São Tomé, 15 de Junho de
2014 - O jovem surfista Jéjé (...), aos 15 anos de
idade, campeão nacional de surf de São Tomé e Príncipe, Jéjé vence edição 2014 do Mochecst
Surf de São Tomé e Príncipe
Este é o genial surfista Jéjé, que, com apenas 15
anos, se sagrou “campeão nacional de surf de São Tomé e Príncipe, no culminar das várias
eliminatórias que constituíram a edição 2014 do Campeonato MocheCST Surf. "O
evento foi realizado na Cidade de Santana, tendo sido esta a 1ª edição
patrocinada pela Mochecst a marca e tarifário dedicados aos jovens
estudantes lançado pela CST, Companhia Santomense de Telecomunicações” Surfe em Tomé e Príncipe
A
breve entrevista ocorreu por um feliz acaso, junto à praia de Santana, donde é
natural, momentos depois de um dos seus habituais treinos. Longe ainda de saber
que estava perante uma das mais talentosas promessas do surfe nas ilhas Verdes
do Equador. Só, mais tarde, já em Portugal, instado pela minha curiosidade
jornalística, querendo, através da Internet, recolher mais informação da prática desta
modalidade desportiva, nestas ilhas, é que me apercebo, que, afinal havia
estado perante um verdadeiro campeão. Simples, simpático, desprendido,
comunicativo e humilde. São assim os grandes talentos: modestos e sem vaidade,
sem necessidade de exibir prémios ou galões.
O
agradável encontro, ficou a dever-se a uma curta paragem de um passeio
que estava a fazer ao sul de S. Tomé, na companhia do meu compatriota
Manuel Gonçalves. Ao passarmos de jipe
por esta localidade, pedi-lhe para que ali parássemos por uns momentos
para relembrar velhos tempos e registar algumas imagens. Lá estava a linda
igreja, o cruzeiro, um pequeno aglomerado de casas, umas em cimento outras ainda
de madeira, na sua arquitetura
típica, mas sobretudo aquela baía
tranquila voltada a nascente, ornada de vegetação e no vaivém eterno das suas
águas azuis, quentes e espumosas. Sem dúvida, dispondo de excelentes condições para os amantes do surf, que, pelos vistos, já começa a despertar o interesse não só local como internacional.
Jéjé diz que nestas águas não há o perigo do
tubarão e que as águas quentes são propicias à prática do surfe em qualquer altura
do ano . Aprendeu com uma tábua de acácia e com o Marley
A este breve registo, em vídeo – e para ficar a
conhecer um pouco melhor o perfil do
Jéjé - aproveito para tomar a liberdade
de juntar uma interessante entrevista concedida ao SURFE PORTUGAL
Jéjé confirmou o estatuto de mais talentoso
surfista da ilha de São Tomé. Foto: MocheCST
Foi há pouco mais de um ano que começou a surfar em cima de uma verdadeira
prancha de surf, mas na realidade já o fazia há mais tempo com os seus colegas
de São Tomé, aproveitando qualquer pedaço de madeira para fazer espumas. Jéjé
faz parte de um grupo especial de jovens são-tomenses que partilham com uma
alegria única as ondas de Santana, na ilha de São Tomé, sendo descrito por
muitos dos que já conviveram com ele como o mais talentoso de todos.
Depois de ao
longo do tempo o surf ter sido introduzido na vida destes adolescentes através
de portugueses que vivem na ilha e outros que por lá passam, no mês passado
todos tiveram a oportunidade de competir pela primeira vez. A vitória acabou
por sorrir a Jéjé, de apenas 15 anos. Fomos falar com o primeiro campeão
nacional de São Tomé e Príncipe e perceber como começou a paixão pelo surf e
até onde pensa ir em cima de uma prancha, sendo que no ano passado já teve o
privilégio de visitar o nosso país e dividir treinos com alguns dos mais
talentosos surfistas nacionais. Respostas genuínas de um surfista que há bem
pouco tempo nem sabia que esta atividade se fazia noutros pontos do globo
.
SURFPortugal - Como começou esta paixão pelo surf em São Tomé, sendo que
o contacto que tinham com a modalidade praticamente não existia?
