12 de Junho República Democrática de São Tomé e Príncipe. Comemora hoje
Reportagem do dia 12 .Comemorações do 38º aniversário,
13 de JunhoAuto Floripes e Tchiloli - A Património Imaterial da Humanidade
Reportagem do dia 14 na Quinta das Conchas Grande Festa da Comunidade
Quem
esperava que a feira do Livro, havia terminado no dia 13 de Junho, no Parque
Eduardo VII, enganou-se – É que, noutra zona não menos bonita de Lisboa,
o Parque Expo, estava previsto um outro certame: para os dias 5 e 6 de
Julho, já com o sol a pino (e por sinal ainda mais abrasivo que nas Ilhas
Verdes do Equador – Tratava-se da 2ª Edição da Feira do Livro de São Tomé
e Príncipe, em Portugal.
II Edição da Feira do Livro de São Tomé e Príncipe em Portugal
Não foi ao ar livre – pois houve que conjugar o espaço reservado à mostra dos livros e à Exposição fotográfica “Reencontros em Lisboa” de Alcibiades Pequeno, com outras iniciativas reservadas para o auditório: espetáculos musicais, conferências e a Projeção do documentário “São Tomé e o coro das palavras” – de Carlos e Marina Brandão Lucas, seguido de conversa com o autor.
A organização foi da responsabilidade da Mén Non – Associação das Mulheres de São Tomé e Príncipe em Portugal em parceria com a UNEAS - União dos Escritores e Artistas de São Tomé e Príncipe
Missão - Atingir jovens imigrantes e
portugueses que queiram conhecer melhor São Tomé e Príncipe, promovendo
um programa de inclusão social através da literatura e da cultura.
Objetivo - Promover, divulgar e
valorizar a cultura de São Tomé e Príncipe, renovar apostas, conquistar novos
leitores, fazer a divulgação dos livros, fomentar e estimular sobretudo nos
jovens o gosto pela literatura e pela leitura.
De facto,
não estávamos a contar com tão interessante mostra cultural – Pois, quem diz
que, em S. Tomé, não há bons escritores, músicos e poetas? está redondamente
enganado! Aliás, sempre houve – Mas
agora ainda há mais . A música é que dificilmente voltará a ser como dantes. O
mundo das novas tecnologias, em toda a parte, trouxe avanços em muitos aspetos
mas desvirtuou e provocou grandes roturas noutros – Alterou sonoridades, melodias,
ritmos, tradições que deviam manter-se. Perderam-se e desvirtuaram-se, sons, irreparavelmente! - Muitos desses importantes
valores, dessa riquíssima memória, foi pervetida.
Desconhecia-mos
o evento. Foi um amigo santomense que nos alertou - Daí que só pudéssemos
estar na tarde de Domingo – Perdemos um conjunto de iniciativas, muito enriquecedoras,
que ter-nos-iam dado muito prazer. Em todo o caso, tivemos oportunidade
de conviver e de participar, em bons momentos. Ao entrarmos na sala, onde
se encontravam expostos os vários livros, vem junto de nós, um jovem
santomense, a rondar os 30, que inesperadamente nos coloca esta pergunta:
O Sr. Jorge, sabe quem eu sou?!... A sua imagem não nos era totalmente
desconhecida mas não a conseguimos situar. Vendo o nosso embaraço, responde:
“Sou o sobrinho do Marinho Costa! - Claro, não podia faltar o natural abraço.
Falava-nos do nosso
maior amigo de S. Tomé, que falecera no princípio do ano – Foi ele o autor da única fotografia,
que deu a volta ao mundo, publicada nas manchetes dos jornais e revistas da imprensa mundial, em 1974, que fez ao malogrado Rodrigues Pinta de 59 anos, conhecido por Giovani, morto por uma bala perdida (?) durante um tumulto no Riboque
Indubitavelmente, um dos melhores fotógrafos, destas ilhas. Fora um excelente colaborador da revista Semana Ilustrada, de Luanda, durante o período em que ali fomos correspondente. Além disso, depois de vir para Portugal, foi com ele que pudemos fazer inúmeros trabalhos fotográficos, no seio da comunidade africana. Tinha o seu laboratório instalado na Cova da Moura - Num bairro algo problemático e complicado - À semelhança de outros moradores, começou por erguer um simples barracão, até que edificou um edifício de dois pisos - Era admirado e respeitado - Nunca ali teve nenhum problema.
