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quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

S.Tomé e Príncipe celebrou o 4 de Janeiro – Dia do Rei Amador. O mítico herói escravo tem busto e estátua na capital e é esfinge do papel moeda “dobra”,- Em 9 de Julho de 1595, liderou uma sublevação de escravos contra o domínio colonial, acabando preso e enforcado a 14 de Agosto do mesmo ano - Relatório da ONU diz que escravatura persiste em África como um flagelo dos tempos modernos - Deve-se lembrar o passado mas não descurar o presente.



 Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador 


O 4 de Janeiro, é o dia em que, desde há vários anos, se presta  homenagem à memória do grande herói e figura mítica 
da Nação Santomense – Este ano, por coincidência, numa altura em que o Presidente da República., Carlos Vila Nova, na mensagem de Ano Novo, que dirigiu à nação, diz que  “O país está enclausurado numa teia de corrupção, que passou a ser institucional,  que de banal, insignificante, camuflada passou a ser aberta, directa e institucional com proporções nunca dantes visto minando a estrutura do Estado»

 Também é certo que, onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.

Em vez das protocolares coroas de flores, junto ao busto de Amador no jardim do arquivo histórico, o CNE-STP Conselho Nacional dos Estudantes de São Tomé e Príncipe (CNE-STP) em parceria com a BikeSolutions STP grupo de jovens entusiastas, em ambiente colorido e alegre, realizaram na manhã da passada terça-feira o chamado “Passeio Ciclístico Rei Amador, com o propósito de recordar o grande feito do herói nacional e incentivar a prática desportiva, visando uma melhor qualidade de vida da sociedade santomense

 

HÁ QUE ACABAR COM A ESCRAVIDÃO DA ATUALIDADE 

Nov. 2014

Um dia especial para  se recordar a bravura e a  coragem de quem se bateu pela libertação  do seu povo do jugo escravo mas  poderia  também ser a oportunidade para se refletir nos erros, de que enferma grande parte da  governação da África independente, sim, nos salários miseráveis e na exploração de mão-de-obra infantil - Segundo um relatório  da ONU,  ONU, a escravatura persiste em África como um flagelo dos tempos modernos - Estima-se que mais de 40 milhões de pessoas estejam submetidas a trabalhos ou casamentos forçados e outras formas de exploração https://exame.com/mundo/escravidao-persiste-na-africa-como-um-flagelo-dos-tempos-modernos/ 

“Amador, o líder da grande revolta de escravos de 1595, é uma figura emblemática da história de São Tomé e Príncipe. Desde 1976, quando o escudo português foi substituído pela nova moeda dobra, as notas bancárias do país retratam a efígie de Amador, concebida pelo artista são-tomense Protásio Pina (1960-1999).Diz  Gerhard Seibert. https://www.buala.org/pt/a-ler/rei-amador-historia-e-mito-do-lider-da-revolta-de-escravos-em-sao-tome-1595

 

O 4 DE JANEIRO  - Não consta no documento histórico do Vaticano, considerado o mais credível  - Do qual   pudemos extrair uma cópia, em aturadas pesquisas que fizemos na BN e na Torre do Tombo, é dito que "no dia 5 de Julho do ano de 1595 um negro da Ilha de S. Thomé, chamado Amador, se levantou com os homens da sua cor e se proclamou Rei da mesma Ilha” – “O Rei negro revoltado, é preso e enforcado” no dia 14 de Agosto de 1595"..."os mesmos cinco negros principais aliviados, pegaram o falso rei Amadore levado e amarrado à cidade de S. Tomé, que, colocado em couro de bode, foi arrastado por um rabo de cavalo  para lhe  cortarem as mãos, enforcado, esquartejado e  colocado  em locais públicos.

"REVOLTA DOS NEGROS EM S. TOMÉ (1595) -


Tradução Domingo, 9 de julho de 1595, estando  ali  o povo da igreja, um negro levanta-se com outros cinco ou seis aliados na ilha de S. Tomé e cada um deles conduziu com eles todos os escravos dos bens de seus senhores que podiam e mataram todos os homens brancos e mulatos (filhos de brancos e negros) que noutros lugares  daquela terra, tanto nas casas como no campo, e então com uma grande multidão eles invadiram a Igreja da Paróquia de S.Tomé  •- E também mataram da mesma maneira o branco quando o tomaram, não enquanto a missa foi dita e o padre era morto se ele não tivesse escapado: beberam no cálice em que era celebrada e queimaram a Igreja. Depois disso, eles foram matar um sacerdote que era o mestre dos principais solleuários e juntos mataram um fazendeiro que cuidava de sua propriedade, que, depois de saqueada, a queimou com ingenuidade como brucaro. No mesmo dia eles queimaram até o décimo quinto lugar e, enquanto se afastavam, levaram todos os filhos e filhas que encontraram neles, submetendo-os à obediência! O  primeiro negro que se levantou, chamado pelo nome Amadore -


RELATÓRIO DOS FACTOS OCORRIDOS EM S. TOMÉ, EM 1595 - Tradução da cópia do documento existente nos arquivos do Vaticano - Sujeita a algumas imperfeições, pese o esforço  para a colocar em texto neste site.
SUMÁRIO-Capitaneados por Amador, que se fizera eleger Rei, dos negros, amotinados, queimaram a cidade de S. Tomé, abrasaram as igrejas, profanaram os vasos sagrados, mataram um Padre, destruíram os engenhos de açúcar-Presos finalmente os responsáveis, foram duramente justiçados. 

