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quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Guiné Equatorial celebra hoje, o 44º Aniversário do Golpe da Liberdade, em ambiente de paz e de festa – Gracias Presidente Obiang por salvar mi vida - Salvou-me de ser enforcado 4 anos antes de ter libertado o seu pais da tirania de Francisco Macias, de um dos ditadores mais brutais de África

Jorge Trabulo Marques - Jornalista



Graças a Deus estou vivo e o devo ao humanismo e à compreensão do então Comandante Obiang, atual Presidente, que, no dia em que ia ser executado, me chamou ao seu gabinete, quando, pouco depois de sair acorrentado da minha estreita e nauseabunda cela, um inesperado telefonema, soando no corredor, ordenou ao Comissário da cadeia, que seguia a liderar a minha execução com dois guardas, fosse levado à sua presença.

A missa pelo 44º Aniversário do Golpe da Liberdade deste ano de 2023, foi celebrada  na Basílica Catedral de Mongomo, marco da festividade do Golpe da Liberdade. pelo Arcebispado Metropolitano de Malabo, Juan Nsue Edjang e Calixto Paulino de Evinayong, com a presença do casal presidencial, Obiang Nguema Mbasogo e Dra. Constancia Mangue de Obiang,  além de Teodoro Nguema Obiang Mangue, vice-presidente da República responsável pelo Corpo de Defesa Nacional e Segurança do Estado, bem como a primeira-ministra coordenadora da administração, Manuela Roka Botey. 


Guiné Equatorial - 42 anos depois - De regresso ao País onde me senti tranquilo e feliz




No regime de Francisco Macias Nguema 

Fui preso nas masmorras do Odiondo regime de Francisco Macias Nguema  
 – Ele “era conhecido por ordenar a execução de famílias e aldeias inteiras, forçou dezenas de milhares de cidadãos a fugir com medo de perseguição e proteger sua segurança pessoal. Intelectuais e profissionais qualificados eram um alvo específico (…)No final de seu governo, quase toda a classe educada do país foi executada ou forçada ao exílio, Entre os métodos de tortura utilizados estavam . "O balanço" (amarre o prisioneiro pelos pés e mantenha-o pendurado enquanto é espancado, Dada a brutalidade desses métodos, muitos prisioneiros morreram sofrendo com eles. Grande parte dos mortos durante a ditadura de Macías passou pela prisão”(…)  A ilha de Fernando Pó, renomeada como "Isla Macías Nguema".

 

Em 3 de agosto de 1979, Teodoro Obiang Nguema derrubou Francisco Macías Nguema e assumiu o poder na Guiné Equatorial. Sua ação, aplaudida pelos guineenses e pela comunidade internacional, foi totalmente justificada: o país estava em um beco sem saída, esmagado pela tirania brutal imposta por seu primeiro presidente, eleito democraticamente onze anos atrás, quando aquela nação da África Central conquistou sua independência da Espanha, em 12 de outubro de 1968
”. - Webe - Várias fontes. - Foi graças à sua intervenção que fui poupado da forca e libertado - Devo-lhe a vida.















Diário de Bordo  - 27 de
Nov - 1975 - 38º Dia - Eis que, finalmente, depois de 38 dias, me encontro numa praia!... Junto a um recanto!... de ummagnífica montanha! De verdura!... Equatorial!... De plantas exóticas ! das mais variadas espécies!.... Foi extremamente difícil chegar até aqui!... Foi para além mesmo da minha resistência!... Mas finalmente , atingi esta costa!... Esta costa que  se ergue aqui numa montanha de verdura!... De magníficas árvores, das mais variadas cores!...

 Estas foram as últimas palavras que pronunciei para o meu diário gravado, um pequeno gravador que consegui preservar no interior de um contentor de plástico, igual aos do lixo. assim como a máquina fotográfica , cujos rolos  o mar poupou mas que bem podiam ter sido confiscados pelas autoridades policiais da Guiné Equatorial, o que não aconteceu, porventura por descuido, já que, quando me prenderam, além de terem passado tudo a pente fino, até as gravações chegaram a ouvir, de ponta a ponta - E eram seis as  cassetes. 