Na sequência da privatização da Rádio Comercial, encontrávamo-nos desempregado, tendo-nos dado uma oportunidade de trabalho – Nomeadamente, nas reportagens de casamentos e batizados ao fim-de-semana, sobretudo por esta altura – Nas festas de arromba dos cabo-verdianos - Não olham a gastos, desde a primeira comunhão ao batismo ou casamento, encaram todas estas cerimónias muito a sério - Tudo muito aperaltado e festivo. São talvez dos africanos, mais dados à extravagância e à folia. Os santomenses, amáveis e sorridentes, como talvez não haja outro povo, adoram divertir-se mas são mais comedidos nos gastos.
Agora, toda a gente já dispõe de máquinas digitais: fecharam as lojas de fotografia, os fotógrafos casamenteiros, estão em vias de extinção. Marinho Costa, não foi apenas o fotógrafo de estúdio ou de trabalhos particulares, ou o fotógrafo oficial da RDP, mas um autêntico artista fotográfico, tendo sido convidado por várias embaixadas, quer a fazer serviços em Portugal, quer a deslocar-se ao estrangeiro - E também às suas adoráveis Ilhas, onde mantinha um estúdio e manteve colaboração ativa com as entidades dos vários governos do seu país. Oxalá, um dia, seja recordado à altura do seu justíssimo mérito.
PARABÉNS AAlcibiades Pequeno·A POR ESTE MAGNIFICO VIDEO
ENCONTRO COM
A POETA OLINDA BEJA E COM ALCIBÍADES PEQUENO, O REPÓRTER DE FOTOGRAFIA E
DA TELEVISÃO DE S. TOMÉ, ,
Outra surpresa que não esperávamos foi a da poeta Alda Beja,
que tinha acabado de fazer um recital de poesia "Bô Tendê?, com
acompanhamento musical de Felipe Santo e Abnildo Leite - Falava, na
altura, com Alcibides Pequeno, o repórter de fotografia e televisão de S.T.P -
Mal nos viu, chamou-nos para junto do seu marido e de Alcibiades,
que, igualmente surpreendido pela nossa presença, quis lhe falássemos das
nossas aventuras marítimas naqueles mares do Golfo da Guiné. Naturalmente,
confrontados que fomos com algumas das melhores recordações, não tardou
que as lágrimas nos aflorassem aos olhos. Falou mais alto o coração: comovemo-nos.
Faltaram-nos as palavras. Pois, os
12 anos, em S. Tomé, deixaram-nos marcas indeléveis para toda a vida.
Aceitamos, pois, com muito prazer, enviar nosso abraço afetuoso ao Povo de S..
Tomé, recordar algumas dessas nossas odisseias, mas só um pouco
depois. Houve primeiro que nos refazermos de tão caloroso encontro - E até
porque, do metro até aquelas instalações, ainda apanhámos uma torreira de sol,
que nos deixara quase sem respiração
SUGERIMOS PARA QUE, OS PAISES SITUADOS NO GOLFO DA GUINÉ DE NORTE A SUL, EMPREENDAM A VIAGEM
ÉPICA AO PASSADO - LIGANDO O SUL DO GABÃO, ANO BOM E S. TOMÉ.
E QUE PAÍSES SÃO ESSES:
E QUE PAÍSES SÃO ESSES:
NOMEADAMENTE:
LIBÉRIA, COSTA DO MARFIM, GANA, BENIM, NIGÉRIA, GUINÉ EQUATORIAL, S. TOMÉ E PRINCIPE, CAMARÕES, GABÃO, CONGO E ANGOLA,
LIBÉRIA, COSTA DO MARFIM, GANA, BENIM, NIGÉRIA, GUINÉ EQUATORIAL, S. TOMÉ E PRINCIPE, CAMARÕES, GABÃO, CONGO E ANGOLA,
Na verdade, deu-nos muito prazer recordar para a televisão de S. Tomé
e Príncipe, alguns dos episódios vividos naqueles vastíssimos mares, sim,
mas não menos agradável deixou de ser o convívio
estabelecido com o excelente repórter, que também ali
tinha uma fantástica exposição fotográfica de sua autoria - A quem revelámos,
em primeira mão, o desejo de que, no próximo ano, por altura
da Gravana, houvesse uma travessia em canoa, com partida ao sul do Gabão, aproveitando
os ventos alíseos e as correntes. Em que cada país disponibilizasse uma canoa e
preparasse a sua tripulação, composta exclusivamente por pescadores das pirogas
- Já demonstrámos, através das várias travessias que empreendemos, entre as
ilhas, e entre estas e o continente, da possibilidade das canoas fazerem
grandes viagens marítimas e, dos povos, do litoral do Golfo da Guiné, terem
demandado e povoado as ilhas, muito antes dos árabes e europeus, ali terem
chegado.
