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sábado, 6 de agosto de 2022

Escritor Jorge Amado - Faleceu no dia em que passavam 56 anos sobre o lançamento da bomba de Hiroshima lançada no dia 6 de agosto de 1945,- Entrevistei-o, neste mesmo dia, em 1981
























Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador - Registo sonoro  de  várias entrevistas que me concedeu          

BOMBA DE HIROXIMA -" Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!.."

Escritor Jorge Amado - As armas atómicas, é um crime contra a Humanidade - Mas que estranha coincidência! - Entrevista concedida no dia 6 de Agosto de 1981, Ironia do destino - Iria falecer 21 anos depois, no dia 6 de Agosto de 2001, aos 89 anos, a 4 dias de completar 69 anos. No dia em que passavam 56 anos sobre o lançamento da bomba de Hiroshima lançada no dia 6 de agosto de 1945

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Jorge Amado: passam hoje 36 anos sobre o lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima

- Jorge Amado: passam hoje 36 anos sobre o lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima. Na altura o Jorge Amado, teria os seus?... Quantos anos?..

- Eu tinha 33 anos.
 "Eu me recordo perfeitamente. Foi durante a guerra; foi lançada sobre o Japão! No momento em que já não havia absolutamente necessidade de que a bomba atómica fosse lançada, a guerra estava ganha pelos aliados, foi um crime! Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!... Não havia absolutamente nenhuma necessidade de lançar a bomba atómica naquele momento sobre o Japão: o Japão já estava vencido."

Jorge Amado foi um dos mais premiados e populares escritores brasileiros. Dono de uma obra numerosa, sempre privilegiando a Bahia como cenário de suas narrativas, cativou o público com suas histórias que foram largamente adaptadas para a televisão.

Traduzido para dezenas de idiomas e aclamado nacional e internacionalmente, Jorge Amado conciliou realismo e lirismo poético, causas sociais e erotismo, trazendo consigo uma identificação afetiva com o povo brasileiro


BOMBA DE HIROXIMA -" Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!.."



- Jorge Amado: passam hoje 36 anos sobre o lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima. Na altura o Jorge Amado, teria os seus?... Quantos anos?..

JA – Eu tinha 33 anos.
JTM – Recorda-se?....Tem alguma lembrança, dessa data, dessa data, tão trágica para a Humanidade?
JÁ – Eu me recordo perfeitamente. Foi durante a guerra; foi lançada sobre o Japão! No momento em que já não havia absolutamente necessidade de que a bomba atómica fosse lançada, a guerra estava ganha pelos aliados, foi um crime! Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!... Não havia absolutamente nenhuma necessidade de lançar a bomba atómica naquele momento sobre o Japão: o Japão já estava vencido.

JTM – No entanto, há quem pense o contrário; há quem diga que foi realmente uma maneira de  resolver o conflito!
JA -  Não acredito. Foi a fórmula de querer mostrar a superioridades, que, naquele momento os Estados Unidos, com aquela arma, passariam a ter para as negociações no após  guerra

JTM – Já que, ambos os blocos, as possuem: pois há também quem defenda que é uma maneira de se respeitarem mutuamente, de evitarem a guerra: o que é que pensa, Jorge Amado, a esse respeito?
JÁ – Eu sou pelo desarmamento: eu acho que a guerra se evita não tendo armas; se nós estamos  nós os dois, aqui  e não temos armas, é mais difícil que nos matemos de que você estiver aí com vários revólveres  e eu com armas brancas e revólveres, mais facilmente nos mataremos.

Eu acho que essa coisa das armas, incluindo as armas atómicas,  é um negócio sujo: é um negócio sujo, porque, por um lado envolve dinheiro, e não é uma maneira de chegar dinheiro à custa da morte!    À custa da desgraça dos demais!... E é realmente um crime!... Esta coisa dos grupos antagónicos de nações, se equilibram e isto evita a guerra, eu acho extremamente discutível!... Eu acho que isso  nos coloca sempre no perigo da guerra! Diante do perigo da guerra!... Eu acho que, se os homens que dirigem as nações, tivessem mais sentido de humanismo, pensassem mais na humanidade de que nos seus interesses pequenos e mesquinhos, nós teríamos o desarmamento - não é o desarmamento geral –que colocaria a guerra muito mais distante e muito mais difícil. É isso que eu penso.

