Por Jorge Trabulo Marques
- Jornalista - Informação e Análise c- Tomámos conhecimento - através de
e-mails que, tanto em Cabo Verde como no Brasil, esta denúncia está sendo
seguida atentamente - Era importante que se fizesse um rigoroso
inquérito a estes crimes contra a humanidade - Os processos,
que foram instaurados, não passaram de mera formalidade, sem consequências dos
implicados nos massacres
- Na imagem,
Bernardino Lopes Monteiro, com os dois filhos: o mais crescidote, o Vital Monteiro, falecido em 1974, e o mais novo,
Victor Monteiro, atual chefe do Gabinete do Presidente da República de S. Tomé e Príncipe -É uma das
raras fotos que tem de seu pai. Perguntou-me ele no facebook: "O meu pai gostava de vez em quando vestir esta farda: Jorge, sabes dizer-me o que te parece?
Sim, porque eu também o conheci na Roça Rio do Ouro da Sociedade Agrícola Vale Flor, pois sou mais velho de que o Victor. E tenho uma vaga ideia de o ter visto com essa farda
Se bem me lembro, e pelo que julgo depreender (pelo simbolo do boné, onde é bem visível a letra A, pois ele nunca foi polícia nem tocou em nenhuma banda) deverá ser a farda azul e o boné
dos seus tempos de imediato do navio António Carlos, que ele, mesmo depois de
ter de lá saído, devido à rebelião de que ali protagonizou, vestia em certos dias, como se ao mesmo tempo fosse uma maneira de sentir orgulho por essa farda, que valorosa e dignamente soube envergar, impedindo horrível matança
.
Continuie a ler - E pode também consultar sobre o mesmo assunto http://canoasdomar.blogspot.com/2016/02/s-tome-e-principe-homenageou-hoje-os.html http://canoasdomar.blogspot.com/2015/01/memorias-do-bate-pa-1-auschwitz-em-s.html ... …http://canoasdomar.blogspot.com/2015/02/massacres-dos-batepa-3-hoje-s-tome.html …http://canoasdomar.blogspot.com/2015/02/s-tome-e-as-memorias-do-batepa-4-ze.html …http://canoasdomar.blogspot.com/2015/02/s-tome-e-principe-memorias-do-batepa-5.html
Em Fevereiro de 1953, cerca de centena e meia de santomenses, iam ser largados no mar por ordem do Governador Carlos Gorgulho- Tal não aconteceu porque a tripulação, liderada pelo imediato Bernardino Lopes Monteiro, se sublevou - Porém, alguns anos mais tarde, no caso de prisioneiros de guerra guineenses, persistem fortes suspeições, de, que o crime tenha mesmo
sido consumado, com uma parte da carga humana, engaiolada nos porões e
da qual apenas chegou metade ao seu destino - Quem levanta a questão é um tripulante, que acusa o comandante como uma figura odiada: "Foi ainda a bordo deste mesmo navio que nos
deslocámos de Bissau a Cabo Verde (Tarrafal) na Ilha de Santiago) para ali embarcar
supostamente 88 ex-prisioneiros de guerra, mas por razões que nunca cheguei a
saber apenas 44 voltaram para a Guiné .Era então Comandante do António Carlos o conhecido e odiado pelas gentes
da outra banda, o "Herói do Barreiro"... Estou a falar-vos do longínquo
ano de 1964. (***). - Pormenores mais à frente. Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74
"António Carlos" - navio de carga e
passageiros, que, anos mais tarde, ainda durante o salazarismo colonial também foi usado para transportar
presos do Tarrafal, como se poderá concluir mais adiante – E, pelos testemunhos,
que aqui exponho, depreender-se que era através
dele que, o Governador Carlos Gorgulho, em
Fevereiro de 1953, quis levar a cabo
mais uma das suas macabras operações de liquidação do povo nativo destas ilha, pretendendo
lançar ao mar quase uma centena da elite nativa santomense, que apelidara de “comunistas”
Quem evitou a tragédia de cerca de centena meia de nativos santomenses foi o valoroso homem da imagem, ao lado, que era então imediato e que, com outros elementos africanos da tripulação, obrigou o comandante a deixá-los na Ilha do Príncipe, após o que o forçou também a deixá-los no Senegal. Mais tarde, tendo regressado a Cabo Verde, donde era natural, mesmo com outra identificação, foi detido pela PIDE e levado para o presidiu do Tarrafal.
Quem evitou a tragédia de cerca de centena meia de nativos santomenses foi o valoroso homem da imagem, ao lado, que era então imediato e que, com outros elementos africanos da tripulação, obrigou o comandante a deixá-los na Ilha do Príncipe, após o que o forçou também a deixá-los no Senegal. Mais tarde, tendo regressado a Cabo Verde, donde era natural, mesmo com outra identificação, foi detido pela PIDE e levado para o presidiu do Tarrafal.
