Jorge Trabulo Marques - Jornalista
A revista People With Money noticiou na segunda-feira (12 de fevereiro), que Antoine é o cantor mais bem pago no mundo, faturando surpreendentes $75 milhões entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024, quase $40 milhões de vantagem à frente do seu competidor mais próximo.
De seu nome Pierre Antoine Muraccioli. Nascido em 4 de junho de 1944 (79 anos) Toamasina, Madagascar, império colonial francês Origem Paris Gêneros Folk rock, Rock de garagem, Música de protesto Ocupação(ões) Cantor e compositor, cineasta, fotógrafo, marinheiro e escritor Instrumento(s) Guitarra, gaita Gravadoras Disques Vogue, Barclay Records, RCA Records, Universal Records, Warner Home Video, Vogue Schallplatten Site sonoridade https://en.wikipedia.org/wiki/Antoine_%28singer%29

Do alto das velhas muralhas do Fortim de São Jerónimo, onde tantas vezes olhava a espuma que ali ia rebentar nas rochas negras e contemplava o mar ao largo, sim, muitas vezes ali me envolvi em prolongadas cogitações. E só via o mar... Só pensava, obsessivamente, nas distâncias e nas entranhas do mar.!.. Olhava-o com pasmo e respeito, mas queria sentir-me também parte dele! Ser mais um elemento do mítico e misterioso oceano! Ir por ali a fora numa das ágeis pirogas.! Desvendar segredos esquecidos no tempo!
O cantor francês tem um patrimônio líquido estimado em $215 milhões. Ele deve a sua fortuna a investimentos inteligentes em ações, propriedades imobiliárias substanciais, acordos lucrativos de patrocínio com os cosméticos CoverGirl. Antoine também é proprietário de vários restaurantes (a rede “Antoine Gordão”) em Paris, um time de futebol (os “Anjos de Tamatave”); lançou sua própria marca de vodca (“Pure Wonderantoine - França”), e está entrando no mercado jovem com um perfume líder em vendas (“De Antoine com Amor”) e uma marca de roupas chamada “Sedução by Antoine”. l
Antoine, notabilizou-se, também, pelas várias viagens solitárias à volta do mundo
.Em Outubro de 1974, decidiu navegar no Om , uma escuna de aço de 14 m construída no estaleiro Meta em Tarare (Rhône) . tendo percorrido 40.000 milhas sobre o Atlântico, o Pacífico, o Oceano Índico e o Mediterrâneo, até 1980.
Depois, de 1981 a 1989, navegou no Atlântico e no Pacífico a bordo do Voyage , uma chalupa Strongall de alumínio de 10,05 m de bote integral, também construída no estaleiro Prometa, em Tarare .
Desde 1989 navega a bordo do Banana Split , um catamarã de alumínio de 12,50 m de comprimento, construído por Prometa que se radicou em Saint-Raphaël (Var) . Depois de uma nova viagem ao redor do mundo via Panamá e o Cabo da Boa Esperança e novamente o Panamá, ele trouxe Banana Split de volta ao Oceano Pacífico, onde continuou a navegar entre a Polinésia Francesa, Austrália e Nova Zelândia
COMO OCORREU O MEU ENCONTRO COM ANTOINE
Confessei-lhe que tencionava navegar numa canoa de S. Tomé à Nigéria, tendo aproveitado para lhe pedir uma carta marítima da região. De pouco ou nada me haveria de valer, visto apenas dispor de uma simples bússola. Em todo o caso, nem por isso deixei de pegar nela e de abrir por várias vezes
Cinco anos depois da travessia de São Tomé ao Príncipe, numa piroga um pouco maior, fiz a ligação de São Tomé à Nigéria. Uma vez mais parti sem dar a conhecer os meus propósitos, ao começo da noite, servindo-me apenas de uma simples bússola. Ao cabo de 13 dias chegava a uma praia ao sul deste país africano, tendo sido detido durante 17 dias por suspeita de espionagem, após o que fui repatriado para Portugal. Os jornais nigerianos destacaram em primeira página o feito..
Foram dias e noites de uma viagem inarrável, num mar infestado de tubarões com uma frágil embarcação sacudida por violento tornado. Na Nigéria foi entusiasticamente acolhido numa aldeia de pescadores. Todavia, o meu estado de saúde era de tal modo precário que me internaram num hospital durante uma semana.
Como isso não bastasse, as autoridades desconfiaram do intruso, atribuindo-lhe intenções políticas, pelo que o submeteram a um interrogatório em que a política tinha lugar primordial. Toda a sua bagagem foi passada a pente fino. Por fim, resolveram remetê-lo para Lisboa. O caso suscitou grande impacto e mereceu honras de primeira página do “Nigerian Chronicc”
BREVE RESENHA
A segunda viagem foi uma travessia de São Tomé à Nigéria, cinco anos depois, numa piroga um pouco maior. Parti igualmente clandestinamente, ao começo da noite, provido apenas de uma bússola. Ao cabo de 13 dias chegava a uma praia ao sul da Nigéria, tendo sido detido durante 17 dias, por suspeita de espionagem, após o que fui repatriado para Portugal. Os jornais nigerianos destacaram em primeira página esta minha aventura.

