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terça-feira, 11 de abril de 2023

Maria Antónia Palla, Jornalista e escritora - Testemunho de uma vida – 90 anos em 10 de janeiro 2023 - Autora de vários livros - Editou em Nov 2021“O Relógio de Cuco”, apresentado na Fundação Gulbenkian.

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista  - Fotos e compilações de várias fontes - Algumas imagens de minha autoria


"Eu digo no livro, que, antes do 25 de Abril, Portugal, era um país dividido: havia nós e eles" Referindo que foi graças à democracia que conheceu pessoas dos vários quadrantes políticos. E que "a mulher que sou hoje é bem diferente da criança e adolescente que fui!... Fui apreendendo... e muito!.. Observando as pessoas,... E é realmente aquilo que verdadeiramente me interessa... É um prazer conviver com pessoas diferentes e tornar-me amigas delas"

 




Testemunho de vida de Maria Antónia Palla, Jornalista e escritora, feminista, 90 anos, feitos em janeiro 2023 .. Editou em 2021 “O Relógio de Cuco” seu último livro, apresentado na Fundação Gulbenkian - Uma das primeiras mulheres jornalistas em Portugal, ainda viva mas já com a saúde fragilizada, pelo que lhe desejamos as suas melhoras - Que a jovialidade, manifestada há dois anos, nas suas palavras e naquela conferência, da qual recordo algumas passagens, seja retomada com os mesmos sorrisos, a mesma memória e alegria. - Possuidora de uma carreira longa e marcante em diversos jornais, revistas e televisão, que norteou toda a sua vida pela liberdade, lutando não só pela sua como pela dos outros: das mulheres, das minorias, dos desfavorecidos. Sem ter medo de ir contra o sistema, as regras, as instituições, as opiniões dos outros 

 

Mulher de uma vida intensa, autora de vários livros, incansável combatente de causas, em que a sua sede de liberdade e a sua coragem a levaram a rasgar fronteiras, a emblemática figura do feminismo e da luta pela liberdade e pelo inconformismo, tal como a despenalização do aborto, que a levaria à barra do tribunal, apresentou o seu último livro, em Nov de 2021, na Fundação Gulbenkian, intitulado "O Relógio de Cuco", no qual descreve vivências pessoais e íntimas, mas também profissionais e políticas, que nos transportam para contextos socioculturais da Primeira República, do Estado Novo, da Revolução e do pós - Revolução do 25 de Abril de 1974. – A breve autobiografia da incansável feminista e jornalista, é o segundo volume da coleção "Autorretratos" (ligada à revista Faces de Eva) que tem por objetivo homenagear mulheres portuguesas que se destacaram na luta por uma sociedade democrática e igualitária.

 


Maria Antónia Palla , distinguida, em 2004, com o grau de comendadora da Ordem da Liberdade. É autora de vários livros, entre os quais Revolução, Meu Amor (de 1969). Apreendido pela PIDE, Revolução, Meu Amor aborda os acontecimentos do Maio de 1968. Escreveu também Só Acontece aos Outros – Crónicas de Violência (1979) e A Condição Feminina (1989). Já Viver pela Liberdade (2014), em coautoria com a jornalista Patrícia Reis, é um livro das suas memórias; Savimbi: Um sonho africano, em co-autoria com João Soares (Nova Ática, editado em 2003


Foi das primeiras mulheres jornalistas em Portugal, teve uma carreira longa e muito ativa  em diversos jornais, revistas e televisão, destacando-se no tratamento de temas culturais e sociais, despedida do Diário Popular por insistir em fazer um balanço do Maio de 68 em Paris, tendo depois integrado o Século Ilustrado e a Vida Mundial, a ANOP e A Capital, cronista do Diário de Notícias, grande repórter da RTP e chefe de redação da revista Máxima. a primeira mulher a estar inscrita no Sindicato dos Jornalistas, ascendendo à sua direção após a Revolução de 25 de Abril, com mais duas mulheres, Maria Antónia de Sousa e Maria Antónia Fiadeiro, chamadas "as três Antónias, tendo sido também a primeira mulher que assumiu a presidência da Caixa de Previdência dos Jornalistas, uma das fundadoras do Fórum Português para a Paz e Democracia em Angola, que presta apoio às forças democráticas daquele país. , membro da União das Mulheres Antifascistas e Revolucionárias (UMAR) e Membro Vitalício do Conselho Geral da Fundação Mário Soares desde 10 de Março de 1996.