"Navio de carga e passageiros a
motor, construído de aço, em 1946-1947. Nº (…)no Estaleiro Naval da A.G.P.L. em
Lisboa, pela CUF - Companhia União Fabril (construção nº. 120), para a
Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes. (…) quilha do ANTÓNIO CARLOS foi assente a
14-02-1946 e o navio foi lançado à água a 27-07-1946 pelo Presidente da Republica
António Óscar Fragoso Carmona. Entregue ao armador a 24-11-1947 e registado em
Lisboa a 6-01-1948. Saiu de Lisboa na primeira viagem a 12-01-1948, para
Leixões (13-01/ ) e Casablanca (21-01/ ), regressando ao Tejo a 1-02. Em 14-02
largou de Lisboa na primeira viagem a Cabo Verde e à Guiné. A 31-08-1950 teve a
arqueação rectificada para 1.814 toneladas de arqueação bruta e 985 toneladas
de arqueação líquida. Em 1959 o navio esteve fretado ao ministério do Exército
para transporte de tropas e material de guerra (portaria nº 17.299 de
18-08-1959). A 10-12-1969 sofreu uma colisão com o navio holandês BOVENKERK
(8.670 TAB/1960) no rio Elba, quando seguia viagem de Lisboa para Hamburgo,
registando-se avarias graves a meio navio. – mais pormenores em DICIONÁRIO DE NAVIOS PORTUGUESES
CORONEL VITOR MONTEIRO, FILHO DE BERNARDINO
LOPES MONTEIRO - ELE CONTA O QUE LOGROU APURAR DE SEU PAI - OUÇA AS SUAS
PALAVRAS E REFLITA
Nascido na Ilha do Fogo, em Cabo
Verde, mas foi em S. Tomé que, Bernardino Lopes Monteiro, acabaria por viver a maior parte da sua vida,
tendo falecido em 1971, com 63 anos de idade, como que ostracizado na enfermaria geral do Hospital Central,
devido a problemas de saúde, contraídos pelos trabalhos e vicissitudes por que
passou, sobretudo quando esteve preso no Tarrafal e também por nunca virara a cara às adversidades e ainda devido às constantes labutas e revezes da vida.
O Dr. Leão,
seu amigo, que conhecera em Cabo Verde, ainda diligenciou para que fosse internado na enfermaria onde ele prestava
assistência, na da 2ª classe, mas não foi autorizado, com alegação de que, “esse
senhor tem a cor branca mas não é branco e trabalhou na roça.”
Nunca
confessou, publicamente o seu feito
heroico - Nem mesmo aos seus filhos, que apenas vieram a saber, quase de surdina, quando ele recordava essa façanha (passada a bordo do barco António Carlos), a sua mãe , que namorara no Tarrafal., onde ia levar água aos presos. No entanto, a quem confidenciara, foi ao seu parente e grande amigo (por parte da esposa), o Sr. Domingues Martins, conhecido por "Pômpi"quando ambos se encontraram no Tarrafal
Mesmo assim, pese o facto do segredo ter ficado restringido aos seus familiares e amigos mais íntimos, ainda
chegou a estar na mira das autoridades coloniais, ignorando, porém, por que artes diabólicas lhe haviam passado essa informação. Pois só não o prenderam ou não mandaram de novo
para o Tarrafal, graças aos bons ofícios do português, Dr. Boticas e da médica
santomense, Dr. Julieta.
REVELAÇÕES DE DOMINGOS VAZ MARTINS - CONHECIDO POR PÔMPI"
Atualmente a morar no Pantufo, onde o conheci, na companhia do Coronel Victor Monteiro, aquando do meu regresso a S. Tomé. E é realmente espantosa a sua revelação, pois vem desfazer algumas dúvidas acerca dos desígnios que levara Gorgulho a embarcar tantos presos num barco! - Diz ele o seguinte, referindo-se às confissões que lhe fizera o seu amigo, Nhô Novo:
"Ele disse-me que o branco queria jogar os presos
no mar. Então ele não aceitou. Nhô Novo não ficou contente com aquilo”, opôs-se:
“Disse que é gente como nós. Não pode atirar ao mar, é pecado! Talvez seja por
isso que puseram na cadeia de castigo. Discutiu e disse-lhe que não podia jogar
os homens ao mar dessa maneira
Domingos Vaz Martins, 75
anos, com habilitações muito acima da esmagadora maoira Natural
da Ilha de Santiago. Veio para S. Tomé, como contratado para trabalhos nas plantações
da Roça, nos porões do navio Ambrizete e por cá ficou, até hoje. Conheceu o Nhô Nôvo na colónia Penal do
Tarrafal, no local onde iam “apanhar água”, Soube, então , como ele era mais instruído
de que outros presos africanos, com os quais trabalhava na construção de
estradas, que lhe deram o posto de cantoneiro. Mais tarde, reencontraram-se, ambos na Roça Rio do Ouro.
