Dia 23 de Maio - Dia Mundial da Tartaruga – S. Tomé e Príncipe - Largada de um ninho de tartarugas e recordando, entre outros rostos, a dedicação do pescador Hipólito Lima e da bióloga portuguesa Sara Vieira - Que se batem pela sua defesa e preservação nas maravilhosas Ilhas Verdes do Equador -
Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador - Não deixe de ver a largada de jovens tartarugas e de ouvir as entrevistas que nos concederam, Sara Vieira e Hipólito Lima
Corações dedicados e generosos
O
objetivo principal desta data é promover conhecimentos sobre as tartarugas,
além de conscientizar as pessoas da importância em ajudar estes animais a
sobreviverem e se desenvolverem. – Aproveito para lhe recordar alguns dos rostos, que,
em S. Tomé e Príncipe, se tem dedicado à
defesa daquela que é considerada uma das espécies da Terra, mais antigas, pugnando
abnegadamente pela sua preservação
Nidificador de tartarugas ao sul de S- tomé
"E o grande problema das tartaruguinhas é que, se elas desaparecerem, nós também vamos ficar com o ecossistema marinho mais pobre – Reconhece a bióloga, Sara Viera, frisando que a sua importância ecológica é muito grande, principalmente nas zonas de recrutamento dos peixes, onde os peixes se vão reproduzir e desenvolver" - Ouça a entrevista mais à frente
EXISTEM HÁ MILHÕES DE ANOS - Mas há espécies em vias de extinção - No mês de Outubro de 2013, segundo noticia então divulgada pelo jornal Téla Nón, foram abatidas 44 tartarugas nas praias da ilha de São Tomé.
As tartarugas marinhas existem há mais de 150 milhões de anos, conseguiram sobreviver a todas as mudanças do planeta, mas atualmente são dos seres mais vulneráveis do planeta. De acordo com estimativas cientificas, de 1000 filhotes nascidos, apenas um chega à idade adulta.
Os seus principais inimigos (além dos agentes poluidores e das redes de pesca, em que ficam presas ou das aves e dos peixes que matam e engolem os pequenos filhotes quando abandonam os ninhos), tem sido a captura indiscriminada em todas as regiões do globo, desde os ovos à carne, ementa preferida em certa gastronomia - No tempo colonial, eram abatidas para fabrico de peças de artesanto, actualmente é mais para consumo, tal como documentam as duas imagens.
S. Tomé – Praia Jálé - Largada de tartarugas recém-nascidas – Poucas sobrevivem à longa jornada
Filhotes
de tartarugas lançadas dos ninhos ao mar numa das praias mais belas e paradisíacas
da Terra – Apenas, uma em mil, poderá sobreviver, tais são as ameaças que
pendem desde o momento em que são retiradas dos ninhos
onde saíram da casca dos ovos, num dos espaços reservados à nidificação e avançam
pela areia a fora até se deixarem envolver pela brancura das ondas e o azul
imenso do oceano, seu meio natural – Muitos poucas, depois de uma longa
jornada, poderão voltar mais tarde à mesma praia para aqui depositarem os seus
ovos.
A
operação, a que podemos assistir, em Fvereiro de 2016, é organizada pelo Programa Tatô de Proteção
das Tartarugas Marinhas de São Tomé e
Príncipe, uma iniciativa da ONG MARAPA (Mar Ambiente e Pesca Artesanal).
Consiste na monitorização da desova das fêmeas nas praias da ilha de São Tomé
entre Setembro e Abril, no seguimento da incubação dos ninhos e sensibilização
do público à conservação destas espécies ameaçadas
Segundo o Programa Tatô, são
4 as espécies de tartarugas que nidificam na ilha de São Tomé, nomeadamente a
tartaruga verde (Chelonia Mydas), vulgarmente conhecida em São Tomé e Príncipe
por Mão Branca. Segue-se a tartaruga Oliva (Lepidochelys Olivacea), com nome
vulgar em São Tomé de Tatô. A tartaruga de Pente (Eretmochelys Imbricata),
vulgarmente conhecida por Sada, e por fim a tartaruga de Couro (Demochelys
Coriacea), em São Tomé chamada de Ambulância.
Os colabores do Programa
Tatô operam dia e noite em 31 praias da ilha de São Tomé monitorizando o
processo de nidificação e desova das tartarugas. Boa parte das fêmeas que
desovam nas praias é marcada para permitir o acompanhamento das mesmas.
BIÓLOGA SARA VIEIRA - Exemplo de generosidade, de amor e dedicação em defesa das tartarugas marinhas - Coordenadora dos trabalhos da ATM, em S. Tomé e Príncipe, com larga experiência em projetos de tartarugas marinhas em Cabo Verde, por onde passou, antes de, há três anos, ter rumado às Ilhas Verdes do Equador.
Sem dúvida, uma verdadeira peregrina em defesa da proteção das tartarugas marinhas, palmilhando as praias de norte a sul, Micolóló, Fernão Dias. Morro Peixe, Santana, Porto Alegre e outras praias - Além de ficar a conhecer uma personalidade de uma grande generosidade, um coração sensível, dedicado e amoroso, bem como de também poder saber das suas preocupações, em relação à falta de mecanismos capazes de uma fiscalização eficaz - Pois teme que a lei, que foi aprovada. se transforme numa lei morta e a matança das tartarugas persiga.. - Declarou-nos quando a entrevistámos em 2016
HIPÓLITO LIMA - OUTRO BELO EXEMPLO DE AMOR ÀS TARTARUGAS
Vive em Morro Peixe, uma comunidade de
pescadores da ilha de São Tomé. Foi distinguido, em 2020, com o Prémio Príncipe Willian para preservação ambiental em África no ano 2020. Batizado
como “ Pai das Tartarugas Marinhas”, carrega consigo 26 anos de trabalho pela proteção
de uma das espécies mais ameaçadas do ambiente marinho.
Hipólito Lima é realmente uma figura muito estimada e respeitada, junto das gentes do mar, e também das mais conhecedoras da realidade das tartarugas, em S. Tomé. Pois, além de liderar a equipa de guardas de proteção e monitorização das praias, também gere o centro de atendimento aos visitantes, que dispõe de um pequeno eco-museu e de um cercado de incubação.
Tem sido das pessoas que mais se tem batido pela implementação da lei - Morro Peixe, é uma pequena aldeia de pescadores situada na costa norte de São Tomé, zona litoral na qual se encontram (pela qualidade e tranquilidade das sua finas areias) algumas das praias mais procuradas para a desova das tartarugas, nomeadamente, as praias de Micondó, Conchas,Atrás-do-Morro, Tamarindos, São Carlos, Manque Bicho, do Caroceiro, do Governador e da Brigada – Visto que, nas muito batidas nas suas margens ou já sem areia a descoberto, devido ao aumento do nível das águas ou, então, naquelas onde predominam os duríssimos gogos ou areia grossa, tais condições impedirem a sua nidificação.
HIPÓLITO LIMA – O Amor a um animal em vias de extinção
A casa típica de madeira, onde vive, Hipólito Lima, conhecida por “Casa Tatô, erguida ali mesmo à beira da praia, está transformada num autêntico museu de informação das tartarugas mas também de meios para a sua proteção e monitorização.
É, digamos, um ponto obrigatório para os amantes da natureza, e sobretudo da vida das tartarugas. O seu entusiamo, data de há mais de vinte anos.Diz-nos que “tudo começou em 1996, com biólogos americanos – E, desde então, fez da sua vida, uma verdadeira cruzada
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