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sábado, 20 de julho de 2019

UMA ESTÁTUA PARA O HERÓI DA RESITÊNCIA, DE FEV53 Salustino Graça do Espírito Santo 1894-1965 –Num Parque de heróis e poetas na capital - Depois do Rei Amador, à entrada, agora a do agrónomo nacionalista santomense, introdutor do cultivo do ananás, que o Governador Carlos Gorgulho, quis silenciar, culpabilizando-o da inventada conspiração comunista dos negros contra os brancos, que culminaria com a tenebrosa repressão de Fevereiro de 1953, “Julgo que a sua coragem e os seus feitos, em defesa dos nativos e da nossa liberdade, só é comparável ao Rei Amador” – Diz, no Facebook, o Coronel Victor Monteiro, que sugere “uma estátua semelhante à do Rei Amador

Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador FAZER DO PARQUE POPULAR EM S. TOMÉ, UM PARQUE DOS HERÓIS E DOS POETAS - AO LARGO DO QUAL JÁ EXISTE A ESTÁTUA DO REI AMADOR - AGORA, NO SEU INTERIOR,  ERA COMEÇAR POR HOMENAGEAR O GRANDE HERÓI DA RESISTÊNCIA, DE FEV53    - Dinamizando e embelezando ainda mais aquele espaço como o jardim de visitas da capital, com as principais espécies da flora das ilhas, em perfeita harmonia com os restaurantes típicos da gastronomia tradicional  e as diversas expressões artísticas.

"De tudo àquilo que pude ouvir e tudo àquilo que pude ler, acho que ainda não se reconheceu na devida dimensão histórica, a figura de Salustino da Graça do Espírito Santo, um ÍCONE da história de S.Tomé e Príncipe”, escreve o distinto e prestigiado militar, Coronel Victor Monteiro, antigo Ministro da Defesa e que serviu dois presentes da República; Fradique de Menezes e Manuel Pinto da Costa
Defendendo que “as autoridades nacionais deveriam encomendar ao Zémé Gracia, uma estátua semelhante à do Rei Amador e colocá-la numa das Praças da Cidade Capital.
O busto colocado na Cidade da Trindade, está muito, mas, muito longe de representar com a Dignidade e dimensão merecida, a figura de Salustino Graça.
Tendo ainda lembrado que, o Eng. Salustino da Graça, foi quem introduziu o cultivo de ananás em S.Tomé e Príncipe"

 Victor Monteiro – Distinto Coronel na reserva do  Exército Santomense  - Um caso singular de simpatia, de generosidade e dedicação a STP  - Nascido na antiga Roça Rio do Ouro, atual Agostinho Neto  - Filho de um humilde casal cabo-verdiano,  que eu conhecera nos duros tempos das grandes plantações coloniais – 

De sublinhar, que, seu pai, Bernardino Lopes Monteiro,  embarcadiço no cargueiro António Carlos,  foi um dos heroicos tripulantes que se sublevantaram, contra o comando  do navio, em  1953, obrigando a que, os cerca de centena e meia de patriotas santomenses, que o Governador Gorgulho, ordenara lançar aos tubarões, fossem descarregadas da Ilha do Príncipe  e salvos de tão afrontosa morte.

UM PARQUE DOS POETAS, EM S. TOMÉ NO PARQUE POPULAR
De facto, a sua sugestão, parece-nos perfeitamente pertinente, atendendo ao simbolismo do passado, representado pela figura de Salustino da Graça – E, porque não, independentemente de qualquer outra iniciativa, transformar  o jardim do Parque Popular, numa espécie de Parque dos Poetas, seguindo o belo exemplo do Presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, com os bustos , estátuas ou outras expressões artísticas,  com a intervenção de artesões e escultores   das Ilhas, em madeira e em pedra e liderada, justamente por Zemé,  o artista que mais esculturas fez no país e até no estrangeiro.

De recordar que. o nome de Engº Agrónomo, Salustino da Graça do Espírito Santo Salustino da Graça do Espírito Santo , é, pois, uma das  figuras incontornáveis ao falar-se das   barbaridades infligidas, a milhares de santomenses nos criminosos atos do Massacre de Batepá em 3 Fevereiro de 1953, pelo então  Governador Carlos Gorgulho

A recusa da população da Trindade em ir receber Gorgulho no aeroporto aquando do seu regresso de Portugal em Outubro de 1951, onde então  morava o Eng.º Salustino da Graça do Espírito Santo, a quem Gorgulho imputava toda a rebeldia e a irreverência da população local, culpabilizando-o da inventada conspiração  comunista dos negros contra os brancos, que culminaria com  a tenebrosa repressão de Fevereiro de 1953, apontado em todos os autos de “confissão” dos presos como (…) chefe da revolução, seu instigador, seu preparador e futuro Rei da Ilha


"Salustino Graça do Espírito Santo 1894-1965. - Nasceu no dia 9 de julho de 1892 na freguesia da Trindade, ilha de São Tomé. Após concluir o ensino primário na sua terra natal, viajou para a capital portuguesa onde fez os estudos secundários, mais exatamente na Escola Académica de Lisboa. Posteriormente, finalizou (em Março de 1922) o curso de Agronomia no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, tendo regressado pouco tempo depois para junto dos seus patrícios. São Tomé e Príncipe foi, a par com o desenvolvimento da raça negra, o principal objeto da esperança de Salustino Graça, e fator da verdadeira guerra que protagonizou até à hora da morte, ocorrida quando tinha setenta e três anos de idade. Este engenheiro nativo foi, sem dúvida, símbolo da luta do seu povo, a quem paulatinamente e com hábil mestria, determinação e coragem foi ensinando os difíceis caminhos da liberdade, da justiça e do progresso.

