Este site segue a ortografia Luso-Brasileira - Por Jorge Trabulo Marques
De seu nome completo, José
da Vera Cruz Aragão, nascido em S. Tomé, faleceu, neste último sábado, por
volta das 17 horas, em Portugal, com 73 anos, vítima de um cancro- A essa
hora, encontrava-me na Casa Internacional de S. Tomé e Príncipe, a que vou
referir-me no post seguinte, na presença de vários santomenses e de outros
africanos dos países de expressão Portuguesa - Falou-se, a dada altura, que
"há muita coisa na nossa história, que se pretende que se dilua no tempo,
ou mesmo escamotear, frisando-se que " há várias personagens, por exemplo,
para o caso da independência nacional, que tiveram uma grande participação
e que foram praticamente eliminadas de qualquer referência histórica. - Disse.Rufino
Espírito Santo
Pelo que depreendo, também o autor de “Ola Bandela subli” – “quando a Bandeira Subiu”, famosa composição que registou a proclamação da independência a 12 de Julho de 1975, de São Tomé e Príncipe, morreu no silêncio de um hospital, praticamente ignorado e esquecido dos seus conterrâneos. Nessa tarde, ainda ninguém sabia do infausto acontecimento. Pessoalmente, também apenas soube no telejornal da RTP- África, e, com mais pormenores, através do Télanon .
Pelo que depreendo, também o autor de “Ola Bandela subli” – “quando a Bandeira Subiu”, famosa composição que registou a proclamação da independência a 12 de Julho de 1975, de São Tomé e Príncipe, morreu no silêncio de um hospital, praticamente ignorado e esquecido dos seus conterrâneos. Nessa tarde, ainda ninguém sabia do infausto acontecimento. Pessoalmente, também apenas soube no telejornal da RTP- África, e, com mais pormenores, através do Télanon .
Mas quem é que,
tendo ouvido a sua voz, naqueles distantes anos de meados dos anos 60 e 70,
como foi o meu caso, poderá esquecer uma das figuras mais emblemáticas de
"Os Úntues”, autor e intérprete de canções que fazem parte dos clássicos
da música típica das maravilhosas Ilhas Verdes.
Era um regalo
escutar - através do então Emissor Regional de S. Tomé e Príncipe, no horário
dos discos pedidos, os seus tão apreciados trechos musicais.
Conheci de perto, todos os elementos do conjunto - quer nas suas atuações públicas, nos populares "fundões", nomeadamente na Casa do Sporting- E, até na casa onde ensaiavam, julgo que na rua que vai da atual 3 de Fevereiro para a Trindade, e noutros locais - Nos anos 70, de 71 a 75, além de correspondente da Semana Ilustrada, também era operador na rádio, pelo que, por várias vezes, eu e outros colegas, éramos destacados para gravar as suas atuações, bem como dos demais grupos musicais.
Conheci de perto, todos os elementos do conjunto - quer nas suas atuações públicas, nos populares "fundões", nomeadamente na Casa do Sporting- E, até na casa onde ensaiavam, julgo que na rua que vai da atual 3 de Fevereiro para a Trindade, e noutros locais - Nos anos 70, de 71 a 75, além de correspondente da Semana Ilustrada, também era operador na rádio, pelo que, por várias vezes, eu e outros colegas, éramos destacados para gravar as suas atuações, bem como dos demais grupos musicais.
E então o que é que eu
mais recordo de José Aragão? O seu timbre e sonoridade de voz inconfundíveis, que o som da guitarra elétrica, do tambor e dos instrumentos de percussão,
ainda mais faziam ecoar e encantar, sempre, sempre acompanhado com um sorriso, que lhe era natural, como
que enfeitiçado, por algo amoroso e galante, alegre e jovial, profundamente
vivo, doce, nostálgico, e até de uma profunda melancolia e dor, num misto de sentimentos,
que, sucessivamente, era interpretado e ia dando sentido a cada letra e composição.
Mas vou de seguida tomar a liberdade de transcrever a notícia publicada pelo Télanon:, que nos dá
mais pormenores sobre este ídolo da música santomense, que acaba de partir para a eternidade.
O QUE DISSE O
TELANON: - (foto Telanon)
Tinha 73 anos de idade e
era um dos nomes mais prestigiados da música e da cultura são-tomenses. Ficará
na história como o autor de “Ola Bandela subli” – “Quando a Bandeira
Subiu”, famosa composição que registou o acto da independência de São
Tomé e Príncipe.
Enquanto cantor e
compositor cuja carreira musical se confunde com a fase de auge do conjunto “Os
Úntues”, José Aragão foi autor e intérprete de canções que são hoje clássicos
do reportório musical são-tomense.
Com Juvenal Lopes, Leonel
Aguiar, Alberto Morais, Alberto Neto, António Leite e José Canzá, José Aragão
fundou em 1966 o conjunto ‘Os Úntues’, que viria a ocupar o lugar
deixado vago pela extinção do nacionalista conjunto “Os Leoninos”. Tal como os
Leoninos, os Úntues eram inspirados pelos ritmos tradicionais são-tomenses e
vários dos seus temas reflectem, metaforicamente, um posicionamento
nacionalista.
O local privilegiado de
actuação de José Aragão e dos seus companheiros era o Sporting Clube de São
Tomé, uma referência central da cultura e do nacionalismo são-tomenses.
José Aragão e os seus
companheiros do conjunto “Os Úntues” foram os autores de um processo de
modernização da música são-tomense, que passou pelo pioneirismo no uso da
guitarra eléctrica e pela assimilação de influências externas, sobretudo do
Congo, valorizando sempre as raízes da música nacional.
José Aragão foi o autor da
primeira composição do género Ússua gravada por uma banda musical são-tomense:
mili omé benfé-benfé.
Mas, acima de tudo, será
recordado como autor de “Ola bandela subli” canção que grava o momento da
proclamação da independência a 12 de Julho de 1975.
A canção, que tem
conhecido versões de nomes mais jovens da música são-tomense, é uma espécie de
hino ao primeiro hastear da bandeira na Praça da Independência, um hino à
independência.
José da Vera Cruz Aragão
foi membro-fundador da UNEAS, União Nacional dos Escritores e Artistas
São-tomenses e um acérrimo defensor dos valores da são-tomensidade como
demonstram as suas letras musicais e as suas tomadas de posição sobre questões
culturais.
Em várias ocasiões
manifestou-se preocupado com o que descreveu como o facilitismo que grassa hoje
na indústria musical são-tomense e manifestou receios perante o que considerava
a crescente descaracterização da nossa música.
Fonte: WWW.TELANON.INFO
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