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terça-feira, 10 de setembro de 2019

Morreu Tomaz Medeiros – O escritor e poeta cego partiu do reino das trevas para a luz eterna da invisibilidade - "Ir a São Tomé!... Sentir o cheiro da terra, sem poder apalpá-la, sem poder vê-la!... É muito triste!... Preferia morrer!... " - Declarou-me há 4 anos - E o destino assim o quis: o médico poeta e antigo combatente por terras de Angola, não pôde voltar ao solo da sua amada pátria - Governo Santomense manifestou sua profunda dor e consternação.


Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador   - Ouça as entrevistas que me concedeu -  O antigo Geeral das FAPLA de Angola acusou Nino Vieira de ter sido o mandante do assassinio de Amilcar Cabral



Faleceu o poeta Tomaz Medeiros; - Tinha 89 anos - Um extraordinário exemplo de  amor, de generosidade, de coragem  e de entrega ao próximo, em prol da liberdade e da justiça,  - Um valoroso combatente da FAPLA de angola  e um  grande vulto dos poetas de expressão portuguesa  

GOVERNO SANTOMENSE DESTACA A VIDA DO POETA COM PROFUNDO SENTIMENTO DE CONSTERNAÇÃO 


Refere a STP-Press  que "O Governo de São Tomé e Príncipe manifesta “profunda dor e consternação” face a morte do médico e combatente anticolonialista e escritor são-tomense, António Tomás de Medeiros de acordo com a nota de pesar endereçada hoje a família com copia envida a STP-Pess.
“É com profunda dor e consternação que o Governo de São Tomé e Príncipe tomou o conhecimento do falecimento do Dr. António Tomás de Medeiros, aquele que em vida foi Médico, combatente anticolonialista e escritor São-tomense” – lê-se na nota de pesar.
O Governo sublinha que “Tomás Medeiros partiu e deixa muitas lições, de profissionalismo, de ética e humanidade, que seus feitos possam servir de inspiração para todos os São-tomenses”.
“ A toda família enlutada o Governo endereça as mais sentidas condolências nesta hora de dor e pesar. Que a sua alma descanse em paz” – acrescenta o executivo são-tomense.http://www.stp-press.st/2019/09/09/governo-manifesta-profunda-dor-e-consternacao-face-a-morte-de-antonio-tomas-medeiros/

Mãe:
Nós somos os teus filhos
Que sem vergonha
Quebraram as fronteiras do silêncio.
Os filhos sem manhãs
Que rasgaram as noites que cobriam
as carnes das tuas carnes.

Nós somos, Mãezinha,
os teus filhos,
Os pés descalços,
Esfomeados,
Os meninos das roças,
Do Cais,
Os capitães d'areia,
Os meninos neros à margem da vida,
Que despedaçaram o destino do teu ventre,
Que endireitaram os instantes
Que marcaram socalcos da terra firme,
Na profundidade das trevas da tua vida.

Nós somos, Mãezinha, os teus filhos, 
Sexos que germinaram vida,
Forças que desfloraram a virgindade dos dogmas,
Fecundaram minérios de esperança,
Olhos, diamantes de amor,
Más que esfacelaram a espessura dos obós
E em cujo silêncio verde
Germina a CERTEZA:


Mãezinha:
Nós somos os teus filhos

Tomaz Medeiros - 1960

A  impossibilidade de contemplar a luz do dia, é um drama terrível para qualquer ser humano – sobretudo para quem a perdeu na curva na vida -  Mas especialmente para um  poeta, e também o era, desde que cegou por completo,  o antigo combatente que andou  pelas  densas florestas do Norte de  Angola – Sim, era  o  drama de Tomás Medeiros, nascido em S. Tomé,  em 05-11- 1931 que, além de um extraordinário escritor e poeta, era também uma das mais importantes figuras histórias, na luta de Libertação de Angola



Na breve entrevista que me concedeu na Casa Internacional de S. Tomé e Príncipe, (uma parte editada, naquela altura, com a reportagem, acerca do  debate-homenagem  ao papel de Cuba nas independências e consolidação de África,  ele conta-nos  alguns dos passos da odisseia da sua  vida, intensa, de grande generosidade, dedicação  e risco –  Sim, de forma muito sumária, já que a sua vida, daria muitos livros – Além dos que ele já escreveu, desde a poesia, ao romance e aos textos de intervenção



Clike para ouvir a entrevista, depois de alguns sons da música santomense

"Ir a São Tomé!... Sentir o cheiro da terra, sem poder palpá-la, sem poder vê-la!... É muito triste!... Preferia morrer!..."