SALUSTINO DA GRAÇA - UMA REFERÊNCIA NA CULTURA DO ANANÁS

O ananás pertence à família Bromeliaceae, que apresenta cerca de 46 gêneros e 1700 espécies é originário da  América tropical, tendo-se disseminado, depois da viagem de Colombo, por várias áreas tropicais do globo:  era cultivado pelos indígenas em extensas regiões do Novo Mundo antes da sua descoberta pelos europeus.

A melhor exploração da cultura do ananás, em STP,  indubitavelmente, foi a desenvolvida, sob a orientação do Eng Agrónomo, Slasustino Graça, na pequena Roça S. Vicente, próximo da Trindade, capital do distrito de Mé-Zochi, pioneira na cultura extensiva do ananás - Esta planta, desde há muito foi introduzida nas ilhas, havendo até uma das espécies que surge espontaneamente por entre a floresta, mas cujo fruto é muito pequeno, porém, a nível do seu aproveitamento agrícola, mais técnico e racional, este sucesso pertenceu ao  prestigiado e cientista investigador santomense 

Tive a oportunidade e o prazer de conhecer essa pequena mas bem aproveitada e exemplar propriedade agrícola, de nome Roça S. Vicente, situada próximo da então Vila da Trindade,  quando era encarregado da Agropecuária do quartel (CTISTP) e ali  me desloquei, por várias vezes, com alguns soldados para, ali comprar alguns cestos de pés de ananases e também  algumas socas de bananeiras para as plantações que estava a efetuar naquela área militar sob a minha orientação: pois, uma das razões que me levar a S. Tomé, foi a de ali poder efetuar um estágio do meu curso tirado na Escola Agrícola, Conde S. Bento, em Sato Tirso. .

Ele facecera, dois anos antes - Nma das vezes que ali me desloquei, encontrava-se presente, o Dr. Mário Soares (deportado para S. Tomé pelo regime Salazarista), ao lado do filho João Soares, que me pareceram muito curiosos e deslumbrados por aquelas exemplares plantações.

Neste encontro, que ocorreu debaixo de um telheiro e junto à balança onde pesava ananases e abacaxis, apenas ali me deslocava com o propósito de levar estes suculentos frutos para a cantina dos oficiais, que também estava à minha responsabilidade – Pouco antes da sua morte, tive também o grato prazer de ser recebido em sua casa, já não sei a que propósito

AMÁVEL COMENTÁRIO EXPRESSO NO FACEBOOK - Postado, o ano passado, quando se falou do saudoso Salustino, por Alberto da Graça Espírito Santo  

 Sr. Jorge Trabulo, sou parente muito próximo do falecido Engenheiro Salustino Graça e se recorda quando ia a Roça S. Vicente para adquirir o suculento fruto de ananás quem o recebia e vendia os produtos era o Sr. Armando Vasconcelos, meu querido pai, já falecido há quatro anos.
Para lhe dizer embora aquando da morte de Salustino Graça em 1965, eu tinha oito anos, com essa idade gostaria de ser engenheiro como ele para que pudesse produzir ananases em quantidade e qualidade iguais aqueles que eram produzidos naquela época.
Concluído os estudos liceais, até tive oportunidade de concretizar o meu sonho, fazer agronomia, mas tinha sido seleccionado para Cuba. Recusei , porque na altura não quis ir à Cuba , mas não estou arrependido, embora não tenha feito a minha formação preferida, formei-me em Língua e Cultura Portuguesa, na vertente Pedagógica na Faculdade de Letras de Lisboa e lecciono. Aos fins de semana e nas férias faço o que mais gosto, contribuindo na minha dieta alimentar e ganhando mais alguns tostões para ajudar com o magro salário que se usufrui nas Terras de Amador.
Um abraço amigo Trabulo!

As suas palavras comovem-me e deixam-me com os olhos banhados de lágrimas: por um lado pelas memórias distantes a que me transportam; por outro por belo exemplo que me transmitem: de ver que, apesar de não ter seguido a carreira de Eng.º Agrónomo, se dedica com especial amor e devoção à agricultura, que era realmente esse o empenho do saudoso Eng. Engenheiro Salustino Graça do Espírito Santo, além do distinto patriota que tanto sofrera, em prol do povo santomense, com as perseguições movidas   da polícia do regime.

Sim, Caro Amigo Alberto, faz-me muito bem aproveitar os seus tempos livres nessas tarefas, até porque, como reconhecerá, a terra é generosa e fértil e sabe retribuir, com os mais saborosos frutos, a quem amanha e cultiva
O abraço amigo 

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