
Hoje ocorreu-nos, hoje aqui recordar, o
célebre pintor espanhol, Enrique Casanova, com a imagem (parcial) de uma obra inédita a óleo, além de uma fotografia à família real
Casanova, adquiriu grande notoriedade em Portugal, quer pelo talento das suas obras artísticas em aguarela e a óleo, quer, sobretudo, por ter sido o mestre da casa real, tendo entre os seu alunos D. Luís I e D. Carlos I, ambos bons aguarelistas. "Pintou retratos da família real portuguesa, sendo muito conhecido, pela sua ternura, o retrato da rainha D. Maria Pia e seu neto D. Luís Filipe."
Casanova, adquiriu grande notoriedade em Portugal, quer pelo talento das suas obras artísticas em aguarela e a óleo, quer, sobretudo, por ter sido o mestre da casa real, tendo entre os seu alunos D. Luís I e D. Carlos I, ambos bons aguarelistas. "Pintou retratos da família real portuguesa, sendo muito conhecido, pela sua ternura, o retrato da rainha D. Maria Pia e seu neto D. Luís Filipe."
Coleção particular - Foto inédita |
Enrique Casanova, figura de destaque na corte portuguesa, como pintor da Real Câmara e professor de aguarela dos príncipes reais, tendo também sido o autor de várias fotografias, quer em Portugal quer na deslocação que a família real fez ao Egito.
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Foto leiloada |
A foto do lado direito, com a Rainha D. Amélia. os
príncipes D. Luís Filipe, D. Manuel e respetiva comitiva na sua viagem ao
Egipto, atribuída também a Enrique Casanova, foi leiloada em Lisboa - Tendo
sido assinada por D. Amélia, por D. Luís
Filipe, por D. Manuel, pelo Viconde da Asseca, pelo Dr. Gabriel Kerauch, por
Fernando Serpa e Condessa de Figueiró (Pepita)
No texto, que acompanhava a divulgação da imagem, é referido que, “em 28 de
Fevereiro de 1903, D. Amélia, tomando o título da Marquesa de Vila Viçosa,
partiu com os seus filhos para o Mediterrâneo e Oriente, a bordo do Iate Real
"Amélia". Visitaram Jerusalém, Cairo, Port Said entre outras regiões,
levando na sua comitiva os Condes de Figueiró, o Visconde da Asseca, o doutor
Kerauch - perceptor dos princípes, D. António de Lencastre - o médico, o reverendo
Damaceno Fiadeiro, o pintor Enrique Casanova, entre outros"


É sublinhado que “O álbum de aguarelas do pintor Enrique Casanova (1850-1913)
ilustra dezanove salas dos Palácios Reais da Ajuda, Cascais e Sintra, no
tempo de D. Luís I (1838-1889, rei 1861). Idealizado como presente de
aniversário para ser oferecido ao rei em 1889, por encomenda da
rainha D. Maria Pia, foi apenas em 1895 que a firma Leitão & Irmão,
ourives da Casa Real, apresentou os desenhos para a capa do álbum, realizada em
couro e prata, com as armas de Portugal cinzeladas".
"Trata-se de um documento artístico de grande valor para o Palácio Nacional
de Sintra, pois estas aguarelas permitem visualizar o arranjo de alguns espaços
entre os anos 1889 e 1891/92, revelando a decoração e a disposição dos
objetos das salas retratadas, sendo possível referenciar algumas peças que
ainda hoje fazem parte das coleções.
Cultivou a aguarela, o guache, o pastel e o óleo, mas foi a aguarela a
técnica pictórica utilizada para registar, por encomenda de D. Maria Pia,
uma série de interiores dos paços reais da Ajuda, Cascais e Sintra. A mestria
técnica e o realismo patentes nestas aguarelas possibilitou que, um
século mais tarde, o Palácio Nacional da Ajuda as tomasse como fonte
privilegiada para a reconstituição histórica das suas salas.


(...) Nomeado Pintor da Real Câmara desde novembro de 1885, consolidou o seu
estatuto no círculo restrito da Corte, passando a acompanhá-la nas suas
itinerâncias pelos paços reais.

