expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

São Tomé - Massacres do Batepá - Pandemia deixa 3 de Fevereiro sem tradicional marcha da liberdade em honra dos seus mártires de há 69 anos – Cerimónia comemorativa, restringirá o ato central deste dia, apenas a 60 convidados.

Jorge Trabulo Marques - O primeiro jornalista,  vinte anos depois a divulgar as imagens dos ignóbeis crimes, na revista de Luanda Semana Ilustrada, de que era correspondente, em STP, tendo sofrido fortes represálias por colonos: agressões físicas, ao ponto de ter que me escapar numa piroga para a Nigéria, travessia que andava a preparar desde algum tempo mas por outras razões  - Pormenores mais à frente

São Tomé e Príncipe comemora esta quinta-feira, 3 de Fevereiro, dia  dos heróis da liberdade do histórico massacre de 1953 - O Governo são-tomense prorrogou o estado de calamidade até ao dia 15 de fevereiro devido à pandemia -  Com a decisão, o Governo, declarou que não se realizará a tradicional marcha da juventude em alusão ao dia 3 de fevereiro, feriado nacional em memória dos mártires da liberdade do massacre de Batepá, de 1953, e restringirá o ato central deste dia para apenas 60 convidados, a que deverá presidir, o Presidente da República, Carlos Vila Nova,  na presença do PM, Jorge Bom Jesus e outras entidades representativas

Foi precisamente há 69 anos mas a lembrança  dos ignóbeis acontecimentos, deverá  permanecer ainda bem viva na memória dos escassos sobreviventes, mas também não esquecida na memória coletiva de um Povo, que  não deixará de, neste dia, se lembrar  dos  que  foram barbaramente espancados ou tombaram para sempre no Campo de Concentração de Fernão Dias

outras postagens sobre os massacres do Batepá

http://canoasdomar.blogspot.com/2015/01/memorias-do-bate-pa-1-auschwitz-em-s.htmlhttp://canoasdomar.blogspot.com/2015/02/s-tome-memorias-do-massacre-do-betepa-2.htmlhttp://canoasdomar.blogspot.com/2015/02/massacres-dos-batepa-3-hoje-s-tome.htmlhttp://canoasdomar.blogspot.com/2015/02/s-tome-e-as-memorias-do-batepa-4-ze.htmlhttp://canoasdomar.blogspot.com/2015/02/s-tome-e-principe-memorias-do-batepa-5.html

BAPETÁ - A PÁGINA MAIS NEGRA DO PERÍODO COLONIAL


Como a morte ceifou por completo uma pequena aldeia e se alastrou por quase toda a Ilha - Vinte anos depois,  tive oportunidade de registar as confissões do criminoso José Zé Mulato e do "Homem Cristo" que foi crivado de balas e logrou sobreviver, além de outros sobreviventes


  


 A DIVULGAÇÃO DOS ACONTECIMENTOS - Ia-me custando a vida  - Fui o primeiro jornalista a divulgar as imagens que estavam no arquivo do jornal  “A voz de S. Tomé” - Jornal oficial da colónia   -  O Redator e Chefe de Redação, deste jornal, que era também professor no Liceu, chegou junto de mim, no terraço da antiga Pensão Henriques, mostrando-me uma série de fotografias, ao mesmo tempo que me perguntava   se as queria divulgar, dizendo-me, que ele não as ia publicar e que, o mais certo, era deitá-las para o lixo. Aproveitei, então, par as fotografar, pedindo-lhe que não cometesse essa asneira, o que, pelos vistos veio acatar, visto terem passado a fazer parte do arquivo do Museu Nacional, instalado na antiga fortaleza S. Sebastião.
 
Nesse dia, falei no assunto numa reunião da Associação Cívica, no Riboque, onde fui o único português a participar nessas reuniões, tendo exposto o episódio E penso que terá sido forçado a entregá-las  - Mas acho que terei sido  mesmo eu a fazê-lo, já não estou bem certo - O que garanto é que fui eu a primeira pessoa a divulgar as fotos  e evitar a sua destruição  

Pena que o comerciante Jorge Coimbra, não me tenha feito a entrega de várias centenas de peliculas, que deixei em casa da minha companheira, quando parti de canoa - Valeu-me o facto de, mais tarde, o Sr. Afonso Henriques, me ter trazido um album de algumas fotos que ele não levara https://canoasdomar.blogspot.com/2008/02/sao-tome-atitude-do-empresario-jorge.html

Quando entrevistei o advogado  Victor Pereira, ele confessou-me que desconhecia essas imagens e também o número certo de vitimas  - https://canoasdomar.blogspot.com/2015/02/s-tome-e-principe-memorias-do-batepa-5.html


