Deputados tomam posse este sábado e não devem jurar falsamente
Finalmente, o 22 de Novembro, está à porta, e, nesse
dia, a tomada de posse dos novos
deputados da Assembleia Nacional, saídos das eleições legislativas do passado
dia 12 de Outubro, cerimónia que decorrerá no auditório do Palácio
dos Congressos , com a presença de cerca de duas centenas de convidados, entre
os quais representantes diplomáticos das Embaixadas de Estados estrangeiros e parceiros internacionais
acreditados em São Tomé e
Príncipe.
Depois de um compasso de espera, mais longo que o habitual,
espera-se que a capital de São Tomé e Príncipe, volte a conhecer
um dia especialmente movimentado e a despertar as atenções da curiosidade internacional
– Sim, já vão longe os ecos dos dias
agitados dos comícios e da festiva propaganda eleitoral, agora é a vez dos deputados
eleitos tomarem posse das suas altas funções e de se ouvir o discurso ponderado
e conciliador do Presidente da República Santomense, Manuel Pinto da Costa.
Segundo noticias
divulgados, «Trata-se de uma cerimónia que vai testemunhar perante o
mundo e África a vitalidade da democracia e do Estado de Direito, onde a
alternância se faz sem perturbações e respeitando as Leis da República»,
Como é do conhecimento público, as eleições
simultâneas com as Autárquicas foram ganhas pelo partido Acção Democrática
Independente (ADI) com quatro das seis Câmaras Municipais. Na Regional da ilha
do Príncipe, o ADI alcançou maioria absoluta com 33 dos 55 deputados do
Parlamento
Realizada a tomada de posse dos novos deputados, que decorrerá, naturalmente, no espaço nobre da Assembleia Nacional, segue-se a cerimónia da nomeação do
Presidente, vice-Presidente, Conselho de Administração e do Secretário-geral, que
culminará com o discursos oficiais das duas figuras maiores da Nação: com as palavras do Presidente da Assembleia Nacional, bem assim do
Chefe de Estado, Manuel Pinto da Costa, que encerrarão o importante acontecimento democrático.
Estes os primeiros passos, com os quais se abrirão os caminho
para a cerimónia do empossamento do XVI Governo constitucional, liderado por
Patrice Trovoada – Só depois desse ato é que então se dará inicio a um novo ciclo
governativo, que se deseja estável e
pugne pelo bem-estar e progresso do Povo de São Tomé e Príncipe, já que,
até hoje, nenhum governo logrou chegar ao fim da legislatura.
RECORDANDO OS ACALORADOS DIAS DA DINÂMICA
ASSOCIAÇÃO CÍVICA, PRÓ-MLSTP
Os dias que antecederam a proclamação da
independência de São Tomé e Príncipe, já quase se vão esfumando com o imparável
calendário do tempo, todavia, merecem
ser recordados, e é também o propósito desta postagem, com algumas fotos
e textos, de minha autoria, publicados, na Revista Semana Ilustrada, acerca das primeiras manifestações
públicas do movimento
pró-independentista, em vésperas de mais
um dia histórico na consolidação da democracia e do multipartidarismo das Ilhas
Verdes do Equador -
Imagens e palavras históricas – Comício Público
São Tomé – Julho 1974
“Independência Total de S. Tomé e
Príncipe é o que o Povo quer. Era o grito, vibrado em uníssono, por largos
milhares de santomenses, no seu dialecto, numa grandiosa manifestação organizada
pela Associação Cívica Pró-Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe.
A referida manifestação teve lugar num sábado à tarde. Principiou no Riboque, sede daquela Associação Cívica, foi engrossando à medida que ia percorrendo as principais ruas e avenidas da cidade de S. Tomé, e terminou mais tarde no mesmo local, num verdadeiro mar de gente, em calorosa exaltação de confiança e de apoio ao novo destino político que o Movimento de Libertação de S. Tomé e Príncipe, com sede em Libreville, Gabão, pretende dar a estas terras e às suas populações.
Dirigiam o prolongado e grosso
cortejo de manifestantes, os irmãos, Costa Alegre, que, sobre o tejadilho de um
carro, proferiram frases de apoio não só ao Movimento de Libertação de São Tomé
e Príncipe, como aos mais representativos Movimentos dos outros territórios, sob domínio portugês, cujos nomes, seguidamente, eram repetidos em coro pela multidão
Registaram-se algumas paragens,
durante as quais os dois irmãos Costa Alegre chamaram a atenção do Povo para a
necessidade imediata da independência total e das vicissitudes que o
colonialismo lhes havia imposto ao longo de séculos. Fez-se ainda a leitura de
alguns panfletos, que no final foram distribuídos a todos os manifestantes, e nos quais se referia que “só com a
independência total as riquezas que o
Povo de S. Tomé e Príncipe produz servirão Povo. E ainda: “A instrução, a
assistência médica para servir o Povo de S. Tomé e Príncipe, só com a
independência total, pois com ela haverá o controlo da riqueza pelo Povo para
satisfação das necessidades do Povo” e noutro passo a seguinte frase: “Enquanto
a riqueza continuar a sair para o estrangeiro, para servir alguns, o Povo de s.
Tomé e Príncipe não será verdadeiramente livre”
A dita manifestação, a primeira
até agora levada a cabo, decorreu, embora calorosa, como o maior aprumo, ordem
e civismo.
Julho – 1974 - A associação Cívica pró-Movimento Libertação
de São Tomé e Príncipe promoveu há dias
o seu primeiro Comício.
Teve lugar frente ao largo do mercado Municipal, e congregou
enorme multidão de simpatizantes daquela Associação Cívica.
Nos panfletos distribuídos a toda a assistência
podia ler-se: "O M.L.S.T.P. (Movimento de Libertação de São Tomé
e Príncipe) definiu sempre como único meio para a satisfação das necessidades
do povo de São Tomé e Príncipe, a independência total, o que significa o fim da
exploração, o combate à fome, à miséria, ao analfabetismo, à doença crónica,
que o colonialismo nos deixa, depois de 500 anos de dominação. A nossa causa é
justa e para a sua total realização, o Povo de São Tomé e Príncipe precisa de
conhecer quem são os seus inimigos.
Lotamos contra a exploração que nos brutaliza e
oprime. Os inimigos são, portanto, os exploradores, os colonialistas"
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