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terça-feira, 12 de março de 2019

“A História da Arte ocidental não admitiu o contributo da Arte Africana”.- Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém admirando uma litografia da pintora angolana Dilia Fraguito

Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

Tem-se menosprezado a cultura e arte africana, sendo ela uma das mais antigas da Humanidade   - Tal como é referido por estudiosos, a origem da história da arte africana está situada muito antes da história registrada. A arte africana em rocha no Saara, em Níger, conserva entalhes de 6000 anos.


“As esculturas mais antigas conhecidas são dos Nok cultura da Nigéria, feitas por volta 500 d.C.. Junto com a África Subsariana, as artes culturais das tribos ocidentais, artefatos do Egito antigo, e artesanatos indígenas do sul também contribuíram grandemente para a arte africana. Muitas vezes, representando a abundância da natureza circundante, a arte foi muitas vezes interpretações abstratas de animais, vida vegetal, ou desenhos naturais e formas”.
A arte africana representa os usos e costumes das tribos africanas. O objeto de arte é funcional e expressam muita sensibilidade. Nas pinturas, assim como nas esculturas, a presença da figura humana identifica a preocupação com os valores étnicos, morais e religiosos. 


Artesanto santomense 
Artesanto angolano 
A escultura foi uma forma de arte muito utilizada pelos artistas africanos usando-se o ouro, bronze e marfim como matéria prima. Representando um disfarce para a incorporação dos espíritos e a possibilidade de adquirir forças mágicas, as máscaras têm um significado místico e importante na arte africana sendo usadas nos rituais e funerais. As máscaras são confeccionadas em barro, marfim, metais, mas o material mais utilizado é a madeira. Para estabelecer a purificação e a ligação com a entidade sagrada, são modeladas em segredo na selva. Visitando os museus da Europa Ocidental é possível conhecer o maior acervo da arte antiga africana no mundo http://www.portaldarte.com.br/arteafricana.htm.


A audiência, concedida pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa,  à artista angolana, decorreu há um ano, em 31 de Março, na presença do Embaixador de Angola em Portugal, José Marcos Barrica e o Presidente da C.M de Cascais e a Ministra da Cultura angolana, mas o registo destas palavras continuam atuais .

Para que a cultura e a arte angolana sejam de facto internacionalizadas serão necessárias políticas educativas e culturais que favoreçam o desenvolvimento e o crescimento de sujeitos que as possam representar com propriedade e dignidade. Por outro lado, é preciso criar um público angolano que comece a gostar e a respeitar o que é feito pelos artistas angolanos. Há o trabalho dos curadores que deverá ser cada vez mais desenvolvido para que os artistas plásticos possam mostrar o seu trabalho e ombrear com os outros colegas de várias partes do globo. ” A afirmação é da Pintora angolana Dilia Fraguito Samarth, natural de N´Dalatando, no Kwanza-Norte, em Angola onde nasceu em 1956 e brincou até um tempo da sua juventude. O encontro com a Arte e a Cultura estavam marcados e cruzados. De Luanda parte para o Porto, cidade onde tive o grato prazer de a conhecer e nos cruzarmos-nos nos meios académicos e culturais da histórica cidade portuense onde cinzento do inverno era suportado pelo sol que ainda se trazia no coração do nosso País que é Angola. Na cidade da emblemática Torre dos Clérigos e do histórico Café Piolho, Dilia Fraguito Samarth tirou o Curso Superior de Desenho na conhecida Cooperativa de Ensino Superior Árvore, no Porto e frequenta e conclui o Curso de Gravura.