O ecletismo e polivalência de Enrique Casanova é visível na sua produção
cerâmica, escultórica, pictórica e gráfica. Especial destaque para a decoração
de um serviço de jantar, cujo tema – um veado – foi inspirado na pintura do
teto da Sala
dos Brasões do Palácio de Sintra. No âmbito da ilustração,
colaborou com a rainha D. Amélia e Raul Lino nas ilustrações para o
livro O Paço de Sintra (1903), com texto do Conde de
Sabugosa, e com D. Carlos de Bragança no Catálogo Ilustrado das Aves de
Portugal (1903, 1907). https://www.parquesdesintra.pt/pontos-de-atracao/o-album-de-aguarelas-de-enrique-casanova/


(...) Oriundo de meio humilde, cedo pôs à prova seus dotes artísticos – expressão de um autodidactismo virtuoso – com a execução de tarefas na oficina litográfica de que seu pai era proprietário.
A ideia, que concretizou, de desenhar e estampar em rótulos de caixas de
fósforos caricaturas do recém-entronizado Amadeu de Sabóia, valeu-lhe, a par de
um êxito célere, a perseguição policial e o encarceramento. Liberto, ainda
trabalhou em oficinas litográficas – que não a de seu pai – no país vizinho.
Todavia, face a um ambiente político que persistia em não favorecê-lo, Casanova, cerca de 1880, decidiu-se pela vinda para Portugal.
Aqui obteve trabalho, de imediato, na Litografia Portugal, onde, mercê da qualidade da sua obra, se destacou dos restantes colaboradores.

