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sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Vale Sagrado do Côa - Património da Humanidade - o Rio das Águas Santas na sua beleza e no seu esplendor - - Propicio a uma praia fluvial: águas mais limpas e quentes que noutros rios e onde se pode contemplar uma belíssima paisagem mediterrânica e vinhateira




Águas correntes, limpidas, sob fundo arenoso e quentes no Verão

-  Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador -  O rio que   conheço como a palma das  minhas mãos, desde criança - Na Quinta da Ervamoira, antiga Quinta de Santa Maria, no tempo em que era apenas semeada de Trigo Centeio e cevada, e aproveitada como pastoricia,  foi  trabalhada por sucessivas gerações do meu lado paterno, desde quase 200 anos.

Ali chegou, como caseiro meu bisavô, vindo da aldeia do Colmeal, tendo ali nascido o meu avô  e meu  pai (o Manuel da Quinta que ali chegou  ser barqueiro), bem como os meus tios e meus primos,  aos quais fora dado o apelido da Quinta: foi vendida à empresa Ramos Pinto,  em 1974 Ervamoira - Ramos Pinto que já se desfizera e passara  à condição  de administradora, sendo pertença de franceses, sim, tais íngremes encostas, situadas naquela espécie de concha sagrada, que se abre na margem esquerda do Vale Sagrado, na verdade, dizem-me muito; prendem-me a ela  laços  afetivos, muito profundos



   Quase todos os anos, por altura de Agosto, vou até lá   numa espécie de romagem de saudade, aproveitando para dar um mergulho nas águas quentes do  Côa,  como que a recordar os recuados tempos da minha adolescência, onde cheguei a pernoitar algumas vezes ou acompanhar  o meu pai, quando ali  ia tirar o mel das suas colmeias – A paisagem é diferente mas não mudou a memória.


Sim, este é o vale na sua  mais vasta e surpreendente beleza e abertura, que se livrou de ser submerso por uma mega-barrgaem.  com aquele belíssimo vinhedo a estender-se, como hino de vida e de verdura, distribuindo-se como que em numerosos quadros,  tais são as muitas parcelas em que, com impressionante alinhamento, e dividas por caminhos, se encontram as ramadas ou talhões dos cerca de 200 hectares de videiras, prefigurando um autêntico oásis, enquanto, nas encostas em frente, despontam  escassas oliveiras ou amendoeiras e o solo se mostra como que torrado de secura.


Na verdade, a  partir de meados de Agosto, e muito antes de se falarem em vindimas no Douro e noutras regiões vinícolas, já se colhem uvas na Quinta da Ervamoira (Muxagata) e nalgumas ladeiras de Chãs, dirigidas pela Casa Ramos Pinto  – É o culminar de um longo rosário de trabalhos e canseiras, de entrega, amor e de muitos sacrifícios. 



CONCELHO DE FOZ CÔA – NA LINHA DA FRENTE DAS VINDIMAS E DOS VINHOS MAIS FAMOSOS DO MUNDO


Foz Côa faz parte da sub-região do Douro Superior, concelho onde se produzem os vinhos mas afamados de Portugal, e, porventura, do mundo: desde o emblemático Barca Velha e Duas Quintas, a outras marcas, que já conquistaram o mercado e prestígio nacional e internacional. Além disso, é aqui que se iniciam as primeiras vindimas. - Pormenores em 

Cascata do Côa na Cardina - Termo de Santa Comba
NÃO SE FEZ A BARRAGEM MAS PODE SER ERGUIDA UMA MAGNÍFICA PRAIA FLUVIAL  - E, talvez, das águas mais quentes  e menos poluídos de Portugal, num rio,  que é inteiramente português

Rio Côa, junto ao afluente do Massueime 
O Rio Côa  é um rio que nasce nos Foiosno concelho do Sabugal,  mais concretamente na Serra das Mesas, a 1.175 m de altitude, próximo da Serra da Malcata. Percorre cerca de 135 km até desaguar na margem esquerda do rio Douro, perto de Vila Nova de Foz Côa, a 130 m de altitude. É dos poucos rios portugueses que efetuam um percurso na direção Sul-Norte.