O SORTILÉGIO DE S. TOMÉ – FASCINARA NHÔ NOVO
Nnhô Novo, quando passou a primeira vez por S. Tomé,
disse que “conheceu um país onde se mete
uma mandioqueira e três meses depois tira-se a mandioca” – Nas ilhas de Cabo Verde, chove
muito pouco e a fertilidade e a exuberância de S. Tomé, fascinou-O desde logo.
E, as voltas da vida, assim o ditaram. A sair da
cadeia, quando foram soltos os presos, em
S. Tomé (que, ,as arbitrariedades do Governador
Carlos Gorgulho, tinha mandado prender, além das centenas de mortes que provocou),
curiosamente, dois anos depois, em 1955, é nesta Ilha que acabará por se fixar.
Inicialmente, na Roça Rio do Ouro (atual Roça Agostinho Neto), onde também o conheci, quando ali trabalhei, como entregado de mato.
E, na verdade, nunca mais me esquecerei daquele homem magro, alto, quase com perfil de europeu mas, contrariamente à frieza de quem recebia as ordens, ele transmitia outra humanidade - sempre muito aprumado (postura que certamente herdara da Marinha) mas evidenciando uma expressão de simpatia para com toda a gente com quem falava ou o abordava. Era o leiteiro da roça, que tomava conta da vacaria e das cabras.
Contudo, muito embora o não quisesse demonstrar ) ele era mais culto de que o patrão e de que outros empregados, já que aprendera a falar várias línguas – E foram esses conhecimentos que lhe possibilitaram a entrada como imediato do navio António Carlos.
Inicialmente, na Roça Rio do Ouro (atual Roça Agostinho Neto), onde também o conheci, quando ali trabalhei, como entregado de mato.
E, na verdade, nunca mais me esquecerei daquele homem magro, alto, quase com perfil de europeu mas, contrariamente à frieza de quem recebia as ordens, ele transmitia outra humanidade - sempre muito aprumado (postura que certamente herdara da Marinha) mas evidenciando uma expressão de simpatia para com toda a gente com quem falava ou o abordava. Era o leiteiro da roça, que tomava conta da vacaria e das cabras.
Contudo, muito embora o não quisesse demonstrar ) ele era mais culto de que o patrão e de que outros empregados, já que aprendera a falar várias línguas – E foram esses conhecimentos que lhe possibilitaram a entrada como imediato do navio António Carlos.
(a linda assoalhada)
Porém, 13 anos depois de trabalhar na roça grande, um dia o patrão descobriu que ele tinha “um sobrado” na cidade, mandou-o chamar e disse-lhe: - “Sr. Bernardino! O Sr. vais ser transferido para Fernão Dias”
Porém, 13 anos depois de trabalhar na roça grande, um dia o patrão descobriu que ele tinha “um sobrado” na cidade, mandou-o chamar e disse-lhe: - “Sr. Bernardino! O Sr. vais ser transferido para Fernão Dias”
Não, Senhor Patrão! Eu não vou para Fernão
dias
-Porquê!?
-Porque lá tem muito
mosquito e não tem luz
- Diz o patrão: olhe Sr.
Bernardino! O Sr. parece branco mas não é branco
Nisto, após um curto silêncio,
responde: - pergunta o patrão:
– Então que eu faço consigo?
- Olhe, Sr. patrão: trabalhei
durante 13 anos, a dizer, sim senhor. Pois, eu hoje, digo não Senhor!
Ponha-me fora da roça !
- É mesmo isso que vou fazer: e
só queria duas coisas. Uma camioneta da roça que me levasse as minhas bagagens
para a cidade….
- Diz o patrão: “Eu sei que
o senhor tem um sobrado na cidade”. E outra coisa que o senhor quer?
- Que levasse as minhas
limárias – os seus animais – a Guadalupe para ali ser vendidos
Responde o patrão: lá não vais
vender nada. É tudo vendido a mim por 23 escudos cada peça, seja porco,
galinha, vaca ou peru.
Seu pai deixou lá tudo e veio
para cidade. E, quando seu pai, vem para a cidade, lembra-se de que ele queria
comprara Roça de Santarém e Cantanhede por 380 contos (1968) e até uma pequena
lojinha mas os colonos, não lho permitiram"
Morreu ainda novo porque, embora
nunca voltasse a cara ao trabalho, mesmo com a pele clara, como são muitos
cabo-verdiano, para o regime colonial ele era negro – E estes, salvo um caso ou
outro, eram escravizados.
