Por
Jorge Trabulo Marques - Jornalista –
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Sporting Club de São Tomé - Semana Ilustrada -Foto de minha autoria |
Páginas da História do Futebol Português em S. Tomé e Príncipe, vinculo que ainda hoje mantém e em cujo País da Lusofonia passam as cores dos principais clubes portugueses, sendo as do Sporting as mais representativas dos três clubes .
HISTÓRIA SECULAR DO SPORTING CLUB DE SÃO TOMÉ
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Foto do Facebook - Sporting Club de S. Tomé |


Foto do
Facebook - Sporting Club de S. Tomé |


Mas comecemos pelo que é descrito, e profusamente documentado , em “O Nacionalismo
Politico São-Tomense”, por Carlos Espírito Santo:
“O Sporting Club de S.
Tomé foi um clube sócio-desportivo-cultural fundado na ilha de São Tomé, no ano
de 1912. A este propósito, Jorge Roma, em «A nossa vida desportiva» afirma:

Prossegue Jorge Roma no
referido texto:
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Gentileza de Marcelo - 2019 - Principe |

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Marcelo em Fernão Dias - 2018 |


Ora, tal como frisa
Salustino Graça, Gorgulho «procurou eliminar toda e qualquer consciência
colectiva, com as tentativas de dissolução da Associação de Socorros Mútuos da
Trindade, da Caixa Económica e agora do Sporting Club», e porque não conseguiu
lograr êxito nesse intento, teve que desencadear a Guerra da Trindade para
erradicar da sociedade diversos grupos socioprofissionais»
Futebol de S. Tomé e Príncipe e a sua ligação a Portugal –
Apesar de algumas feridas do tempo
colonial, de um modo geral, o futebol português – mas sobretudo as três
principais equipas – Sporting, Benfica e Porto - mesmo 44 anos depois da
descolonização – continua a suscitar um grande entusiasmo na população destas
ilhas, que seguem os relatos ou as transmissões televisivas, com grande
entusiasmo e são tema de comentários habituais. Contudo, o clube, com maiores tradições nas duas ilhas, é, indubitavelmente,
o Sporting, que ali conta com três coletividades com o seu nome.
GEDSON FERNANDES - JOGADOR DO BENFICA - UMA DAS ESTRELAS NASCIDA NAS ILHAS VERDES DO EQUADOR
Nenhum outro Clube, tanto o Benfica, como o
Sporting (o F.C. do Porto), lograva os
privilégios de que gozava o clube dos Lafonenses, com fortes influências nas
arbitragens e nas estâncias oficiais desportivas – Nos meus 12 anos, em que
vivi em São Tomé, pude testemunhar alguns desses escandalosos casos, um dos
quais relatei na extinta revista angolana, Semana Ilustrada, em Novembro de 1972, cujo artigo, mais à frente, passo a
reproduzir na íntegra.
O Futebol
Clube do Porto, também conta com muitos simpatizantes em STP - Nuno Espírito Santo, atualmente a fazer sucesso como treinador do Wolverhampton,
foi no clube dos dragões, que foi catapultado para a ribalta do futebol
Futebol de S. Tomé e Príncipe e a sua ligação a Portugal –

GEDSON FERNANDES - JOGADOR DO BENFICA - UMA DAS ESTRELAS NASCIDA NAS ILHAS VERDES DO EQUADOR

Em Março
de 2016 – o Grande Derby Sporting 0 – Benfica 1 – Em São Tomé, Benfiquistas
vibraram com a vitória dos Águias em Alvalade
Benfiquistas de São Tomé vibraram com a vitória em Alvalade - Jogo
vivido ao rubro na esplanada do Hotel Avenida – Em noite de grande chuvada, na
capital, que provocou avarias no sinal de transmissão da TVS – Depois ainda
houve quem pudesse ver o jogo através do computador – via internet - Só vimos a
segunda parte (enquanto o sinal não foi interrompido)e já com o Benfica
adiantado no marcador por um golo de Mitroglou, aos 20 minutos mas deu para ver
o entusiasmo com que o jogo da noite foi vivido aqui na maravilhosa Ilha do
meio do Mundo, onde o futebol português é atentamente seguido e conta com
grandes entusiastas - Nomeadamente, do Benfica, Sporting e Porto

