Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista
No mesmo dia em que, o Tribunal constitucional de São Tomé e Príncipe anunciou os resultados definitivos das eleições legislativas de 12 de Outubro, confirmando a maioria absoluta da ADI, ,por 33 deputados, contra os 16 do MLSTP-PSD, PCD 5 e UDD, um deputado, o líder da ADI aproveitou para afirmar, publicamente, que vai formar Governo sem coligações - Ciente de que, Manuel Pinto da Costa, deverá pedir ao partido mais votado para formar governo, apelou para a suspensão de todas as ações governativas, à exceção dos mais urgentes
No mesmo dia em que, o Tribunal constitucional de São Tomé e Príncipe anunciou os resultados definitivos das eleições legislativas de 12 de Outubro, confirmando a maioria absoluta da ADI, ,por 33 deputados, contra os 16 do MLSTP-PSD, PCD 5 e UDD, um deputado, o líder da ADI aproveitou para afirmar, publicamente, que vai formar Governo sem coligações - Ciente de que, Manuel Pinto da Costa, deverá pedir ao partido mais votado para formar governo, apelou para a suspensão de todas as ações governativas, à exceção dos mais urgentes
O tempo
de flogá das eleições, já lá vai. A vida santomense regressou ao seu ritmo
normal. Por agora ainda não é fácil perceber o ressentimento ou as
mossas que a desforra do ex primeiro-ministro são-tomense,
terá provocado nos seus opositores, contudo, para quem aqui volta 39 anos depois, como é o
meu caso, o que eu mais tenho notado é que todo o visitante é tratado por
“amigo”.
Naturalmente
que esta palavra, além da expressão amável de um sorriso, subentende algo mais:
umas dobrazinhas (moeda oficial), já que o ordenado mínimo não chega aos 40
euros. Ora bem, este é um desafio que a formação do novo governo, deveria ter
entre mãos. Certo que o povo não morre de fome, pois é uma terra onde a
natureza é francamente generosa e profícua, porém, já era tempo dos
políticos - sem excepçao - se compenetrarem de que nem só de banana vive o homem.
A QUESTÃO É QUE
O PEREGRINO É TAMBÉM JORNALISTA
Para quem já não
vinha a São Tomé há 39 anos, obviamente que não vem atrás dos acontecimentos
políticos, mesmo estando na ordem do dia, como é o caso das recém-eleições
legislativas e autárquicas, ganhas pela maioria absoluta por Patrice
Trovoada, contudo, como soe dizer-se, o jornalista é um tanto ou quanto como o
sacerdote, está sempre de serviço
– E é por isso que, tendo tantas coisas para contar, tendo sido tocado por tão comoventes como magníficas impressões, e não sabendo por onde começar, opta pelo relato mais simples: deixar que os olhos e o coração se expandam para que a memória os registe e mais mais tarde os divulgar -
– E é por isso que, tendo tantas coisas para contar, tendo sido tocado por tão comoventes como magníficas impressões, e não sabendo por onde começar, opta pelo relato mais simples: deixar que os olhos e o coração se expandam para que a memória os registe e mais mais tarde os divulgar -
Cheguei
ao fim da tarde do dia 20, tendo-me já encontrado com pescadores na Praia Micondó,
aos quais relatei as minhas experiências do mar e também me falaram das
suas vidas difíceis e dos apoios que não têm tido, numa aldeia que se debate ainda
com muitas carências onde não existe Internet - Assisti ao regresso de algumas
canoas do mar e à lota.
Foram momentos muito humanos e sensibilizadores. Deram-me a possibilidade de testar as minhas capacidades da arte de navegar nas suas canoas, prova esta que me levou a convencer-me, que, não obstante a minha idade, creio que era capaz de voltar ao mar mas não vim com essa intenção: apenas com o objetivo de matar saudades e de me reencontrar com uma ilha que me é profundamente querida, e, cujos 12 anos, aqui vividos, me marcariam para sempre.
Foram momentos muito humanos e sensibilizadores. Deram-me a possibilidade de testar as minhas capacidades da arte de navegar nas suas canoas, prova esta que me levou a convencer-me, que, não obstante a minha idade, creio que era capaz de voltar ao mar mas não vim com essa intenção: apenas com o objetivo de matar saudades e de me reencontrar com uma ilha que me é profundamente querida, e, cujos 12 anos, aqui vividos, me marcariam para sempre.
Depois
pude ainda passar pela Praia do Moro Peixe para ir dar um abraço de muita
estima e admiração, ao Sr. Hipólito, pelo seu notável trabalho em defesa das
tartarugas - Nessa mesma tarde visitei a Roça Agostinho Neto, antiga roça
Rio do Ouro, da Sociedade Agrícola Vale Flor, onde trabalhei alguns
meses, como empregado de mato, depois de me ter despedido da Roça Uba Budo –
Aqui, pude encontrar-me com o "Ganga",que era o moleque do
patrão, quando para ali fui em Novembro de 1963 para fazer o estágio de Técnico
Agrícola, que ali não cheguei a concluir por não me enquadrar no sistema
repressivo colonial. De tarde desloquei-me ao Batepá, aldeia mártir desta
maravilhosa Ilha.
(mais tarde, em postagens posteriores, serão editados outros vídeos e imagens)
Na verdade, dias
intensos, preenchidos com emoções impossíveis de descrever, numa terra de gente
pacífica e amorosa, filhos de uma ilha que continua verde e formosa, como
sempre, orlada por um vasto azul que parece confundir-se com o do céu,
sobretudo quando os grossos novelos da época das chuvas não o cobrem com as suas neblinas ou mantos cinzentos
Entretanto,
recebi uma amável mensagem da poeta Olinda Beja, sugerindo-me para que, quando
passasse pelo Batepá , chamasse o seu irmão António
Figueiredo e aproveitasse para li comer um calúlú. Pois, nem a propósito, esta
visita fez parte de um dos itinerários que já percorri, que igualmente bastante
me comoveram.
Curiosamente,
foi no interior de um pequeno mercado, que eu e o Manuel Gonçalves, um amigo
que veio comigo de Lisboa e alugou um jipe, que ambos ali almoçamos, num
convívio, tão carinhoso e alegre, que só em S. Tomé é possível
encontrar. Sim, vim a pensar tomar uns banhos nas águas quentes e límpidas das
belas praias equatoriais destas ilhas, porém, tal tem sido o desejo de
peregrinar que nem sequer ainda houve tempo para poder fruir desse
prazer, salvo um pequeno banho em Micondó, quando já me preparava para embicar
com a proa da canoa na areia brilhante e macia daquela praia
Na verdade, desde a visita
à aldeia mártir do Batepá, onde ainda subsistem memórias, bem vivas,
de um massacre impossível de esquecer, a um abraço amigo ao Hipólito, em Morro Peixe, pela sua dedicação à causa da preservação das
tartarugas – Isto para já não falar da minha romagem pela Roça Saudade, onde
nasceu Almada Negreiros ou num passeio ao sul da Ilha de S. Tomé, sobretudo
para recordar as minhas escaladas do Pico Cão Grande e contemplar a sua
majestosa e monumental beleza. E, por agora, mais não digo porque nem sei por
onde começar ou acabar
Um comentário :
Fico muito feliz por teres regressado às ilhas que encantaram a tua vida!...
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