Entretanto, eu já havia começado a entrevistar vários dos sobreviventes para a revista Semana Ilustrada, de Luanda, de que era correspondente, uma das quais ainda  com feridas por sarar numa das pernas, com que fora acorrentada

Trabalhos jornalísticos esses que me haveriam de custar graves dissabores, violentas reações por parte, de alguns colonos. que me furaram os pneus do meu carro à navalhada, penduraram uma forca na porta de minha casa, depois de arrombarem, sim, de um modesto apartamento no edificio do Lima & Gama e deixado tudo de pantanas  - Não satisfeitos, mesmo assim, à noite  sairam de um carro, que estacionaram junto ao edificio e fizeram-me uma espera, tendo-me pontapeado e agredido selvaticamente. 

Vindas de indivíduos que ainda hoje se gabam no Facebook das sórdidas patifarias, que me fizeram .https://www.facebook.com/elvido.ricardodeviveiros?fref=ts.....https://www.facebook.com/manuel.sebastiao.75?fref=ts



Noutra ocasião,  quando umas centenas de colonos das roças invadem o Palácio do Governador  e insultam Pires Veloso,  ao saírem, mal me vendo sentado na esplanada do Palmar, vêm logo de lá a correr como loucos atrás de mim armados de catanas na mão. Valeu-me ter-me refugiado num telhado, frente à farmácia Cabral,  após o que estive uma semana escondido no mato em casa de um santomense, o Constantino Bragança, meu companheiro da escalada ao pico Cão Grande, que, tendo-se apercebido, veio chamar-me à noite para me alojar na sua cubata  

 SE ME APANHASSEM,  TERIA SIDO DEGOLADO E DESFEITO!...  - Em toda a parte os jornalistas são sempre as primeiras vitimas da ira popular, da intolerância e do ódio - Em todos as  guerras e conflitos - Mas não só.

 De  tal maneira, me senti inseguro e me moveram tão feroz perseguição, que me vi obrigado a abandonar a Ilha numa canoa para a Nigéria, travessia que  eu já andava a planear desde algum tempo para demonstrar que as ilhas poderiam ter sido ligadas por canoas, vindas da costa africana, antes da colonização


BARTOLOMEU CRAVID  

- J.M._ Diz-se que o Sr. Cravid também foi uma das pessoas afectadas pelos acontecimentos do Batepá. Que se passou então em relação à sua pessoa?
- B. C. - Lembro-me que fui preso e que estive na cadeia 45 dias. ·
-
 J.M. -Por que é que o prenderam?
- B. C. - Não sei explicar; o certo é que houve a ideia de arranjar mão-de-obra gratuita. E daí' surgiram as prisões, mais prisões mas sem quaisquer razoes para isso. 
 Procurava-se emprego e não sé encontrava. No entanto, as rusgas sucediam-se e as pessoas que encontravam, eram presas. É, claro, ao fim ao cabo houve um ou outro que reagiu sobre esses atitudes. Mas a  verdade é que nem chegou a existir reaccão nenhuma.
- J.M – Na altura, trabalhava em quê?
- B.C – No Tribunal.
- J.M. - Portanto na altura em que foi preso. Mas em que suspeitas se basearam para o prenderem?
- B.C. - Naquela altura só se 'tratava de boatos, mais boatos. O individuo era apontado de estar metido em reuniões. Mas a verdade é que nem sequer havia reuniões.
- J.M. - Durante o tempo em que esteve preso foi muito mal tratado?  
- B.C - Fui. Bateram-me. Puseram-me numa cela, incomunicável, durante 45 dias.
- J.M. - E a alimentação? De que constava?
- B. C - De fuba com feijões, sem um mínimo de higiene. Enfim, tratavam-nos piores que escravos.  
 J.M. --'Tinha lá muitos companheiros? .
- B. C.. -· Sim. Tinha lá muitos companheiros. Muitos funcionários públicos. ·
  J. M. - Eram todos submetidos a igual tratamento?
 - B. C. - Sujeitavam-nos aos mesmos tratos. Puseram-nos descalços. Bastiam-nos ...
- J. M. - Com que é que os castigavam?
- B.C. – Com pauladas. Chicoteadas. Palmatoadas. Enfim…
- JM -  Depois acabaram por o soltar, porque? · Como é que chegaram à conclusão que não havia motivo para o terem preso? · 