CORONEL
VITOR MONTEIRO, FILHO DE BERNARDINO LOPES MONTEIRO - ELE CONTA O QUE LOGROU
APURAR DE SEU PAI - OUÇA AS SUAS PALAVRAS
E REFLITA
Desde
há muito que, Victor Monteiro (cujo pai perdeu ainda rapaz, assim como seu
irmão, Vital Monteiro, falecido em 1974, em Portugal,) tem
procurado recolher dados mais aprofundados para comparar ou associar aos que recorda, lá de casa. No entanto, mesmo tendo pedido colaborações a várias
pessoas amigas e a estudiosos, não tem sido fácil. Por um lado, porque
o seu pai, não gostava de se gabar do seu valoroso gesto, pois
certamente terá compreendido que, ao defender aquelas indefesas
criaturas, rebelando-se contra o seu comandante, não fez mais que um dever de
amor ao próximo; por outro, porque, também, se revelasse o que fez, podia novamente ser preso.
Pelo que pude constatar, através
de seu filho, tem sido uma quase obsessão. Sempre reconheceu nele um
grande lutador, amigos dos filhos e muito estimado por quem o conhecia -
É, de facto, para ele o grande herói da sua vida - E quem é que, tendo-o o conhecido,
em vida, como foi o meu caso, tem dúvidas da sua generosidade, da sua
coragem e altruísmo?
ISTO PASSAVA-SE EM 1948 MAS EM 1953 E NOS ANOS SEGUINTES ERA A MESMA COISA
Leia-se o que disse um alto funcionário da Administração
do Ministério do Ultramar, nos finais dos anos 40: (...) “Este
assunto merece, porem, uma particular observação, em face de leis gerais que
condicionam o trabalho nas colónias. Assim os trabalhadores cabo-verdianos
foram transitoriamente colocados sob a fiscalização da Curadoria Geral dos Serviçais
e Indígenas por comodidade da administração, em face de trabalharem nas roças
em igualdade de circunstâncias com os Indígenas serviçais sujeitos á tutela curatorial, o que pode
acarretar algumas complicações no meio dos agregados trabalhadores. Por outro lado os nativos de
S,Tomé foram considerados sob a lei do
europeu, isto é, retirados de sob a tutela curatorial, quando perante a Carta
Orgânica do Império Colonial Português, al'tigo 2462, § Único, devem estar
sujeitos ao regímen de índigenato, na sua acepção legal.
111 - Várias razões têm levado a manter-se este
estado de cousas, mas parece-nos necessário saÍr dele, pois que com a evolução
civilizadora do indígena, que é o próprio progresso· de colonização, podem
estes arranjos de conveniência administrativa, concluído! á margem da lei,
acarretar dificuldades e dissabores, se com o adiantamento to dos povos vierem,
como é previsível, os agitadores sociais. No caso dos cabo-verdeanos isto não
tem importância de maior, dado que a sua permanência em massa na colónia é
sempre temporária'.
112 Mas quanto aos nativos já assim não é,
trata-se de um povo em adiantado estagio de crescimento na civilização do
colonizador a quem não pode impor. Não é um regresso a estágio anterior,
desmentindo-se com isso o objetivo máximo da nossa obra de colonização.
Afigura-se-nos que a via mais adequada para resolver este problema, e a mais
legal, será a promulgação de medidas destinadas a reconhecer ao nativo,
individualmente, a sua capacidade de cidadania portuguesa, e nessa cidadania
fazer entrar logo de início a grande maioria da população, impondo-lhe a
satisfação de certos mínimos de sociabilidade , em especial, a comprovação de
meios da vida e de trabalho, admitindo de entrada uma minoria, maia ou menos
reduzida, de nativos que ficariam sujeitos á tutela curatorial e regímen e
indigenato, até comprovação para entrada no grémio do civilizado. Isto seria o
caminho para a situação nítida, perante a lei.
(…) 120 - ouvi também referências á execução de
trabalho compelido para serviços públicos, imposto aos nativos, do que não há
conhecimento na Inspecção Superior dos Negócios Indígenas, nos termos do artigo
295• do Código do Trabalho do Indígena , de 6 de Dezembro de 1928.( Do c , 3.4
-, )
Constou-me também que na execução desses trabalhos
e do trabalho correcional os trabalhadores são entregues á condução de outros
preso, muitas vezes criminosos de nomeada, que sobre os trabalhadores exercem
grandes violências, 0 que já provocou a intervenção dos médicos do hospital em
vista de ali aparecerem gravemente feridos ou contusos dos naus tratos e até
por esse estabelecimento correu um processo por estupro na pessoa de uma menor
de 11 ou 12 anos, presa ou filha de uma presa, que obrigou a tratamento
hospitalar da vitima, praticado por um desses capatazes, preso por assassinato
de um filho, tendo o processo sido mandado arquivar, sem qualquer procedimento”
AINDA HÁ MUITO POR DESVENDAR
Dos hediondos episódios, que ocorreram a partir do dia 3 de Fevereiro
de 1953, que ficariam conhecidos por “Massacres
do Batepá, ainda há muito por contar! – Muita matéria a necessitar de atenção por parte de
estudiosos e historiadores, que, de modo algum,
pode ficar no esquecimento.
