Mucumbli é nome de uma árvore de grande porte, a que
foi atribuída a designação científica de Lannea Welwitschii com os seus 50 metros ou mais de
altura, usada na medicina tradicional, de cuja seiva os curandeiros nativos
extraem os seus “milongos”, com propriedades curativas e mágicas,
nomeadamente para os meninos começarem a
andar com o seu pé mais cedo e se libertarem do colo ou das costas das suas mães .
É também
o nome que,o apicultor italiano, Tiziano
Pisoni ao radicar-se, há uns anos na Ilha, com a sua esposa, a Mariangela Reina, deram a um magnífico
recorte da zona litoral dos distrito de Lembá, próximo da localidade das Neves,
em Ponta Figo, a 27 Km a oeste da cidade
de São Tomé.
Muitas foram as
mais belas supressas, no meu regresso a S. Tomé, 39 anos depois, com que tive o
reconfortante prazer de me maravilhar - E, como já tive ocasião de referir,
tantas foram, que o mais difícil é descrever todas as emoções que pude viver, a
ordem a dar a qualquer delas – Hoje vou recordar a minha passagem pelo pequeno
aldeamento turístico de Mucumbli, outra das áreas costeiras de uma Ilha
Paradísica, que, só por si, é também um fantástico recorte paradisíaco, de um exotismo e de uma beleza,
verdadeiramente aprazível e surpreendente.
Oportunidade
que pude desfrutar graças ao Coronel Victor Monteiro, Diretor de Gabinete do PR
que teve a amabilidade de me levar na sua viatura a vários pontos maravilhosos
da sua Ilha, alguns dos quais vistos por mim pela primeira vez, tal foi o caso
deste encantador empreendimento turístico, onde o saudável e reconfortante
convívio com a natureza, não é mero slogan. – A curta distância da estrada
marginal, mas onde o asfalto é deixado lá atrás – Dir-se-ia que é o mesmo que partir à
descoberta da floresta virgem, em estado primitivo mas onde o homem pode sentir-se perfeitamente integrado.
Indo
através de estreitos caminhos, ora de terra batida ou empedrados com a pedra
basáltica do sítio, sempre lada a lado
por frisos de luxuriantes folhas ou cachos de bananeiras, disseminadas por entre jaqueiras, mangas,
fruta-pão, safuzeiros, o pau marapião, pau gogó, coqueiros, palmeiras, pequenas hortas, num lugar povoado de
muitas outras espécie arbóreas e arbustivas, sim, perante uma
diversidade de espécies de flora endémicas, que incluem buganvílias e tantas
outras flores exóticas, árvores de fruta, ervas aromáticas e plantas medicinais, no manto do qual, mas
já sobre a falésia voltada para o mar, surgem, espaçadamente, como que a
lembrar a mítica cabana do marinheiro solitário, pequenas casas típicas de madeira, os vários
bungalows, sempre em perfeita harmonia com o meio ambiente , debruçados com as
suas varandas sobre o vasto oceano, rodeados por um deslumbrante jardim tropical,
decoradas com peças de artesãos locais, a que foram dados nomes dos frutos da
terra, nos quais não falta o indispensável conforto, casas de banho privativa e
água quente, redes de isolamento à prova de mosquitos ou de outros insetos,
tudo inserido num conjunto arquitetónico harmonioso, sugestivo e muito bem enquadrado.
- E, para quem não queira ficar
nos bungalows, o sítio dispõe de áreas para instalação das suas tendas, com
acesso aos serviços sanitários e área
para grelhados. E, se não quiser confecionar a comida em casa, tem ainda, naquele
espaço turístico, um belíssimo
restaurante, também todo ele em madeira local, com varandas de sonho, onde pode
saborear dos melhores pratos
típicos, a que o Chef - ou não fossem
italianos os seus proprietários - associa alguns ingredientes e sabores da cozinha italiana. - Deliciando-se com autênticos manjares, ao mesmo tempo que ouve o canto do ossobó ou de outros passarinhos, tal foi esse o privilégio que ali desfrutei.
Como é de
conhecimento público, as ilhas de São Tomé e
Príncipe, são as que possuem uma maior riqueza na flora, encontrando-se
aqui cerca de 100 espécies vegetais
endémicas das ilhas do golfo da Guiné, sendo ambas classificadas como a 17ª
área protegida a nível mundial– Justamente por esse facto, é que este
empreendimento turístico rural, tem como principal preocupação o encontro com Mãe Natureza, a salvaguarda, a proteção do seu património natural.
