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terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Cantor francês Antoine - Ao lado do cantor marinheiro mais bem pago do mundo – Celebrizado por seu hit Les Élucubrations - O meu encontro há 50 anos , em S. Tomé, junto ao cais da Baía Ana Chaves, junto ao seu veleiro, numa breve escala de circunavegação marítima. Tendo-me oferecido uma carta marítima, dois dias antes de partir clandestinamente numa canoa rumo à Nigéria para me libertar das perseguições de alguns colonos por via dos meus trabalhos jornalístico, que davam voz à independência e à divulgação do massacre do Batepá.

Jorge Trabulo Marques - Jornalista 




Estes meus olhos têm muito que contar - Viram muitas tempestades, noites medonhas, inarráveis!...Manhãs e tardes de ameaça e assombração!... Mas também se maravilharam com muito azul do céu e do mar...

A revista People With Money noticiou na segunda-feira (12 de fevereiro), que Antoine é o cantor mais bem pago no mundo, faturando surpreendentes $75 milhões entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024, quase $40 milhões de vantagem à frente do seu competidor mais próximo.


Conhecido por seu hit Les Élucubrations, ficou em primeiro lugar entre os 10 cantores mais bem pagos de 2024 segundo a People With Money, com $75 milhões calculados em rendimentos combinados

De seu nome Pierre Antoine Muraccioli. Nascido em 4 de junho de 1944 (79 anos) Toamasina, Madagascar, império colonial francês Origem Paris Gêneros Folk rock, Rock de garagem, Música de protesto Ocupação(ões) Cantor e compositor, cineasta, fotógrafo, marinheiro e escritor Instrumento(s) Guitarra, gaita Gravadoras Disques Vogue, Barclay Records, RCA Records, Universal Records, Warner Home Video, Vogue Schallplatten Site sonoridade https://en.wikipedia.org/wiki/Antoine_%28singer%29





Do alto das velhas muralhas do Fortim de São Jerónimo, onde tantas vezes olhava a espuma que ali ia rebentar nas rochas negras e contemplava o mar ao largo, sim, muitas vezes ali me envolvi em prolongadas cogitações. E só via o mar... Só pensava, obsessivamente, nas distâncias e nas entranhas do mar.!.. Olhava-o com pasmo e respeito, mas queria sentir-me também parte dele! Ser mais um elemento do mítico e misterioso oceano! Ir por ali a fora numa das ágeis pirogas.! Desvendar segredos esquecidos no tempo!



O cantor francês tem um patrimônio líquido estimado em $215 milhões. Ele deve a sua fortuna a investimentos inteligentes em ações, propriedades imobiliárias substanciais, acordos lucrativos de patrocínio com os cosméticos CoverGirl. Antoine também é proprietário de vários restaurantes (a rede “Antoine Gordão”) em Paris, um time de futebol (os “Anjos de Tamatave”); lançou sua própria marca de vodca (“Pure Wonderantoine - França”), e está entrando no mercado jovem com um perfume líder em vendas (“De Antoine com Amor”) e uma marca de roupas chamada “Sedução by Antoine”. l

Antoine, notabilizou-se, também, pelas várias viagens solitárias à volta do mundo
.Em Outubro de 1974, decidiu navegar no Om , uma escuna de aço de 14 m construída no estaleiro Meta em Tarare (Rhône) . tendo percorrido 40.000 milhas sobre o Atlântico, o Pacífico, o Oceano Índico e o Mediterrâneo, até 1980.
Depois, de 1981 a 1989, navegou no Atlântico e no Pacífico a bordo do Voyage , uma chalupa Strongall de alumínio de 10,05 m de bote integral, também construída no estaleiro Prometa, em Tarare .
Desde 1989 navega a bordo do Banana Split , um catamarã de alumínio de 12,50 m de comprimento, construído por Prometa que se radicou em Saint-Raphaël (Var) . Depois de uma nova viagem ao redor do mundo via Panamá e o Cabo da Boa Esperança e novamente o Panamá, ele trouxe Banana Split de volta ao Oceano Pacífico, onde continuou a navegar entre a Polinésia Francesa, Austrália e Nova Zelândia

