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terça-feira, 21 de maio de 2019

“OS EVANGELHOS 2001”DE SÃO LUCAS - COM 18 ANOS E 5 EDIÇÕES ESGOTADAS - COM "INTRODUÇÃO E ANOTAÇÕES DE MARCELO REBELO DE SOUSA" - - Nas vestes de um verdadeiro sacerdote – Um belo livro, rescrito, sob alta inspiração e sabedoria cristã, por um distinto politico, que cedo aprendeu a conhecer a interpretar a palavra de Jesus, que tem feito da sua vida, a missão de um apaixonado e devotado sacerdócio, livro sublime e apaixonante, que ajuda a explicar que, os evangelhos, inspirados nos discípulos de Cristo, sob a luz do Espírito Santo, testemunham e traduzem para o Cristão, a confirmação plena de que Deus existe, quer salvar a Humanidade e lhe reserva a vida eterna


Jorge Trabulo Marques - Jornalista   -  "VER PARA CRER COMO O SÃO TOMÉ “ Citação de um livro sem imagens mas com palavras que valem por mil metáforas sagradas  - Rescritas por  MARCELO, O POLÍTICO SEDUTOR E O SÁBIO EVANGELISTA – A obra, de 347 páginas, que três meses depois, ia já na 5ª edição e que também rapidamente esgotou  - Parece ter caído no esquecimento: - Hoje lembrei-me de a reler e retirar da minha biblioteca pessoal. A única riqueza na modesta mansarda de águas furtadas  em que me abrigo.

 "Cristo está vivo na sociedade. Em rodas as sociedades. De todos os tempos.

Vivo, porque a sua mensagem está viva. Vivo, porque a necessidade, o desafio, o imperativo de pôr em prática essa mensagem se encontra presente na vida dos seres humanos".


(…) O Cristianismo como permanente presença de Deus na Humanidade e apelo da Humanidade à divindade, sendo um repto exigente, não é um repto impossível, porque situado para além das capacidades humanas. 

E embora possa e deva ser vivido pessoalmente- isto é, de forma diversa para cada pessoa-, recebe o apoio da igreja – enraizada no mandato conferido aos Apóstolos - e, sobretudo fortalece-se, a todo o instante, através da Eucaristia. 

Ainda assim continua o não ser fácil o mistério da Fé.

São Tomé é, tradicionalmente, o exemplo do dúvida, da descrença, do desânimo "Ver para crer, como São Tomé" - é o dito popular.

O tempo que vivemos é, ademais, o tempo do audiovisual, do peso decisivo da imagem, da alienação perante muito do que se vê, acriticamente.

Para uns, Deus não existe. Senão morte, violência, sofrimento, opressão, injustiça, não existiriam.”

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, desde 9 de Março de 2006, oriundo de Celorico de Basto, no distrito de Braga, onde tem raízes familiares e católicas, tinha 52 anos, quando deu à estampa, um dos mais belos livros de inspiração bíblica, magnifico guia espiritual, leitura importantíssima para o Cristão, e com esta NOTA PRÉVIA"

O Evangelho é, para um cristão, a transmissão da palavra  de Jesus Cristo, e, portanto, de Deus.
Ocupa, assim, papel muito importante na Missa ou celebração da Eucaristia.
De todas as Missas, assumem particular relevo na vida do crente as de domingo, dia consagrado a Deus e ao encontro das comunidades cristãs.
Cada ano litúrgico, e de acordo com critério rotativo, o Evangelho lido e comentado é de um dos quatro evangelistas ou narradores da vida e da mensagem de Jesus Cristo -São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João.
Em 2001, é São Lucas o evangelista dominantemente presente.
As páginas que ora se publicam recolhem o Evangelho de São Lucas, domingo a domingo, em 2001, assim como brevíssimas notas de reflexão pessoal, escritas ao correr da pena e, por isso, de dimensão e alcance diversos".

"Marcelo Rebelo de Sousa, licenciou-se em Direito (1971) e doutorou-se em Ciências Jurídico-Políticas (1984), com uma tese intitulada Os Partidos Políticos no Direito Constitucional Português, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Dedicou a sua vida profissional ao ensino, ao jornalismo e ao comentário político."