E é, pois, também a razão deste artigo, a dois
dias da triste data histórica, sobre a qual passam, depois da amanhã, 62 anos – Sim, este o motivo pelo qual trago ao conhecimento público, o gesto abnegado e corajoso
de Bernardino Lopes Monteiro, que, com
a colaboração de outros tripulantes, por se ter oposto a que, quase centena e meia de homens, fossem selvaticamente
lançados ao mar, acabaria por pagar cara
a sua heroicidade, com uma humilhante e duríssima pena de trabalhos forçados
(como calceteiro) no temível campo de concentração do Tarrafal, também
conhecido pela “frigideira” – O presidiu para onde o regime
fascista-colonialista de Salazar enviava os presos políticos
TARRAFAL – OUTRO CAMPO DA MORTE LENTA – NÃO MENOS
ESCABROSO QUE O DE FERNÃO DIAS, CRIADO PELO FASCISMO COLONIAL
Do qual - diz-se - “Os presos, quando não estão na
Frigideira, estão nas celas. Estas são separadas, também elas, por portões de
ferro, que tudo têm semelhante entre si. Carregam sobre o dorso do metal a dor
de seres humanos que transportam a liberdade no seu espírito. Alguns pagam o
elevado preço da liberdade com a vida. A morte abraça-os. A frigideira é
construída a uma distância considerável de qualquer outro compartimento da
“casa da morte”, para que a sombra não proteja os seus habitantes do calor
infernal que lá se faz, ficando permanentemente exposta ao raio solar durante o
período diurno. No seu interior, só há dois companheiros: a solidão e o
silêncio. Campo de Concentração do Tarrafal - Nós
Genti Cabo Verde –
Foi
precisamente nessa tenebrosa prisão, onde esteve desterrado, Bernardino Lopes Monteiro, (pai do coronel na reserva, Victor Monteiro, Director
do Gabinete do Presidente da República Manuel Pinto da Costa) – Curiosamente,
anos depois, quis o destino que viesse
para S. Tomé, na condição de contratado, onde se fixaria até ao seu
falecimento, em 1972. Não perca mais à frente os pormenores
BATEPÁ OU MATA-PÁ – A MAIOR NÓDOA DO COLONIALISMO NAS
ILHAS VERDES DO EQUADOR
Quando o Governador de S. Tomé e Príncipe,
Carlos Gorgulho, e os seus acólitos inventaram a tenebrosa história da
conspiração dos negros contra os brancos, que apelidara “ de indivíduos
desafectos à atual situação política, conhecidos como comunistas”, principiava uma
das maiores tragédias, do período colonial, que vitimaria várias centenas de
naturais destas Ilhas – Era como que o macabro epílogo que surgira na sequência da morte do seu
ajudante-de-campo, o qual, numa atitude
provocatória, viera juntar-se às
famigeradas rugas conduzidas por soldados armados e lideradas por um dos presos de delito comum, um tal facínora
Zé mulato, rusgas essas que, todas as
manhãs, deixavam a cidade e partiam para o mato para cercaram esta ou aquela pacata
e pacifica povoação, arrastando à força
quem encontrassem, fora ou dentro de suas humildes casas de madeira, obrigando os
nativos a trabalhos forçados nas obras do Estado ou para serem enviados para as
roças, a onde a mão-de-obra dos contratados, vindos de outras colónias,
escasseava – Todavia, o local para onde imediatamente eram conduzidos, eram os miseráveis barracões imundos da cadeia, junto à cidade, onde os pobres santomenses eram presos
nas condições mais humilhantes e degradantes
QUAL DAS PIORES MORTES – ENTRE MORRER ASFIXIADO
POR GÁS NOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO DE AUSCHWITZ
OU SER ATIRADO VIVO PARA UMA VALA, AFOGADO NA LAMA DE UM PÂNTANO OU NO
FUNDO DO MAR?
"A forma como o Governador durante o
tempo do meu Comando tratava e dirigia a sua obra, "com dinamismo - que o
tinha -sob os aspectos de desenvolvimento material e económico era, sendo bem
observado, em vários detalhes, como um ditador à maneira da gestapo no tempo de
Hitler na Alemanha. Era ele e só ele quem tudo mandava.
