Por Jorge Trabulo Marques - jornalista - Viveu em São Tomé - de Nov.1963 a Outubro 1975
"Há alguma desilusão mas não desesperança"
"O
sistema era extremamente injusto e estávamos a ser permanentemente humilhados e
então sentimos que era o momento de virmos e darmos o nosso contributo para que
nos libertássemos do jugo colonial, que implicava a tal humilhação e até
violência" "O que se está a passar em São Tomé é a reprodução do que se passa a nível mundial: «Estamos num regime extremamente injusto para
com os mais desfavorecidos, em que um pequeno número de pessoas beneficia de
tudo o que o país produz» Apesar desse aspeto negativo diz: «mas nós, cá em São Tomé, ainda temos
razões para ter esperança. Há sinais de que as coisas estão a mudar positivamente
Filinto Costa Alegre é uma
figura incontornável no histórico Movimento de Libertação de São Tomé e
Príncipe.
Fez parte de um reduzido grupo de estudantes universitários que abandona os estudos, em Portugal e que voluntariamente responde aos ventos de mudança do 25 de Abril. Só por esse corajoso gesto é digno do seu nome se inserir na galeria dos valorosos heróis destas ilhas. Mas o seu amor pátrio, a sua entrega e generosidade à terra que o viu nascer, tais abnegados propósitos, vão ainda mais longe.
Fez parte de um reduzido grupo de estudantes universitários que abandona os estudos, em Portugal e que voluntariamente responde aos ventos de mudança do 25 de Abril. Só por esse corajoso gesto é digno do seu nome se inserir na galeria dos valorosos heróis destas ilhas. Mas o seu amor pátrio, a sua entrega e generosidade à terra que o viu nascer, tais abnegados propósitos, vão ainda mais longe.
Não só vêm ao encontro da mudança, como, ele próprio, se afirma como o líder incontestável da
Associação Cívica Pró-MLSTP, a primeira Organização Nacionalista efetivamente
implantada em São Tomé e Príncipe, através da qual (das constantes e dinâmicas ações de esclarecimento e de reivindicação, socioeconómica e
política), o então humilhado Povo, libertando-se das
malhas opressoras do colonialismo, consegue alcançar a tão desejada
independência, em 12 de Julho de 1975. -
Na qualidade de jornalista da revista angolana, Semana
Ilustrada, tive oportunidade de acompanhar e divulgar, muitas dessas ações, e dialogar pessoalmente com Filinto Costa Alegre, assim, como com outros membros
desta dinâmica associação, e, posteriormente, com os principais dirigentes do MLSTP e outras figuras que entretanto surgiram na ribalta do processo de descolonização e democratização.
39
anos depois
Volto a
encontrar-me com Filinto Costa Alegre! - Tendo o honroso prazer de lhe poder
dar um abraço amigo, de estar lado a lado e frente a frente, com um dos mais aguerridos e distintos
patriotas da luta democrática pela independência de São Tomé e Príncipe, pois
nestas ilhas não chegou haver ações de luta armada, dado o caráter pacifista
e tolerante dos santomenses.
O caloroso e afável encontro decorreu, num dos bancos da antiga avenida marginal de São Tomé, onde se situavam as instalações da Pousada Miramar, que anteriormente haviam servido de central do cabo submarino, uma vez mais graças às amáveis diligências do Coronel Victor Monteiro, Diretor do Gabinete da Presidência da República de São Tomé e Príncipe,
O caloroso e afável encontro decorreu, num dos bancos da antiga avenida marginal de São Tomé, onde se situavam as instalações da Pousada Miramar, que anteriormente haviam servido de central do cabo submarino, uma vez mais graças às amáveis diligências do Coronel Victor Monteiro, Diretor do Gabinete da Presidência da República de São Tomé e Príncipe,
Desembarcara no Aeroporto internacional
de São Tomé e Príncipe, no passado dia 20 de Outubro, por volta das
17,30, pouco antes do pôr do sol . Vinha para uma romagem de saudade de 10 dias
mas acabei por ficar mais dez – Sim, já me encontro em Lisboa. Cheguei com alma
em festa, repleta de calorosas emoções, contudo, sem saber muito bem por onde começar a
verter para este meu site, tão belas
como reconfortantes imagens, tantas
carinhosas manifestações de cortesia e de afeto e apreço por parte de pessoas
anónimas e figuras públicas, tão calorosos movimentos de diálogo e
de convivência.