Mal me arrastava de fraqueza mas sentia-me como se estivesse a viver as aventuras de um inesperado
 Robinson Crusoe - E, mesmo ainda hoje, não sei se sentiria vontade de sair dali tão cedo. Porém, quando me apercebi de que havia um carreiro, muito batido, que ali desembocava e que poderia ser sinal de que a praia não era totalmente selvagem (de resto, pouco depois do nascer do sol e antes de a abordar, já ali tinha visto, na pequena língua do negro areal, um homem à cata de ovos de tartaruga) pelo que não tive outro remédio senão seguir aquele mesmo careiro, que me levaria a uma finca  - à sede de uma plantação de cacau.  Tal facto, ia-me custando a vida. Tomado por espião e depois de ter passado a primeira noite nos calabouços de uma esquadra, fui transferido algemado para ser encarcerado na então tenebrosa prisão de Black Beach, em Punta Fernando.



Revivo por instantes os terríveis e maravilhosos momentos vividos. E começo a chorar de intensa comoção. As lágrimas mourejam-me nos olhos e perdem-se pela face e pela barba, enegrecida e  queimada pelo sol ardente equatorial  e as desgastantes maresias

É então que sinto o meu coração ficar simultaneamente aliviado e me dou conta que estou finalmente salvo. Sim, já não tenho a menor dúvida: o momento, tão ansiosamente esperado, havia chegado. Sinto-me bem disposto, posso tranquilizar-me à vontade. E aspirar, com todos os meus pulmões, este hálito benfazejo e perfumado da floresta, deste fascinante rincão  de natureza plena de frescura, viscosidade e de mistério.  

E sorrio, sorrio, doido de contente, como que animado por um selvagem alegria, deambulando de um lado para o outro desta frondosa praia, sorrindo e gesticulando a cada instante, sorrindo sempre, ingénua e inocentemente, tal qual o sorriso de uma criança, quando a mãe lhe oferece um lindo brinquedo, ao sentir-me presenteado por esta maravilhosa e abençoada terra, que se me oferece como um verdadeiro paraíso perdido do resto do mundo, como se por vontade sobrenatural, depois de tantos tormentos, me fosse oferecido  como seu único possuidor e mandatário.


Lisboa - Julho 2022
Estive em Malabo e em Bata, em Julho de 2017, no Congresso VI Congresso do Partido Democrático da Guiné Equatorial, para lhe testemunhar publicamente a minha gratidão, mas, agora, pude fazê-lo com um caloroso aperto de mãos

Embaixador Tito Mba Ada
Obrigado, uma vez mais, também à cortesia do diplomataTito Mba Ada,  Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Guiné Equatorial em Portugal, por ocasião da celebração do 40º Aniversário do Golpe da Liberdade, a quem fico a dever a cortesia deste encontro e da viagem ao seu maravilhoso país, em 2017

Sim, de modo algum  posso esquecer o gesto magnânimo e humanista, do então jovem Tenente-Coronel, que, quatro anos antes libertar o seu país do despotismo de seu tio, Francisco Macias, me mandou libertar da cadeia e do caminho para a execução, por alegada suspeição de espionagem, quando ali aportei numa frágil piroga, após 38 dias de tormentoso calvário

Quando a rebelião do Golpe da Liberdade começou, na madrugada de 3 de Agosto de 1979, com a ocupação de pontos estratégicos em Bata, houve alguns confrontos armados. Malabo, por outro lado, estava calma.

A poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu, a propósito do golpe de 25 de Abril de 1974, em Portugal:
“Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo”
Pode-se dizer que, nessa madrugada há 42 anos, a Guiné Equatorial também emergiu, finalmente, da noite e do silêncio.

De miserável náufrago a perigoso prisioneiro - 38 dias de sofrimento na vastidão do Golfo da Guiné:  depois de pisar areia macia, do recanto uma discreta praia, algures em Bococo e de ter sido humanamente recebido numa finca de cacau, neste mesmo dia à noite sou depois conduzido algemado  a um escuro calabouço e, no dia seguinte,  a  uma sinistra cela do reino de terror  de  Francisco Macias Nguema 

Instantes depois desta fotografia, a canoa abrir-se-ía em pedaços.