(...) Como ir arranjar-
trabalhadores?!...Muito facilmente pá: como já do antecedente: forma que
era já do tempo em que ele tinha tomado posse daquela Grande Propriedade que
era do Estado mas que .ele governava à sua maneira de conseguir homens para trabalho,
E como era ? Por meio de RUSGAS! Tratando-me por TU, como aliás a toda a gente
daquela terra, dizia-me abrindo o mapa, a planta, da Ilha. Tratas de cercar com
os teus soldados a zona' tal e tal ... e de manhã vais apertando o cerco e
trazes-me para a Cidade essa gente que for saindo de suas casas. Assim se fazia
e se entre as mulheres vinha alguma cachopinha bonitinha em isca para o homem
grande"– Estas palavras são Capitão
Salgueiro Rêgo, que serviu, Carlos Gorgulho, que, por não concordar com os seus
procedimentos, acabaria por ser castigado disciplinarmente. Tendo depois, no
seu regresso a Portugal, a seu pedido, escrito dois livros de memórias, onde denunciava
os abusos e arbitrariedades do referido Governador, a cuja obra conto vir a
referir-me, mais detalhadamente.
Embora
não haja comparação possível com o nazismo hitleriano, sobretudo quanto à
dimensão dos crimes, porque, no tocante ao nível do requinte, não me parece que
tenha havido grandes diferenças: nunca faltaram nem vão faltar Hitleres a
ordenarem atos de extrema violência e sadismo. Ou não é o que nos
mostram os telejornais, na atualidade?
Por isso mesmo,
se bem que concorde com o investigador Gerhard Seibert ....,(um dos estudiosos mais
qualificados de variadíssimas questões africanas, nomeadamente de S. Tomé e
Príncipe, a quem se deve também um interessante trabalho sobre os Massacres do
Batepá), ao dizer-me que “não se pode comparar Auschwitz com Fernão Dias nem Gorgulho com Himmler “. E, de facto, sendo
cidadão alemão, tal como diz, conquanto não querendo “minimizar as atrocidades
de Gorgulho, mas como alemão conheço minimamente a dimensão do mal dos KZ da
Alemanha nazi.” –
Palavras que teve a amabilidade de me expressar, por e-mail,
em relação ao anterior poste , a que dei o título "Memórias do Batepá: - Auschwitz,
em S. Tomé também existiu: no campo do extermínio de Fernão Dias e nas cadeias
da morte lenta das duas Ilhas. Governadas por "um ditador à maneira da gestapo
no tempo de Hitler " - Acusações do seu ajudante de campo e comandante da
Policia . Naturalmente que não vou
discordar da da respeitável opinião de quem estudou profundamente os dois casos
Mas, no fundo,
tal como também reconhece, a dimensão do referido massacre continua desconhecida
-
Durante o fascismo, existia o problema da censura, e, mesmo agora, quanto não
haverá ainda por revelar! -. Pois diz no seu extenso e criterioso estudo,
publicado em francês, logo na parte introdutória que “ a Polícia (ICC) e civis
voluntários nativos foram responsáveis por uma enorme onda de violência
contra a população nativa de São Tomé” – E que. “devido a o isolamento da ilha
e da censura, em Lisboa, o mundo recebeu pouca informação sobre estes acontecimentos
sangrentos.”, Citando de seguida alguns dos trabalhos que foram publicados.
Reconhecendo, no entanto, que, apesar
dessas publicações, os massacres continuam desconhecidos, e também muito mal-entendidos LE MASSACRE DE FÉVRIER 1953 À SÃO TOMÉ -
“Por indivíduos desafetos à actual situação
política, conhecidos como comunistas”
Cerca de meia centena e meia de naturais de S.
Tomé, foram carregados no Cais de Fernão
Dias para serem atirados no alto mar aos tubarões mas nunca chegaram a saber por
que razão acabaram por ficar presos nas masmorras de uma prisão na Ilha do Príncipe e muito menos quem lhes
poupou a vida - Quando partiam
acorrentados, daquele Cais, junto do qual se situava o famigerado “Campo de Concentração,
próximo da praia mas junto a um local pantanoso e infestado de mosquitos, todos
tinham consciência do horrível destino
que os esperava, ou seja, um atroz afogamento, longe da sua ilha, atirados à
voragem dos tubarões, sem a menor ponta de esperança que alguém os pudesse
salvar – Foram poupados dessa horrível morta mas nem por isso deixaram de passar
por um doloroso calvário
Bernardino Lopes Monteiro, mais conhecido por Nhô
Novo, nasceu na Ilha do Fogo, onde estudou, tendo, mais tarde ingressado na
Marinha Mercante, onde acabou por desempenhar as funções de imediato. Nessa qualidade, o destino levou-a S. Tomé, em
1952 , a bordo do barco, António Carlos, que ali voltou no ano seguinte, ou
seja, em 1953, em trânsito para Angola, precisamente na altura em que ocorriam
os massacre do Batepá de 3 de Fevereiro
Deu-se a circunstância de, na abordagem desse navio, coincidir com os
massacres de 3 de Fevereiro. Em que, centenas de santomenses, uns imediatamente mortos, às balas assassinas
das milícias ou forças militarizadas, outros presos e enviados para a cadeia ou
para o campo de concentração de Fernão Dias, onde foram acorrentados e vítimas
das maiores barbaridades e espancamentos.
