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segunda-feira, 6 de junho de 2022

Malangatana - O artista emblemático da identidade da pintura moçambicana – Nasceu em 6 de junho de 1936 - Matalana, distrito de Marracuene, a 40 km de Maputo

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador 


Se fosse vivo, completaria hoje 86 anos. Faleceu, em 5 de Janeiro de 2011, em Matozinhos, Portugal - Falar da pintura africana, no que ela tem de mais genuíno nas suas raízes históricas e culturais, sobretudo no sofrimento e nas vicissitudes pelas quais passaram os seus povos, é associarmos imediatamente o pensamento a Malangatana.

De seu nome completo, Malangatana Valente Ngwenya, conhecido internacionalmente pelo seu primeiro nome "Malangatana". No artista multifacetado, desde desenho, pintura, escultura, cerâmica, murais, poesia e música, dança, folclore, existiam as melhores virtudes que um artista pode ter na herança cultural da sua terra, a inesgotável capacidade de recuperar a ancestralidade da sua identidade. Sem dúvida, Malangatana era um artista completo: amava o seu pais, o seu querido Moçambique e este amava-o com a mesma reciprocidade Mas a sua figura e a sua arte, são imortais,

 .

Nuno Lima de Carvalho, antigo diretor e fundador da Galeria de Arte do Casino Estoril, teceu rasgados elogios  ao génio artístico e à personalidade  do pintor Malangatana  - Ambos já falecidos  -Nuno Lima de Carvalho, nasceu em 15 de junho de 1932, em Vila Franca do Lima, Viana do Castelo, faleceu em 16 de Maio de 2019, aos 86 naos  Impulsionador da Galeria de Arte do Casino Estoril, que dirigia desde 1975, membro do júri do Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural e dos prémios literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luís - Revelação, instituídos pela Estoril Sol, Nuno Lima de Carvalho foi o responsável dos Salões de Outono e dos Salões Internacionais de Pintura Naïf desta entidade.

Tal como é sublinhado na sua biografia, o seu talento é reconhecido em várias formas de arte como desenho, aquarela, tapeçaria, cerâmica, gravura, escultura monumental em ferro e em cimento, em murais. Foi também poeta, cantor, dramaturgo, músico e dançarino.

Em 1959, expôs pela primeira vez, no salão de Artes Plásticas de Lourenço Marques, hoje Maputo, capital de Moçambique. Nos anos de 1960, foi preso pela polícia política portuguesa (PIDE), acusado de ligações com a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique, hoje partido político). Em 1961, realizou sua primeira exposição individual.



Depois da Independência de Moçambique (1975), participou de numerosas exposições coletivas dentro e fora do país. Em 1986, realizou uma retrospectiva em Maputo. Na década de 1990, exerceu funções políticas como deputado da FRELIMO e na Assembleia Municipal de Maputo, tendo sido reeleito em 2003.

Seu nome está ligado à criação de várias instituições culturais, como o Museu Nacional de Arte, Centro de Estudos Culturais, atual Escola Nacional de Artes Visuais, Centro Cultural de Matalana, e outras organizações artísticas.

"Malangatana vem de um mundo no qual a feitiçaria é uma realidade e as práticas mágicas devem ser levadas a sério no dia-a-dia. O trabalho de Malangatana é selvagem e poderoso […] contém também um forte elemento de simpatia humana e sofrimento e agonia. […] Malangatana está desejoso de comunicar através das suas pinturas. Está cheio de histórias.»

 Em 1958, ingressou no Núcleo de Arte, uma organização artística local, recebendo o apoio do pintor Zé Júlio. No ano seguinte, expôs a sua arte publicamente, pela primeira vez, numa exposição colectiva, passando a artista profissional graças ao apoio oferecido pelo arquitecto português Pancho Guedes, através da cedência de um espaço onde pôde criar o seu atelier, e da aquisição mensal de dois quadros. Em 1961, aos 25 anos, fez a sua primeira exposição individual no Banco Nacional Ultramarino. Em 1963, publicou alguns dos seus poemas no jornal «Orfeu Negro» e foi incluído na «Antologia da Poesia Moderna Africana».

Nessa altura, é indiciado como membro da FRELIMO, ficando preso na cadeia da Machava até ser absolvido a 23 de março de 1966. A exposição Malangatana - Os anos da prisão, realizada em Lisboa, contabiliza como "anos da prisão" também aqueles que seguiram o cárcere, e em que Malangatana continuou a representá-lo. A 4 de janeiro de 1971, foi novamente detido, a fim de esclarecer o simbolismo do quadro «25 de Setembro», exposto recentemente no Núcleo de Arte, o que pôs em risco a sua partida para Portugal, onde obtivera uma bolsa da Fundação Gulbenkian para estudar gravura e cerâmica.

Em 1976/1977, Malangatana esteve detido num centro de reeducação como castigo pelo seu comportamento na época colonial.[carece de fontes] Na mesma altura, foi apresentada na Facim (Feira de Maputo) e numa exposição de artes plásticas organizada pelo Centro Organizativo dos Artistas Plásticos e Artesãos, com sede no antigo Núcleo de Arte, uma obra dele que foi cedida por sua mulher.

Depois da independência de Moçambique, foi eleito deputado em 1990, pela FRELIMO. Em 1998, foi eleito para a Assembleia Municipal de Maputo e reeleito em 2003. Participou em acções de alfabetização e na organização das aldeias comunais na Província de Nampula. Foi um dos fundadores do «Movimento Moçambicano para a Paz» e fez parte dos «Artistas do Mundo contra o Apartheid».

Faleceu no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Portugal[

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