Por Jorge Trabulo Marques - jornalista - Viveu em São Tomé - de Nov.1963 a Outubro 1975
"Há alguma desilusão mas não desesperança"

"O
sistema era extremamente injusto e estávamos a ser permanentemente humilhados e
então sentimos que era o momento de virmos e darmos o nosso contributo para que
nos libertássemos do jugo colonial, que implicava a tal humilhação e até
violência" "O que se está a passar em São Tomé é a reprodução do que se passa a nível mundial: «Estamos num regime extremamente injusto para
com os mais desfavorecidos, em que um pequeno número de pessoas beneficia de
tudo o que o país produz» Apesar desse aspeto negativo diz: «mas nós, cá em São Tomé, ainda temos
razões para ter esperança. Há sinais de que as coisas estão a mudar positivamente
Fez parte de um reduzido grupo de estudantes universitários que abandona os estudos, em Portugal e que voluntariamente responde aos ventos de mudança do 25 de Abril. Só por esse corajoso gesto é digno do seu nome se inserir na galeria dos valorosos heróis destas ilhas. Mas o seu amor pátrio, a sua entrega e generosidade à terra que o viu nascer, tais abnegados propósitos, vão ainda mais longe.

Na qualidade de jornalista da revista angolana, Semana
Ilustrada, tive oportunidade de acompanhar e divulgar, muitas dessas ações, e dialogar pessoalmente com Filinto Costa Alegre, assim, como com outros membros
desta dinâmica associação, e, posteriormente, com os principais dirigentes do MLSTP e outras figuras que entretanto surgiram na ribalta do processo de descolonização e democratização.
39
anos depois
Volto a
encontrar-me com Filinto Costa Alegre! - Tendo o honroso prazer de lhe poder
dar um abraço amigo, de estar lado a lado e frente a frente, com um dos mais aguerridos e distintos
patriotas da luta democrática pela independência de São Tomé e Príncipe, pois
nestas ilhas não chegou haver ações de luta armada, dado o caráter pacifista
e tolerante dos santomenses.

O caloroso e afável encontro decorreu, num dos bancos da
antiga avenida marginal de São Tomé, onde se situavam as instalações da Pousada
Miramar, que anteriormente haviam servido de central do cabo submarino, uma vez
mais graças às amáveis diligências do Coronel Victor Monteiro, Diretor do Gabinete
da Presidência da República de São Tomé e Príncipe,
Desembarcara no Aeroporto internacional
de São Tomé e Príncipe, no passado dia 20 de Outubro, por volta das
17,30, pouco antes do pôr do sol . Vinha para uma romagem de saudade de 10 dias
mas acabei por ficar mais dez – Sim, já me encontro em Lisboa. Cheguei com alma
em festa, repleta de calorosas emoções, contudo, sem saber muito bem por onde começar a
verter para este meu site, tão belas
como reconfortantes imagens, tantas
carinhosas manifestações de cortesia e de afeto e apreço por parte de pessoas
anónimas e figuras públicas, tão calorosos movimentos de diálogo e
de convivência.



Filinto Costa Alegre continua a ser a voz frontal e inconformada, sem papas
na língua - Acusa as elites, que estiveram no poder, de terem traído os
ideais da independência, no entanto, é crítico mas não derrotista, pois considera existirem sinais positivos de esperança.
"Recuperámos as terras mas depois não fomos capazes de
revalorizá-las"
Muito se tem falado e escrito acerca do estado em que se encontram as
grandes propriedades coloniais, mais das vezes, sem se ir às raízes históricas
das condições humilhantes, de escarvatura, como eram ali tratados os santomenses e os chamados
contratados.
HÁ SINAIS DE ESPERANÇA NA “PÁTRIA DA LIBERDADE”
São Tomé a Pátria da liberdade no sentido formal, e, sobretudo, no
seio da elite. A elite pode expressar-se. Neste aspeto reconhece que “nós
temos a léguas, a milhas à frente de
muitos países.

Não se pense que, nas grandes propriedades de cacau e café,
apenas os negros, eram escravizados, também os brancos empregados de mato -
Conheci no corpo e no espírito essa dura experiência- Também eu trabalhei naquela roça grande!- Na Roça antiga RIO DO OURO hoje conhecida por Roça
Agostinho Neto Estive lá até que fui mobilizado para a tropa, tendo ido
tirar o curso de sargentos milicianos, em Angola, seguido do curso dos comandos
e regressado ao CTI de STP, onde conclui o serviço militar.
FILINTO GUILHERME D`ALVA COSTA ALEGRE nasceu em 09 de Julho de 1952 (um ano antes do “ Massacre de 1953”), na localidade de Água Porca, no Distrito de Água Grande, em São Tomé, República Democrática de São Tomé e Príncipe.
Quatro anos
depois (1979 ), conclui a Licenciatura em Direito na Faculdade de Direito da
[Universidade Eduardo Mondlane][1] em Maputo, República de Moçambique. Regressado ao
país, exerce, sucessivamente as funções de Técnico Superior do Ministério da
Justiça, Magistrado do Ministério Público, Magistrado Judicial e Assessor
Jurídico do Banco Central de São Tomé e Príncipe.
Em 1991 conclui
o Mestrado em “ Port and Shipping Administration “, na [World Maritime
University][2], em Malmo, na Suécia, tendo a sua tese de
mestrado incidido sobre “ A Fraude Marítima”.
AS ROÇAS DE MÁ MEMÓRIA - FEUDOS DA ESCRAVATURA À INDEPENDÊNCIA


FILINTO GUILHERME D`ALVA COSTA ALEGRE nasceu em 09 de Julho de 1952 (um ano antes do “ Massacre de 1953”), na localidade de Água Porca, no Distrito de Água Grande, em São Tomé, República Democrática de São Tomé e Príncipe.
Aos 22 anos,
interrompe os seus estudos universitários em Portugal e regressa a São Tomé,
para fundar e dirigir, juntamente com outros patriotas, a Associação Cívica
Pró-MLSTP, primeira Organização Nacionalista efectivamente implantada em São
Tomé e Príncipe. Na sequência da mobilização e da reivindicação socioeconómica
e política conduzida pela Associação Cívica, São Tomé e Príncipe viria a
tornar-se independente em 12 de Julho de 1975.

Participante
activo na luta clandestina contra o regime ditatorial e repressivo de partido
único, Filinto Costa Alegre foi um dos inspiradores e fundadores do Grupo de
Reflexão, organização que liderou a luta pela instauração do processo
democrático em São Tomé e Príncipe. Mais pormenores em Filinto
Guilherme d'Alva Costa Alegre – Wikipédia, a
QUEM
É Filinto Costa Alegre: Jurista de formação, jovem são-tomense, de apenas 22
anos em 1974 (equipararia a que idade dos
jovens de hoje?), abandonou os
estudos em Portugal e regressou a terra natal, até então colónia portuguesa
conjuntamente com uma vintena de colegas estudantes para organizarem as
manifestações populares e darem a voz de contestação contra o poder colonial e
da exigência de libertação das ilhas do império português.
Ao
contrário dos outros PALOP aonde decorreu a luta armada ou o caso de Cabo Verde
que fazia parte do PAIGC do grande pensador Amílcar Cabral, não havia qualquer
sensibilidade por parte do poder de transição de Portugal em reconhecer a auto
determinação do povo das ilhas a independência Quem é Filinto Costa Alegre? | Téla Nón
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