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sábado, 14 de setembro de 2024

Amílcar Cabral –Centenário 12/091924 – Nasceu há 100 anos - Assassinado por Nino Vieira, aos 49 em 20 de janeiro de 1973 - Acusação é do poeta médico santomense, Tomás Medeiros, antigo general da guerrilha no MPLA, falecido em 9 Setembro de 2019

                                               Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

Nascido na Guiné-Bissau e filho de pai cabo-verdiano e de mãe guineense, Amílcar Cabral é líder e o herói incontestado da luta pela independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.

O autor de " A verdadeira morte de Amílcar Cabral" , afirmou-nos numa breve entrevista, há uns anos, na Casa Internacional de Tomé e Príncipe, que “Há muita lenda acerca da morte de Amílcar Cabra, do l líder do PAIGC:


Amílcar não foi morto por ser bandido ou por ser traficante de droga: Amílcar Cabral foi morto por ser um homem político por certas etnias que lutavam contra Amílcar Cabral

Foi morto a tiro, em Conacri, na noite de 20 de janeiro de 1973, por dois membros do partido político que ajudou a fundar, em 1959, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC, a  poucos meses antes da proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau



MAIS  LENDAS DE QUE CERTEZAS – MAS, PARA TOMAZ MEDEIROS,  O ASSASSINO TEM UM NOME  Tomás Medeiros, o poeta santomense, antigo médico e general do MPLA, no período da guerrilha, acusa Nino Vieira por ter sido o mandante do assassínio da morte de Amílcar Cabral

Culpou-se o exército português e a PIDE, não é que vontade não falasse ao regime colonial, e, pelos vistos, até chegou a desencadear  operações nesse sentido, mas, afinal, os maiores inimigos do fundador do PAIGC, estavam no interior das suas próprias  fileiras. 

E, de facto, se dúvidas existiam acerca da origem do assassinato  de Amílcar  Cabral, na altura em que o atentado se deu, agora, volvidos 50 anos, bastaria atentar na série de mortes fratricidas ocorridas no seio da classe política guineense – Tal como já alguém referiu, por altura dos 40 anos sobre a morte de Amílcar Cabral, “O pai da Guiné-Bissau não assistiria ao seu nascimento como Nação e desde então os seus ideais têm sido muitas vezes traídos, numa multiplicidade de mortes póstumas 

“ A segunda morte de Amílcar Cabral ocorreu com o golpe de Estado em que Nino Vieira depôs o então presidente Luís Cabral (meio-irmão de Amílcar) e pôs fim ao grande projecto de fazer da Guiné-Bissau e de Cabo Verde um único país capaz de resistir às pressões dos vizinhos Senegal e Guiné-Conacri. Seria a primeira de muitas mortes póstumas.

 CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE AMILCAR CABRAL - ASSINALADO COM VÁRIAS INICIATIVA EM PORTUGAL

Em Lisboa, a Casa da Cultura da Guiné Bissau promove com outras associações iniciativas ao longo do mês. 
lugar na Torre do Tombo o 1º Encontro de Artistas e Escritores Guineenses

No mesmo local, no dia 27, realiza-se um Colóquio sobre o Legado Cultural de Amílcar Cabral. Nos dias 25, 28 e 29 de setembro a Casa do Comum acolhe o ciclo de cinema "Caminho de N'tchanha”. E também na Torre do Tombo, já é possível visitar de segunda a sexta até 11 de outubro a Mostra Documental “Luta e Liberdade: 100 anos do nascimento de Amílcar Cabral”, e observar documentos do seu processo individual da PIDE, das suas atividades de luta pela independência dos estados africanos, da sua participação em vários fóruns internacionais e alguns objetos de propaganda do PAIGC, além de alguns telexes censurados e imagens da cobertura noticiosa na imprensa portuguesa na altura da sua morte.

Amílcar Lopes Cabral, nasceu em Bafatá, Guiné Portuguesa, atual Guiné-Bissau, em 12 de setembro de 1924 — Faleceu em Conacri, 20 de janeiro de 1973 - Filho de Juvenal Lopes Cabral (cabo-verdiano e de Iva Pinhel Évora (guineense de ascendência cabo-verdiana, onde o seu pai foi colocado à época, como professor.

Engenheiro agrónomo e escritor, considerado o ideólogo da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, então colónias portuguesas. Durante a sua carreira, destaca-se no cargo de secretário-geral do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) em 1956 e como fundador da Assembleia Nacional do Povo da Guiné em 1972, grande passo para a independência. 