JTM  - Haver paz sem se recorrer à existência de armas?
JA – Eu acho que sim; que haverá, realmente, no dia em que se deixar de recorrer às armas.

JTM – Acredita que, num futuro próximo ou distante, essas armas que são uma ameaça à Humanidade,
possam deixar de existir? Que sejam postas de lado, uma vez para sempre?
JA -  Eu sou otimista em relação ao futuro da humanidade; eu acredito no homem: o homem, apesar de tudo, evolui e marcha para diante e que chegará o dia em que, realmente, a humanidade  deixará de lado, todas essas armas  e que os homens do futuro pensarão: como foi possível esse acumular de armas! Que loucura! Deu na humanidade e nos homens! Nos dirigentes dos países, para que se ameaçasse a humanidade, com essas armas tão terríveis!... Note que não é o povo de nenhum país que deseja as armas: são sempre os grupos dirigentes, aqueles que estão no poder!... Os povos não desejam as armas, muito menos  as armas atómicas! Os povos desejam viver em paz! Tranquilamente, trabalhando.

JTM – Mas, a corrida ao armamento, parece cada vez mais aguerrida! As aramas aparecem cada vez mais aperfeiçoadas!... Como ver isto?
JA – Eu vejo, sempre como um perigo para a humanidade! Eu vejo como uma desgraça!... É uma desgraça e um crime! – É isso que eu penso.

JTM – A nível mundial, que é que, Jorge Amado, acha que devia ser feito para que as nações depusessem as armas e não apostassem nessas forças diabólicas? E que podem, de um momento para o outro destruírem a existência do homem na Terra?
JA – Eu acho que devia ser feito aquilo que a sua rádio está fazendo, mas a nível mundial! Por todos! Uma campanha contra as armas atómicas e contra todas as armas!... Uma campanha mundial de todos os homens, pelo desarmamento!... Mas não uma campanha feita com interesse desse ou daquele grupo, não: uma campanha que fosse de todos os homens e no interesse, sim,  da humanidade e não desta ou daquela superpotência, deste ou de outro grupo de nações!... Mas pela Humanidade!

JTM – Jorge Amado, falou da Humanidade mas os escritores também têm um importante papel na humanidade!
JA – Com certeza: os escritores, os artistas, sobretudo os cientistas, porque sabem que uma guerra atómica seria a destruição da vida sobre a Terra: não apenas da vida humana mas de toda a vida sobre a Terra! … Todos nós temos essa obrigação, é nosso dever! Todos nós: a luta contra  a corrida armamentista! A luta contra as armas atómicas!

JTM – Já agora, uma última pergunta, sobre o mesmo assunto: já alguma vez, Jorge Amado, nos seus livros abordou esta questão ou pensa abordá-la futuramente?

JA – Eu abordei essa questão, em inúmeros artigos! Em conferências! Em discursos no Parlamento, quando fui deputado… De todas as maneiras, lutando contra as armas atómicas, e, de certa maneira, eu diria que os meus livros refletem o desejo de Paz da Humanidade! 

Mesmo  que eu não tenha tido nenhum tema em nenhum deles, a luta contra as armas atómicas, porém, os meus livros refletem a luta do homem por uma vida melhor e de paz e uma vida mais feliz.


BIOGRAFIA -  Jorge Amado nasceu a 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, no distrito de Ferradas, município de Itabuna, sul do Estado da Bahia. Filho do fazendeiro de cacau João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado.
Com um ano de idade, foi para Ilhéus, onde passou a infância. Fez os estudos secundários no Colégio Antônio Vieira e no Ginásio Ipiranga, em Salvador. Neste período, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes.
Publicou seu primeiro romance, O país do carnaval, em 1931. Casou-se em 1933, com Matilde Garcia Rosa, com quem teve uma filha, Lila. Nesse ano publicou seu segundo romance, Cacau.
A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba em várias partes do Brasil. Seus livros foram traduzidos para 49 idiomas, existindo também exemplares em braile e em formato de audiolivro.
Jorge Amado morreu em Salvador, no dia 6 de agosto de 2001. Foi cremado conforme seu desejo, e suas cinzas foram enterradas no jardim de sua residência na Rua Alagoinhas, no dia em que completaria 89 anos -  Mais pormenores em http://www.jorgeamado.org.br/?page_id=75