Nesse ano de 1880, por ocasião das comemorações do
tricentenário da morte de Camões, Enrique Casanova fixou na revista «O
Occidente», através de ilustrações de excelente factura, os momentos mais
significativos do evento. E ao mesmo tempo que a ampla divulgação da revista
dava azo a que o trabalho de Casanova prendesse as atenções de um público
considerável, outro facto iria marcar decisivamente e para sempre a vida do
artista espanhol.
Com efeito, na mesma altura, ao executar uma aguarela do Chiado e do Largo Camões, Casanova foi surpreendido pelo olhar atento e conhecedor de Juan Valera, embaixador de Espanha em Lisboa, que oportunamente o recomendou ao rei D. Luís.
Deste modo – e porque o monarca português comungasse da ideia, então em voga, de que a aguarela era o género de pintura mais propício à iniciação aos trabalhos a óleo – Enrique Casanova foi chamado para o círculo restrito da corte, a fim de instruir o Príncipe Real D. Carlos e o Infante D. Afonso naquela complexa arte.
Emparceirando com outros dez mestres, Casanova iniciou as
suas novas funções de professor de pintura dos Príncipes em meados de Maio de
1881, auferindo o vencimento mensal de 30$000; trabalho que se prolongaria até
Setembro de 1884, altura em que D. Carlos, por atingir a maioridade, se veria
compelido ao cumprimento de obrigações da maior responsabilidade, a que os
superiores interesses do Estado obrigavam.
Porém, estava longe de se esgotar aqui a actividade de Casanova como professor. E se oficialmente havia cessado de ministrar as aulas aos Príncipes, a verdade é que nunca deixaria de os acompanhar artisticamente, sobretudo a D. Carlos, de quem era admirador inconfessado e a quem reconhecia o maior talento.
Por seu lado, os restantes membros da Família Real, ante a declarada competência do pintor aragonês, não hesitaram em tomá-lo, também eles, para mestre de desenho e pintura, sendo os honorários pagos pela Administração da Casa da Rainha. Facto é que os ensinamentos de Casanova foram frutificando, emergindo claramente da obra de D. Maria Pia, de D. Luís e de D. Amélia.
Para além do Paço, Casanova alargaria o seu magistério, quer
no âmbito privado, atendendo a inúmeros discípulos – amadores e profissionais –
que particularmente o procuravam, quer no público, ao ingressar no ensino
oficial.
No primeiro caso, entre os que usufruíram dos seus serviços, contam-se D. Isabel e D. Margarida Luz, filhas do Visconde de Coruche, D. Maria Domingas Cabral da Câmara (Belmonte), Eduardo Augusto da Silva, José Bazaliza, José Maria Martins, Luís António Sanches, Ribeiro Artur, Roque Gameiro, Ricardo Hogan e Manuel de San Romão. Alguns deles, aliás, frequentariam o curso nocturno de desenho e aguarela que Casanova abrira numa dependência da Real Casa Pia, em Belém.
Por outro lado, o seu ingresso no ensino oficial decorreu dos
termos de um despacho de 27 de Agosto de 1888, que o nomeou professor da Escola
de Desenho Industrial Gil Vicente, em Belém, com o vencimento mensal de 50$000.
Suprimida esta, por Decreto de 8 de Outubro de 1891, Casanova foi colocado na
Afonso Domingues, em Xabregas, para, logo a seguir e definitivamente, ser
destacado para a Escola Príncipe Real, ao Rato.
Entretanto, Casanova – nomeado Pintor da Real Câmara, desde 13 de Novembro de 1885 – foi consolidando um estatuto de certo relevo na corte, passando a acompanhá-la de modo sistemático nas suas itinerâncias pelos paços reais, chegando, sem surpresa, a ver-se incluído no rol dos acompanhantes da rainha D. Amélia e dos Príncipes, na viagem cultural que esta Senhora empreendeu pelo Mediterrâneo, entre Fevereiro e Maio de 1903, a bordo do iate real «Amélia»
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Nesta empresa, em que foram escaladas cidades como Cádis,
Gibraltar, Argel, Tunes, La Valletta, Alexandria, Cairo, Tebas, Palermo,
Nápoles, Mónaco e Marselha, Casanova revelou-se, para além de mestre atento aos
registos executados pelos seus reais discípulos, fotógrafo empenhado, fixando
um considerável número de imagens, procurando não raro enquadrar os seus
companheiros de viagem nos mais interessantes aspectos da monumentalidade
visitada.
Todavia, face a um ambiente político que persistia em não favorecê-lo, Casanova, cerca de 1880, decidiu-se pela vinda para Portugal.
Aqui obteve trabalho, de imediato, na Litografia Portugal, onde, mercê da qualidade da sua obra, se destacou dos restantes colaboradores.


Com efeito, na mesma altura, ao executar uma aguarela do Chiado e do Largo Camões, Casanova foi surpreendido pelo olhar atento e conhecedor de Juan Valera, embaixador de Espanha em Lisboa, que oportunamente o recomendou ao rei D. Luís.
Deste modo – e porque o monarca português comungasse da ideia, então em voga, de que a aguarela era o género de pintura mais propício à iniciação aos trabalhos a óleo – Enrique Casanova foi chamado para o círculo restrito da corte, a fim de instruir o Príncipe Real D. Carlos e o Infante D. Afonso naquela complexa arte.

Porém, estava longe de se esgotar aqui a actividade de Casanova como professor. E se oficialmente havia cessado de ministrar as aulas aos Príncipes, a verdade é que nunca deixaria de os acompanhar artisticamente, sobretudo a D. Carlos, de quem era admirador inconfessado e a quem reconhecia o maior talento.
Por seu lado, os restantes membros da Família Real, ante a declarada competência do pintor aragonês, não hesitaram em tomá-lo, também eles, para mestre de desenho e pintura, sendo os honorários pagos pela Administração da Casa da Rainha. Facto é que os ensinamentos de Casanova foram frutificando, emergindo claramente da obra de D. Maria Pia, de D. Luís e de D. Amélia.

No primeiro caso, entre os que usufruíram dos seus serviços, contam-se D. Isabel e D. Margarida Luz, filhas do Visconde de Coruche, D. Maria Domingas Cabral da Câmara (Belmonte), Eduardo Augusto da Silva, José Bazaliza, José Maria Martins, Luís António Sanches, Ribeiro Artur, Roque Gameiro, Ricardo Hogan e Manuel de San Romão. Alguns deles, aliás, frequentariam o curso nocturno de desenho e aguarela que Casanova abrira numa dependência da Real Casa Pia, em Belém.

