências Históricas e Filosóficas, tendo mais tarde completado doutoramentos em História (sobre a reconstrução pombalina de Lisboa, 1962) e em Letras (sobre o romantismo português, 1969) na Sorbonne. Anos mais tarde, entre 1980 e 1986 é diretor do Centro Cultural Português da Fundação Calouste Gulbenkian."

Com o 25 de Abril regressa a Portugal, onde cria o curso de História de Arte na Universidade Nova de Lisboa, mas, casado com uma historiadora de arte francesa, acaba por dividir-se entre Portugal e França.

Entre os cerca de cem livros que publicou escolheu 16 em 2017 para serem reeditados pela Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM). Entre estes destacam-se Lisboa Pombalina e o Iluminismo, A Arte em Portugal no Século XIX, A Arte em Portugal no Século XX, História da Arte Ocidental, 1750-2000 e Lisboa, História Física e Moral. Mas também são uma referência as suas monografias sobre Almada Negreiros e Amadeo de Souza-Cardoso. DN

 

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