Autor de vasta biografia e bibliografia: porém, quando, em Janeiro de 2001, a Bertrand Editora, lançou "Os Evangelhos de 2001" - Introdução e Anotações de Marcelo Rebelo de Sousa", na badana da capa deste livro, eram descritas apenas estas palavras:
"Marcelo Rebelo de Sousa, tem 52 anos. Pertenceu  `Acção Católica Portuguesa de 1959 até 1967, ano em que aquela cessou as actividades  na escola que frequentava. Integrou a Pré-Juventude Escolar Católica (JEC) e a Juventude Universitária Católica (JUC)
Primeiro, no Liceu Pedro Nunes, depois na Faculdade de Direito  da Universidade de Lisboa. Foi dirigente na JEC.
Aderiu e colaborou  com diversos movimentos cristãos com e sem representação diocesana.
É professor  universitário e autarca em Celorico de Basto”.

De formação profundamente católica, é dos tais políticos que assume, com sinceridade e espontaneidade,  as suas profundas convicções  cristãs, mas com absoluta tolerância para com outros credos: o que ficou patente,  no inicio da sua agenda presidencial:  - É recordado, que, “entre as solenidades, que se seguiram à sua investidura,  destacam-se uma celebração inter-religiosa na Mesquita de Lisboa, um concerto dedicado à juventude na praça do Município em Lisboa e uma visita à cidade do Porto, que culminariam com uma receção no Vaticano, a 17 de Março, pelo Papa Francisco. 
  Na atual biografia, entre vastas referências, lê-se que “Desde jovem Marcelo Rebelo de Sousa foi dirigente associativo, nomeadamente nas formações de jovens da Acção Católica Portuguesa (Juventude Escolar Católica e Juventude Universitária Católica). Ainda hoje é membro de um sem número de instituições particulares de solidariedade social e outras: foi membro da Junta Diretiva (1994-2012) e presidente (2012-2016) da Fundação da Casa de Bragança — instituição estatal que administra o património expropriado pelo próprio Estado (era António Salazar chefe do governo) à família dos Duques de Bragança —, por designação do Estado Português, desde 2012 até 2016; foi presidente da Associação de Pais da Escola Salesiana do Estoril, na década de 1980; é curador do Museu Nacional de Arte Antiga e das Fundações Árpád Szenes-Vieira da Silva e António Quadros.[1] É adepto e associado do Sporting Clube de Braga”. – Excerto de https://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelo_Rebelo_de_Sousa

INTRODUÇÃO

O EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS



"1. O ano litúrgico de 2001 - em rigor iniciado ainda em 2000 e a terminar em Novembro - é um ano em que nas missas ou celebrações eucarísticas os Evangelhos adoptados são os redigidos por São Lucas.

É a colectânea desses Evangelhos com a correspondência às respectivas celebrações dominicais, que se reúne neste volume, acompanhada de breves apontamentos pessoais sobre cada Evangelho.

Conforme escrevia o Papa João Paulo II, na sua recente Cana de 15 de Outubro, enviada ao Arcebispo-Bispo de Pádua acerca do Congresso Internacional sobre São Lucas: «Desejaria também estimular todos - presbíteros, religiosos, religiosas e leigos-, a praticarem e promoverem a lectio divina, até fazerem com que a medicação da Sagrada Escritura se torne um elemento essencial da própria vida." 

2. Compreender a razão de ser e o enquadramento dos Evangelhos de São Lucas implica recordar, de modo sumário, o que os define e também o que sabemos acerca daquele discípulo de Cristo. 

3. Os   Evangelhos integram-se na Bíblia ou Sagrada Escritura que, para os Cristãos, representa a colecção de livros escritos sob inspiração do Espírito Santo - uma das crês pessoas da Divindade- e legados à Igreja como principal repositório dos princípios e das regras a respeitar no dia-a-dia ao longo do caminho para a vida crema. 

Compete, assim, à Igreja guardar, interpretar e expor os ensinamentos da Bíblia, completando-os com a chamada Sagrada Tradição, que engloba o seu magistério universal, cm particular os textos dos Papas e os contributos da Sagrada Liturgia.



4. Para o Cristão, a Bíblia representa, portanto. a vontade de Deus de não só se manifestar através da Criação, mas de explicitar essa Revelação através de escritos que inspira. e que falam de Si e do desafio colocado a todos os seres humanos de aceitarem e aderirem à Salvação que lhes propõem.

Mais ainda: para tornar totalmente evidente a Sua Existência e o Seu desígnio de Salvação universal, Deus faz-se homem. partilha a vida dos humanos, sofre e morre, para depois ressurgir.

E são essas encarnação, em Cristo, morte e ressurreição que os discípulos testemunham - que traduzem, para o cristão, a confirmação plena de que Deus existe. quer salvar a humanidade e lhe reserva a vida eterna.