GLAUBER ROCHA Um grande amigo meu, um amigo fraterno, meu irmão e um homem extremamente importante dentro da cultura do nosso país: dentro da cultura brasileira, dentro da cultura de Portugal, do mundo da língua portuguesa, pois que é um cineasta! E um escritor que tem realizado uma obra da mais alta importância!... Além de mais, é um homem extremamente lúcido na sua maneira de pensar, que tem lutado sempre ao lado do povo, contra os inimigos do Povo! Sempre ao lado dos interesses mais nobres da humanidade! Contra aqueles, exatamente, que querem a guerra, a opressão e a miséria! Os filmes de Glauber Rocha, são todos eles um elogio do Homem, do ser humano.”


BOMBA ATÓMICA EM HIROXIMA - "Eu me recordo perfeitamente. Foi durante a guerra; foi lançada sobre o Japão! No momento em que já não havia absolutamente necessidade de que a bomba atómica fosse lançada, a guerra estava ganha pelos aliados, foi um crime! Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!... Não havia absolutamente nenhuma necessidade de lançar a bomba atómica naquele momento sobre o Japão: o Japão já estava vencido."


Depois do 25 de Abril. Jorge Amado, deslocou-se várias vezes a Portugal: vindo, nomeadamente, de Paris, onde passava algumas temporadas, sobretudo na década de 80, numa fase, literariamente,  ainda muito ativa – Não era que gostasse mais de viver na Europa de que no Brasil; o motivo não era esse mas a falta de privacidade e o necessário isolamento, que não conseguia encontrar na sua cidade natal, onde era constantemente solicitado     - Nascido em Tabuna,  a 10 de Agosto de 1912, Estado da Baía, e, em cujas terras,  havia também de falecer:  Em Salvador, 6 de Agosto de 2001

Confessou-me que adorava o nosso país:   deliciar-se com a sua gastronomia, admirava o artesanato do Minho  (nomeadamente o da cerâmica),  as belezas naturais, o nosso sol,  nosso clima, a simpatia das nossas gentes, onde contava com  bons amigos, alguns dos quais, fonte de inspiração, como personagens nas suas obras: é o caso, por exemplo, de Nuno Lima de Carvalho, diretor da Galeria de Arte do casino Estoril


Tanto ele, como Zélia Gattai, sua esposa, deram-me o prazer de me concederem várias entrevistas, que aguardo no meu arquivo. Uma das quais feita por ocasião do Congresso de Escritores Portugueses, em 1988 (creio que o 2º), ou seja, dois anos antes da assinatura do então já  polémico acordo ortográfico – Obviamente, que o tema não deixou de vir à baila,  gerando acaloradas discussões, tal como, de resto, ainda hoje continua a suscitar, - Mais à frente o registo em vídeo dessa interessante entrevista

Naquela manhã de 06 de agosto de 1945, os tripulantes do avião “Enola Gay” só conseguiam dizer “Meu Deus, o que fizemos”, depois de presenciarem a cidade de Hiroshima, no Japão, desaparecer embaixo de uma nuvem em forma de cogumelo. Era o efeito do lançamento da primeira bomba atômica americana que saiu de um avião B-29 batizado pelo seu comandante com o nome de Enola Gay, em homenagem à sua própria mãe. No dia 09, outra bomba igual seria lançada sobre a cidade de Nagasaki. Os pilotos norte-americanos haviam sido treinados durante meses para uma missão especial, a bordo de uma esquadrilha de aviões B-29. No entanto, quase ninguém sabia o que estes aviões realmente transportavam.

Morreram cerca de 100 mil pessoas em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki. As vítimas eram civis, cidadãos comuns, já que nenhuma das duas cidades era alvo militar muito importante. O cenário histórico dessa tragédia que permanece até hoje na memória de milhares de japoneses era a guerra no Pacífico, entre Japão e Estados Unidos.

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