Entretanto, Casanova – nomeado Pintor da Real Câmara, desde 13 de Novembro de 1885 – foi consolidando um estatuto de certo relevo na corte, passando a acompanhá-la de modo sistemático nas suas itinerâncias pelos paços reais, chegando, sem surpresa, a ver-se incluído no rol dos acompanhantes da rainha D. Amélia e dos Príncipes, na viagem cultural que esta Senhora empreendeu pelo Mediterrâneo, entre Fevereiro e Maio de 1903, a bordo do iate real «Amélia»
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Guerra Junqueiro - Aguarela de Casanova |
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Casanova |
Toda esta actividade não impedia, porém, que o artista fosse desenvolvendo a sua carreira individual, cultivando, para além da aguarela, o guacho, o pastel e o óleo, chegando a exibir alguns trabalhos na 14ª Exposição da Sociedade Promotora de Belas Artes – 1887, na 2ª Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes – 1902 e na 6ª Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes – 1906. Na Ericeira, Em Paço d’Arcos, No Cabo da Roca, Dos bons tempos, Na Guia, Recordações de Toledo, Recanto de Sintra, Espanhola, Farol de Santa Marta, Guerreiro, constituem alguns dos principais títulos que ilustram a sua pintura de cavalete. Artista «possuído de técnica segura, baseada num sólido desenho, empregando notável transparência nas aguarelas, e respeitando os brancos do papel para os pontos luminosos», Casanova afirmava-se cada vez mais como pintor de largos recursos.
Foi igualmente a aguarela que registou, por encomenda de D. Maria Pia, uma série de interiores dos paços reais da Ajuda, Cascais e Sintra, executada com a perfeição técnica que invariavelmente punha nos seus trabalhos. O respeito pela realidade que, à época, se exigia para este tipo de manifestações, revelar-se-ia da maior importância quando, um século mais tarde, o Palácio Nacional da Ajuda as tomou como fonte privilegiada para a reconstituição histórica das suas salas que, aliás, já vinha empreendendo.

Como escultor, executou, entre outras peças, o bronze Cabeça de Cristo, que figurou na Exposição de Arte Retrospectiva, em 1937.

Proclamada a República, Casanova retirou-se para Madrid – porém não antes de Março de 1911 – indo hospedar-se na Casa dos Artistas, fundada por Luís Sainz. A sua entrada nesta instituição deveu-se provavelmente ao pintor Juan José Gárate, seu velho amigo, que também o introduziu no meio intelectual e artístico da capital espanhola. Entretanto, vieram juntar-se-lhe Agustina, sua mulher e companheira de sempre, e Pilar, sua cunhada.

Em 1912, Enrique Casanova, como em reconhecimento pelo respeito e amizade com que, durante toda uma vida, fora tratado pelos colegas portugueses, não poupou esforços, numa acção de bastidores, para que o maior número possível deles pudesse participar na Exposição de Madrid desse ano, que se realizava nos Palácios do Retiro. Conseguiu, assim, que estivessem presentes vinte e cinco pintores e sete escultores portugueses.
Embora não sendo um velho, Casanova vinha padecendo, há tempos, de uma doença de estômago que muito o incomodava. Por outro lado, o assassínio do seu amigo e rei D. Carlos, os distúrbios violentos acarretados pela revolução republicana portuguesa e até o afastamento de sua filha Virgínia para Barcelona foram factores que terão contribuído para o agravamento do seu estado de saúde.
Facto é que, desde o início de 1913, as suas moléstias aumentaram e nem os esforços do médico Luís Francés impediriam a sua morte, ocorrida a 16 de Outubro desse ano. http://www.palacioajuda.gov.pt/pt-PT/galeriavirtual/album/PrintVersionContentDetail.aspx?id=456
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