5. A Bíblia narra a história dos seres humanos desde a Criação. Mas junta-lhe um fim, um objectivo futuro, no Além.

Na narrativa histórica é possível encontrar quatro tempos distintos: o tempo que vai da Criação à primeira intervenção revelada por Abraão, e no qual Deus, por regra, deixa aos humanos a liberdade de descortinarem a sua existência no universo e na sua busca de eterno; o tempo em que se revela ao povo de Israel, mas abre a Salvação a todos os que vivam de acordo com a Lei Natural, os princípios por Si imprimidos numa recta consciência; o tempo em que Deus desvenda a Moisés os preceitos da Lei ou Mandamentos ao Povo Eleito- o povo hebreu-, e com ele estabelece a Aliança do Sinai, que irá renovando e vivificando através dos Profetas; o tempo em que a Encarnação divina, anunciada pelos Profetas, se concretiza e culmina na morre e ressurreição de Cristo.

O Antigo Testamento corresponde, essencialmente, ao terceiro tempo - embora nos fale também dos dois primeiros-, ao passo que o Novo Testamento corresponde ao quarto e derradeiro tempo da História Humana



6. A definição precisa dos livros incluídos na Bíblia ou Cânone Bíblico foi efectuada nos Concílios de Florença ( 1441) e Trento (1546), e reafirmada pelos Concílios Vaticano I (1870) e Vaticano II (1962-1965). Este último, na Constituição Dei Verbum.

Os livros do Antigo Testamento foram escritos, inicialmente, em hebraico, salvo casos excepcionais, em que o foram em grego ou aramaico.

Já o Novo Testamento foi escrito em grego, com a excepção do Evangelho de São Mateus, redigido, originalmente, em aramaico.

 O Antigo Testamento terá sido escrito entre o fim do século XIII a. C. e o princípio do século 1 a. C., ao passo que o Novo Testamento o foi entre os anos 50 e 100 depois de Cristo. 

7. Na leitura da Bíblia, diversa será a significação para o crente e o não-crente.

Para o crente, juntam-se a inteligência, o coração e a certeza da inspiração divina, que converte a Bíblia na mais constante e expressiva manifestação da mensagem de Deus.

Para o não-crente, confluem a riqueza do fresco histórico traçado. o retrato das sociedades em que decorre o devir descrito, o testemunho impressivo da dialéctica  entre Profetas e protagonistas do quotidiano, e, por fim - e não menos importante  os contornos da personalidade excepcional de Jesus Cristo. Para uns, também Ele Prof era de novas terras ou novos céus. Para todos, factor de ruptura e desafio. ao estilo do insuspeito depoimento de Pier Paolo Pasolini, no seu Evangelho Segundo São Mateus. Crentes e não-crentes sabem que, na Bíblia, os dados factuais ou históricos são indisputáveis, mas as considerações sobre domínios científicos naturais ou físicos e muitas das expressões usadas são da época da narrativa, destinadas a poderem ser percebidas naqueles tempos.

Daí que, debalde, se encontrará nessas considerações e expressões dados elaborados posteriormente, assim como estes podem e devem enriquecer a compreensão do essencial da mensagem transmitida.

Por outras palavras, pode ou não acreditar-se em Deus. mais especificamente, naquele Deus que se revela através da Bíblia.

Não é, porém, legítimo fundar tal opção em descrições bíblicas em domínios em que se não depare com matérias históricas, mas explicações de fenómenos naturais, feitas à medida dos tempos em  que ocorrem. 




8. O Novo Testamento - que contém a revelação divina de Jesus Cristo, para os Cristãos Nosso Senhor - integra 27 livros, escritos, como atrás se disse, na segunda metade do século 1 d. C .. Agrupam-se em livros históricos - os quatro Evangelhos e os Acros dos Apóstolos, as 14 epístolas de São Paulo e as sete cartas apostólicas - e livros proféticos - o Apocalipse de São João.

O Novo Testamento revela Deus na sua unidade e trindade -Pai, Filho e Espírito Santo-, e descreve a encarnação em Jesus Cristo. nos Evangelhos. Fala da expansão inicial da Igreja. por inspiração do Espírito Santo, nos Actos dos Apóstolos. Ensina como viver a Fé cristã nas Epístolas e cartas dos Apóstolos.

Anuncia a segunda vinda de Cristo e o final dos tempos como meta a fortalecer a fé cristã, no Apocalipse. 



9. Inicialmente recolhido oralmente. o conteúdo dos primeiros livros do Novo· lestamente foi, a seguir. passado a escrito. Numa parte. pelos discípulos dircetos  de Cristo. testemunhas oculares da sua vida. morte e ressurreição, Noutra. por discípulos desses discípulos.

