Jorge Trabulo Marques
O seu corpo esteve em câmara ardente na capela da Academia militar, junto à qual registei para a então Rádio Comercial-RDP, breves declarações, de várias personalidades, militares e civis, acerca da sua memória, incluindo um general, cujo nome, já não me ocorre, assim como do Almirante Rosa Coutinho, de Mário Soares, Hermínio Martinho, do então PRD e António Roque Gameiro.
A sua morte, aos 50 anos, foi então muito sentida, tanto por camaradas de armas, que o haviam acompanhado na madrugada daquela histórica data, como por várias personalidades, e também pelos portugueses, em geral, que compreenderam a importância do 25 Abril, como caminho aberto à liberdade, ao fim da guerra colonial e aos ideais democráticos

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DEPOIMENTOS ACERCA DE UM HOMEM CORAJOSO, HONRADO E HONESTO – UM DOS SÍMBOLOS DA REVOLUÇÃO DO 25 DE ABRIL
“Um dos homens responsáveis pela democracia em Portugal e um do símbolos dos capitães de Abril – Um dos militares que arriscou a própria vida e nunca se arrependeu dessa sua ação meritória
Um homem honrado honesto, com brio, um apatriota e é com muita mágoa que se vê perder uma camarada que ainda estava na flor da vida “ – Palavras de um general, cujo nome me não ocorre
Rosa Coutinho - Todos nós que fizemos a Revolução de Abril, consideramos Salgueiro Maia, um dos nossos, vemos, portanto, o seu falecimento como uma perda significativa. É evidente que os capitães de Abril irão morrendo: é pena que, no caso de Salgueiro Maia, e de outros, tenha sido tão cedo. Mas recordá-lo-emos sempre, como um homem muito digno! Um homem de grande coragem moral e física! Um homem de isenção exemplar. Um homem que nunca procurou honrarias, que nunca procurou benefícios pessoais e, cuja atitude, como Capitão de Abril, perdoará para a história: um homem com grande capacidade de sacrifício, não apreciando a Ribalta nem militar nem política

Portugal, hoje, democrático e pluralista, deve muito à ação pessoal de Salgueiro Maia e, por isso, todos nós portugueses, se devem inclinar sobre a sua morte, que representa uma grande perda para o país foi, digamos, um Campeão da Liberdade
Herminio Martino - Salgueiro Maia era um amigo especial e uma amigo particular: pela sua postura na vida, pela sua integridade, pela grande dignidade, com que se comportava e conduzia toda a sua vida, eu penso que ele é merecedor do maior respeito e admiração dos portugueses: pela coragem e determinação, com que conduziu a sua vida, penso que lhe devem muito: não só os portugueses, em geral, como o regime democrático, em que hoje felizmente vivemos
António Roque Gameiro - Não era pessoa de criar o mais pequeno conflito, fosse com quem fosse; em cada um com quem se relacionava, era uma amigo Era uma honestidade muito grande e não se aproveitou de nada
Fernando José Salgueiro, natural de Castelo de Vide, 1 de julho de 1944, tendo falécio em Lisboa, 4 de abril de 1992), foi um dos capitães do Exército Português que liderou as forças revolucionárias durante a Revolução de 25 de Abril de 1974, que marcou o final da ditadura.

Em 1973 iniciam-se as reuniões clandestinas do Movimento das Forças Armadas e, Salgueiro Maia, como Delegado de Cavalaria, integra a Comissão Coordenadora do Movimento. Depois do 16 de Março de 1974 e do Levantamento das Caldas, foi Salgueiro Maia, a 25 de Abril desse ano, quem comandou a coluna de blindados que, vinda de Santarém, montou cerco aos ministérios do Terreiro do Paço forçando, já no final da tarde, a rendição de Marcelo Caetano, no Quartel do Carmo, que entregou a pasta do governo a António de Spínola. Salgueiro Maia escoltou Marcelo Caetano ao avião que o transportaria para o exílio no Brasil. Na madrugada de 25 de Abril de 74, durante a parada da Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém, proferiu o célebre discurso: Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui! Todos os 240 homens que ouviram estas palavras, ditas de forma serena mas firme, tão característica de Salgueiro Maia, formaram de imediato à sua frente. Depois seguiram para Lisboa e marcharam sobre a ditadura.[1] [2] A 25 de Novembro de 1975 sai da EPC, comandando um grupo de carros às ordens do Presidente da República. Será transferido para os Açores, só voltando a Santarém em 1979, onde ficou a comandar o Presídio Militar de Santarém. Em 1984 regressa à EPC. Excertos de Salgueiro Maia – Outros elementos também em Biografia de Salgueiro Maia (
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