Enquanto a Europa, América do Norte, uma boa parte do hemisfério Norte, se debate com uma frio de rachar, aqui, na Ilha do meio do mundo, as águas do mar são quentes e convidam a mergulhar – As crianças, por natureza mais desinibidas e sem preconceitos, que o digam, com as suas correrias, cambalhotas e mergulhos nas praias da cidade e naquelas onde se situam povoações – E foi justamente o que pudemos registar, ao fim da tarde da festa de S. Pedro, neste último domingo e último dia de Janeiro, uma festividade promovida pela comunidade piscatória local, com o apoio da Câmara Municipal de S. Tomé,
De um modo geral, as tradicionais festas dos chamados santos populares, celebram-se, em Julho, mas, na Ilha de S. Tomé, a principal festa de S. Pedro, decorre, no dia 31 de Janeiro – Dia em que, a imagem - da pequena ermida, em forma de uma vela, situada, na praia do mesmo nome, na Baía Ana de Chaves - é levada numa procissão ao longo da avenida da marginal e é recebida pelas canoas, engalanadas, que depois vão a percorrer o tranquilo estuário, que lhe fica fronteiro – Pretexto para o povo festejar um dos mais venerados apóstolos, bíblicos, e também dar largas à sua folia, ao “flogá” –
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À hora, em
que ali chegámos, quase ao pôr-do-sol, não pudemos assistir à tradicional
procissão, que teve lugar ao principio da tarde, mesmo assim ainda pudemos participar no caloroso ambiente
festivo que ali se vivia, e do qual aqui damos conta de algumas imagens,
nomeadamente de uma exibição de Tchiloli
Os
grupos do tchiloli, conhecidos na ilha por tragédias, têm
cerca de trinta elementos cada um, e pertencem todos a uma determinada localidade
de forros (assim se chamam os crioulos nativos de São Tomé). Dentro de certos
limites dramatúrgicos, cada tragédia representa uma versão própria da peça.
Conforme a tradição medieval, exclusivamente os homens representam todos os
papéis, inclusivamente os de mulheres. Além disso, o mesmo actor amador
representa sempre a mesma personagem. Os papéis, o guarda-roupa e os textos
transmitem-se no seio das famílias.
Actualmente
existem mais grupos de tchiloli em São Tomé do que antes da independência. Em
1969, havia cinco tragédias3, em
1991 existiam nove grupos4, entre 1995 e 1998
actuaram 15 grupos5 e, segundo
informações da Direcção Nacional da Cultura, em 2007 permaneciam
12 tragédias.
O
palco rectangular, aberto pode ser visto de todos os lados. Os espectadores
participam activamente no espectáculo através de comentários durante as várias
cenas do teatro. A um lado do palco ergue-se a corte alta sobre estacas de
madeira, coberta com ramos de palmeira, representando o palácio imperial. No
lado oposto, no chão, a palhota feita de ramos verdes representa a corte baixa
da família enlutada dos Mântua. Durante o espectáculo, um pequeno caixão
colocado numa cadeira no meio do palco simboliza o Valdevinos morto.
Enquanto
o argumento da peça assume a sua importância, a dança, a pantomima e a música
não são menos relevantes no contexto do espectáculo. Todo o tchiloli é uma
mistura de dança e pantomima. Uma orquestra composta de tambores de diferentes
tamanhos, um sino, flautas de bambu e sucalos (chocalhos) - instrumento local feito
por um pequeno cesto contendo sementes - fornecem a música que acompanha os
actores dançando de um lado para o outro. A música é caracterizadamente
monótona, uma única melodia é retomada. – Excerto de
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