A terceira aventura foi uma tentativa de travessia de São Tomé ao Brasil. Ocorreu já depois da independência de São Tomé e Príncipe. E tinha como propósito evocar a rota da escravatura, e chamar atenção para esse problema na actualidade. A canoa foi carregada num pesqueiro americano para ser largada, na corrente equatorial, um pouco a sul de Ano Bom. Porém, à chegada a esta ilha, o comandante, propôs-me abandonar a canoa e ficar a trabalhar a bordo, alegando que a canoa estorvava e que a aventura era muito arriscada. Na impossibilidade de ser levado para a dita corrente, decidi regressar a São Tomé, para a tentar noutra oportunidade. Foi então que uma violenta tempestade, me surpreendeu em plena noite, tendo perdido a maior parte dos viveres e os remos. No dia seguinte improvisei um remo com um dos barrotes do estrado da canoa e pedaços da cobertura, a fim de conseguir dar alguma orientação. Mas de pouco me haveria de valer, face à fúria dos frequentes tornados. Como bóia de salvação, servi-me do resto do estrado e adaptei-lhe um pequeno colchão de ar. Porém, se a piroga se voltasse, de pouco me haveria de valer.

Foram 38 longos dias, 24 dos quais a beber água do mar e das chuvas, e duas semanas valendo-ma apenas dos recursos do mar, enfrentando tempestades, sucessivas, e até ataques de tubarões. Ainda cheguei apanhar alguns pequenotes, enquanto tive anzóis. Mas, até isso, me haveria de faltar. Acabei por ser arrastado pelas correntes até à Ilha de Bioko (antiga Ilha de Fernando Pó), já no limiar da minha resistência física, onde fui tomado por espião, algemado e preso, numa cela de alta segurança, a mando do então Presidente Macias Nguema, após o que fui repatriado para Portugal, tal como já me havia acontecido na Nigéria.

Os objectivos dessas minhas travessias foram vários: antes de mais, o fascínio que o mar exerceu em mim, desde o primeiro dia que desembarquei, do velho Uíge, ao largo da baía azulinha da linda cidade de São Tomé; o desejo de me encontrar a sós com a solidão e a vastidão do oceano e, de perante esse cenário, de me poder interrogar, ainda mais de perto, sobre a presença e os mistérios de Deus. Mas também por outras razões de carácter histórico-cintífico e humanitário. Tais como: evocar a rota da escravatura, ao longo da grande corrente equatorial, lembrar esses ignominiosos tempos do comércio de escravos e chamar atenção para esse grave problema que, sob as mais diversas formas, continua afectar a existência muitos seres humanos, na actualidade.

Contribuir para a moralização de futuros náufragos, à semelhança de Alan Bombard. Segundo este investigador e navegador solitário francês, a maioria das vítimas morre por inacção, por perda de confiança e desespero, do que propriamente por falta de recursos, que o próprio mar pode oferecer. Era justamente o que eu também pretendia demonstrar - Navegando num meio tão primitivo e precário, levando apenas alimentos para uma parte do percurso e servindo-me, unicamente, de uma simples bússola, sem qualquer meio de comunicar com o exterior, tinha, pois, como intenção, colocar-me nas mesmas condições que muitos milhares de seres humanos que, todos os anos, ficam completamente desprotegidos e entregues a si próprios - Porém, quis o destino que fosse mesmo esta a situação que acabasse por viver. E, felizmente, também quis a minha boa estrelinha e, creio, com ajuda de Deus, que pudesse resistir a tantos dias de angústia, de sobressaltos e de incerteza.
Já se passaram vários anos, porém, essa minha experiência ainda está muito presente na minha memória – E duvido que algum náufrago, alguma vez possa esquecer os seus longos momentos de abandono e de infortúnio



Do alto das velhas muralhas do Fortim de São Jerónimo, onde tantas vezes olhava a espuma que ali ia rebentar nas rochas negras e contemplava o mar ao largo, sim, muitas vezes ali me envolvi em prolongadas cogitações. E só via o mar... Só pensava, obsessivamente, nas distâncias e nas entranhas do mar.!.. Olhava-o com pasmo e respeito, mas queria sentir-me também parte dele! Ser mais um elemento do mítico e misterioso oceano! Ir por ali a fora numa das ágeis pirogas.! Desvendar segredos esquecidos no tempo!
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário