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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Marcelo Rebelo de Sousa – Há um ano nas Ilhas Verdes do Equador – O Presidente da República Portuguesa, fará uma nova visita a São Tomé e Príncipe em maio de 2019, por ocasião da celebração do centenário da comprovação da teoria da relatividade na Roça Sundy – Em cuja praia desta mesma roça, aportei em Fevereiro de 1971, depois de três dramáticos dias a bordo de uma frágil piroga, a qual, após o meu regresso de avião a S. Tomé, haveria de me custar uns valentes sopapos por agentes da PIDE-DGS e alguns dias de molho no enclaustramento dos sinistros calabouços

JORGE TRABULO MARQUES - JORNALISTA  -   FEZ AGORA UM ANO QUE O PRESIDENTE MARCELO VISITOU OFICIALMENTE STP -  23 Fevereiro 2018  “À distância de meio oceano, quase em cima da linha do equador, o Presidente encontra razões para o que sempre disse sobre o país político: "Aquilo que nos une é, de longe, muito mais importante do que aquilo que nos divide” DN https://www.dn.pt/portugal/interior/marcelo-encheu-a-alma-em-sao-tome-e-ve-unidade-em-portugal-9138512.html

Imagem da PR



EM MAIO  PRÓXIMO, A PRINCESA DO GOLFO DA GUINÉ, DE NOVO BRINDADA COM A VISITA OFICIAL DO MAIS ALTO MAGISTRADO PORTUGUÊS, ESPERANDO-SE  QUE VOLTE  A SER    PALCO  DE UMA RECEPÇÃO CALOROSA E FESTIVA 

 
– E , DESTA VEZ, DE  RELEVÂNCIA AINDA MAIS EXPRESSIVA E ESPECIAL – Para comemorar o centenário da teoria da relatividade na Roça Sundy, em cuja linda praia, de areia fina, dourada e macia,  APORTEI, HÁ 48 ANOS, NUMA FRÁGIL PIROGA – Na travessia que então efetuei entre as duas ilhas - 140 km - Na minúscula canoa de 40 cm de altura por 60 cm de largura e 3,5 m de comprimento







A Ilha do Príncipe – que a UNESCO, em 2012, classificou como Reserva da Biosfera Mundial, Património da Humanidade – sim, depois de já  Albert Eisnteis, a ter celebrizado, vai estar nas páginas da imprensa mundial , no próximo dia 29 de Maio, com a nova presença do  chefe de Estado Português, que ali regressará  para se associar ao centenário da  efeméride que assinala  a comprovação da teoria da relatividade, na ilha do Príncipe", realizada  pelo astrónomo inglês Arthur Eddington em 29 de maio de 1919, durante um eclipse total do Sol, na ilha do Príncipe - então sob administração colonial portuguesa, que permitiria comprovar a teoria de Albert Einstein.



Marcelo no Príncipe - Foto de Hibrahin Reis

Aliás, esta intenção, embora  manifestada durante a visita que fez a esta ilha, justamente há um ano, foi anunciada durante o encontro "Ciência 2018", no Centro de Congresso de Lisboa, que contou com a participação do então ministro da Educação, Cultura, Ciência e Comunicação são-tomense, Olinto Daio, em julho do ano passado.

Pois foi justamente na roça Sundy,  em 1919, que, Sir Arthur Eddington, efetuou uma expedição de observação de um eclipse solar que veio comprovar a Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein (o encurvamento dos raios luminosos, ou a deflexão da luz, o que queria dizer que o espaço e o tempo não eram absolutos, como havia defendido Newton. A Sundy e a ilha do Príncipe, ficavam desta forma associadas a uma das mais importantes descobertas cientificas da História da Ciência.

EM 2O11 - A ILHA DO PRÍNCIPE, FOI TAMBÉM MOTIVO DE CELEBRAÇÃO ESPECIAL - Que dizia o seguinte: 
 Roça Sundy localizada no norte da ilha do Príncipe, foi palco dos 92 anos sobre a comprovação da teoria da relatividade. No dia 29 de Maio de 1919 durante o eclipse total do sol, que demorou mais de 5 minutos, o astrónomo inglês Arthur Eddington comprovou na Roça Sundy, a teoria da relatividade de Albert Eisntein.
A teoria da relatividade proposta por Albert Eisnteis em 1915 foi comprovada em simultâneo na Roça Sundy no Príncipe e na cidade de Sobral no Brasil, durante o eclipse total do sol no dia 29 de Maio de 1919. O astrónomo inglês Arthur Eddington, foi o autor da comprovação científica que colocou a Roça Sundy na história da investigação científica. https://www.telanon.info/sociedade/2011/05/31/7251/principe-celebrou-92-anos-sobre-a-comprovacao-da-teoria-da-relatividade/

NO CAPITULO DA BIODIVERSIDADE  - É NA ILHA DO PRÍNCIPE QUE AINDA RESISTEM ALGUMAS DAS MAIORES MARAVILHAS NATURAIS


Indubitavelmente, entre as maravilhosas Ilhas do Golfo da Guiné, há uma Ilha, talvez das poucas do mundo, que se pode  classificar como um verdadeiro paraíso terrestre. - Claro, não propriamente no tocante à vida da maioria da sua população, que continua a deparar-se com imensas dificuldades, mas em termos da sua paisagem natural, da sua biodiversidade.  




De seu nome Ilha do Príncipe, com 142 Km2  e uma população estimada, em 2004, de 5400 habitantes, reza a história que foi descoberta pelos navegadores portugueses, no dia 17 de Janeiro de 1741, ou seja, um ano depois de João de Santarém e Pero Escobar, terem aportado na Ilha de São Tomé - Diz a historiografia colonial que ambas as ilhas se encontravam desabitadas - Descrição essa, obviamente, discutível, a que já me referi noutra postagem deste site, pelo que não vou aqui voltar a debruçar-me sobre essa questão. O importante é frisar que, pelos menos , 543 anos de história,  oficialmente, são-lhe reconhecidos. - Se bem que, mesmo ao fim de tantos anos, quer no período colonial, quer pós independência, parece que a tão desejada prosperidade, de todos os seus filhos, ainda não passe de um sonho.
Presidente do Governo Regional da Ilha do Príncipe, José Cassandra, exibindo o certificado da UNESCO World Biosphere Reserve! - Foto  de Island Biodiversity Race


Sem dúvida, motivo de orgulho para os seus habitantes e seu governador – Referiam, então, as noticias que, José Cassandra, se sentia  “orgulhoso de ver o Príncipe reconhecido pela UNESCO, o governador, José Cassandra explicou à DW África que há várias razões para a aprovação da candidatura “desde o habitat aquático, onde nós temos espécies de tartarugas marinhas; nós temos 59% da ilha do Príncipe reservada a parque natural, com extensão para o mar; a zona das Pedras Tinhosas, onde temos patos aquáticos endémicos; e a nossa fauna, sobretudo no que respeita aos pássaros e à flora endémicos “




NESTE VÍDEO PODERÁ OUVIR ALGUNS REGISTOS DO MEU DIÁRIO DE BORDO, GRAVADOS NUM PEQUENO GRAVADOR, QUE PUDE PRESERVAR, COM A MÁQUINA FOTOGRÁFICA, NUM CONTENTOR DE PLÁSTICO DO LIXO   - NOS 38 LONGOS DIAS, À DERIVA, ENTRE ANO BOM E BIOKO, ANTIGA ILHA DE FERNANDO PÓ - Esta foi a terceira de duas anteriores aventura: S. Tomé - Príncipe, 3 dias; S Tomé Nigéria, 12

 A PRIMEIRA   DO MEU BAPTISMO  SOLITÁRIO NO ALTO MAR -  A MINHA   INESQUECÍVEL TRAVESSIA DE S. TOMÉ AO PRÍNCIPE - TENDO APORTADO NUMA LINDA PRAIA DA AREIA FINA E DOURADA DA ROÇA SUNDY – Em cuja sede fui bem acolhido com um excelente almoço. Longe de imaginar, porém, dos tormentos que me esperavam ao desembarcar do avião que fazia a ligação entre as duas ilhas: tinha dois agentes da  PIDE-DG à minha espera, tendo sido recebido, de um deles, o mais calmeirão, uns valentes socos no estômago: 

Seu cabrão! Nós sabemos que és amigo dos pretos! – Ias-te juntar a eles no Gabão” - - De seguida, atiraram-me para o jipe, como se fosse um trapo qualquer, tendo sido conduzido ao edifício daquela policia,  onde fui metido nos calabouços e sujeito a um duro interrogatório. 

