expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Baía Ana de Chaves - Finalmente desobstruída dos fantasmagóricos esqueletos de ferro velho - Armador português procede à remoção de antigas embarcações – Na que é considerada uma das mais belas baías do continente africano, pese a poluição que ali continua a desaguar e o degradado estado dos seus passeios e corrimões. - O armador Carlos lixa têm ainda o encargo de limpar a costa de vários monstros meio submersos e de relançar importante projeto de apoio à pesca através da empresa luso-santomense, FUSOMAR - Defende doca para veleiros, um porto em Fernão Dias e maior fiscalização de frotas estrangeiras

Jorge Trabulo Marques - Jornalista  - - Entrevista ao Armador Carlos Lixa
S. Tomé – Armador Português limpa Baía Ana Chaves, bem como da costa das duas Ilhas de embarcações afundadas, aposta no apoio à pesca local e defende a criação de um porto para passageiros, mercadorias e cruzeiros, em Fernão Dias  e uma  fiscalização eficaz a frotas estrangeiras.

Alguns  esqueletos de ferro destes batelões,  permaneciam desde a era colonial, em consequência de um violento tornado que assolou a Ilha, lançando a pique as várias dezenas, que ali existiam fundeados, que serviam para transbordo  das mercadorias a transportar ou descarregar dos navios  que fundeavam ao largo, tal como, ali, ainda hoje sucede, devido à falta de um porto de acostagem.  - Tal situação sucedeu justamente na pavorosa noite em que eu largara, numa piroga, da Praia Gamboa para a Nigéria, no qual ainda fui envolvido.


Entrevista em Maio de 2019


Até que, enfim, o principal cartaz de quem visita S. Tomé,  a  emblemática Baía Ana de Chaves, está sendo desobstruida e limpa das monstruosas carcaças de ferro velho e conspurcador, que emergiam à superfície desde o tempo colonial: - Desfigurados fantasmas, que se assumiam como perigosos escolhos à navegação- Um justo procedimento dado ao nome da mitica  princesa ou dama da corte, Ana de Chaves, descendente  de judeus, residente em S. Tomé, na condição de refugiada das perseguições feitas em Portugal, que deixou indeléveis traços da sua existência na colónia, onde espalhou o bem a mãos largas, criando e subsidiando diversas instituições religiosas e de caridade.

Carlos Lixa, empresário português, nas áreas das pescas e da construção naval, radicado em S. Tomé, desde 2015, gerente da empresa, luso-santomense,  Fusomar, possuidora de estaleiros, que tem vindo a proceder  à limpeza e reciclagem de embarcações afundadas nas costas marítimas de ambas as ilhas,  nomeadamente da Baía Ana de Chaves, no leito da qual existiam esqueletos de vários batelões afundados, desde o tempo colonial, que tem vindo a ser removidos  para a sucata, de modo a proporcionar à emblemática baía a beleza e a segurança, tão desejáveis.

Carlos Lixa, sente-se perfeitamente integrado e confiante no futuro do povo de STP, que, em seu entender, merece todo o apoio  e esforço que se faz pelo seu progresso e bem-estar: “diz que as instituições têm colaborado, é uma terra pacífica, acolhedora, em que se lida facilmente com as pessoas,   que “se pode sair à noite, que se pode andar na rua, à vontade,  não há problemas”.

Em relação às pescas, diz que tem um projeto para um frigorifico inerte na Ribeira Funda, estando  já avançar com as obras, para o que espera contar com barcos vindos de Portugal, construídos no seu estaleiro, pensando também vir a construir outras embarcações em S. Tomé  e uma doca flutuante, para que os barcos também possam ser inspecionados pelas entidades competentes.

Quanto aos acordos, com potências estrangeiras, defende que os acordos deverão ser cautelosos, bem estudados e  equilibrados, com as cotas que devem pescar  e as paragens, que devem fazer para o pescado puder reproduzir-se, pelo que defende a necessidade de uma fiscalização, quer no alto mar, quer junto da costa, “porque eu vejo, muitas vezes, embarcações estrangeiras, a fazer cerco, muito encostadas à costa! Já cheguei a presenciar atuneiros a tirar isca, sardinha e carapau, muito encostados à costa”.
Referindo, que, com a vinda do navio “Zaire” já se impediu que, algumas embarcações, fizessem a limpeza da costa – Considerando, porém, a necessidade haver mais meios para uma mais eficaz fiscalização.


E apontou o caso dos Açores: “O atum, como se sabe, é uma espécie migratória,  e, quando o atum emigra de África para os Açores, são precisamente esses arrastões estrangeiros, com sistemas elétricos, que não deixam fazer a passagem das migrações, o que, além de  reduzir a sua  captura, acaba também por  não haver peixe que consiga reproduzir-se nas costas.
Quanto às baleias, nos mares de STP, considera que deviam ser protegidas  de modo a criar um santuário de baleias para promover o turismo.

Defende que o porto de Fernão Dias, reúne condições para um porto adaptável a passageiros e a um porto de carga: ”arranjar uma infraestrutura onde o porto de passageiros pudesse ter  uma sala de embarque e onde os passageiros pudessem ser controlados e onde pudessem receber mais cruzeiros!” -Exemplificando que, a sua empresa, que também está sediada nos Açores,  onde tem constatado que este arquipélago português, recebe muitos cruzeiros, com um grande pessoa  na sua economia local, o que poderia também suceder em STP.  
“Eu como empresário, olho para o mar, como uma potência e confessa que o mar de S. Tomé e Príncipe, é realmente uma potência


 Foi o que mais me chocou quando, 39 anos depois, ao voltar a S. Tomé, me depararei com uma tão bela Baía, sulcada por tão perigosos escolhos ferruginosos. Alguns desses esqueletos cravados de ferrugem e de conchas eram de batelões que foram afundados quando, em Março de 1975, parti de canoa rumo à Nigéria - Foi de noite, e ao aproximar-me do ilhéu das Cabras, comecei por ser atingido por uma violenta tempestade, que deitaria ao fundo vários batelões ali existentes, tal como pude confirmar quando regressei, a S. Tomé, nesse mesmo ano, num avião militar, para concluir a escalda do Cão Grande e tentar a travessia oceânica de canoa -

Embora sejam o testemunho  de um certo período  histórico, longe de constituírem peças de museu, pelo que o mais aconselhável era serem retirados, até porque estão a escassos metros da vedação da avenida marginal ou então puxados para o mar largo para servirem de corais aos peixes - Deste modo, creio revelarem algum desleixo e um mau contraste na panorâmica de uma baía geralmente  tranquila, que deveria transmitir uma imagem de serenidade, de paz e de beleza e não a de um  antigo cemitério de despojos naufragados  - Pelo menos quando não é assolada pelo mau tempo.

Nenhum comentário :