Uma viagem, envolvendo representações dos vários países, com um passado histórico ligado ao Golfo da Guiné,.para além de poder ser um
admirável apelo às raízes de um passado ancestral comum, reforçaria ainda mais essa afinidade cultural e poderia constituir-se como um evento de repercussão mundial.
– Constituindo-se, também, como oportunidade de debate e reflexão - Sobretudo, numa altura em que, os
mares do Golfo, da Guiné, se deparam com um inimigo comum, a pirataria,
em que os países africanos buscam combater a pirataria no Golfo da Guiné. Se
promovem conferências e organizam comissões, ao mais alto nível, com esse
objetivo Em evento apoiado pela ONU, países africanos buscam combater a piarariara
do Golfo da Guiné .....Comissão do Golfo da Guiné preocupada
com actos de pirataria...Mil marinheiros foram em 2012 vítimas da pirataria
no Golfo da Guiné
Do Golfo da
Guiné guardam-se más memórias do passado colonial mas é importante que,
na atualidade, também não seja um mar de piratas mas um mar de paz e de tranquilidade, tal como são as suas
calmarias, depois dos tornados. Há que saber salvaguardar e aproveitar os seus imensos recursos naturais,
sem ameaças e sem agressões, sejam de que natureza for. Claro que, ao propormos
tal abraço épico de pirogas, estamos a contar com o apoio ao longo do percurso.
E num ambiente de franca cordialidade - Sem os golpes baixos do mercado – Tal como
parece ter sido a recente comercialização do arroz dos Camarões -Governo ordena a retirada imediata do arroz importado dos
Camarões... Tendo-se concluido que o que não mata engorda - O mesmo acontecia com o feijoão bichoso, importado de Moçâmdes, no templo colonial -Arroz importado dos Camarões é bom para comer e recomenda-se
Pois,
o importante é o significado do evento e também a demonstração (sem carácter competitivo)
de que as canoas eram capazes, são capazes de fazer longas travessias. E foram elas,, em várias partes do oceanos, as grandes pioneiras do encontro e
expansão das civilizações.
...
Declarei
ao repórter Alcibiades Pequeno, a ideia desse interessante evento desportivo
e histórico, sugerindo para que fossem, os ministérios da cultura e do mar a
chamarem a si a sua organização - Dispondo-nos, no entanto, a colaborar
com a nossa experiencia e dar a nossa desinteressada colaboração. Esperemos que
a ideia, ora lançada, vingue e encontre o indispensável apoio, não apenas junto
das entidades santomenses, como por
parte dos demais países, a que nos referimos, com laços profundos históricos ao
Golfo da Guiné - Imenso palco de tráfico de escravos e também de aventuras
épicas dos povos africanos.
Existem mapas antigos que atestam pelo menos os contactos e o conhecimento dessas ilhas - Demonstrei a possibilidade dessa ligação poder ter sido feita por povos do litoral africano, através das suas pirogas, antes de quaisquer outros colonizadores, ali aportarem. -
Canoe, Rivers Province, Nigeria
Olinda Beja
QUE AS ILHAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE -E, TAMBÉM, ANO BOM – E BIOKO (EX-FERNÃO DO PÓ)- SÃO POSSUIDORAS, NÃO DE CINCO SÉCULOS DE POVOAMENTO E COLONIZAÇÃO MAS DE UMA ORIGEM ANCESTRAL MAIS REMOTA, QUE SE PERDE NA GRANDE JORNADA DA HUMANIDADE.
