Este site segue a ortografia Luso-Brasileira - Por Jorge Trabulo Marques
Pelo que depreendo, também o autor de “Ola Bandela subli” – “quando a Bandeira Subiu”, famosa composição que registou a proclamação da independência a 12 de Julho de 1975, de São Tomé e Príncipe, morreu no silêncio de um hospital, praticamente ignorado e esquecido dos seus conterrâneos. Nessa tarde, ainda ninguém sabia do infausto acontecimento. Pessoalmente, também apenas soube no telejornal da RTP- África, e, com mais pormenores, através do Télanon .


Era um regalo
escutar - através do então Emissor Regional de S. Tomé e Príncipe, no horário
dos discos pedidos, os seus tão apreciados trechos musicais.
Conheci de perto, todos os elementos do conjunto - quer nas suas atuações públicas, nos populares "fundões", nomeadamente na Casa do Sporting- E, até na casa onde ensaiavam, julgo que na rua que vai da atual 3 de Fevereiro para a Trindade, e noutros locais - Nos anos 70, de 71 a 75, além de correspondente da Semana Ilustrada, também era operador na rádio, pelo que, por várias vezes, eu e outros colegas, éramos destacados para gravar as suas atuações, bem como dos demais grupos musicais.
Conheci de perto, todos os elementos do conjunto - quer nas suas atuações públicas, nos populares "fundões", nomeadamente na Casa do Sporting- E, até na casa onde ensaiavam, julgo que na rua que vai da atual 3 de Fevereiro para a Trindade, e noutros locais - Nos anos 70, de 71 a 75, além de correspondente da Semana Ilustrada, também era operador na rádio, pelo que, por várias vezes, eu e outros colegas, éramos destacados para gravar as suas atuações, bem como dos demais grupos musicais.
E então o que é que eu
mais recordo de José Aragão? O seu timbre e sonoridade de voz inconfundíveis, que o som da guitarra elétrica, do tambor e dos instrumentos de percussão,
ainda mais faziam ecoar e encantar, sempre, sempre acompanhado com um sorriso, que lhe era natural, como
que enfeitiçado, por algo amoroso e galante, alegre e jovial, profundamente
vivo, doce, nostálgico, e até de uma profunda melancolia e dor, num misto de sentimentos,
que, sucessivamente, era interpretado e ia dando sentido a cada letra e composição.
Mas vou de seguida tomar a liberdade de transcrever a notícia publicada pelo Télanon:, que nos dá
mais pormenores sobre este ídolo da música santomense, que acaba de partir para a eternidade.
O QUE DISSE O
TELANON: - (foto Telanon)

Enquanto cantor e
compositor cuja carreira musical se confunde com a fase de auge do conjunto “Os
Úntues”, José Aragão foi autor e intérprete de canções que são hoje clássicos
do reportório musical são-tomense.
Com Juvenal Lopes, Leonel
Aguiar, Alberto Morais, Alberto Neto, António Leite e José Canzá, José Aragão
fundou em 1966 o conjunto ‘Os Úntues’, que viria a ocupar o lugar
deixado vago pela extinção do nacionalista conjunto “Os Leoninos”. Tal como os
Leoninos, os Úntues eram inspirados pelos ritmos tradicionais são-tomenses e
vários dos seus temas reflectem, metaforicamente, um posicionamento
nacionalista.
O local privilegiado de
actuação de José Aragão e dos seus companheiros era o Sporting Clube de São
Tomé, uma referência central da cultura e do nacionalismo são-tomenses.
José Aragão e os seus
companheiros do conjunto “Os Úntues” foram os autores de um processo de
modernização da música são-tomense, que passou pelo pioneirismo no uso da
guitarra eléctrica e pela assimilação de influências externas, sobretudo do
Congo, valorizando sempre as raízes da música nacional.
José Aragão foi o autor da
primeira composição do género Ússua gravada por uma banda musical são-tomense:
mili omé benfé-benfé.
Mas, acima de tudo, será
recordado como autor de “Ola bandela subli” canção que grava o momento da
proclamação da independência a 12 de Julho de 1975.
A canção, que tem
conhecido versões de nomes mais jovens da música são-tomense, é uma espécie de
hino ao primeiro hastear da bandeira na Praça da Independência, um hino à
independência.
José da Vera Cruz Aragão
foi membro-fundador da UNEAS, União Nacional dos Escritores e Artistas
São-tomenses e um acérrimo defensor dos valores da são-tomensidade como
demonstram as suas letras musicais e as suas tomadas de posição sobre questões
culturais.
Em várias ocasiões
manifestou-se preocupado com o que descreveu como o facilitismo que grassa hoje
na indústria musical são-tomense e manifestou receios perante o que considerava
a crescente descaracterização da nossa música.
Fonte: WWW.TELANON.INFO
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