Valeu-me a intervenção da analista e enfermeira portuguesa, Alice Nunes irmã da mulher de um primo meu, que tinha sido a pessoa que me havia arranjado emprego na Roça Uba-Budo, para ali fazer o meu estágio de técnico  agrícola, quando não teria sido deportado para o Tarrafal, que foi justamente o que me disse o Inspetor, quando me soltou: "agradeça à D. Alice Nunes! Senão já o tínhamos recambiado para Cabo Verde" 


Esta a canoa dos 38 dias
Foi nesta que liguei as duas ilhas

 Havia-me preparado, longamente, na arte de navegar nas pirogas dos pescadores daquela linda Ilha. Navegava de praia em Praia e afasta-me para o largo. Voltava a canoa de costado para o ar e empinava-me novamente nela. Preparara-me para todas as circunstâncias de tempo e de mar. Aliás, na viagem ao Príncipe, o sono surpreendeu-me, e, às tantas da noite ao adormecer, rolei no seu bojo e fiquei debaixo dela. Mas depois - embora muito a custo - lá voltei a equilibrar-me naquele esquifezinho ou escavado tronco de madeira.


Não é fácil esquecer-me dessa minha primeira travessia oceânica, entre as duas Ilhas: apanhei um grande susto e quase me ia afogando mas não esmoreci: de pé ou sentado, sobre uma das travessas, lá naveguei, noite adentro, à vela e a remos, algo perturbado e não sabendo bem para que ponto do horizonte me dirigir: seguia o instinto. A piroga era muito estreita, não podia desistir, não podia deixar de remar ou velejar. Não podia adormecer, sob pena de voltar a cair de lado e de me virar no mesmo remoinho. Perdera a pequena bússola e o garrafão de água, mas dispunha de um remo e uma vela suplente amarrado no bordo da canoa. Era uma maratona que tinha de cumprir: calculara dois ou três dias no máximo, perdera muitas noites ao relento, sentado nas paredes do antigo Forte de São Jerónimo, junto ao mar, sem dormir, olhando a escuridão, preparando-me e ambientando-me para fazer a travessia, sem largar mãos do remo ou do cabo de escota. A embarcação era demasiado minúscula e, deixada à deriva, podia desequilibrar-me e mergulhar nas águas. E foi o que aconteceu, quando o sono fora mais forte de que a minha resistência e me surpreendeu.

Mas felizmente lá me livrei daquele rodopiante sorvedouro. Lá recuperei o anterior domínio e me fiz de novo à escuridão das águas. Largara à meia-noite da Baía Ana Chaves, disfarçado de pescador para não ser reconhecido - pois sabia que as autoridades, não me autorizariam a meter-me nessa aventura. Tanto assim, que ao regressar a São Tomé, seria preso pela PIDE (policia do regime) e severamente punido com uma pesada coima. De resto, para navegar, desde a baía da cidade até ao Padrão da Espraínha (Água Ambô, junto à Ponta Figo), praia onde terá aportado, João de Santarém e Pero Escobar, foi o cabo das arábias! Fiz o percurso no dia em que se comemoravam os 500 anos: mas o Capitão dos Portos, só muito a custo, me concedeu autorização.

Fazia essa viagem de 40 milhas, ida e volta, por duas razões: por um lado, como meu primeiro grande teste, com vista às futuras ligações entre as ilhas e o continente africano (comprovando assim a minha teoria: de que era possível fazer ligações de canoas em grandes distancias pelos povos africanos do litoral com as ilhas do Golfo) ;

Por outro lado, queria prestar homenagem - não à colonização, de que também fora vítima (principalmente na Roça) mas à heroicidade e temeridade desses bravos navegadores, cujas façanhas, tanto alimentaram o meu imaginário, desde criança e que haviam sulcado, aqueles mesmos mares, a bordo da suas frágeis caravelas. Além de que, só indo ali, arvorando um tal propósito, poderia ser autorizado
VIAGEM CLANDESTINA AO PARAÍSO 
Este o título que eu dei a uma série de artigos, sobre a atribulada travessia à ilha do Príncipe, que na altura publiquei na revista Semana Ilustrada, de Luanda, de que passei a ser correspondente, em São Tomé, graças a essa mesma aventura, com reedição, mais tarde, no Diário Popular (publicações, ambas já extintas) - Mas, retomando o episódio, a que atrás me estava a referir, sobre aquela noite, em que a canoa se voltou, sim, cheguei mesmo a acreditar, quando acordei envolvido no tumulto das águas, que era o fim da minha vida. Felizmente, a minha estrelinha, aquela que seria talvez o meu anjo da guarda, embora num céu encoberto e sem estrelas, não me abandonou.