A zona de Riba-Côa é dominada por bosques, pinhais, fortalezas (castelos), planaltos e fantásticas paisagens típicas da Beira Interior. Cidades na zona de Riba-Côa: Pinhel, Sabugal, Meda.  As espécies vegetais predominantes são os freixos, os salgueiros e os amieiros. As zonas ribeirinhas são povoadas por diversas espécies animais nomeadamente patos, galinhas-de-água

É caraterizado por clima mediterrânico, pois na suas margens se produz muito do que o Mediterrâneo oferece. Nas suas águas abundam a truta, arisca e seletiva, que lhe povoa as águas inquietas. –Justamente, devido à sua amenidade, é que foi procurado pelos povos do neolítico, que ali se refugiavam dos frios e dos gelos, que abundavam naqueles recuados tempos

Um dos afluentes do Rio Côa é a Ribeira de Massueime,  sua nascente situa-se próximo da cidade da Guarda, e atravessa os concelhos de Trancoso, Pinhel, Mêda e Vila Nova de Foz-Côa

A frieza das águas atlânticas ao longo da costa portuguesa, cada vez mais frias por via dos degelos no Pólo Norte, estão a desviar as atenções dos veraneantes para as praias fluviais, que têm vindo a ser erguidas em vários rios portugueses, nas quais são colocados equipamentos, desde parques de campismo, balneários, cafetarias e abertos caminhos pedonais.   

Ora, nada mais adequado que o aproveitamento do leito do Rio Côa, num projeto conjunto das freguesias de Castelo Melhor e Chãs  -Pudendo mesmo servir Muxagata  -  Os termos de Santa Comba e de Almendra, ficam um pouco mais acima mas poderiam também acabar por servir estas duas freguesias, claro, além quem ali as quisesse desfrutar, seja do concelho de V. Nova de Foz Côa,  seja donde for.

A barragem evitou que as gravuras ficassem submersas e ali fosse erguido mais um enorme pântano para gerar nuvens de mosquitos, assim como intensos nevoeiros que iram infetar ainda mais as vinhas de míldio

Águas paradas do regolfo do Pocinho

Não posso deixar de me esquecer da expressão de uma agricultor do Rio Douro, ao lamentar-se que havia dado cabo dos pulmões em sulfatagens, devido à humidade que veio alterar as  margens nos vinhedos sobranceiros ao rio.  


No entanto, o leito do Côa, liberto que foi desse estigma das barragens, a partir da Ervamoira, poderia ser aproveitado para ali se erguerem pequenos açudes de águas fluviais, um pouco à semelhança dos que eram erguidos pelos moleiros para levarem a água aos moinhos.


Mas, além de poder contemplar esses antiquíssimos  tesouros, declarados pela UNESCO, Património da Humanidade, o visitante poderá,  também, sobretudo no Verão, desfrutar de um excelente passeio ao longo do seu leito, cujas águas são mais quentes de que, no Algarve ou mesmo até nalguns mares tropicais.

Esta vertente, não tem sido explorada, dada a necessidade de ali se criar uma praia fluvial: não propriamente, aproveitando as águas do regolfo da barragem do Pocinho, paradas e suscetíveis de criarem limos mas as que correm livremente do Rio Côa e um pouco abaixo da Penascosa,  num areal que ali existe, entre o termo das freguesias de  Castelo Melhor e Chãs, ou seja, onde, em tempos chegou a ser construída uma ponte mas que, uma tempestade, acabou por destruir, deixando unicamente alguns caboucos nos extremos.

Ervamoira - Antiga Quinta de Santa Maria 
Era ali que existiam uma represa, um açude e onde se faziam as ligações fluviais através de uma velha barca, com um fio de arame, quase a rasar o leito do rio: enquanto a pá do remo, iam assentando no fundo das águas e fazendo deslocar a barca, esta, para não perder a direção e ser arrasada, ia deslizando ao longo do arame, que passava por um anilho encaixado na modesta embarcação,  na qual chegavam a ser transportados, além de pessoas, também animais domésticos. – Sim, num tempo em que chovia mais e ali se pescavam, além de enguias e peixes,  gostosas ameijoas de água doce

GRAVURAS DO VALE DO CÕA – O TESOURO MAS ANTIGO DOS POVOS QUE POVOARAM A PENÍNSULA HIBÉRICA.

Parque Arqueológico do Vale do Côa, referem os roteiros turísticos, “é   uma visita única e obrigatória no nosso país. Para todos, novos e velhos, muito ou pouco instruídos, com ou sem sensibilidade artística, este deve ser um local a visitar, pois as gravuras de Foz Côa são um dos tesouros da Humanidade, constituindo um verdadeiro museu ao ar livre da arte do Paleolítico, em cujas margens se fixaram os mais recuados antepassados da península ibérica.

