Prá História da
Independência de STP e do Jornalismo massacrado e heróico que não conta nas estatísticas e nos laureados - Jorge Trabulo Marques –
Jornalista em STP – Antes de depois do 25 de Abril
Este é mais um dos registos, que aproveito
para recordar do meu arquivo e que pude gravar em 2015, quer nas
comemorações do 12 de Julho, quer durante a minha estadia, aquele ano, na
maravilhosa Ilha de S. Tomé.
Albertino Bragança,
autor de vários livros, detentor de um
prestigiado currículo, quer em termos políticos, quer no âmbito cultural
Encontrava-se em Portugal,
quando se deu a Revolução de Abril, tendo
frequentado a Universidade de Coimbra (Faculdade de Ciências) entre 1964 e 1969.


Albertino Homem dos Santos Sequeira Bragança nasceu em S. Tomé, em 9 de Março de 1944 - Foi ele, que, em Lisboa, na qualidade de membro da Associação Cívica Pró-MLLSTP, organizou a primeira grande manifestação pró-independência – Diz: Eu lembro-me, que, em Lisboa, quando a 27 de Julho, o General Spínola fez uma declaração a reconhecer o direito à autodeterminação e independência de Angola, Moçambique e da Guiné-Bissau mas não falou de S. Tomé e Príncipe e de Cabo Verde, então nós fizemos uma grande manifestação de mais 50 mil pessoas em Lisboa e fomos ter com Kurt Valdaime, que era na altura, o Secretário-Geral das Nações Unida
Em 1985 organiza, com a reputada poetisa Alda do Espírito Santo e a plêiade de jovens dedicados às artes e letras de S. Tomé e Príncipe, a União Nacional de Escritores e Artistas de S. Tomé e Príncipe (UNEAS), de que é Secretário-Geral.

S. Tomé e Principe - Dos tempos heroicos
de Associação Cívica Pró-MLTP à Proclamação da Liga dos Combatentes da
Liberdade da Pátria a 12 de Julho de 20015.


UM BRAVO À ASSOCIAÇÃO CÍVICA
PRÓ-MLSTP




"Há alguma desilusão mas não desesperança"
Na qualidade de jornalista da revista angolana, Semana Ilustrada, tive oportunidade de acompanhar e divulgar, muitas dessas ações, e dialogar pessoalmente com Filinto Costa Alegre, assim, como com outros membros desta dinâmica associação, e, posteriormente, com os principais dirigentes do MLSTP e outras figuras que entretanto surgiram na ribalta do processo de descolonização e democratização.
AS BOAS SEMENTES DÃO SEMPRE BONS FRUTOS – O
IMPORTANTE É QUE NÃO SEJAM PIZADAS OU MERGULHADAS PELO ALASTRAR DAS ERVAS
DANINHAS

Do seu programa, aprovado na mesma data, de
largo alcance mas sintetizado em cinco pontos fundamentais:
Independência imediata e completa
Regime democrático, anticolonialista e
anti-imperialista
Reconstrução económica
Política independente e pacífica
5. Unidade Africana.

Os estatutos da Associação Cívica foram
aprovados na Assembleia desta organização, no dia 15 de Agaoto de 1974,
compostos por 34 artigos que Não tivemos o prazer e a hora de assistir ao ato
formal da assinatura da nova associação, de 25 pontos que definiam a criação
INTERVENÇÃO DE CARLOS TINY NO ACTO DE
PROCLAMAÇÃO DA LIGA DOS COMBATENTES DA LIBERDADE DA PÁTRIA A 12 JULHO 2015-07-08
O PAPEL DA ASSOCIAÇÃO CÍVICA PRO-MLSTP NA LUTA
PELA INDEPENDÊNCIA

