expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

PM de S. Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, ao semanário Sol: "É preciso mudar o paradigma: África não pode viver sempre de mão estendida" – Título da manchete de extensa entrevista de seis páginas na sua última edição – “Encontrei um país com muita corrupção” – Destaque com que o semanário português abre a página internacional - Depois de, na penúltima edição ter dado a noticia de que, a residência, em Lisboa, do ex-Ministro das Obras Públicas, Osvaldo Abreu, foi alvo de um tiroteio na passagem do ano.

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Transcrevo mas não comento: 

O Primeiro-Ministro  Patrice Trovoada, concedeu uma extensa entrevista  ao semanário Sol, começando por referir: “estava combinada para um dos principais hotéis de Lisboa  (…. )  o governante não fugiu a nenhuma questão e à boa maneira africana brincou até com alguns dos temas puxados à liça, isto depois de se ter reunido. em dias alternados, com Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Fernando Medina, a quem veio pedir ajuda financeira imediata. Fala pausadamente, com forte sotaque francês, e quase nunca vacila.

Mas, antes de lhe transcrevermos algumas passagens da entrevista,  recordamos a noticia que, o mesmo semanário transcreveu da Lusa, citada também por outros órgãos de comunicação social  de que “o  apartamento do ex-ministro das Obras Públicas, Infraestruturas, Recursos Naturais e Ambiente do anterior Governo de São Tomé e Príncipe, na cidade portuguesa de Queluz, em Sintra, foi alvo de um ataque a tiros quando celebrava a passagem do fim-de-ano com familiares e amigos.


O atual dirigente do MLSTP-PSD, partido  que deixou o poder em Novembro, Osvaldo Abreu, segundo a mesma fonte, terá dito às autoridades recear “que o incidente tenha alguma relação com o massacre e assassinato de quatro cidadãos, que ocorreu no quartel-general das Forças Armadas de São Tomé e Príncipe e que, em seguida, determinou a prisão de opositores políticos".

A última noticia deste  domingo, no Téla Nõn, é a de que, O Procurador-Geral da República, Kelve Carvalho anunciou que a investigação sobre os acontecimentos do dia 25 de novembro no quartel do exército, decorre a muito bom ritmo.

ENTREVISTA AO SEMANÁRIO SOL  - “O Governo está tranquilo e quer saber a verdade da maneira mais concreta e pura, sem intoxicações. Nós estamos a aguardar o fim do inquéritos” – Disse  Patrice Trovoada

Questionado de “como está a situação em S. Tomé, houve uma tentativa de golpe de Estado, entretanto a oposição acusa-o de estar por detrás do golpe de Estado…. Dizem que disse logo quem é que foram os homens que iam ser detidos, nomeadamente Delfim Neves e o Arlécio Costa… O que diz disto tudo?

Digo-lhe que quando um governo sofre uma tentativa de golpe de Estado e menos de dez horas depois convida a comunidade internacional, nomeadamente Portugal, a participar na investigação, a nível da medicina legal, a nível da PJ, da procuradoria, isso significa que esse Governo está tranquilo e quer saber a verdade da maneira mais concreta e pura, sem intoxicações. Nós estamos a aguardar o fim do inquéritos

Que estão a ser conduzidos com a policia de São Tomé e Príncipe. Mais alguma?

Todos os organismos que quiseram acompanhar a questão foram recebidos em S. Tomé e Príncipe. Tivemos o representante do secretário-geral Guterres, que esteve lá, tivemos a comissão dos direitos do homem da ONU, tivemos a CEEAC, mais transparente que isso não sei. Agora, a oposição tem as suas teses.

Dizem que estaria a fazer uma revisão constitucional e estaria a tentar usar o golpe militar para puxar os deputados que faltam.

 (risos) Revisão constitucional para quê? Nós estamos num regime parlamentar, em que o principal  o primeiro ministro quando tem uma maioria absoluta tem imensos poderes. E não tem a limitação de mandatos que é quase todos os cassos  dos limites presidenciais de África, que têm a sua limitação de mandatos, mesmo na Europa. O primeiro-ministro não tem limites de mandatos. A Merkel fez 4 mandados? O Tony Blair  fez quantos mandatos? Por isso os primeiros-ministros de países como São Tomé e Príncipe, Cabo Verde ou Etiópia têm imenso poder. Se era uma questão de ter imenso poder, não precisava de uma revisão constitucional.

Mas o que dizem, pelo que li, é que pretende dar mais poderes ao Presidente e transformar o seu presidente num regime presidencial.

O Presidente está limitado a dois mandatos. 