COMO OCORREU O MEU ENCONTRO COM ANTOINE

Foi justamente, uns meses depois, após iniciar a sua primeira viagem solitária, em Outubro de 1974, que, em meados de Fevereiro de 1975, ao aportar junto ao cais da Baía Ana Chaves, tive oportunidade de, casualmente, me encontrar com ele
Confessei-lhe que tencionava navegar numa canoa de S. Tomé à Nigéria, tendo aproveitado para lhe pedir uma carta marítima da região. De pouco ou nada me haveria de valer, visto apenas dispor de uma simples bússola. Em todo o caso, nem por isso deixei de pegar nela e de abrir por várias vezes
Cinco anos depois da travessia de São Tomé ao Príncipe, numa piroga um pouco maior, fiz a ligação de São Tomé à Nigéria. Uma vez mais parti sem dar a conhecer os meus propósitos, ao começo da noite, servindo-me apenas de uma simples bússola. Ao cabo de 13 dias chegava a uma praia ao sul deste país africano, tendo sido detido durante 17 dias por suspeita de espionagem, após o que fui repatriado para Portugal. Os jornais nigerianos destacaram em primeira página o feito..


Foram dias e noites de uma viagem inarrável, num mar infestado de tubarões com uma frágil embarcação sacudida por violento tornado. Na Nigéria foi entusiasticamente acolhido numa aldeia de pescadores. Todavia, o meu estado de saúde era de tal modo precário que me internaram num hospital durante uma semana.
Como isso não bastasse, as autoridades desconfiaram do intruso, atribuindo-lhe intenções políticas, pelo que o submeteram a um interrogatório em que a política tinha lugar primordial. Toda a sua bagagem foi passada a pente fino. Por fim, resolveram remetê-lo para Lisboa. O caso suscitou grande impacto e mereceu honras de primeira página do “Nigerian Chronicc”

BREVE RESENHA

Sou autor de várias travessias em pequenas pirogas primitivas, nos mares do Golfo da Guiné: a primeira de São Tomé ao Príncipe, em três dias. Parti à meia-noite, clandestinamente, levando apenas uma rudimentar bússola para me orientar. Fui preso pela PIDE (polícia política do velho regime colonial), por suspeita de me querer ir juntar ao movimento de Libertação de STP:, no Gabão. Enfrentei dois tornados, à segunda noite, adormeci e voltei-me com a canoa em pleno alto mar. Esta era minúscula e foi um verdadeiro drama ter-me conseguido salvar.

A segunda viagem foi uma travessia de São Tomé à Nigéria, cinco anos depois, numa piroga um pouco maior. Parti igualmente clandestinamente, ao começo da noite, provido apenas de uma bússola. Ao cabo de 13 dias chegava a uma praia ao sul da Nigéria, tendo sido detido durante 17 dias, por suspeita de espionagem, após o que fui repatriado para Portugal. Os jornais nigerianos destacaram em primeira página esta minha aventura.

A terceira aventura foi uma tentativa de travessia de São Tomé ao Brasil. Ocorreu já depois da independência de São Tomé e Príncipe. E tinha como propósito evocar a rota da escravatura, e chamar atenção para esse problema na actualidade. A canoa foi carregada num pesqueiro americano para ser largada, na corrente equatorial, um pouco a sul de Ano Bom. Porém, à chegada a esta ilha, o comandante, propôs-me abandonar a canoa e ficar a trabalhar a bordo, alegando que a canoa estorvava e que a aventura era muito arriscada. Na impossibilidade de ser levado para a dita corrente, decidi regressar a São Tomé, para a tentar noutra oportunidade. Foi então que uma violenta tempestade, me surpreendeu em plena noite, tendo perdido a maior parte dos viveres e os remos. No dia seguinte improvisei um remo com um dos barrotes do estrado da canoa e pedaços da cobertura, a fim de conseguir dar alguma orientação. Mas de pouco me haveria de valer, face à fúria dos frequentes tornados. Como bóia de salvação, servi-me do resto do estrado e adaptei-lhe um pequeno colchão de ar. Porém, se a piroga se voltasse, de pouco me haveria de valer.