A pretexto de estarem implicadas num suposto "movimento
revolucionário.
Um dos macabros planos passava por destruir a elite santomense – E, se possível
da forma mais prática e disfarçada – Entendeu o criminoso Gorgulho, que essa
via seria a do afogamento no alto mar, longe das vistas de toda a gente e
acorrentados para que nem ao menos pudessem proferir uns gritos de revolta contra
os seus algozes. E deveria ser isso o que pretendia: sabendo
da existência daquele barco, entendeu que a maneira mais fácil de se
desembaraçar desses presos era carrega-los no tal barco e lança-los ao mar.
ÍNDICIOS HISTÓRICOS DO BARCO “ANTÓNIO CARLOS” VÃO
AO ENCONTRO DA MOSTRUOSIDADE PERPETRADA PELO
GOVERNADOR CARLOS ORGULHO
Procurei ver nos arquivos o que se podia saber do passado “histórico”
deste barco mas apenas deparei com informações técnicas e das viagens que
fazia, entre a “metrópole” e as colónias
Todavia, através de uma pesquisa na Internet (que
cada vez mais se vai revelando o maior arquivo informativo planetário) pude
também ficar a saber que não foi apenas o cabo-verdiano, Bernardino Lopes
Monteiro, que ali chegou a prestar serviço
como imediato, houve outros seus patrícios, que também por lá andaram na
estiva. De resto, depreende-se que talvez tenha sido por esse facto, que, juntamente com outros cabo-verdianos da mesma generosidade e valentia, haja conseguido sucesso com a sublevação a bordo, levando o comandante a demovê-lo de tão macabras intenções,
obrigando-o a alterar a rota: em vez de se dirigir para sul, rumo a Angola (e
despejar os pobres desgraçados), logo que perdesse a ilha de vista e quem sabe
se mesmo a horas mortas, a passar
primeiro pela Ilha do Príncipe, e a deixá-los ali.
Atente-se neste comentário no blogue FINISTERRA – acerca do barco “António Carlos”
Anónimo disse...
“Há muito tempo queria
conhecer este navio, foi dali que veio o meu nome de nascimento, Em 20 de
Dezembro de 1966 quando o meu pai trabalhava como estivador, no cais de Pedra
de Lume - Ilha do Sal Cabo Verde, e prometeu que se eu nascesse naquele dia e
se fosse um homem , o meu nome seria António Carlos, hoje tenho grande orgulho
deste nome http://cabodofimdomundo.blogspot.pt/2008/03/navio-de-carga-antnio-carlos.html
NOUTRO
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Ou seja, a confirmação de que o barco era também usado para
transporte de prisioneiros e que deixara atrás de uma das suas viagens uma gravíssima onda de suspeição:
Pois é dito o seguinte: “Foi a bordo deste navio que melhor conheci
Bissau, e o seu "Tanque de água" onde registei um dos inesquecíveis
momentos na vida de um marinheiro. Foi ainda a bordo deste mesmo navio que nos
deslocámos de Bissau a Cabo Verde (Tarrafal, na Ilha de Santiago) para ali embarcar
supostamente 88 ex-prisioneiros de guerra, mas por razões que nunca cheguei a
saber apenas 44 voltaram para a Guiné (***).
Era então Comandante do António Carlos o conhecido e odiado pelas gentes da outra banda, o "Herói do Barreiro"... Estou a falar-vos do longínquo ano de 1964.
Era então Comandante do António Carlos o conhecido e odiado pelas gentes da outra banda, o "Herói do Barreiro"... Estou a falar-vos do longínquo ano de 1964.
VICTOR MONTEIRO. UMA FIGURA SINGULAR E UM HOMEM
BOM
Victor Monteiro, é um caso singular
de relacionamento humano e de infundir simpatia à primeira vista. O ex-Ministro
da Defesa e Ordem Interna, atualmente promovido a Coronel na reserva, logrou
merecer a confiança de dois Presidente da Republica, em S. Tomé - Pois foi,
igualmente, Ajudante de campo e Chefe da Casa militar do actual Presidente da
República nos anos 1985-1988, Assessor para Defesa e Ordem Interna de Fradique
de Menezes de 2003- 2008
“Nasceu na Roça Agostinho
Neto(Lobata), em 1957 e passou a sua infância e juventude no Bairro do
Hospital, no distrito de Água Grande, fez toda sua trajetória juvenil e
politica na JMLSTP, encabeçando a revolta dos estudantes em 1974, o próprio
MLSTP, ingressando posteriormente na vida militar, onde optou pela
especialidade de Artilharia Missilística e Estratégia Militar, nas Forças
Armadas de São Tomé e Príncipe”.