Existem mapas antigos que atestam pelo menos os contactos e o conhecimento dessas ilhas - Demonstrei a possibilidade dessa ligação poder ter sido feita por povos do litoral africano, através das suas pirogas, antes de quaisquer outros colonizadores, ali aportarem. -
Possibilidade, essa, sempre omitida na historiografia oficial - Embora vá havendo (à distância de centenas de milhas) quem diga que, pelo menos uma era habitada, as outras, desde que se formaram, estiveram à espera das boas intenções dos colonizadores europeus e à mercê dos mosquitos: "Das quatro ilhas deste arquipélago equatorial, a única que foi encontrada povoada foi a de Fernando Pó". -Breve história das ilhas do Golfo da Guiné
Canoe, Rivers Province, Nigeria
'
A GRANDE EPOPEIA AFRICANA NÃO PODE SER IGNORADA - - O continente africano é o berço da humanidade: foi daí que irradiou o Homo sapiens . Os seus homens e mulheres, povoaram lugares nunca dantes povoados; atravessaram continentes , criaram civilizações, culturas e formaram reinos - E, mesmo os que nunca dali partiram para a grande aventura da Diáspora, tinham os seus costumes, as suas tradições e as suas hierarquias - Eram livres à sua maneira.
O europeu veio mais tarde para usar e corromper os próprios comerciantes de escravos, ficando eles com a fatia de leão: para dividiram territórios, humilharem, dominarem e escravizarem as populações a seu belo prazer, usurpando as suas riquezas
AS CANOAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE SÃO MAIS PEQUENAS QUE AS DO LITORAL AFRICANO - As ilhas são montanhosas e as roças também não permitiam o abate de grandes árvores - Mas a ligação dos primeiros povos foi realizada a partir da costa africana para as ilhas à vela e a remos. Actualmente, são frequentes as viagens da Nigéria para São Tomé, com auxílio de motores fora de borda- O regresso é feito à veja e a motor. VEJA ESTES DOIS EXEMPLARES shippage 5.html - ELDER DEMPSTER MEMORIES.***Praia de Eleko, Lagos, Nigéria Posteres de Zazzle.pt*******THE SAMINAKA COMPASS: Nigerian Regattas and Saminaka's African
Tal como referi na postagem, em ilhas asben e sanam, povoadas por canoas africanas
as ilhas do Golfo da Guiné, já haviam sido assinaladas com nomes árabes, em cartas antes da colonização
NA
NIGÉRIA HÁ REGATAS EM DIAS FESTIVOS – RECORDANDO O PASSADO ÉPICO DAS GRANDES
PIROGAS – HÁ QUE RELANÇAR ESSES EVENTOS E TRANSPÔ-LOS PARA UM CONTEXTO AINDA
MAIS AMPLO. ENVOLVENDO OS VÁRIOS PAÍSES COM UMA ANCESTRALIADDE COMUM NO GRANDE
GOLFO DA GUINÉ
“Enquanto
muitas canoas são pequenas, servem para o transporte individual e pesca, as
canoas utilizadas para regatas são geralmente maiores. Grandes
canoas foram utilizadas para o comércio de longa distância ou de partes de
guerra. Eles podem armazenar até 30 pessoas, ou
carregadas com gêneros alimentícios, tecidos e outras mercadorias. Regatas
desenvolvidas como uma versão social das cavalgadas de soldados e comerciantes,
com remadores vestidos iguais, suas canoas decoradas com toldos, galhardetes, e
dançarinos em plataformas anexados.
Stanley
observou uma exposição de canoas de guerra em Uganda século 19: "A maior
canoa visto por mim neste frota medido 72 pés de comprimento, 7 pés de três
centímetros de largura ... Havia provavelmente mais de uma centena de canoas
entre 50 e 70 metros de comprimento e cerca de 50 entre 30 e 50 metros de
comprimento ... a maior classe - 100 em número - exigiria, em média, cinqüenta
homens cada um deles para o homem ". As diferentes frotas de nigerianos foram
comparáveis - Excerto de Nigerian Regattas and Saminaka's African Festival!!!
QUEM SOMOS?
O mar chama por nós, somos ilhéus!