Eusébio Dias - S. Tomé 
Angola 
Importa referir que o seu encontro com a Arte e a Literatura, que é também outra forma de Arte, remonta a 1975 quando faz uma ilustração para o livro de Poemas de A. Pires Cabral. Mas se a paixão pela arte de Pintar era e é um opção sentida, o Ensino abraça o seu percurso e entre a Arte de Pintar, torna-se também Docente na Cooperativa de Ensino Superior Artístico Árvore. Em conversa e entrevista exclusiva com o Portal de Angola, a Pintora Dilia Fraguito Samarth quando questionada se o seu trabalho é uma forma de sensibilizar a condição humana, a mesma afirma e cito que ” o meu trabalho artístico, baseia-se bastante na sua relação com a História da (DES) Humanidade e com as questões que ainda hoje nos atormentam como a guerra, a fome, o racismo, a dor, o trabalho das crianças incógnitas nas minas de cobalto do Congo, o grito sufocado das mães Sírias ou do Bangladesh e os gritos escondidos em cada peça de roupa exposta nas luminosas vitrinas das capitais europeias. Uma grande parte da minha obra refere-se precisamente a assuntos que dizem respeito às relações cruéis que o auto-denominado ocidente manteve fundamentalmente com o continente africano e americano. 


Artesanto santomense 
Por um lado refiro-me a momentos da história de algumas sociedades africanas que tiveram o seu apogeu muito antes da chegada dos europeus no século XV. Os manuais de história foram organizados e continuam a ser organizados denegrindo as culturas não europeias e omitindo os factos positivos dessas mesmas sociedades.” Mas Dilia Fraguito Samarth que participa nesta Exposição Colectiva de Pintores Angolana designada por “Artes Mirablis ” é categórica e deixa entre reflexões, perguntas e afirmações quando se abordou o significado de ter participado nesta Exposição que decorre na UCCLA, em Lisboa até ao próximo dia 4 de Abril diz o seguinte e cito: ” Esta exposição é, do meu ponto de vista, apenas mais uma exposição. Temos que agradecer à organização o facto de nos ter convidado e ter conseguido juntar um razoável grupo de artistas. A curadoria esteve a cargo do nosso colega Lino Damião a quem deixo as minhas felicitações. De qualquer forma, esta mostra levou-nos a pensar naquela colectiva “TONS E TEXTURAS DA ANGOLANIDADE”, que foi realizada em 2003, quando o Dr. Assunção dos Anjos exercia o cargo de Embaixador de Angola em Lisboa e Luís Kandjimbo as funções de Adido Cultural. Ambas as exposições aconteceram em Lisboa. E a pergunta que fazemos é a seguinte: qual é de facto o resultado destas exposições para a visibilidade dos artistas angolanos que vivem na Diáspora? Em que medida contribuíram para a dignificação das produções culturais de Angola na Europa? Qual a reacção dos especialistas de arte? Como reagiu a imprensa da especialidade? Do nosso ponto de vista, continuamos a viver nos rastos dos caminhos sulcados pelo processo colonial, com o silêncio de todos nós. Quantos de nós fomos contactados pela imprensa portuguesa? O que fizeram em relação à ultima exposição os pretensos críticos e especialistas das artes plásticas africanas?”.

Artistta santomense 
Imagem do portefólio de Wario Dullio - S. Tome 
A pergunta que é mais que pertinente porque decorre do meu direito de opinião de afirmar que não deixa de ser verdade e leva-vos entre outras Obras, aos trabalhos de Dilia Fraguito Samarth em que homenageia ” Kimpa Vita/ in The Name of God ” e “1961Kassange1961″ ( vale a pena conhecer a história de ambas as Obras ) e que são as que estão nesta viagem entre Angola, Portugal, o Mundo e a Arte e a Cultura de múltiplos imaginários e esperanças interrogadas. Representada em várias Exposições individuais e Colectivas, a Pintora Dilia Fraguio Samarth afirma sobre a Arte que ” a arte é que nos pode salvar da corrupção da consciência.”  https://www.portaldeangola.com/2018/03/31/a-historia-da-arte-ocidental-nao-admitiu-o-contributo-da-arte-africana/?fbclid=IwAR21Nbqg9OXUET2CEvtPJ6QYVbjmTCHitRNqOtwD8P1VA2uypd1xKl0M8Nw

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