(...) Um pouco mais tarde, mais de 4.000 escravos, que seguirão o falso rei, obedeceram a Sua Majestade; Esperando que esse excesso lhes seja perdoado, devido ao Bando enviado pelos Capitães da Ilha, que, em termos do décimo quinto dia, pediram a todos os rebeldes que voltaram, e, como muitos estão desaparecidos,  estendo o referido prazo por mais três dias, período em que quase todos se envolveram, porque a força ainda permanece no campo, considerando o grande dano que causaram, que, por calcular, queimaram sessenta posses com seus talentos de abobrinha e com o tempo  que ele já havia sido encurralado

Quem era o escravo de um homem gentio chamado Don Fernando, e, nessa mente, criou o referido Negro para Rei, jurando obedecê-lo até a morte: e ele, com sua indústria, reuniu mais de duas mil pessoas para lutar por muitas outras pessoas, quem está sob sua obediência e, como são prejudicados pelas posses e gênios dos zuccari, para fazê-lo obediência, ele ordena que eles queimem sua mente. Onde em  três dias queimaram mais de 30 com outras propriedades.

Na sexta-feira seguinte, em 14 de julho de 1595, os negros e seguidores começaram com a bandeira levantada para combater o Ciccà três ou quatro partes com o espírito de queimá-lo, e eram mais de oito mil, mas os terraços lhe responderam com grande coragem, matando mais deles do que 300, sem nutrir nossos mais de três ou quatro. Depois disso, os negros se viraram pesadamente e Cirrà os avisou com muitos espiões nas ruas; (. . )e, ao  os negros queimaram todos os bens que encontraram. .


No dia 28 do referido dia (1), devolta o rei a coberto  da noite. liderando mais de duas mil e quinhentas pessoas com ele a  combater, entre arquebusiers  et sagitarij. Com medo da arte, finalmente na manhã  seguinte iniciou a escaramuça em cinco ou seis partes com muito ímpeto e durou até meio dia, e mais de quinhentos negros morreram nela e no mesmo dia mais de cem foram enforcados, e na escaramuça morreu um capitão, chefe deles, que era dos apaziguadores do  do povo negro, e essa hora começou a lutar contra a cidade pela parte de Santo António, e com tudo o que os seguimos, o rei falso até uma possessão onde ele tem sua força principal

Com tudo isso nosso Senhor foi seguido, até que em 14 de agosto de 1595, os mesmos cinco negros principais aliviados, pegaram o falso rei Amadore levado e amarrado à cidade de S. Tomé, que, colocado em couro de bode, foi arrastado por um rabo de cavalo  para lhe  cortarem as mãos, enforcado, esquartejado,  e o mandaram colocar  em locais públicos.

Dos outros cinco, dois foram aplaudidos, um cortou as mãos, um cortou as mãos, outro foi enforcado e esquartejado por hauer arnazzato que! Ele parecia ser seu mestre acima, e os outros dois permaneceram presos, para pagar suas dívidas

O ANTROPÓLOGO, HISTORIADOR E SOCIÓLOGO ALEMÃO GERHARD SEIBERT,  tem razão ao discordar que o rei Amador, líder da grande revolta dos escravos, em 1595, tenha morrido no dia 4 de Janeiro  - Afinal, a tradução do documento é bem explicita, como atrás é referido Ou seja, foi enforcado e escortejado em   em 4 de agosto de 1595,


Téla Nón -19-01-2011 – (…)  "O investigador não concorda que o Amador tenha morrido no dia 4 de Janeiro, tendo em conta que a revolta liderado por si, iniciou no dia 9 de Julho de 1595 e terminou a 29 de Julho do mesmo ano. Gerhard Seibert, defende a tese de que Amador morreu a 14 de Agosto de 1595.
Segundo Seibert, o documento original existente no Vaticano cuja outra copia encontra-se na Biblioteca Nacional de Portugal, revela que “No ano de 1595 um preto da ilha de São-Tomé, chamado Amador, se levantou com os homens da sua cor, e se proclamou Rei da mesma ilha, cometendo os excessos que eram de esperar de uma besta feroz”.