ELE FOI GENERAL EM CABINDA  - PRIVOU COM COM OS LÍDERES HISTÓRICOS DE TODOS OS MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO


Tomaz Medeiros, que a PIDE  chegara a classificar como o estudante comunista mais perigoso, quando desempenhou  a coordenação de estudantes africanos, uma corrente anticolonial à frente da Casa de Estudantes do Império, tendo sido obrigado a exilar-se nem Moscovo, pôde,  desde esses recuados tempos, privar com as mais importantes figuras históricas dos movimentos de libertação, entre as quais as duas figuras mais emblemáticas da Guiné e de Angola,  Agostinho Neto e Amílcar Cabral – Com este, nomeadamente, em diversas conferências internacionais – Oportunidade aproveitada para um diálogo, amistoso e aprofundado,  entres dois grandes marxistas convictos. Medeiros, porque vinha com sólidas formação  de vários cursos de marxismo na Cremeira, e, Cabral, porque era a linha que pretendia impor para uma verdadeira libertação da Guiné e Cabo Verde, sob o jugo colonial.

"Eu sou um combatente” É assim como ainda hoje se classifica Tomaz Medeiros, autor de várias obras contra o colonialismo, de poesia e prosa em prospetos, autor do romance “O Pseudo-socialismo em Angola e uma novela, dedicada ao mesmo tema a S. Tomé e Príncipe. A sua última obra, foi publicada em 1012, com o título A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral 



De seu nome, António Alves Tomaz Ribeiro,  filho de José Tomaz Alves de  Medeiros e de Polónia Tomaz de Almeida, nasceu em S. Tomé no dia 5 de Novembro, de 1931. Terminada a instrução primária, aos 13 anos, e, tal como a generalidade dos santomenses, como os  seus pais, não tinham possibilidades económicas, começou a trabalhar numa barbearia, como vendedor de jornais e vendedor de carvão, depois numa loja comercial. 


Porém, nada disso lhe interessava, a sua vocação era outra: destinos ousados o aguardavam. Então os seus pais mandaram-no para Nova Lisboa, Huambo, onde fez o primeiro ciclo liceal, após o que, três anos mais tarde,  parte para a capital do Império  para concluir os dois anos que lhe faltavam e inscreve-se na Faculdade de Medicina - De nada lhe valeu: como estava ligado à atividade politica, foi denunciado pela PIDE e por uma organização da extrema direita, como sendo um dos estudantes comunistas mais perigosos em Portugal, o que lhe valeu um mandato de captura – Para não ser preso, fugiu para Moscovo, onde cursa medicina, trabalha como locutor na Rádio de Moscovo, é Secretário-geral dos Estudantes Africanos na Europa,   Secretário-Geral dos Estudantes Africanos na União Soviética, colaborador da Academia das Ciências e investigador numa biblioteca.

Três anos depois parte para Crimeia onde conclui o curso de medicina . Não sendo obrigatório o exercício da profissão para os estrangeiros, paralelamente faz a cadeira de latim e vários cursos de formação política:  o  Curso de Academia política,  o de História do Partido, de Marxismo Leninismo e o Curso de Medicina Militar  - Volta ao continente africano, a Brazzaville, onde o MPLA tinha a sua sede. Dali parte para Cabinda onde é médico militar e dos refugiados, professor de instrução revolucionária, tendo chegado à patente de General – Oportunidade de alto combatente que lhe deu a possibilidade de privar  com todos os líderes históricos dos movimentos de libertação: desde Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Ângelo Cabral,  Francisco Tenreiro, Fernando de Sousa, Marcelino dos Santos, Eduardo Mondlane  - Reconhece que a sua relação, com S. Tomé e Príncipe, era muito estreita, porque, naquela altura, os elementos envolvidos na guerrilha, não tinham possibilidade de viajar, tendo ido lá apenas duas vezes mas em viagens muito curtas. 

QUEM COM FERROS MATA, COM FERROS MORRE - TOMAZ MEDEIROS  ACUSOU NINO VIEIRA DE TER SIDO O MANDANTE DO ASSASSINIO DE AMILCAR CABRAL 

Nino Vieira
Amilcar Cabral
Diz um velho ditado popular que quem com ferros mata, com ferros morre. Pelos vistos, assim teria acontecido à trágica morte de Nino Vieira - Assassinado, no inicio de Março de 2009,  por militares depois de  um atentado à bomba ter provocado a morte ao chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waié. 

Tomaz Medeiros, o poeta santomense, antigo médico e general do MPLA, no período da guerrilha, acusa Nino Vieira pelo assassínio da morte de Amílcar Cabral






"Eu sou um combatente”  - Estas as palavras como   se classificava Tomaz Medeiros, autor de várias obras contra o colonialismo, de poesia e prosa em prospetos, autor do romance “O Pseudo-socialismo em Angola e uma novela, dedicada ao mesmo tema a S. Tomé e Príncipe. A sua última obra, foi publicada em 1012, com o título A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral 

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