Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Há outros dois vídeos editados no Youtube - Veja os linkes no final deste post
O acontecimento cultural da semana, decorreu
na galeria de Arte do Casino Estoril, ao fim da tarde desta última quinta-feira, com o lançamento de “O Comboio das
Mulheres”, editado pela primeira vez em 1996-
Dignificação de histórias no feminino
“Num escritório onde haja quatro pessoas a trabalhar, três são mulheres e ganham menos. Está na hora de despertarmos e de nos consciencializarmos” – Palavras de Ana Paula Almeida, ditas na sessão do lançamento da reedição de O Comboio das Mulheres - E que vinham de encontro às referências que a imprensa escrevia da sua obra:
"Presente de forma transversal em algumas das
narrativas está o tema da violência doméstica, o que prova que a mesma já
existia há muitos anos, embora infelizmente nunca como agora tenha estado tanto
na ordem do dia, com números assustadores de vítimas, isto sem falar dos órfãos
que ficam à mercê do destino, da sorte e das situações, como consequência dos
actos tresloucados de alguns progenitores." – In Ana Paula Almeida apresenta "O Comboio das
Mulheres"
HOMENAGEM AO POETA DAVID MOURÃO
FERREIRA
“Penso que ele era um grande amante e muito amado por todas as mulheres" – Estes alguns dos termos com que recordou, na referida sessão, a memória do autor de A Arte de Amar e de um Amor Feliz , um dos grandes poetas contemporâneos do Século XX, autor de mais de duas dezenas de obras de poesia e romance.
Mas a ficção é isso mesmo: ou a possibilidade de se recriar a realidade ou de a transcender: Neste caso, fazendo-nos meditar e sonhar:
“António Molina era escritor. Poeta e romancista,
iniciado na escrita pelo jornalismo, tinha chegado ao topo da carreira. Onze
dos seus livros foram traduzidos em inúmeros países e Itália era, curiosamente,
o país que mais o solicitava para colóquios, palestras e visitas a
Universidades com departamentos de estudos portugueses.

António tinha 45 anos. Era um homem alto e anguloso, com ombros largos, suficientemente musculado para compor uma bela figura masculina. Tinha um queixo saliente e um nariz proeminente, com um sinal; o cabelo estava já grisalho e duas entradas na testa mostravam que a calvície vinha também a caminho, nesta fase em que António estava a passar por transformações.
António vestia-se sempre elegantemente e não dispensava um cachimbo a condizer com a toilette ... Tinha-os às dezenas. O aroma do "Mayflower" que fumava desde sempre era, na Faculdade, o primeiro sinal de que ele vinha a caminho do Anfiteatro ou que acabara de passar pelo corredor, fazendo vénias e cumprimentos aos alunos que unanimemente gostavam dele e o admiravam." - Excerto do primeiro conto
O Comboio das Mulheres, de Ana Paula Almeida,
visto por Francisco Moita Flores
Referindo-se ao homem que, durante 28 anos exerceu a liderança
da administração na Estoril-Sol, disse que “nunca é demais sublinhar a
importância deste homem na cultura portuguesa e do contributo que ele deu.
FOI, EM 1996, QUE UM LINDO SONHO COMEÇOU
O Comboio das Mulheres foi o primeiro livro de Ana Paula Almeida, jornalista da SIC desde o momento da sua fundação.
Estava-se em 1996 – Prefaciava a obra, Nuno Lima de Carvalho, Diretor da Galeria de Arte do Casino Estoril, que começava por dizer:
“Para quem se inicia na escrita, o conto é o melhor atalho para entrar no mundo das Letras. Muitos escritores portugueses, antes desconhecidos, escolheram esse percurso, iniciando-se uns, através dessa modalidade e nela permanecendo ao longo da sua carreira literária, optando outros pela escrita do romance, por de mais fôlego e, consequentemente, maior riqueza de recursos e valores literários.”
E, de facto, a avaliar pelo êxito
alcançado, não apenas com esse seu primeiro livro, agora reeditado, mas
pelas obras que se seguiriam - “Códigos de Silêncio” e “Sabes, Meu
Amor”; “Corações Re-partidos”, dir-se-ia que, Ana Paula Almeida, teve um bom
começo e tem sido sempre bem sucedida nos temas e nos géneros que tem desenvolvido:
desde o conto, a crónica ao romance.