Jéjé - A paixão
pelo surf começou quando eu vi um português chamado Pedro Almeida a surfar. A
partir daí dei a minha vida para aprender. Achei que era impossível o que
estava a ver... Ele parecia que flutuava nas ondas. Comecei com uma tábua de
madeira a correr na espuma, mas não sabia o que era e nem que isto do
"surf" existia em outros países.
SP – Que sentimentos te transmite e como defines a experiência de surfar?
J - O surf
faz-me sentir liberdade total. O surf é uma maneira de estar na vida e faz-me
sentir maravilhoso. A palavra que eu uso para descrever o surf é que é a melhor
coisa da vida e enquanto surfar vou estar sempre feliz. Como diz o Saca (Tiago
Pires), enquanto eu estou dentro de água já não me lembro das maldades, só me
preocupo com as ondas.
SP - Em que picos habitualmente surfas?
J - Santana, Voz
da América, Água-Izé e 7 Ondas.
SP - Recentemente foste campeão de São Tomé e Príncipe. Como foi esta
primeira abordagem à competição?
J - Estava
nervoso e tive medo de perder. Mas competi a pensar que o Kelly Slater era o
meu adversário para conseguir dar o meu máximo e consegui vencer esta
competição. Este campeonato foi incrível! Agradeço à MOCHE Cst e à Xcult pela
excelente organização e pelos prémios.
(imagem do lado direito - da competição)
SP
- Pensas que há muito talento por explorar em São Tomé e que num futuro próximo
poderiam competir fora do país e, quem sabe, em Portugal?
J - Sim, acho que existe muito talento em São Tomé
por explorar porque há muitos bons surfistas, muita vontade e muito gosto pelo
surf. Seria lindo e maravilhoso se alguns destes talentos pudessem ir a
Portugal para poder aprender e evoluir mais com os surfistas portugueses.
SP
- Quais são as tuas grandes referências a nível mundial?
J - As minhas grandes referências a nível mundial
são o Andy Irons e o Joel Parkinson. Eles são os maiores. Apesar de o Andy
Irons já ter morrido, gosto muito do estilo e das manobras dele e do Joel
também.
SP
- Sabemos que já estiveste em Portugal. Como foi a experiência? Sentiste que
regressaste com uma maior evolução para São Tomé?
J - A experiência foi maravilhosa. Gostei muito de
conhecer Lisboa e Cascais. Surfei em várias zonas desde o Guincho, passando
pela Costa de Caparica, Praia Grande e até na Ericeira. A minha primeira
surfada foi no Guincho e quando entrei na água o meu pé ficou bem pequenininho
do frio que estava (risos). Estou habituado a água quente, mas como fui com
fato fiquei rapidamente acostumado e a vontade era tanta que já nem sentia o
frio.
A minha experiência e aprendizagem em Portugal foi
bastante positiva, pois aprendi a remendar pranchas com o pessoal da Xcult e
regressei com várias novas manobras, que aprendi muito com a Surftechnique.
Aproveito para agradecer a toda a família Xcult e à Guincho Surf House pela
oportunidade que me deram. Grandes amigos que eles são!
J - As ondas de São Tomé são muito boas e
perfeitas. Há poucos surfistas dentro de água e há muitas ondas e a água é
muito quente. Em Portugal há muitos surfistas dentro de água e em algumas
praias há muito vento e a água é muito
fria, mas as ondas são perfeitas.
SP
- A ex-campeã nacional Teresa Abraços tem visitado São Tomé várias vezes e tem
partilhado algum tempo com vocês. Como tem sido essa experiência?
J - A experiência foi muito boa. Gostei muito da
Teresa e do Pedro [Quadros; marido da Teresa Abraços] e de estar ao lado deles
porque são muito simpáticos e corrigiram o meu surf. Aprendi muitas manobras
com eles. Espero que voltem novamente a São Tomé, já estamos com saudades. – In
http://www.surfportugal.pt/revista/entrevistas/5140-jeje-competi-a-pensar-que-o-meu-adversario-era-o-kelly-slater-entrevista
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