- B. C. - Não sei se foi o Juiz que trabalhou Comigo. Não sei explicar como é que isso se passou. O certo é que um dia qualquer chamaram-me e soltaram-me.
- J.M. - E aos outros seus companheiros?
- B.C. - Um outro colega meu foi solto um dia  antes: o Sr. Martins Fernandes de Castro.
- J.M.  - Como é que o Sr. Cravid interpreta a origem desses acontecimentos ? ·
- B. C. – Dá-me a entender que o Governador Gorgulho tinha na ideia escravizar todos os naturais de S. Tomé. Não os queria, até, como funcionários públicos. 'Deu-me· a entender que só os queria na situação de contratados. De verdadeiros escravos.
- Excerto

Escasseava a  mão de obra barata..E o governador planeava construir grandes edifícios à custa do trabalho forçado nas ilhas e  mandou o ajudante de campo armado em soldado nazi a comandar um grupo de milícias para  ordenar o trabalho obrigatório.. Num verdadeiro retorno aos primórdios do ignóbil e duro esclavagismo, até que,  numa remota aldeia perdida no mato,  algures pela Vila da Trindade, alguém se encheu de coragem e reagiu sobre o fogoso e arrogante alferes, que teve a reação popular que merecia  e à altura da leviandade e do desprezo como olhava a  população  e impunha  a sua vontade .

A partir daí o Governador  Gorgulho -  para salvar  a face dos seus desmandos e  prepotências, e, como os grandes erros, nunca vêm sós, para justificar uns cometia outros, cada vez mais graves.  passou acusar os "rebeldes" de comunistas, através da imprensa e da rádio.   E não tardou que os colonos - incentivados  ao ódio à  dita   "hidra comunista", respondessem ao apelo dos muitos boatos propalados

"Há notícias de que foram avistados submarinos soviéticos ao largo e descarregadas armas para apoiar a revolta  dos negros insurretos contra a integridade desta província ultramarina!"  - Foram detidos e presos vários suspeitos. O governo promete firmeza  e mão pesada aos criminosos! . Por toda a ilha mobilizam-se milhares de voluntários."
- E, quilo que  poderia ter sido um caso isolado, depressa é rotulado de rebeldia comunista.

Face a tais atoardas e  falsos alarmes, as roças  passam ao ataque: empregados de mato e dos escritórios, feitores e administradores - e até capatazes negros -partindo em jipes de todas os cantos da colónia, concentraram-se na Trindade, e, fortemente armados,  dirigem-se através dos caminhos do mato ao Batepá, descarregando  tiroteio forte e feio, (naquela e noutras aldeias) sobre as populações indefesas e pacíficas - mães com os filhos às costas,  homens,  mulheres e inocentes criancinhas, e até porcos, cabras e galinhas -, tudo é imediatamente alvejado e varrido!

VISITA AO LOCAL DOS TRÁGICOS ACONTECIMENTOS – EM 1974 – 20  ANOS DEPOIS  - Tendo como guia dois sobreviventes: Manuel dos Ramos e Manuel Carmona

Este o relato – “O local fica perto da. sede da de pendência Fernão Dias, à Roça Rio do Ouro, à frente de um' mar azul  imenso, bordado de viçosos coqueiros e de um capim que cresce exuberantemente  e, por entre vestígios e recortes de antigas construções, em tempos utilizados para servir a ponte de cais acostável para  os- barcos de longo curso que ali atracam 

A ponte destinada então, aquele porto, encontra-se em ruínas, e o sítio onde se localizavam as tais construções, são boje, praticamente, lugares de abandono, preenchidos, apenas, na pequena planura que ali se ergue, por uns tantos pés de coqueiros, que após terem servido de palco  aos tristes como lamentáveis acontecimentos no ano de  1953, ali foram plantados, talvez para quebrar a aridez e tristeza ambiente


Acompanhou-nos ao lugar, onde ficava a casa que o chefe da brigada do campo de concentração e de trabalhos Forçados utilizava para pro ceder às torturas, aos interrogatóri0.e: e julgamento das inúmeras pessoas que para ali iam presas. 

Por último, trouxe-nos ao lugar onde os presos partiam brita para construção de uma pista para o aeroporto que a partir de ali se pretendia iniciar e apontou-nos o pântano onde eram também forçados a trabalhar. Na berma do mesmo, encontramos ainda uma argola de uma corrente de ferro, com que eram amarrados.