Nos primeiros se comam São Paulo, São Pedro e São João. Isto, de acordo com uma enumeração cronológica de redacçâo.

Nos segundos se incluem São Lucas. discípulo de São Paulo, e São Marcos. discípulo de São Pedro. 

10. Dentro do Novo Testamento sobressaem os Evangelhos, que assim são chamados praticamente desde o ano 100 depois de Cristo.

Evangelho significava em grego boa notícia ou prémio dado ao seu portador. E em latim referia os benefícios que o Imperador Augusto trouxera aos Romanos. Para os Judeus, queria dizer anúncio da Salvação.

Os Evangelhos ou recordações dos Apóstolos recolhem, pois, a pregação dos discípulos de Cristo, transmitindo o seu testemunho acerca da sua vida, morte e ressurreição e o que significava de anúncio da Salvação universal.

11.Todos os Evangelhos tratam do nascimento e do essencial da vida de Cristo - com relevo para os seus milagres, a escolha dos Apóstolos, a sua paixão e morte-, e terminam na sua ressurreição.

No dizer de São Pedro, sempre caracterizado pela simplicidade e a afeição directa da sua expressão: «Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez na região dos judeus e em Jerusalém; a quem mataram dependurando-O de um madeiro; mas Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e concedeu-lhe a graça de aparecer, não a todo o povo, mas às testemunhas preestabelecidas por Deus, nós que comemos e bebemos com Ele depois que ressuscitou de entre os mortos. Ele mandou-nos que pregássemos ao povo  e que déssemos testemunho de que precisamente Ele foi constituído por Deus como Juiz de vivos e morros. Acerca d'Ele todos os profetas dão testemunho de que quantos crêem n'Ele recebem pelo Seu nome o perdão de todos os pecados." 

12. inspirados por Deus  - para os cristãos -. os Evangelhos foram escritos por São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João.

Já antes do ano 100 depois de Cristo há referências históricas aos quatro Evangelhos, a que se soma a identificação dos redactores  entre 130 e 188 depois de Cristo.

Tradicionalmente, considera-se que o primeiro Evangelho é o de São Mateus, de início escrito cm Jerusalém, em aramaico (50-55 d. C.) e depois vertido para grego (68-70 d. C.).

Seguiu-se-lhe o de São Marcos. redigido cm Roma, segundo o que ouvira pregar a São Pedro. E, ao que tudo indica. ainda em vida ou logo após a morre de São Pedro (64-70 d. C.).

O terceiro Evangelho é o de São Lucas. datado entre 62 e 70 d. C. e escrito em Antioquia.

O que significa que os três primeiros Evangelhos são anteriores à destruição de Jerusalém. em 70 d. C.. destruição essa que todos eles profetizaram

Já o Evangelho de São João é claramente posterior - escrito em Éfeso, entre 98c 100 d. C .. e imediatamente antes da morre do apóstolo dilecto de Cristo.

13. Os quatro Evangelhos narram feitos históricos. mas sobre eles também doutrinam, explicando esses factos cm ter· mos de Revelação divina. Como afirma São João: “Jesus realizou diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Esses sinais foram escritos para que acrediteis que jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, acreditando, tenhais a vida em Seu nome."

Quer isto dizer que há, nos Evangelhos, factos comprováveis por métodos históricos - como a pregação de Jesus na Palestina, a existência de discípulos, a criação da Igreja, o julgamento e a crucifixão no tempo de Pôncio Pilatos, e mesmo a ocorrência de factos singulares, desde o reviver de Lázaro até ao aparecimento de Cristo a discípulos após a morte.

Há, simultaneamente, explicações doutrinais acerca desses factos singulares, bem como sobre o sentido de todos os factos narrados em geral, que se encontram para além da possível indagação histórica, e a que só é possível chegar pela via da Fé.

De sublinhar é ainda que haja, no essencial, coincidência das narrações dos quatro evangelistas entre si e com a pregação de São Pedro depois do Pentecostes, conforme consta do livro dos Actos dos Apóstolos. Isto, apesar das diversidades de tempo, lugar e circunstâncias da redacção dos Evangelhos".  – Excerto






CRISTO – PERIGO OU SALVAÇÃO?

Este Evangelho  de São Mateus - que ainda respeita ao tempo do Natal e é inserido no início do ano 2001, como vimos assinalado pelo Evangelho de São Lucas -suscita uma interrogação essencial:

Jesus é um perigo ou uma Salvação.?

É um perigo para Herodes, e mais em geral, para os poderosos deste mundo? Ou é uma Salvação para todos os seres humanos que queiram partilhar a sua mensagem?