Sem dúvida, trata-se, com efeito, de uma belíssima
aldeia turística, perfeitamente integrada num espaço de atividade agrícola e florestal,
de pecuária, de proteção. propiciando o íntimo convívio com o meio ambiente, alcandorada
sobre uma alta falésia, da qual se avista uma impressionante panorâmica: - quer a que
se espelha, lisa e calma na superficie líquida (para lá do recorte verde de palmeiras e outra vegetação tropical), ora deserta
ora salpicada de pequenas canoas a remos ou à vela, quer a que se estende ao longo do litoral, em ambos os sentidos, ou a que se ergue pelo
manto verde negro e multicolor acima, a derramar a sua luminosidade exuberante, sim, desde a densa cobertura dos contrafortes do maciço
vegetal, até às fímbrias mais altaneiras do famoso Pico de São Tomé, onde se
descobrem as eternas neblinas, que ora parecem confundir-se com os céus,
ora, diluindo-se, nos remetem a um autêntico éden de maravilha e de sonho, transportando-nos a um outro mundo, que não propriamente o dos homens, o térreo, mas a visão
irreal, que extasia e deslumbra, como a mais generosa e profícua dádiva divina, sobrenatural!
(vídeo) São Tomé – Mucumbli – O sonho do paraíso ao
alcance do turista - Este vídeo foi registado na visita que fiz a aldeia
turística de Mucumbi, distrito de Lembá, na
companhia do Coronel Victor Monteiro
– Ao deixar de descrever o cenário que tinha
perante os meus olhos e na sequência de uma breve pausa de silêncio, de entre
os vários sons das aves na floresta e do mar, que se desfruta do alto da
falésia, surge, inesperadamente, o canto do ossobó, da ave do paraíso –
Xuva! Xuva! Xuva Xuva!” , que normalmente costuma anunciar a chuva –
Distingue-se perfeitamente dos chilreios e dos cantos de outros passarinhos. Pouco
depois era o Coronel Victor Monteiro, a chamar-me a atenção para o seu canto,
numa árvore ali em frente da esplanada do restaurante. Ainda o tentei filmar
mas, como estávamos muito próximos, o nosso falar silenciou-o. Confesso,
porém, que só, mais tarde, ao visionar o registo, me dei conta
de que, afinal, sem querer, já o tinha gravado.
.
Do alto da
falésia, onde o mar parece ao mesmo tempo tão perto como inacessível, há, no entanto, a
possibilidade de acesso direto a uma praia de areia basáltica (5 minutos de
distância) frequentada por tartarugas marinhas (espécie “mão branca”), que aí
vêm desovar.
Sugestões
de passeios acompanhados por guias de Mucumbli
A
observação de cetáceos com a ONG MARAPA, partindo da Praia de Mucumbli, também
conhecida por Praia das Furnas, em excursões marítimas acompanhadas por
agentes formados em técnicas de observação e de aproximação dos animais
no seu meio natural
A descoberta da
imponente Cascata de Angolar, atravessando os túneis da conduta de água da
central hidroelétrica, desfrutando de magnífica paisagem de montanha. Visitas
às Roças da Ribeira Palma, Rosema, Bindá e Ponta Furada, por caminhos que oferecem
uma vista panorâmica sobre a cidade das
Neves. E, para os mais aventureiros,
um passeio à volta da Ilha, ligando a zona norte à do sul da Ilha, que não é acessível a veículos, atravessando o
interior do Parque Natural do Obó de São Tomé, por entre riachos, rios,
pântanos e manganal
Outros passeios atraentes: ir ao encontro do colorido e do canto das aves, da descoberta da flora endémica, ao longo da floresta secundária ou subindo ao majestoso e sempre desafiador Pico
de São Tomé.
Dizem os folhetos turísticos - e com
plena justificação - sim, “mais de que um agradável espaço turístico, o
Mucumbli é um verdadeiro jardim tropical, onde todas as atividades são
realizadas com o envolvimento da população, contribuindo para a criação de
emprego e a fixação da população no distrito de Lembá, considerado entre os distritos
com o maior índice de pobreza de São Tomé e Príncipe e com menos oportunidades
de trabalho. Só por esse falto é, pois, de louvar e de enaltecer.
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