Defensora de que “as mulheres são as pessoas que sabem organizar-se melhor, sabem conciliar atividades diferentes, têm um sentido de responsabilidade mais apurado. Defendo a participação das mulheres, enquanto mulheres, em todas as instâncias, em todos os organismos, em todas as instituições decisivas para a sociedade porque elas têm mais sensibilidade e mais capacidade para perceber o que é a vida quotidiana

Maria Antónia Palla, nasceu no Seixal, a 10 de Janeiro de 1933, numa família laica, republicana e liberal, filha de Ítalo Ferrer dos Santos, o primeiro na sua família a não ser batizado, e de sua mulher Angelina Painço de Assis e irmã de Jorge Ítalo de Assis dos Santos. Frequentou o Liceu Francês em Lisboa. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Tida como “uma mulher que norteou toda a sua vida pela liberdade, lutando não só pela sua como pela dos outros: das mulheres, das minorias, dos desfavorecidos. Sem ter medo de ir contra o sistema, as regras, as instituições, as opiniões dos outros. https://expresso.pt/podcasts/a-beleza-das-pequenas-coisas/2018-09-21-Maria-Antonia-Palla-O-meu-filho-Antonio-Costa-e-bem-educado.-Em-Angola-ha-protocolo-a-mais-e-coisas-importantes-a-menos---a-democracia  

Casou-se três vezes: - aos 20 anos  com o escritor, poeta e dramaturgo moçambicano de origem goesa Orlando da Costa  (2 de julho de 1929 Lourenço Marques -        27 de janeiro de 2006 Lisboa, de quem teve um filho, António Costa, Primeiro-Ministro de Portugal, nascido em 17 de julho de 1961. Meio-irmão, apenas do lado paterno do jornalista Ricardo Costa, nascido em Lisboa, a 25 de julho de 1968 .  Orlando António Fernandes da Costa, autor de várias obras, considerado o  sétimo autor português com mais livros proibidos pela censura do Estado Novo, cinco no total.

Maria Antónia de Assis dos Santos, mais conhecida por Maria Antónia Palla, apelido que adotaria no segundo casamento  com Victor Manuel Palla e Carmo, conhecido como Victor Palla, (Lisboa, 13 de Março de 1922, Lisboa, 28 de Abril de 2006), arquiteto, fotógrafo, pintor, designer, escritor e editor português. A sua obra de pintura e fotografia encontra-se presente em algumas das mais notáveis coleções do país, como seja a Fundação Calouste Gulbenkian, a Museu Coleção Berardo ou o Museu do Chiado.

Em 1974, casou com o coronel  do exército Manuel Pedroso Marques. Também ele autor de vários livros e possuidor de uma carreira notável; participou, como capitão, numa ação militar e civil contra a ditadura em 1961.  Julgado, condenado, exilado em França e no Brasil, reintegrado após o 25 de Abril.
Foi redator, editor, gestor e escreveu sobre temas de Administração, sociais e políticos.
Redator da Enciclopédia Delta Larousse, dirigida por António Houaiss, foi editor de três chancelas editoriais no Brasil. Em Portugal, além de outras funções militares e de acessória, foi presidente da RTP, da empresa do Diário Notícias e da Capital, administrador da Bertrand e da Difel, de empresas de publicidade e da Agência Lusa de Notícias




Maria Antónia Palla não deixa também de retratar casos mais pessoais, como a forma como o seu filho, António Costa, hoje primeiro-ministro de Portugal, aceitou a sua relação com o então capitão Manuel Pedroso Marques.

"O meu filho e eu tínhamos o hábito de discutir todos os problemas. Mas era a primeira vez que se deparava com um assunto tão delicado. Falámos. Com o sentido prático que sempre teve, disse-me: ‘convide-o para vir passar um fim de semana a casa, depois veremos'".

"Assim fizemos. O Manuel ficou aprovado", relata Maria Antónia Palla.

Confessa ter tido  a sorte de ter nascido numa família - e falo da minha família paterna - republicana, laica, e meio socialista, meio anarquista. Os meus avós maternos já eram bastante diferentes, eram muito conservadores.

Nasci em casa dos meus avós paternos, no Seixal, e saí de casa deles aos quatro anos, quando os meus pais foram viver para perto de Sintra. Mas passei sempre muito tempo com eles, porque era lá que gostava realmente de estar.

Quando eu nasci, em 1933, estávamos no começo da ditadura, e o meu avô fazia parte da Oposição. A casa dos meus avós era uma casa onde nunca se fechava a porta. A todas as horas havia gente a entrar e a sair. A minha avó gostava muito de jogar às cartas, pelo que a casa se enchia de pessoas à noite. Vinham conspirar com o meu avô e falar de livros proibidos ou jogar com a minha avó.. https://www.esquerda.net/artigo/mulheres-de-abril-testemunho-de-maria-antonia-palla/48964

 

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