Durante esta semana e graças a um
interessantíssimo trabalho passado na TVS, um documentário/filme, pudemos ver
expressas as mais diversas e por vezes antagónicas opiniões sobre a “Cívica”.
Se diversas e até mesmo contraditórias, há um ponto comum a todas elas. É que
todas, absolutamente todas reconhecem que a Cívica existiu e jogou um papel que
para a maioria foiimportante – se bem que …
acrescentem muitas vezes a sua avaliação própria a que não quero disputar
legitimidade pois não me parece importante nesta minha intervenção…
O que fica claro é que a Cívica jogou um
papel importante no processo de libertação da pátria, em particular na sua
última fase. Não há nenhum protagonista dessa fase, nem mesmo testemunha, que
ouse questionar esse facto. Nisso estamos todos de acordo. Nessas diversas
intervenções, as divergências, quando existiram, eram quanto à natureza dessa
intervenção e à sua, digamos dimensão. Em todo o caso TODOS falaram da Cívica.
Fazendo apelo a uma canção divulgada pelo
popular cantor Godinho e pelo conjunto Mindelo, digo citando:
“Tlaba kua bô guada kua bô antê dja cé,
Na ligui kua ngê di mundu pê cabeça fa
Shi bô ligui ê bô ka molê sê dja chiga…
Godinho ê, legué inem flá
Shi a na fla ni bô fa
Sa punda bô na ska vivê fa…”
Assente este ponto eu me questionaria nos
seguintes termos:
O que é que foi essa Instituição que para
todas as pessoas que viveram essa época (e não só) tão bem conheceram e
conhecem, umas amando-a, outras desamando-as, odiando mesmo como basta
revisitar o documentário que acima mencionei?
Quero chocar alguns de vós os presentes
com a constatação que faço e justifico a seguir:
Essa Instituição, que todos conheciam à época,
é hoje desconhecida, ignorada, incompreendida pela maioria da nossa população…
Choquei-vos?
Sim, e repito a maioria
da nossa população desconhece essa instituição; a Cívica, que para
alguns de nós significa o ponto alto das nossas vidas, motivo de orgulho que
transmitimos aos nossos filhos e netos (pois é, já temos netos…) é hoje
desconhecida pela maioria da nossa população que lhe é completamente alheia.
Expliquemo-nos:
De acordo com o IV Recenseamento Geral da População e da Habitação de STP de 2012, a percentagem da população com menos de 40 anos representava nessa altura mais de 80% do total, mais precisamente 81,7%. Podemos portanto dizer com elevado grau de segurança, pois que não aconteceu nenhum cataclismo em STP desde essa altura e que pudesse ter modificado significativamente a estrutura demográfica da população santomense, podemos portanto estimar, dizia eu, que as crianças que nasceram no dia da independência ou melhor ainda desde a altura da independência representam mais de 80% da população
.
Se a essa população juntarmos os 7,9 %
que, segundo a mesmo fonte, era a percentagem da população que tinha entre 40 e
49 anos, estamos a falar de gente com menos de cinquenta anos que no total
representariam cerca de 90% da população santomense de hoje, ou se quisermos
ser mais precisos, 89,6%.
Preciso que estamos a falar dos
santomenses que nasceram depois de 12 de Julho de 75 e dos que nessa altura
teriam menos de 10 anos; e junto esses últimos, os que tinham menos de dez anos
porquanto esses não tinham consciência de factos políticos de que a Cívica era
um…
Acho que seria, pois, aceitável dizer que para cerca de 90% da população a Cívica seria uma realidade muito “baça”… Sim, é que essa gente não vivenciou essa realidade, pouco ou nada leu sobre ela, até porque pouco ou muito pouco se escreveu sobre ela; a mesma não consta adequada e objectivamente dos manuais escolares e, é preciso dizê-lo, houve uma “Conspiração do silêncio”para “apagar” o nome da Cívica da história mais recente de São Tomé e Príncipe.
Vejam os discursos oficiais, leiam ou revisitem
as intervenções dos “grandes líderes”… e contem as referências à Cívica… Das
poucas vezes quando diretamente questionados muito poucos falem dela, mas
muitos dificilmente resistem esconder as suas garras retrácteis…
Sim. Houve sim um certa tergiversação da realidade, uma manipulação da história que urge em definitivo
contrariar senão mesmo denunciar.
Todavia, meus caros, é preciso que o
digamos e assumamos claramente que os principais culpados dessa
falha somos NÓS.
De facto, o que é que nós, os que
participamos ativamente na Cívica, fizemos pela divulgação do seu ideário, das
suas atividades, composição e importância?
Muito pouco, quase nada…
Com o nosso silêncio cúmplice chegamos até
aqui…
É, pois, necessário que primeiro apontemos o
dedo a nós próprios e apenas depois a outros também.
Houve tergiversação da realidade? Houve
sim…
Houve manipulação da história? Houve sim….
Houve “Esquecimento”? Sim, houve….
Houve silenciamento e apagamento? Sim,
houve
Se é verdade que houve de tudo isso, é
também verdade que houve nesse período pouco, muito pouco de NÓS…

Falar da Associação Cívica, e antes do mais
falar da longa e dura luta do povo santomense pela sua liberdade e independência. Há pois que enquadra-la nesse contexto,
encontrar o seu lugar nessa luta, situa-la nesse contexto mais amplo da
história dessa luta histórica, no quadro da luta de Yon Gato e Amador, da ansia
dos trabalhadores contratados e forros nas roças contra os maus tratos, a
descriminação e exploração erigidas em regra de convivência social.
O MLSTP, para além das estruturas
dirigentes no exterior, tinha estruturas internas aqui em STP animadas pelos
“velhos combatentes” que mencionei acima liderados pela Alda do Espírito Santo.
– Mais pormenores em O
papel da Associação Cívica pro-MLSTP na luta
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