Quer alterar a Constituição?


Não, não estou preocupado com isso. A oposição pensa como ela pensa, se calhar por pensar assim é que não ganha as eleições. Vamos lá ver, eu ganho as eleições depois de estar ausente do país por quatro anos. Fiz uma semana de campanha. Ganho as eleições com maioria absoluta. Por que preciso de fazer um golpe de Estado contra mim mesmo? Não entendo isso. E a primeira revisão que eu tenho é a revisão constitucional? Quer dizer, tenho um Presidente da República que é um antigo ministro meu, do meu partido. Que coloquei, no sentido em que me engajei pessoalmente, anunciei a candidatura dele há um ano e pouco. Então qual é o interesse que tenho em estar a pensar numa reforma constitucional, de estar a fazer  um golpe de Estado contra pessoas que já foram derrubadas pelas urnas? Não faz sentido. Acho que estão a criar uma cortina uma cortina de fumo para esconder alguma coisa. Então, eu estou tranquilo aguardar que a policia judiciária portuguesa, que é  competente, que é idónea, que é isenta, que se calhar quer preservar o seu bom nome, faça o seu trabalho, apresente os resultados com procuradores portugueses, que estão também associados a essa operação. E digo mais, não é a primeira vez que a PJ Portuguesa intervêm nessas questões em São Tomé e Príncipe. Em 1028 houve uma tentativa de golpe de Estado em que havia mercenários envolvidos.

Mas que foram libertados

Agosto 2018
Pelo Governo que acabou de sair agora. A PJ portuguesa trabalhou nesse caso, ajudou  a procuradoria de S. Tomé e Príncipe a constituiu  a causação. E quando houve mudança de Governo, o que entrou pegou os espanhóis e toda a gente envolvida no caso e libertou-os. Bom, imagine que, se naquela altura, quando pedimos a Portugal para intervir, para nos ajudar, fazia um inquérito para ajudar um país e dá-se por conta  que o primeiro-ministro na altura inventa coisas, que é um homem pouco sério, eles regressariam em 2022? Não regressariam. Vamos lá a ser racionais, não faz sentido. Há o segredo de justiça, mas vamos lá a ser razoáveis. Não vejo muito bem, com os meios próprios de formação em Portugal, uma coisas dessas acontecer; venho para Lisboa e sou recebido com pomba e circunstância. Vou a Washington e sou recebido  com pompa e circunstância, o mesmo no FMI. Não faria sentido. A oposição está a fazer muito barulho, é normal que faça, mas não é normal que  fazer barulho com algo tão sério. A não ser que tenham provas, elementos que nós não conhecemos. Aí tem de as apesentar ao Ministério Público para ajudar ao inquérito.  

Por que é que é a quarta vez que é primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe? Porque sente essa necessidade? E o que fez nesses quatro anos fora, esteve em França ou em Portugal? 

Não sinto essa necessidade, até dizia que não queria mais ser primeiro-ministro depois de três vezes. 

A primeira das quais foi muito pouco tempo. 

Da primeira vez fui primeiro-ministro de uma coligação, que durou  três meses. Depois fui primeiro-ministro de um Governo minoritário, durou dois anos. Depois fui primeiro-ministro de um Governo maioritário durou toda a legislatura. Tive a experiência de todos  os modelos possíveis. Penso que, depois desses quatro anos, recordo a toda a gente que ganhei as eleições. Não ganhei por maioria absoluta, mas ganhei. Só que preferiram uma geringonça, uma outra fórmula qualquer. E eu também na altura queria um bloco central, os dois maiores partidos a fazermos as reformas. Eles não quiseram, ok. Fui-me embora, fiz aminha vida, estive em Portugal, onde tenho a minha esposa e os meus filhos, há mais de dez anos. Tive em Portugal uma parte, tive no Dubai nas minhas atividades privadas, fui administrador de empresas, fiz outras coisas. O que acontece é que quando houve as eleições presidenciais, a nossa população é bastante politizada. Ela sabe quais são as competências do Governo e do chefe do Governo. Então, do lado das eleições presidenciais votaram em Carlos Vila Nova, que foi apresentado pelo meu partido, nas condições de que eu depois assumisse o cargo de primeiro-ministro.

Que concorresse.

E os que que voaram em Vila Nova votaram em Patrice Trovoada como primeiro-ministro que foi o que aconteceu. Era difícil nessa  altura virar as costas e dizer que não me engajo. E então fui de novo para concorrer e ganhei.- Excerrtos da extensa entrevista de seis páginas 

 




Nenhum comentário :