Trazemos nas mãos sal e espuma
cantamos nas canoas
dançamos na bruma
somos pescadores-marinheiros
de marés vivas onde se escondeu
a nossa alma ignota
o nosso povo ilhéu
a nossa ilha balouça ao sabor das vagas
e traz a espraiar-se no areal da História
a voz do gandu
na nossa memória...
Somos a mestiçagem de um deus que quis mostrar
ao universo a nossa cor tisnada
resistimos à voragem do tempo
aos apelos do nada
continuaremos a plantar café cacau
e a comer por gosto fruta-pão
filhos do sol e do mato
arrancados à dor da escravidão
Olinda Beja
OLINDA BEJA - A POETA COM O CORAÇÃO DIVIDIDO ENTRE A SUA AMADA ILHA DE S.
TOMÉ ONDE NASCEU E A SUA BEIRA ALTA PARA ONDE VEIO VIVER DESDE CRIANÇA
Outra surpresa, que não estávamos à
espera, era o amistoso e adorável dialogo com a poeta Olinda Beja.
E até de lhe ouvirmos de viva voz alguns dos seus belíssimos poemas, que
registamos para vídeo - Sem dúvida, uma das maiores poetas da atualidade
de S. Tomé e Príncipe -Se é verdade que ser-se poeta é um dom, dado por divinas
inspirações, não menos verdade é que são as vidas , os acasos, os lugares onde se nasce ou por
onde se passa que determinam a condição de um poeta. Se, Luís de Camões, não tivesse
andado embarcado pelos mares do Atlântico ao Índico, não tinha escrito os
Lusíadas, mesmo que escrevesse uns versos, dificilmente o consagrariam para a posteridade.
O mesmo teria sucedido a Fernando Pessoa, senão tivesse percorrido o atlântico
de Lisboa a Pretória e depois regressado. Jamais a sua alma teria sido iluminada
por tanta força poética e por tanto mar.
Olinda Beja, à semelhança de Almada Negreiros, nasceu em S. Tomé, na
Vila de Guadalupe em 1946, filha de mãe santomense e pai natural da
Beira Ata, tendo partido para Portugal, com apenas dois anos de idade.
Se não se tivesse dado esse curioso ou profético acaso, talvez não fosse a poeta que é hoje, sim, se lá tivesse ficado - Por um lado, porque, as imagens de criança, são marcantes para toda a vida, por outro, porque, ao sentir que perdia o elo à sua terra de origem, houve como que o apelo intrínseco, instintivo, a essas mesmas raízes, aparentemente perdidas. Que, de resto, Olinda, ao longo da sua vida, tem procurado reforçar, através de várias viagens a essas suas ilhas amadas. Lendo poetas e escritores da sua terra natal, convivendo com as suas gentes, com a sua cultura e a sua luxuriante paisagem. Não foi o caso de José Almada Negreiros, que nunca lá regressou. Mesmo assim, que influência!... Mas, olhando para aquele rosto, sorridente, expressivo, onde os traços da mestiçagem, da miscigenação africana, não escondem a sua origem, vê-se, logo num primeiro contato, nas primeiras palavras, que o seu coração fala a linguagem dos trópicos. Das pátrias irmãs, unidas pela mesma língua e história, pertencendo ambas à mesma comunidade da CPLP. - E, de que, Olinda se orgulha, e tem sido a militante apaixonada.
Se não se tivesse dado esse curioso ou profético acaso, talvez não fosse a poeta que é hoje, sim, se lá tivesse ficado - Por um lado, porque, as imagens de criança, são marcantes para toda a vida, por outro, porque, ao sentir que perdia o elo à sua terra de origem, houve como que o apelo intrínseco, instintivo, a essas mesmas raízes, aparentemente perdidas. Que, de resto, Olinda, ao longo da sua vida, tem procurado reforçar, através de várias viagens a essas suas ilhas amadas. Lendo poetas e escritores da sua terra natal, convivendo com as suas gentes, com a sua cultura e a sua luxuriante paisagem. Não foi o caso de José Almada Negreiros, que nunca lá regressou. Mesmo assim, que influência!... Mas, olhando para aquele rosto, sorridente, expressivo, onde os traços da mestiçagem, da miscigenação africana, não escondem a sua origem, vê-se, logo num primeiro contato, nas primeiras palavras, que o seu coração fala a linguagem dos trópicos. Das pátrias irmãs, unidas pela mesma língua e história, pertencendo ambas à mesma comunidade da CPLP. - E, de que, Olinda se orgulha, e tem sido a militante apaixonada.