De sublinhar, que este
famoso desportista santomense, foi homenageado
pela Universidade de Wolverhampton em reconhecimento pelo sucesso que o clube logrou conquistar sob o seu comando. Elevando-o
à 1ª liga após sete anos de ausência e
pela contribuição que tem dado ao desporto na região.
OS BONS EXEMPLOS DÃO SEMPRE BONS FRUTOS
PÁGINAS DA HISTÓRIA DE UM
BRIOSO CLUBE DESPORTIVO E CULTURAL – O SPORTING CLUB DE SÃO TOMÉ

O CAMPEONATO PROVINCIAL
DE FUTEBOL DE S. TOMÉ FOI INTERROMPIDO.
Segundo uma nota do
Conselho Provincial de Educação Física, difundida pelo Emissor Regional da Ilha,
em virtude dos incidentes registados no Estádio Sarmento Rodrigues, no passado
dia oito de Outubro, durante o encontro de futebol entre as equipas do Sporting
Clube de S. Tomé e Lafões Hóquei Club, o
Conselho Provincial de Educação Física, dada a gravidade da situação que afecta
as mais elementares normas desportivas,
deliberou, em sessão de 18 daquele mês, suspender o prosseguimento do
campeonato de S. Tomé, até conclusão do inquérito, que decorre já os seus trâmites naquele Organismo.

O que se passou então para que fosse tomada tão drástica decisão?
Quando terminou o
encontro (que acabou antes da hora regulamentar ) as cenas de indisciplina,
sucederam-se.”Em conclusão: uma tarde triste de futebol, que, ainda no dizer
daquele jornal , num jogo de futebol que pôs frente a frente duas equipas
dispostas a tudo, menos jogar futebol. in Voz. de S. Tomé- 1O/1O/72 - página desportiva.
Portanto, o que acabamos
de descrever, foi o móbil da questão, isto é o da suspensão do campeonato, cuja
decisão foi tomada dez dias depois pelo organismo máximo do desporto santomense,
o Conselho Provincial de Educação Física. Entretanto, antes que fosse tomada
tal decisão, outro caso haveria de surgir, que multo daria que falar
.
O SPORTING DE S. TOMÉ NÃO
COMPARECEU AO JOGO DA 18ª. JORNADA



A Direcção do Sporting, devido à série de ocorrências registadas naquele jogo, que, atendendo à pequenez do meio, tiveram a maior repercussão na sua massa associativa como nos próprios atletas, e receando que as mesmas tivessem implicações no jogo seguinte, entendeu, em devido tempo, dirigir um ofício à Associação Provincial de Futebol, pelo qual solicitava a suspensão das suas actividades desportivas enquanto não fosse instaurado um rigoroso inquérito sobre as ocorrências no jogo Sporting-Lafões.
E a verdade é que, embora o pedido de
inquérito fosse satisfeito, no que concerne ao adiamento do jogo ( conforme foi
pedido em segundo ofício ) não foi atendido,
Por seu turno, a rádio local, alheia, segundo
apuramos, do que se estava a passar, entre aquele Clube e a Associação,
continuou anunciando a
realização do jogo, Sporting-Andorinha.
Resultado: o público, o
habitual público que ocorre às partidas de futebol, como não fora avisado do
contrário, compareceu como de costume. Aguardou impaciente o início do jogo,
que, como dissemos, não se concretizou.
Perante isto, o público reagiu. Não
gostou. Comentou à sua
maneira. Ao seu belo prazer.
Por seu turno, a rádio local, alheia, segundo apuramos, do
que se estava a passar, entre aquele Clube e a Associação, continuou
anunciando a realização do jogo, Sporting-Andorinha. Resultado: o público, o habitual público que ocorre às partidas de
futebol, como não fora avisado do contrário, compareceu como de costume. Aguardou
impaciente o início do jogo, que, como dissemos, não se concretizou.
Perante isto, o público
reagiu. Não gostou. Comentou à sua
maneira. Ao seu belo prazer.

TROCA DE IMPRESSÕES COM O
PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DO SPORTING CLUBE
DE S. TOMÉ SR. TOMÉ AGOSTINHO DAS NEVES
Que haverá então com a
equipa do Sporting de S. Tomé? Que motivos a levaram a não comparecer para a
disputa do seu último jogo do campeonato?..

O Sporting, na
terça-feira, 10 de Outubro, enviou urna carta à Associação Provincial de
Futebol, pela qual pediu a abertura de
um Inquérito a fim de se apurar o
responsável por tudo quanto aconteceu. E na qual se disse que, “enquanto durar
o inquérito e não for garantida ao nosso Clube, uma actuação, no futuro,
imparcial da equipa de arbitragem, a equipa do
Sporting não participa em quaisquer provas”. Isto, claro, no intuito de
evitar mais dissabores, além daqueles que se passaram, pois alguns atletas negaram
a sua colaboração, e como se sabe é indispensável.