UMA MÁQUINA BRUTA A MATAR  - Dizia-me o celerado José Mulato, antes de partir para Portugal,  através da “porta do cavalo” do aeroporto de S. Tomé, disfarçado com as suas habituais vestes de caqui azul de carpinteiro) me confessara ter sido "uma máquina bruta a  matar",  saindo-se com esta abominável expressão,  sem o mínimo de remorsos: "matei mais de mil!" -

Este o carrasco, que, Carlos Gorgulho, fora buscar para capataz-mor   das brigadas de recrutamento de trabalho forçado, e, posteriormente,  promovido a chefiar o Campo de Concentração de Fernando Dias - Escolhido pelo todo poderoso Governador, que, no dizer do então comandante da Polícia e seu ajudante de campo, se portava, em vários detalhes, como um ditador à maneira da Gestapo no tempo de Hitler na Alemanha”, viria a confessar  (na farsa do julgamento mandado instaurar pelo Salazarismo para salvar as aparências) que apenas ordenara a matança de  47 vidas.

 SOBREVIVENTE - A DOR QUE O TEMPO AINDA NÃO APAGOU - ESPANCADA À CRONHADA DEPOIS DE LHE METEREM A CABEÇA NUM TANQUE DE  ÁGUA - Era menina e estava grávida.




Ainda  jovem, e  mesmo grávida, não foi poupada à brutalidade facínora das ordens do então Governador Carlos Gorgulho: arrastada à força de sua casa, levada para um calabouço na então Vila de Trindade, espancada barbaramente, Primeiro deu-se o saque às casas: carregaram o que puderam dos modestos teres e haveres, após o que as incendiaram.






Maria dos Santos, mais conhecida por Mena, agora com 80 anos,  é um  dos rostos debilitados, que ainda hoje espelha o testemunho do incomensurável sofrimento, angústia e lágrimas, por que viveu há 62 anos, - É uma das mártires, ainda sobrevivente dos hediondos massacres de Batepá, que tiveram inicio nos horrores da longa e pavorosa noite de 2 para 3 de Fevereiro de 1953 e que iriam prolongar-se nos ignóbeis espancamentos e torturas,  até à morte, infligidos  a centenas de santomenses, em terríveis interrogatórios, desde brutais choques elétricos, à violenta palmatoada, ao chicote, cacetada e cronhada, a soco e a pontapé,  quer  no afrontoso cárcere da prisão local,  onde os presos, coabitavam  exíguos e afrontosos espaços, em deploráveis e nauseabundas condições higiénicas, quer numa das salas da Fortaleza S. Sebastião (a capitania dos Portos), transformada em laboratório   ao estilo da Gestapo hitleriana, sob a batuta do  famigerado médico Aragão, locais donde partiam para o Campo de Concentração Fernão Dias   


Imagens e palavras de um abominável massacre. O pai de Teresa, esposo de Maria dos Santos, , também vitima da mesma barbárie, depois de lhe terrem queimado a casa e o carro (que saquearam antes de a incendiarem) ainda procurou refúgio no mato mas foi apanhado, preso e enviado para o Campo de Concentração de Fernão, onde acabaria por embarcar, com mais 120 homens para serem lançados ao mar, no barco António Carlos. Tal porém não sucederia por  a tripulação do navio se ter oposto, tal como vim  a saber através de outro depoimento, que obrigaram o comandante a deixar os prisioneiros na Ilha do Príncipe, onde acabariam por ficar presos   – Um desses  homens era o cabo-verdiano, Bernardino Lopes Monteiro, pai  do Coronel Victor Monteiro Dias,  chefe do Gabinete do Presidente Manuel Pinto da Costa, de cujo episódio  conto vir a referir-me neste site.

CULPADOS COM PENAS LEVES OU ABSOLVIDOS –  os que denunciaram o massacre, levaram com a ripada 

Foi o caso de Salgueiro Rego, que, por discordar das arbitrariardes do Governador Carlos Gorgulho, haveria de levar com um processo em cima – Mais tarde escreveria  um livro, a que dera o título Memórias de um ajudante-de-campo (em dois volumes), proibido nestas Ilhas, ao qual será dado destaque numa das próximas postagens

A dado passo escrevia o seguinte:.“Felizmente que o Ministro, a quem escrevi particularmente contando-lhe o que se passava, me mandou embarcar. Mas vieram atrás de mim oito dias de prisão tudo descrito no 1º volume das minhas memórias, castigo que o Ministro não teve coragem de anular sabendo-se de toda aquela pouca vergonha que por lá se passava e obrigou o Governo Central a mandar regressar os três culpados de toda aquela péssima cena que foi sem dúvida um dos factores do que estamos sofrendo em Africa. No meu quartel havia 50 soldados angolanos que tomavam parte em todas aquelas tristes cenas que tendo acabado o tempo e regressado às suas terras temam, contando, ajudado a criar a revolta que estalou e que felizmente tanto lá como em S. Tomé tudo se mantém agora nas mãos de dirigentes respeitáveis, compreensivos e justos tratando os negros como merecem.