Sim, Olinda Beja, embora, bem cedo deixasse o clima quente e húmido do
equador, passando a viver nas terras frias da Beira Alta (em cujos horizontes e
espaços rurais, já se inspirou para escrever alguns dos seus mais belos poemas
e livros de ficção, como seja " A Casa do Pastor") não tardou a que,
um dia, respondesse ao mágico canto do Ossobó. Aqueles sons que teria
ouvido em menina. Quando o seu pai e a sua mãe negra, viviam lá pelo interior
da roça - Sons inconfundíveis das lindas aves do paraíso que povoam as
florestas que ensombravam e cobriam as plantações dos
cacaueiros.
"Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Português/Francês) pela
Universidade do Porto, Olinda Beja é docente do Ensino Secundário desde 1976.
Ensina também Língua e Cultura Portuguesa na Suíça, é assessora cultural da
Embaixada de São Tomé e Príncipe e dinamizadora cultural. Publicou os livros de
poemas 'Bô Tendê?', 'Leve, Leve', 'No País do Tchiloli', 'Quebra-Mar' e 'Água
Crioula', os romances 'A Pedra de Villa Nova', '!5 Dias de Regresso' e 'A Ilha
de Izunari' e ainda livros de contos.
Olinda Beja, autora de 16 livros de poesia e ficção, distinguida pelo Prémio Literário Francisco José Tenreiro, atribuído à obra “ A Sombra do
Ocá, tem sido uma autêntica embaixatriz da divulgação da lusofonia,
da cultura das Ilhas de s. Tomé e Príncipe e de Portugal, deslocando-se, frequentemente,
a estabelecimentos de ensino do universo lusófono, dando a conhecer as
ilhas do cacau e fazendo aproximação dos dois povos através da riqueza
cultural que une os dois povos.
O AMOR PROIBIDO - DE ORLANDO PIEDADE
Alguns dos autores, já haviam estado no dia anterior. Foi pena termos
perdido essa extraordinária oportunidade. Ainda pudemos falar com Orlando
Piedade, que ali foi apresentar o seu romance, O Amor Proibido -O enredo
decorre em São Tomé e Príncipe séculos XV-XVIII. Trata-se de "Um amor
proibido entre um negro, filho de escravos, e uma mestiça, filha de uma
fazendeira rica e um branco pertencente às elites colonizadoras, numa sociedade
complexa, dominada pelo racismo, interesses económicos, jogos de poder e
vicissitudes públicas das mais diversas ordens. O Amor Proibido retrata a
chegada dos portugueses, o povoamento das ilhas através do tráfico de escravos
e os degredados provenientes da metrópole, bem como, a fundação das cidades de
São Tomé e de Santo António. Retrata ainda a evolução económica, a criação de
uma sociedade crioula complexa, diversificada e especialmente propensa às
conflitualidades. Os escravos, os angolares, a vida dos foragidos, a vida nas
roças, o papel das mulheres naquela sociedade, as mulheres casadas, o casamento
e as ligações económico-sociais são aspetos também focados, assim como a
formação de uma elite crioula, culturalmente europeizada mas com características particulares, tendencialmente
nacionalistas e com grande mobilidade social.
O AUTOR: Orlando da Glória Silva Piedade nasceu em São Tomé, em 1974. Mestre em
Engenharia Informática pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e
Licenciado em Informática de Gestão pela Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias. Desenvolve a sua atividade profissional como Analista Programador
na Inter Partner Assistance - Portugal, empresa do grupo AXA.