Em carta do 13/10/72, o Sporting pediu à A.P.F. de S. Tomé, a complacência na aplicação da pena, porquanto se estava envidando esforços no sentido de persuadir os atletas a darem, como de costume, a sua colaboração, acabando por informar a mesma Associação que os Jogadores têm ainda os ânimos exaltados e a moral muito abalada, pelo que se rogava à A. P. F. o adiamento do jogo do próximo domingo, isto ê ( Sporting-Andorinha ) marcado para o dia 15. do corrente, até à resolução do inquérito.
Queremos que fique bem
esclarecido que o Sporting Clube de S. Tomé, não pediu a sua desistência do
campeonato, mas sim uma alteração do calendário, o que era da competência da
Associação.

E já que você está
disposto a ouvir-me mais um pouco, queremos que fique também bem expresso, que o
autor do programa “Desporto é Tema”, o
nosso amigo Carlos Cardoso, fez referências pouco abonatórias ao Sporting, Clube de tradições nesta Província, sem procurar saber como as
coisas se passaram".
ENTREVISTA COM O
TREINADOR DO SPORTING CLUB DE S. TOMÉ -
SR. RAÚL WAGNER


Ao Lafões, pelo contrário, líder do
Campeonato, interessava-lhe sobremaneira para uma maior consolidação do título.
E, sinceramente, o jogo foi uma coisa que me desiludiu, pois nunca esperei tal
incidente com a equipa do Latões.
E isto não é só porque a
equipa do Lafões tem no seu conjunto muitos rapazes com quem eu me dou muito
bem, mas também por ser uma equipa com quem a “claque” do meu clube simpatiza.
O jogo foi correndo e, já
anteriormente, na primeira volta, o encontro com o Lafões deu uma certa
“barraca”, na medida em que o árbitro marcou um livre e que até certo não
concordamos e ainda hoje não acreditamos que tenha existido. E, mesmo, houve um
árbitro do Provincial, que agora faz parta da equipa que escolhe os árbitros
para os encontros, que me confessou que nunca podia ter existido aquele livre
que ele marcou. O Sporting perdeu esse jogo. O Lafões ganhou-o.


Não tomou medidas e o jogo, entretanto, tomou um aspecto em que
ele foi obrigado a acabá-lo antes do seu termo regulamentar. Mas os factos que
se passaram depois do jogo, lá fora, muito embora não seja eu o individuo para
neste caso responder pelo Sporting, que é
Direcção, o Sporting não está implicado nesses acontecimentos. É uma
opinião totalmente errada, que o Sporting não se apresentou ao jogo com o
Andorinha por este ou aquele motivo, mas pelos factos que se passaram dentro do
rectângulo, e determinaram que o Sporting escrevesse à Associação pedindo um
rigoroso inquérito.
Não alinhámos no domingo
passado, porque os Jogadores, em face dos insultos que receberam no campo e,
dentro daquela atmosfera em que a coisa se processou, muitos não querem jogar,
e por causa disso, para que se evitasse
qualquer outra coisa ou má interpretação,
o Sporting, em devida altura, escreveu à Associação pedindo um rigoroso
inquérito. Até que durasse o mesmo o Sporting suspendia as suas actividades desportivas pelo que não havia razão para que
surgissem reparos no programa “Desporto é Tema”, nem que o Emissor falasse do Jogo, na medida em que a Provincial
foi informada na altura própria para
evitar outras consequências. E esse pedido não foi tomado em consideração, porque
surgiu depois o jogo marcado e sem qualquer adiação.
Dizem que o desporto é
uma escola de virtudes, mas um individuo acaba por sofrer vexames, pois as
pessoas que têm direito a tomar medidas não as tomam na altura precisa, depois
vão buscar-se outras razões totalmente diferentes para justificar certas
atitudes. Porque as razões das coisas não estão assim à superfície; é preciso
entrar-se dentro do facto.
Até agora e perante tal
estado de coisas, não me sinto com força nenhuma, nem eu nem os meus rapazes.
Mas enfim, pode ser que o próprio tempo venha a resolver tudo.”
Oxalá que sim. São os
nossos votos. - Jorge Trabulo Marques
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