A investigação do Alemão, surpreendeu os são-tomenses e estrangeiros que estiveram presentes na palestra que teve lugar na Cacau (Casa das Artes Criações e Utopia, situada no centro da capital do arquipélago. https://www.telanon.info/cultura/2011/01/19/6100/rei-dos-angolares-nunca-existiu-em-sao-tome-e-principe/
AMADOR - HERÓI E  FIGURA INCONTORNÁVEL DO PASSADO HISTÓRICO DAS ILHAS VERDES DO EQUADOR  - A origem ancestral dos réis e imperadores não é exclusivamente europeia - Nem foi tão pouco no chamado velho continente que começou, quando o Egipto já tinha imperadores - Sim, num tempo em que a Europa ainda vivbia praticamente mergulhada na penumbra  e nas trevas da ERA DA PEDRA
Todas as ilhas do Golfo eram habitadas  e há muito povoadas. Tinham os seus líderes ou réis - Se, Amadornão era rei(no sentido tradicional do termo), isso pouco importa; fora um grande líder!. E os líderes não surgem sem uma aprendizagem de raiz, desinserida do seu meio.

Cronologia: "1586 - Francisco Figueiredo  é o primeiro governador de S. Tomé. Governa sobre a cinza de incêndios feitos pelos "angolares" (...) Aliados aos escravos das fazendas, chegaram a fazer fugir para o Brasil donos de herdades."

Nov 2014 
Os "angolares" rotulados pelo colonialismo como originários de um naufrágio, "que  vindo de Angola deu à costa em uma praia  do sueste da ilha,  muito antes de 1574" - Outros defendem que foi nas Sete Pedras (aliás,  dez ilhotas)  então, ali, era mesmo impossível atingir a costa a nado  - Quando, afinal, de lá partiram tantos carregamentos  - Vindos de vários sítios e das mais diversas etnias - Com certeza que não falavam todos a mesma língua. E porque razão o "angolar" não é um dialecto?...

Se se desse a circunstância de serem  provenientes de um simples barco de negreiros (com um índice de mortalidade tão alargada), alguma vez seriam  capazes de, em tão pouco tempo, se distinguirem dos demais (que também vinham do Congo e de Angola, dos mais diversos lugares da costa) e assumir a liderança?!...  -

 Mesmo, numa ilha, tão pequena (com uma superfície reduzida a 964 Km, sendo quase 2/3 impenetráveis) -  mantiveram-se afastados dos colonos e até   do maior grupo étnico?.. - Formando um povo autónomo, com uma identidade própria, que  jamais se vergaria ao domínio colonial.

 A Ilha de Bioko, fica relativamente próxima  dos Camarões e um pouco mais afastada da Nigéria- Avista-se perfeitamente do litoral, tanto mais que nele se ergue o famoso Pico Basile com 3.011 metros de altitude, tem uma área de 2 018 km2 - Teve por nomes Fernando Pó e Fernão do Póo e posteriormente Ilha Macias Nguema Biyogo. 


O POVOAMENTO PRIMITIVO DAS ILHAS, dificilmente passaria despercebido aos povos fixados no litoral  do Golfo da Guiné, sobretudo desde o Gabão até ao chamado Reino do Congo - 

TANTO OS  "ANGOLARES" COMO OS "FORROS" , devem ter em comum o mesmo passado ancestral  - Em ambas as etnias, deve correr sangue nas suas veias dos primeiros aventureiros, que se fizeram ao mar  -  Defendo essa possibilidade e demonstrei-a nas travessias que realizei, soninho e em frágeis pirogas,  de S. Tomé ao Principe, de S. Tomé à Nigéria e de Ano Bom a Bioko 

Além dos "angolares é de admitir  a existência  de outros grupos étnicos, anteriores à descolonização, que teriam sido completamente desmembrados da sua frágil organização ancestral  - Pelo que estou em crer que, entre, os chamados "forros", deverá correr também muito do sangue dos corajosos pioneiros, que ali desembarcaram pela primeira vez -  Descendentes dessa gesta heróica,  oriundos das  praias onde, em tempos recuados, terão partido os seus ancestrais.

A HISTÓRIA É OMISSA -  De um modo geral, vai buscar a versão do colonizador  -  Além disso, muitos dos  segredos das descobertas não eram tornados públicos, nomeadamente as cartas marítimas  - Assim, o poderão atestar as que, entretanto, vão sendo descobertas NAS PRATELEIRAS DOS ARQUIVOS
  Se o Rei Amador  ostentava ou não o  cetro à maneira dos réis  colonialistas,  tal como o concebia  o ponto de vista e sectário dos historiadores, súbditos desses mesmos  interesses, pois bem, Amador, fora um grande soldado e comandante. As revoltas não foram inventadas: para existirem, tinha de haver alguém a comandá-las, a impor a autoridade e a merecer o respeito e obediência gerais - Ora, tais qualidades, só poderiam advir de quem conhecia os segredos da floresta e já lá estava há muito mais tempo 

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