Depois das palavras de abertura por Mén Non – Maria Maomé Smith, foi a vez de Albertino Bragança, falar do tema “Ser São-tomense, quem somos nós? Já pelo fim da tarde, coube a Carlos Almeida, musicólogo da SPA, natural de S. Tomé, falar da música-santomense – A seguir, a Profª. Inocência Mata, dissertou sobre “Literatura feita em S.T.P, após o que, Olinda Beja, fez apresentação do seu mais recente livro “Histórias da Gravana” - Antes do encerramento do programa que terminaria por volta das nove da noite, ainda houve tempo para Armindo de Ceita do Espírito Santo, ele também autor de várias obras, dissertar sobre o “Estado da Economia de São Tomé e Príncipe - E também um espaço para momentos de poesia, uma abordagem à “História dos trajes tradicionais de São Tomé e Príncipe, por Aldina Dias. E, por fim, culminar com um debate, orientado por Nén Nom - Ednilze Luiz, sobre a “Gastronomia São-tomense, Hábitos e Costumes –
A manhã e
tarde reservada à Feira do Livro – Com o recital de poesia "Bô
Tendê?" por Olinda beja, com acompanhamento musical de Felipe Santo
e Abnildo Leite.
O “Amor
Proibido” de Orlando Piedade, foi apresentado por Abílio Neto – Seguiram-se leituras da “ Carta pá Apolinária” de Conceição Deus Lima por
Ângelo Torres. Após o que foi feita a projeção do documentário “São Tomé e o
coro das palavras” – de Carlos e Marina Brandão Lucas, seguido de conversa com
o autor.
Ao declinar
da tarde, espaço para “Animação Cultural – Projeto Dombó, englobando os
principais géneros musicais da cultura Santomense: Socopé, Rumba, Dêxa, Ússua,
Stleva, Puíta, Bulauê, entre outros. Com a participação dos músicos: Açoriano –
Voz/percussões, Filipe Santo- Guitarra/baixo/Voz, Leoníldo Barros
–Guitarra/Voz, Jojó Pinho – Percussão/Voz, Mick Trovoada- Percussão/Voz, Juju
RodriguesBateria/Voz
Carlos
de Almeida, um especialista da música, na Sociedade Portuguesa de Autores, mais conhecido por Camucuço, o santomense que se radicou há já alguns anos
em Portugal, mantendo, todavia, um vínculo muito forte às formosas Ilha Verdes
do Equador -- É dos estudiosos mais
entendidos em questões da música africana, dos PALOP - Claro, melhor de que
ninguém, da investigação musical das maravilhosas ilhas do seu país..Mas também
da música portuguesa -- Daí a razão de ser um dos quadros qualificados da SPT
-- Foi um dos conferencistas na II Edição da Feira do Livro de São Tomé e
Príncipe em Portugal, tendo falado da Música São-tomense, origem e influências
-- A que nos referimos em
http://www.odisseiasnosmares.com/2013/07/stome-e-principe-feira-de-livros-no.html
Já lá vão 38 anos que deixámos as maravilhosas Ilhas de S. Tomé e Príncipe.
E tão ansiosos andamos de lá voltar! - Estamos a fazer esforços
para lá irmos ainda este ano. Desde, aquele dia distante, que me propusemos
atravessar o Oceano Atlântico, numa piroga, muita coisa já mudou: o
modelo das roças coloniais, sabemos que deixou de existir - Ou, por
outras palavras, e está irreconhecível – Teria sido preferível que se
mantivessem, tal como sucedeu em Bioko, ex-Fernando Pó. De facto, é levantável
estarmos assistir a episódios desta natureza .Matagal e vândalos consomem o “castelo” que foi atribuído
à...
Mas, por cá, nomeadamente, pelo Alentejo, durante o período revolucionário,
também se cometeram enormes erros e excessos. Mas acreditamos que não
mudou a cordialidade e a generosidade do Povo destas ilhas -. A população, que,
na altura, creio não ia além dos 70 mil habitantes, cifra-se, atualmente,
para cima 160 mil – Isto só por si é significativo. Dá-nos a indicação de
que deixou de haver menos mortalidade infantil, que houve progressos no
combate ao paludismo e que algo também melhorou no bem-estar das pessoas,
pese o facto das tremendas vicissitudes inerentes aos novos desafios que se têm
colocado ao jovem país – Em todo o caso, deve ser dos únicos lugares de
África, onde a natureza é pródiga e não se morre de fome. No dia 12 de
Julho, comemora-se o 38º ano da sua independência, aqui expressamos os nossos sinceros
votos para que seja um maravilhoso dia de Festa, mas também uma oportunidade de
reflexão: de se pensar, seriamente, nos melhores rumos, com vista a um verdadeiro
progresso e bem-estar das suas populações.
Jorge Trabulo Marques
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