O meu injusto castigo cumpri-o e não houve da parte de ninguém que mo tirasse porque, estou certo disso, sabia-se que o Ministro do Exército em Conselhos de Ministros tudo fazia, e conseguiu, promover o Governador a oficial general e há pouco tempo a 2.° Comandante da Legião Portuguesa! !




 CORONEL VITOR MONTEIRO, FILHO DE BERNARDINO LOPES MONTEIRO - ELE CONTA O QUE LOGROU APURAR DE SEU PAI - OUÇA AS SUAS PALAVRAS  E REFLITA



Em Fevereiro de 1953, cerca de centena e meia  de santomenses, iam ser largados no mar  por ordem do Governador Carlos Gorgulho- Tal não aconteceu porque a tripulação, liderada pelo imediato Bernardino Lopes Monteiro,  se sublevou - Porém, alguns anos mais tarde, no caso de prisioneiros de guerra guineenses, persistem  fortes suspeições, de, que o crime tenha mesmo sido consumado, com uma parte da carga humana, engaiolada nos porões e da qual apenas chegou metade ao seu destino - Quem levanta a questão é  um tripulante, que acusa o comandante como uma figura odiada:  "Foi ainda a bordo deste mesmo navio que nos deslocámos de Bissau a Cabo Verde (Tarrafal) na Ilha de Santiago) para ali embarcar supostamente 88 ex-prisioneiros de guerra, mas por razões que nunca cheguei a saber apenas 44 voltaram para a Guiné .Era então Comandante do António Carlos o conhecido e odiado pelas gentes da outra banda, o  "Herói do Barreiro"... Estou a falar-vos do longínquo ano de 1964. (***). - Pormenores em. Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74

sobrevivente
"António Carlos" - navio  de carga e passageiros,  que, anos mais tarde, ainda durante o salazarismo colonial também foi usado  para transportar presos do Tarrafal, como se poderá concluir mais adiante – E, pelos testemunhos, que aqui exponho,  também depreender-se que era através dele  que, o Governador Carlos Gorgulho, em Fevereiro de 1953, quis  levar a cabo mais uma das suas macabras operações de liquidação da elite santomense, que apelidara  de “comunistas” 


sobrevivente
Quem evitou a tragédia de cerca de centena meia de nativos santomenses foi o valoroso Bernardino Lopes Monteiro,  que era então o imediato e que, com outros elementos africanos da tripulação, obrigou o comandante a deixá-los na Ilha do Príncipe, após o que o forçou também de deixá-los no Senegal. Mais tarde, tendo regressado a Cabo Verde, donde era natural, mesmo com outra identificação, foi detido pela PIDE  e levado para o presidiu do Tarrafal.  

FORAM SALVOS DE SEREM AFOGADOS  E DEVORADOS PELOS TUBARÕES MAS  DEPOIS ESPERAVA-OS  UMA CADEIA ONDE ERAM TRATADOS COMO ANIMAIS  - É o que pode depreender-se do relatório de um inspector do  Ministério do Ultramar, na passagem que a seguir passo a transcrever, com data de 1963 – Mesmo 10 anos depois

Sum Marki,  pseudónimo  do  Senhor Marques –  - O escritor de origem portuguesa, nascido nas Ilhas Verdes do Equador, que cativou o coração dos santomenses, pela sua coragem na denúncia dos Massacres do  Batepá, quer antes quer depois do 25 de Abril   
Perseguido e preso pela  PIDE, que lhe aprendeu e queimou várias edições na sua própria tipografia, na Amadora  - E também  mal amado pela critica, que sempre o olhou de sobranceria  pela sua incursão na literatura popular, humor e erotismo da qual se servira como alternativa à de denúncia e de intervenção http://canoasdomar.blogspot.com/2020/06/sao-tome-sum-marky-1911-2003-para.html


QUANTOS OS  QUE TOMBARAM NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE FERNÃO DIAS, NOS BRUTAIS INTERROGATÓRIOS, CASAS INCENDIADAS OU NAS RUSGAS?

Quantos tombaram? – Esta questão foi também levantada num estudo do investigador Gerhard Seibert, que, diz o seguinte: (tradução de francês) “Os vários dados sobre o número de vítimas do massacre  divergem bastante.Mais pormenores em LE MASSACRE DE FÉVRIER 1953 À SÃO TOMÉ - Lusot
 


Nenhum comentário :