Ainda retomando o prefácio de Nuno Lima de Carvalho, que viria igualmente a contemplar a segunda reedição, tomamos a liberdade de aqui transcrevermos mais um excerto de outro passo desse mesmo texto, escrito numa altura em que a jornalista estava também a revelar o seu talento na literatura - Diz o seguinte: "O aparecimento de um novo escritor, como de um
músico ou de um pintor, através de um primeiro livro, uma primeira composição,
ou um primeiro quadro é sempre uma decisão carregada de interrogações, de
alguns medos e angústias, como alguém que está de partida para a primeira longa
viagem ou a mãe a quem está para nascer o primeiro filho. A escrita literária,
talvez mais do que qualquer outro género de criação artística, é a forma do seu
autor se afirmar diferente daqueles com quem trabalha e convive e entrar no
registo dos que não morrem para além da morte.

Crítico que não sou, a primeira reação foi
recusar, mas logo a obrigação que tantas vezes tenho sentido e praticado de, em
outras Artes, dar a mão a artistas que começam, me levou a aceitar o desafio,
credenciado por hábitos antigos de leitor de muitos livros e, assumindo o papel
sempre ingrato do juiz que se quer imparcial, li e reli os textos desta
profissional da Comunicação, primeiro de uma assentada, logo, com mais vagar e
cuidado, não me tendo sido difícil concluir que os contos apresentados,
especialmente "Sara", "O Delfim" e "O Comboio das
Mulheres" (que rico título para a coletânea!), retinem todos os
ingredientes dos bons escritos de ficção, corretos na estrutura, com acerto na
fluência narrativa, como também no desenho das personagens e da sua maneira de
estar e agir, na construção e desenrolar do enredo e no jeito de prender o
leitor, elementos fundamentais na criação literária convencionalmente designada
por conto. -Excerto do prefácio de autoria de Nuno Lima de Carvalho
Quando a Ana Paula Almeida me pediu, na timidez e
inquietude de quem se interroga se é ou não de experimentar o caminho
fantástico da escrita literária e me confiou centena e meia de páginas de
contos, li nos seus olhos a ansiedade de quem pretende uma resposta muito
rápida e quer saber se por aquele caminho segue bem e "tem pernas para
andar".
Opinião de Marcelo Revelo de
Sousa – “Gostei imenso da facilidade da escrita. Dir-se-ia natural, sem
enfeites nem retoques, nem demasiada reponderação e correcção. Como se de um
filme, de imagens corridas, impressivas, aceleradas se tratasse.
Gostei imenso da capacidade de
ouvir, ver, captar várias histórias e saber encontrar nelas o essencial para
transmitir aos leitores.”
“Ana Paula Almeida é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e foi professora do ensino
secundário, tendo iniciado a carreira de jornalista aos 18 anos, no Diário de
Notícias, tendo posteriormente trabalhado nos jornais O Jornal, Sete, Jornal de
Letras, Jornal de Notícias, Correio da Manhã e A Capital, onde escreveu
sobretudo sobre espetáculos e literatura, e desde a sua criação faz parte da
SIC. Ler mais: http://jregiao-online.webnode.pt/products/ana-paula-almeida-apresenta-o-comboio-das-mulheres/
INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE PINTURA E ESCULTURA.
Francisco Relógio e Artur Bual já não fazem parte
dos vivos. Porém, em sua vida, tivemos o prazer de conviver com ambos. E
sabemos que o tema de "a mulher" era recorrente na sua obra. E também
foi, na década de 80, que pela primeira vez falámos com Manuel Cargaleiro - Além destes pintores, havia
também obras de Edgardo Xavier e de Filomena Morim
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