Mal me livrei das garras daquelas enegrecidas vagas, lá me dispus, pela segunda noite, a encarar o desconhecido, singrando à superfície daquela massa informe e viscosa, ondulante e negra, donde surgiam manchas luminescentes, em cada rebentação ou mesmo escorrendo da pá do remo, devido ao planton, que vinha das profundezas à superfície, em virtude da intensa escuridão. Manchas que ora pareciam arder em fogo vivo, ora branquejavam, por entre sulcos negros e o ruído da espuma que se desfazia. Sim, em torno de mim pairava o absoluto abandono e um cenário de afronta, terrifico; sob um céu turvado de grossos e enegrecidos novelos de nuvens que rolavam desvairados, quase sobre a minha cabeça. Navegando numa canoa, bem mais pequena do que aquela que agora ia carregada a bombordo e sobre o tombadilho do Hornet.

Sabia que, se a mesma se virasse no alto mar, e sendo mais pesada, seria muito difícil voltar a meter-me dentro dela. Mas estava certo que as pirogas estão talhadas para enfrentar todas as situações de mar. Tinha a convicção de que havia sido, com tão primitivas mas seguras embarcações que as ilhas do Golfo haviam sido povoadas. E queria demonstrá-lo. Admiro muito a coragem dos nossos primeiros navegadores, mas a sua audácia não pode colidir, de maneira alguma, com a verdade histórica. Confiava nas ancestrais capacidades de navegação das pirogas.






Do alto das velhas muralhas do Forte de S. Jerónimo, onde tantas vezes olhava a espuma que ali ia rebentar nas rochas negras e contemplava o mar ao largo, sim, muitas vezes ali me envolvi em prolongadas cogitações. E só via o mar... Só pensava, obsessivamente, nas distâncias e nas entranhas do mar.!.. Olhava-o com pasmo e respeito, mas queria sentir-me também parte dele! Ser mais um elemento do mítico e misterioso oceano! Ir por ali a fora numa das ágeis pirogas.! Desvendar segredos esquecidos no tempo!...

Oh, e quantas vezes ali mesmo, não experimentei as estreitíssimas cascas de noz, navegando em frente ou embicando na areia da pequena praia ao lado, naqueles meus habituais treinos, ao Domingo, vindo da Praia Lagarto (ao fundo da descida a caminho do aeroporto), passando em frente da Baía Ana Chaves, Fortaleza de São Sebastião, costa da marginal, Praia Pequena e ponta do Forte de São Jerónimo -e, por vezes, ainda um pouco mais a sul, à Praia do Pantufo.

São Jerónimo era geralmente a baliza de chegada e de retorno ... E, também, muitas vezes ao fim da tarde e pela noite adentro, era o meu local preferido (até por ficar um pouco isolado e retirado da cidade) para me familiarizar profundamente com o mar.

Lembrava-me das façanhas dos pescadores  são-tomenses, dos seus antepassados que demandaram as ilhas, dos barcos negreiros que ali aportaram e também dos nossos marinheiros (antes desse vil mercado) que por aquelas águas navegaram; imaginava quantos naufrágios e sofrimentos aqueles mares, já não teriam causado.

Sabia dos muitos perigos que me podiam esperar - não os desdenhava! - mas entregava-me ao oceano de coração aberto, possuído de uma enorme paixão, em demanda dos grandes espaços e de uma infinita liberdade, tal qual as aves migradoras! Olhava-o como se fosse já meu familiar e meu amigo. Embora sabendo que a sua face, quando acometida de irascível crueldade, havia sido palco de muitas tragédias, havia engolido muitos barcos e tragado muitas vidas. Contudo, eu não ia ali apenas movido pelo prazer da aventura: só por isso, não sei se compensaria... Mas orientado por razões mais fortes

E havia algo, no fundo de mim, como que estimulado por um pendor sobrenatural inexplicável que me fazia acreditar que, mesmo que apanhasse alguns sustos, tal como já havia acontecido em anteriores viagens, lá haveria de sobreviver e de me safar!...

Pois o mar também é generoso quando quer ... Acreditava que haveria de compreender os objetivos pelos quais que norteava o meu espírito e a minha temeridade..


São Tomé e Príncipe, tal como outras ilhas do golfo da Guiné como Bioko, Pagalu, é um dos países da costa oeste africana que mais preponderância assume quando a questão em causa é a biodiversidade. Devido a este facto, desde os finais do Séc. XIX, as “Ilhas maravilhosas do Equador” têm despertado um enorme encanto a investigadores internacionais.   As suas florestas foram classificadas pela organização internacional   WWFcomo uma das duzentas mais importantes áreas em termos de biodiversidade no mundo. São o habitat para cerca de 25 espécies de aves endémicas, um número extraordinário e comparável  ao “Arquipélago das Galápagos (22 espécies), com tamanho oito vezes maior que São Tomé e Príncipe e mais do dobro do mesmo índice para as Seychelles (11 espécies), que são dum tamanho ligeiramente inferior a São Tomé e Príncipe”. S

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