Apesar de existirem várias dezenas de núcleos arqueológicos de gravuras, distribuídos principalmente pelos últimos dezassete quilómetros do rio Côa (mas também se estendendo pelo vale do Douro), estão abertos ao público apenas três núcleos de gravuras: Canada do InfernoPenascosa, e Ribeira de Priscos. As visitas decorrem em pequenos grupos de um máximo de 8 pessoas, que acedem ao sítio apenas e só acompanhadas com guias do Museu do Côa, ou com agentes autorizados, requerendo marcação prévia. É possível fazer também visitas à noite, particularmente ao núcleo da Penascosa, recorrendo a luzes artificiais para proporcionar uma iluminação rasante das gravuras, o que permite uma melhor visualização (e um ambiente mais fresco no Verão!). https://www.viajarentreviagens.pt/portugal/explorando-gravuras-de-foz-coa/


O   DOURO É BELO E APRAZÍVEL - ÚNICO NO MUNDO NO SEU GÉNERO - MAS A ÁGUA É MAIS FRIA DE QUE O SEU AFLUENTE CÔA E ESTÁ SOB A AMEAÇA  DA POLUIÇÃO RADIOACTIVA DO ÁGUEDA 

Poucos são os rios onde a poluição, de uma forma ou de outra, não constitui uma ameaça. O Côa não é exceção mas bem mais limpo de que muitos outros rios, e com menores riscos de que o seu vizinho  Águeda. Por isso, se passar por estas paragens, banhe-se em pleno Verão, tal como veio ao mundo e experimente a sensação da languidez suave das suas águas mornas: conquanto não tenha a limpidez de outrora, bem longe disso!  No entanto, que serenidade e tranquilidade! Que paz de espírito mais reconfortante e vitalizadora!... Sai-se de lá mais rejuvenescido e limpo de toda a mácula - Foi o que experimentei,  numa tarde maravilhosa de Agosto, num dos açudes frente à Quinta da Ervamoira. 



Mas atenção: saiba  fazer a escolha e  evite atirar-se de mergulho. O açude mais fundo, ladeado por chorões, amieiros e  e altas árvores frondosas, poderá ser a área mais propícia à pesca  mas não creio que seja a mais indicada para a natação. O fundo é lodoso e ainda existem alguns troncos submersos, junto às margens, que  poderão constituir-se como perigos ocultos.  Um pouco mais acima, o rio espraia-se, a profundidade é menor mas o fundo é arenoso.Não há sinais de troncos submersos   mas o xisto, por vezes, entra pelo rio adentro - Banhe-se as vezes que quiser e não deixe de se estender sob as copas daqueles magníficas sombras,. Os acessos atravessam a Quinta mas há pelo um deles que é do domínio público e que se encontra identificado. .


Massueime 
Num período histórico em que predominavam os gelos eternos por vastas superfícies, não só no resto da Europa como em toda a Península Ibérica, naturalmente que o vale do Côa,  dir-se-ia uma terra de promissão. sobretudo nos três meses dos dias  mais longos do ano. O clima era mais ameno, havia abundância de caça, de pesca, e, certamente, de frutos silvestres. 


Côa - Cardina - Termo de Santa Comba
As  verdadeiras águas santas, essas, situavam-se numa zona mais exposta aos frios e muito acima dos seus principais acampamentos, todavia, tal não impedia (tal como sucede hoje) que a sua  nascente sulfurosa espalhasse, como que por efeito milagroso, as  suas riquíssimas propriedades medicinais no caudal do rio que nasce na Serra das Mesas, a 1.175 metros de altitude, próximo da Serra da Malcata, correndo de sul para norte..

Tive o prazer de já lá ter estado. Chamam-lhe as águas termais da Fonte Santa de Almeida  -. Ficam "Na margem direita do rio Côa, o local das termas é um espaço aberto sobre o leito do rio numa larga curva do seu curso. Para jusante e montante adivinha-se o estreito vale do rio, talhado em tempos glaciares. 

O local da fonte descrita no Aquilégio ainda se conserva, embora com modificações posteriores, e é possível imaginar os “moradores” a tomarem banhos ou "lavando com ela as partes exulceradas ou pruriginosas" Fonte Santa de Almeida - Águas Termais Claro que o resto do rio não é nenhuma terma mas tem o condão de as ter numa das suas margens.

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