Ou é uma coisa e outra?

É caminho de Salvação, ao abrir as portas da eternidade. E é também caminho de Salvação, ao apontar princípios da vida, desde logo aplicáveis na vida terrena, onde deve começar a busca daquela eternidade.

Por outro lado, é perigo. A duplo título. 

Perigo para todos os que queiram sobrepor a autoridade temporal à livre procura do espírito.

Perigo ainda para aqueles que, detentores de qualquer tipo de poder - político, económico, social, cultural -,  se oponham aos princípios de que é portadora a mensagem de Cristo.

Ora, é, precisamente, nesta riqueza de consequências que consiste o essencial da mensagem cristã. E que a toma incómoda e difícil na sua vivência quotidiana.

É incómoda e difícil, ao lembrar-nos que não devemos apagar o apelo de eternidade, ocupados que estamos com os encargos, as solicitações, as metas do imediato. Ou ao convidar-nos a não separar o Além do Aquém e a viver princípios muito exigentes desde já. Ou ao incitar-nos a combater todas as formas de opressão ria liberdade religiosa, ou espiritual em geral. Ou ao legitimar-nos a denunciar as condutas sociais violadoras dos princípios rectores da vida cristã. 

Evangelho-esperança e Evangelho-risco. Sem risco, a esperança faria menos sentido, seria certeza. Sem esperança, o risco poderia ter o sabor da impotência ou o travo da angústia.

Risco é liberdade. Esperança é desígnio de vida.



VER PARA CRER COMO O SÃO TOMÉ 

O mesmo Jesus que, no domingo passado, caminhava com a Humanidade, revela-Se, no presente Evangelho, vivo na comunidade. E essa comunidade testemunha a sua ressurreição.

Estas são duas ideias-força que São João - que, neste tempo ainda pascal, é escolhido para dar o seu testemunho vivido - nos transmite a propósito do reencontro de Cristo com os seus discípulos.

Cristo está vivo na sociedade. Em rodas as sociedades. De todos os tempos.

Vivo, porque a sua mensagem está viva. Vivo, porque a necessidade, o desafio, o imperativo de pôr em prática essa mensagem se encontra presente na vida dos seres humanos.

A comunidade testemunha a sua ressurreição. Aquela que o viu ressuscitado - em presença física.

Aquelas que, durante dois mil anos, o não viram em carne e osso mas partilham o Seu legado e o comungam na Eucaristia - em presença espiritual.

Aliás, a Eucaristia como sacramento de reencontro qualificado com Deus, representa uma ponte visível deixada por Cristo, como o é também a missão conferida aos apóstolos de ministrarem o perdão dos pecados.

O Cristianismo como permanente presença de Deus na Humanidade e apelo da Humanidade à divindade, sendo um repto exigente, não é um repto impossível, porque situado para além das capacidades humanas. 

E embora possa e deva ser vivido pessoalmente- isto é, de forma diversa para cada pessoa-, recebe o apoio da igreja – enraizada no mandato conferido aos Apóstolos - e, sobretudo fortalece-se, a todo o instante, através da Eucaristia. 

Ainda assim continua o não ser fácil o mistério da Fé.

São Tomé é, tradicionalmente, o exemplo do dúvida, da descrença, do desânimo "Ver para crer, como São Tomé" - é o dito popular.

O tempo que vivemos é, ademais, o tempo do audiovisual, do peso decisivo da imagem, da alienação perante muito do que se vê, acriticamente.

Para uns, Deus não existe. Senão morte, violência, sofrimento, opressão, injustiça, não existiriam.

Para outros, mesmo que exista, acaba por deixar a cada qual,  isolado, a sua própria Via Sacra neste mundo.

Para terceiros, até pode ser que exista, mas faltam mais mulheres e homens de boa vontade que transformem o mundo no sentido do Bem.



E, para cada cristão, a dúvida, a descrença e o desânimo assaltam quando encaram a sua missão de Sísifo -sempre ele- devendo empurrar o rochedo pela escarpa íngreme. Por alguns centímetros ganhos, outros - às vezes menos, outras vezes mais - são perdidos. Tendo de recomeçar todos os dias como se fosse o primeiro.

São Tomé acreditou. Nós podemos acreditar.

Até porque, para além da Eucaristia e para além da Igreja, há outros sinais de Cristo connosco.

Um gesto de amor ou de amizade. Uma palavra solidária. Uma lembrança reconfortante. Um pôr do Sol inesquecível.  Um reencontro na dor e até na morte.

Só precisamos de estar despertos. E de compreender que descobri-lo é o essencial na vida.- Excertos


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