28 de Nov de 1975


Fundeado junto a uma praia da região de  Bococo, a sul da Ilha de Bioko - Guiné Equatorial - 
 26 de Novembro de 1975 -  Era já noite e não pude acostar. Na manhã seguinte, descobriria, na mesma orla, algures para oeste, um pequeno areal negro onde pude finalmente desembarcar. As horas magníficas que ali passei durante a manhã, naquela pequena enseda luxuriante -  qual  aspirante a Robinson Crusoe  e depois a caminhada pela floresta que me levaria a uma finca de cacau, a forma amistosa como ali fui bem recebido a contrastar com o comportamento desumano das autoridades que, mesmo extremamente debilitado, nesse dia à noite, me levariam para os calabouços de uma esquadra, sob supeita de espionagem, tendo, no dia seguinte, sido conduzido algemado para a  mais temível cadeia de África - a tenebrosa Blach Becah  -  Quer dizer morte. Quando um prisioneiro chega a esta prisão, sua família começa a preparar o caixão.- Os relatos, dessas vicissitudes por que passei na Guiné Equatorial,  que pude redigir na minha cela, cujos cadernos guardo mas, dada a  sua extensão, conto editá-los em próximas postagens - Junho ou Julho - Para já, veja como foi a minha aproximação a terra, após tão longo e penoso calvário de tormentosos  dias e noites de incerteza.


Muito por culpa do comandante do pesqueiro americano, Hornet, que me tendo prometido, em S.Tomé, que me largaria a sul de Ano Bom, na influência da corrente equatorial que me arrastaria para o Brasil - rota que pretendia seguir - me trocou as voltas, quando fundeou a Norte e ao largo daquela ilha: ou fica a bordo ou canoa ao mar - Optei pelo regresso a S.Tomé  - E, navegar no Golfo, em plena época das chuvas e dos tornados, numa frágil canoa, era opção quase suicida, de vida ou de morte - Apesar de tudo, quis o destino que, mesmo tendo sido atingido por violenta tempestade, logo na primeira noite, que me causaria a perda de quase todos os apetrechos e víveres, fosse um homem de sorte



GUINÉ EQUATORIAL TRÊS SÉCULOS -  COLÓNIA PORTUGUESA 

Guiné Equatorial  - Colónia portuguesa 1472 a 1778  - E colónia espanhola, desde então até 12 de Outubro de 1968. Está localizado na sub-região da África central com uma área de 28,051.46 km2, com continente e outras ilhas formadas pelas ilhas de Bioko, Annobom, Corisco, Elobeyes e ilhotas adjacentes. Com uma população de 1,222,442 habitantes residentes..

QUEM É QUE DIZ QUE A  GUINÉ EQUATORIAL NÃO DEVERIA PERTENCER À CPLP? - UM TERRITÓRIO DESCOBERTO POR PORTUGUESES E NA SUA POSSE MAIS DE TRÊS SÉCULOS? - Não foram os pobres  e humiles negros que quiseram deixar de pertencer à coroa de Portugal, bem pelo contrário, até se opuseram violentamente quando foram confrontados com as imposições régias, mas os arranjos palacianos -  ... "e tendo se celebrado o officio Divino da Missa acabado elle convocando o Capitão Mor da sobredita Ilha, e alguns negros mais principaes, lhe propus as ordens de Sua Mag.de Fidelíssima, para a cessão da mesma, dizendo lhes hera precizo, que juraçem obediencia a El Rey Catholico, como determinava a Nossa Soberana, ao que me responderão  todos, que não, e que elles não conheciao senão a El Rey de Portugal, e que do de Espanha nunca ouvirão falar;


Fernando Pó - 1771
1770/Ju/ho/16, Lisboa - «Quarta instrucção para Vicente Gomes Ferreira sobre a ilha de Fernão do Pó.

(...) a ilha de Fernão do Po foi duscuberta no reinado de El Rey D. Affonço 5°, por hum cavalheiro portuguez, que lhe deu o seu nome; Que a dita ilha foi habitada por portuguezes; E que nella construirão os mesmos portuguezes huma Fortaleza: que ainda hoje vem marcada em algumas cartas geográficas debaixo do nome; de ilha e forte portuguez; Como são as cartas de Guilherme de L'Isle; E que por consequencia havia para ali huma navegação portugueza.



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