QUEM COM FERROS MATA, COM FERROS MORRE - TOMAZ MEDEIROS  ACUSA NINO VIERA DE TER SIDO O MANDANTE DO ASSINIO DE AMILCAR CABRAL 

Nino Vieira
Amilcar Cabral
Diz um velho ditado popular que quem com ferros mata, com ferros morre. Pelos vistos, assim teria acontecido à trágica morte de Nino Vieira - Assassinado, no inicio de Março de 2009,  por militares depois de  um atentado à bomba ter provocado a morte ao chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waié. 

Tomás  Medeiros, o poeta santomense, antigo médico e general do MPLA, no período da guerrilha, acusa Nino Vieira pelo assassínio da morte de Amílcar Cabral

Tomás Medeiros, autor de várias obras contra o colonialismo, de poesia e prosa em prospetos, autor do romance “O Pseudo-socialismo em Angola e uma novela, dedicada ao mesmo tema a S. Tomé e Príncipe. A sua última obra, foi publicada em 1012, com o título A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral

De seu nome, António Alves Tomás  Ribeiro,  filho de José Tomaz Alves de  Medeiros e de Polónia Tomaz de Almeida, nasceu em S. Tomé no dia 5 de Novembro, de 1931. Terminada a instrução primária, aos 13 anos, e, tal como a generalidade dos santomenses, como os  seus pais, não tinham possibilidades económicas, começou a trabalhar numa barbearia, como vendedor de jornais e vendedor de carvão, depois numa loja comercial. 

Porém, nada disso lhe interessava, a sua vocação era outra: destinos ousados o aguardavam. Então os seus pais mandaram-no para Nova Lisboa, Huambo, onde fez o primeiro ciclo liceal, após o que, três anos mais tarde,  parte para a capital do Império  para concluir os dois anos que lhe faltavam e inscreve-se na Faculdade de Medicina - 

De nada lhe valeu: como estava ligado à atividade politica, foi denunciado pela PIDE e por uma organização da extrema direita, como sendo um dos estudantes comunistas mais perigosos em Portugal, o que lhe valeu um mandato de captura – Para não ser preso, fugiu para Moscovo, onde cursa medicina, trabalha como locutor na Rádio de Moscovo, é Secretário-geral dos Estudantes Africanos na Europa,   Secretário-Geral dos Estudantes Africanos na União Soviética, colaborador da Academia das Ciências e investigador numa biblioteca.


Três anos depois parte para Crimeia onde conclui o curso de medicina . Não sendo obrigatório o exercício da profissão para os estrangeiros,  paralelamente faz a cadeira de latim e vários cursos de formação política:  o  Curso de Academia política,  o de História do Partido, de Marxismo Leninismo e o Curso de Medicina Militar  - Volta ao continente africano, a Brazzaville, onde o MPLA tinha a sua sede. Dali parte para Cabinda onde é médico militar e dos refugiados, professor de instrução revolucionária, tendo chegado à patente de General – Oportunidade de alto combatente que lhe deu a possibilidade de privar  com todos os líderes históricos dos movimentos de libertação: desde Agostinho Neto, Amilcar Cabral, Ângelo Cabral,  Francisco Tenreiro, Fernando de Sousa, Marcelino dos Santos, Eduardo Mondlane  - Reconhece que a sua relação, com S. Tomé e Príncipe, era muito estreita, porque, naquela altura, os elementos envolvidos na guerrilha, não tinham possibilidade de viajar, tendo ido lá apenas duas vezes mas em viagens muito curtas
.
Posterimente recebi de Nuno Rebocho – jornalista, escritor, poeta, organizador de vários eventos de poesia, atualmente a viver em Cabo verde, que me transmitiu a seguinte opinião:  Meu caro, esta tese corresponde ao que eu, em grande parte, penso. É preciso ver como a destrinça de classes no seio do PAIGC determinou tudo isso (os cabo-verdianos, mais cultos, iam para a liderança ou para as universidades do Leste, enquanto os guineenses iam puxar o gatilho; o crioulo - de origem cabo-verdiana - era uma espécie de "esperanto", ou "minderico", para as muitas etnias se entenderem sem o portuga perceber, etc). Há toda uma série de factos que apontam nesse sentido. Essa história de Amilcar ter sido morto pela PIDE é um mito que não resiste às análises e não acreditei nela desde o início. Lembro-me que, então, preso em Peniche discuti largamente o assunto com o Francisco Martins Rodrigues...
Um abraço

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