Foram 38 longos dias, 24 dos quais a beber água do mar e das chuvas, e duas semanas valendo-ma apenas dos recursos do mar, enfrentando tempestades, sucessivas, e até ataques de tubarões. Ainda cheguei apanhar alguns pequenotes, enquanto tive anzóis. Mas, até isso, me haveria de faltar. Acabei por ser arrastado pelas correntes até à Ilha de Bioko (antiga Ilha de Fernando Pó), já no limiar da minha resistência física, onde fui tomado por espião, algemado e preso, numa cela de alta segurança, a mando do então Presidente Macias Nguema, após o que fui repatriado para Portugal, tal como já me havia acontecido na Nigéria.

Os objectivos dessas minhas travessias foram vários: antes de mais, o fascínio que o mar exerceu em mim, desde o primeiro dia que desembarquei, do velho Uíge, ao largo da baía azulinha da linda cidade de São Tomé; o desejo de me encontrar a sós com a solidão e a vastidão do oceano e, de perante esse cenário, de me poder interrogar, ainda mais de perto, sobre a presença e os mistérios de Deus. Mas também por outras razões de carácter histórico-cintífico e humanitário. Tais como: evocar a rota da escravatura, ao longo da grande corrente equatorial, lembrar esses ignominiosos tempos do comércio de escravos e chamar atenção para esse grave problema que, sob as mais diversas formas, continua afectar a existência muitos seres humanos, na actualidade.

Demonstrar a possibilidade de antigos povos africanos terem povoado as ilhas, situadas naquele imenso Golfo, muito antes dos nossos navegadores, ali terem chegado, contrariamente ao que defendem as teses coloniais, que dizem que as ilhas estavam completamente desabitadas - E a verdade é que, entretanto, já foram encontradas antigas cartas em arquivos, do tempo dos árabes que provam, justamente, esses contactos com povos que, de há muito, ali viviam.

Contribuir para a moralização de futuros náufragos, à semelhança de Alan Bombard. Segundo este investigador e navegador solitário francês, a maioria das vítimas morre por inacção, por perda de confiança e desespero, do que propriamente por falta de recursos, que o próprio mar pode oferecer. Era justamente o que eu também pretendia demonstrar - Navegando num meio tão primitivo e precário, levando apenas alimentos para uma parte do percurso e servindo-me, unicamente, de uma simples bússola, sem qualquer meio de comunicar com o exterior, tinha, pois, como intenção, colocar-me nas mesmas condições que muitos milhares de seres humanos que, todos os anos, ficam completamente desprotegidos e entregues a si próprios - Porém, quis o destino que fosse mesmo esta a situação que acabasse por viver. E, felizmente, também quis a minha boa estrelinha e, creio, com ajuda de Deus, que pudesse resistir a tantos dias de angústia, de sobressaltos e de incerteza.

Já se passaram vários anos, porém, essa minha experiência ainda está muito presente na minha memória – E duvido que algum náufrago, alguma vez possa esquecer os seus longos momentos de abandono e de infortúnio

A vida só tem sentido em prol da ciência, da arte ou da comunidade - vivida, sobretudo, sob o signo da espiritualidade. Se não for pautada por um ideal é um completo vazio. Vale sempre a pena correrem-se os riscos. Mesmo que a morte seja o maior preço a pagar."Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena."



Quantas vezes, oh Deus!... De vigília à longa e eterna noite, às sombras da mais profunda e sinistra escuridão, enquanto, lá no alto, algumas estrelas que ora despontavam ora se sumiam por entre as clareiras que rasgavam o negro céu, pareciam mover-se de oriente para ocidente  mais depressa que as invisíveis correntes  que arrastavam a minha canoa, não sabia para que desconhecido ponto do misterioso horizonte..





Do alto das velhas muralhas do Fortim de São Jerónimo, onde tantas vezes olhava a espuma que ali ia rebentar nas rochas negras e contemplava o mar ao largo, sim, muitas vezes ali me envolvi em prolongadas cogitações. E só via o mar... Só pensava, obsessivamente, nas distâncias e nas entranhas do mar.!.. Olhava-o com pasmo e respeito, mas queria sentir-me também parte dele! Ser mais um elemento do mítico e misterioso oceano! Ir por ali a fora numa das ágeis pirogas.! Desvendar segredos esquecidos no tempo!





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