De alguns desses momentos, já me
referi em anteriores postagens. - como seja a honrosa audiência que me concedeu Sua Ex. o Senhor
Presidente Manuel Pinto da Costa, bem como os agradáveis momentos de convívio
proporcionados pelo ex-presidente Fradique Menezes, na sua quinta da Roça
Favorita e na aprazível mansão da Praia das Conchas, graças aos bons ofícios de
Victor Monteiro, porém, há tanto ainda para contar!... – Hoje, vou começar pelo
caloroso reencontro com Filinto Costa Alegre, no penúltimo dia da minha estadia
na capital destas maravilhosas Ilhas - Na postagem seguinte conto referir-me à entrevista que me foi concedida por Agostinho Fernandes, ex-Ministro do Governo de Patrice Trovoada
Filinto Costa Alegre, recorda as razões que o levaram a interromper a sua
vida académica: isto porque sentiu “uma oportunidade de acabar com a
humilhação as injustiças que reinavam, em São Tomé e Príncipe, naquela altura.
O sistema era extremamente injusto e estávamos a ser permanentemente humilhados
e então sentimos que era o momento de virmos e darmos o nosso contributo para
que nos libertássemos do jugo colonial, que implicava a tal humilhação e até
violência"
Filinto Costa Alegre continua a ser a voz frontal e inconformada, sem papas
na língua - Acusa as elites, que estiveram no poder, de terem traído os
ideais da independência, no entanto, é crítico mas não derrotista, pois considera existirem sinais positivos de esperança.
"Recuperámos as terras mas depois não fomos capazes de
revalorizá-las"
Muito se tem falado e escrito acerca do estado em que se encontram as
grandes propriedades coloniais, mais das vezes, sem se ir às raízes históricas
das condições humilhantes, de escarvatura, como eram ali tratados os santomenses e os chamados
contratados.
Todavia, Filinto Costa Alegre, não esconde alguma desilusão. reconhece que, "nós,
efetivamente, recuperámos as terras mas depois não fomos capazes de
revalorizá-las, sobretudo de partilhar aquilo que se colheu das terras. Porque,
o que se está a passar, atualmente, em São Tomé e Príncipe, é a reprodução dos
sistema ao nível mundial, em que há um pequeno número que se torna cada vez
mais rico, em detrimento da esmagadora maioria da população. «Fomos capazes de
nos unirmos e derrotar o colonialismo mas não o novo colonialismo, aquilo a que
se chama “coloniedade do poder”. » Considerando que «estamos num regime
extremamente injusto para com os mais desfavorecidos, em que um pequeno número
de pessoas beneficia de tudo o que o país produz»
HÁ SINAIS DE ESPERANÇA NA “PÁTRIA DA LIBERDADE”
São Tomé e Príncipe, um dos raros países de África, onde as
elites podem expressar-se livremente,
sem receio de represálias. Embora
as desejadas mudanças ao nível económico
e social, estejam muito longe de corresponderem aos justificados anseios do
grosso da população, mesmo assim, para o líder histórico da Associação Cívica, da então
frente avançada da MLSTP, durante o período pós 25 de Abril, o sonho de uma
sociedade, mais justa, mantém-se vivo
Pois, sublinha, «nós, cá em São Tomé, ainda temos razões para ter esperança. Há sinais de que as coisas estão a mudar positivamente. E o principal fator é a participação. Tem-se vindo a verificar que, os mais desfavorecidos, cada vez mais assumem o seu papel no processo democrático, sublinhando que, "ninguém dá nada de bandeja seja o que for e muito menos o capitalismo, porque, aqueles que têm não vão abrir mão do que têm, se os que nada têm não o reivindicarem e não souberem expor as suas reivindicações, se não souberem, sobretudo, sustentá-las, não serão escutados, é o que se passa aqui, conclui para logo acrescentar. «Eu quero dizer que a razão da minha esperança é que, efetivamente, de eleição para eleição, de ano para ano, que as pessoas mais desfavorecidas, ganhem consciência de que, se souberem juntar e souberem definir os seus interesses, sobretudo, ao nível da liderança, os líderes certos, no futuro as coisas mudarão”
São Tomé a Pátria da liberdade no sentido formal, e, sobretudo, no
seio da elite. A elite pode expressar-se. Neste aspeto reconhece que “nós
temos a léguas, a milhas à frente de
muitos países.