Foi recordista nacional dos 1500 metros, capitão
da seleção nacional de basquetebol. Fez a primeira classe em Guadalupe, a
segunda na Escola Infante D. Henrique, hoje conhecida por Atanásio Gomes. Diz
que deveria ser hoje economista, pois tirou o curso da Escola Comercial
Mas há um destino traçado na vida e ele tinha de
vir um dia a conhecer outra profissão e
outras responsabilidades. Quando estava para fazer o curso de treinador de
Basquetebol, um dos seus professores de política, era então o Chefe do Estado
Maior, Raúl Bragança, que o levou para as Forças Armadas e ficou lá até hoje. Fez a Escola de
Sargentos em Angola, em cuba academia e na Ucrânia
O atual Diretor do Gabinete do Presidente da
República Manuel Pinto da Costa, de ascendência cabo-verdiana, uma pessoa muito
querida e muito estimada em São Tomé, onde nasceu – Atento observador e
participante na vida pública – Foi o cabeça de lista da Plataforma Nacional
para o Desenvolvimento (PND) no distrito de Lembá no norte da ilha de São Tomé
– quando agora lá estive, constatei que goza ali de gerais simpatias e de uma
grande popularidade – Mas foi ele que me reconheceu, ocasionalmente, quando passeava
pela cidade – E, veja, as voltas que o mundo dá.
Tal como já tive ocasião lhe comunicar através do FaceBook pessoalmente: Victor
Monteiro - Sempre de rosto levantado e
voz calorosa e franca. Dos raros homens
de antes quebrar de que torcer.
- Foi realmente um grande prazer rever a pessoa que, conhecera, naquele distante dia, quando ainda era rapaz - Era então furriel miliciano. À porta do Cinema império, um grupo de miúdos era agressivamente interpelado por um grupo de militares da polícia militar, à chapada e pedindo a identificação - E porquê? Por eles terem exteriorizado a sua alegria quando, o famoso Cassius Clay, num documentário que antecedeu a apresentação do filme Trinitá o Cowboy Insolente, manifestaram a sua exuberante alegria ao mandar a KO um pugilista branco – Fizeram-no pelo fato de, antes do boxer negro americano, o ter derrubado, a tribuna e as bancadas, onde habitualmente se sentavam os colonos e militares, o haver feito com ruidoso estrilho..
- Foi realmente um grande prazer rever a pessoa que, conhecera, naquele distante dia, quando ainda era rapaz - Era então furriel miliciano. À porta do Cinema império, um grupo de miúdos era agressivamente interpelado por um grupo de militares da polícia militar, à chapada e pedindo a identificação - E porquê? Por eles terem exteriorizado a sua alegria quando, o famoso Cassius Clay, num documentário que antecedeu a apresentação do filme Trinitá o Cowboy Insolente, manifestaram a sua exuberante alegria ao mandar a KO um pugilista branco – Fizeram-no pelo fato de, antes do boxer negro americano, o ter derrubado, a tribuna e as bancadas, onde habitualmente se sentavam os colonos e militares, o haver feito com ruidoso estrilho..
Só que, de momento para o outro, inverteu-se a cena .
Como represália, o miúdos negros foram esperados cá fora à bolachada , ao mesmo
tempo que lhe pediam a identificação. Nessa altura, e estando eu fardado,
entrevi, dizendo: faz favor deixem essa pobre gente em paz e ponham-se andar –
Já não me lembrava muito bem desse episódio, mas quem viveu a humilhação e a
prepotência, como foi o caso de Victor Monteiro, não esquece facilmente tais
memórias da sua adolescência, foi o que constatei quando nos reencontrámos, 39 anos depois de ter deixado São Tomé na
ousada aventura marítima
NOTICIA
- “Enfurecidos com a decisão do Governo de transferir o acto central da celebração do dia dos mártires da liberdade para a capital do país, dezenas de habitantes da Praia de Fernão Dias, pernoitaram na estrada que dá acesso ao pontão onde decorreu o massacre.”In Telanon http://www.telanon.info/politica/2015/02/03/18596/3-de-fevereiro-tumultos-na-praia-de-fernao-dias-provocaram-intervencao-militar/
NOTICIA
- “Enfurecidos com a decisão do Governo de transferir o acto central da celebração do dia dos mártires da liberdade para a capital do país, dezenas de habitantes da Praia de Fernão Dias, pernoitaram na estrada que dá acesso ao pontão onde decorreu o massacre.”In Telanon http://www.telanon.info/politica/2015/02/03/18596/3-de-fevereiro-tumultos-na-praia-de-fernao-dias-provocaram-intervencao-militar/
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