FILINTO GUILHERME D`ALVA COSTA ALEGRE nasceu em 09 de Julho de 1952 (um ano antes do “ Massacre de 1953”), na localidade de Água Porca, no Distrito de Água Grande, em São Tomé, República Democrática de São Tomé e Príncipe.
AS ROÇAS DE MÁ MEMÓRIA - FEUDOS DA ESCRAVATURA À INDEPENDÊNCIA
Não se pense que, nas grandes propriedades de cacau e café,
apenas os negros, eram escravizados, também os brancos empregados de mato -
Conheci no corpo e no espírito essa dura experiência- Também eu trabalhei naquela roça grande!- Na Roça antiga RIO DO OURO hoje conhecida por Roça
Agostinho Neto Estive lá até que fui mobilizado para a tropa, tendo ido
tirar o curso de sargentos milicianos, em Angola, seguido do curso dos comandos
e regressado ao CTI de STP, onde conclui o serviço militar.
FILINTO GUILHERME D`ALVA COSTA ALEGRE nasceu em 09 de Julho de 1952 (um ano antes do “ Massacre de 1953”), na localidade de Água Porca, no Distrito de Água Grande, em São Tomé, República Democrática de São Tomé e Príncipe.
Aos 22 anos,
interrompe os seus estudos universitários em Portugal e regressa a São Tomé,
para fundar e dirigir, juntamente com outros patriotas, a Associação Cívica
Pró-MLSTP, primeira Organização Nacionalista efectivamente implantada em São
Tomé e Príncipe. Na sequência da mobilização e da reivindicação socioeconómica
e política conduzida pela Associação Cívica, São Tomé e Príncipe viria a
tornar-se independente em 12 de Julho de 1975.
Quatro anos
depois (1979 ), conclui a Licenciatura em Direito na Faculdade de Direito da
[Universidade Eduardo Mondlane][1] em Maputo, República de Moçambique. Regressado ao
país, exerce, sucessivamente as funções de Técnico Superior do Ministério da
Justiça, Magistrado do Ministério Público, Magistrado Judicial e Assessor
Jurídico do Banco Central de São Tomé e Príncipe.
Em 1991 conclui
o Mestrado em “ Port and Shipping Administration “, na [World Maritime
University][2], em Malmo, na Suécia, tendo a sua tese de
mestrado incidido sobre “ A Fraude Marítima”.
Participante
activo na luta clandestina contra o regime ditatorial e repressivo de partido
único, Filinto Costa Alegre foi um dos inspiradores e fundadores do Grupo de
Reflexão, organização que liderou a luta pela instauração do processo
democrático em São Tomé e Príncipe. Mais pormenores em Filinto
Guilherme d'Alva Costa Alegre – Wikipédia, a
QUEM
É Filinto Costa Alegre: Jurista de formação, jovem são-tomense, de apenas 22
anos em 1974 (equipararia a que idade dos
jovens de hoje?), abandonou os
estudos em Portugal e regressou a terra natal, até então colónia portuguesa
conjuntamente com uma vintena de colegas estudantes para organizarem as
manifestações populares e darem a voz de contestação contra o poder colonial e
da exigência de libertação das ilhas do império português.
Ao
contrário dos outros PALOP aonde decorreu a luta armada ou o caso de Cabo Verde
que fazia parte do PAIGC do grande pensador Amílcar Cabral, não havia qualquer
sensibilidade por parte do poder de transição de Portugal em reconhecer a auto
determinação do povo das ilhas a independência Quem é Filinto Costa Alegre? | Téla Nón
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