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sábado, 8 de agosto de 2020

O mundo vai turbado, mais cinzento e escuro de que claro – Mesmo assim, não te dês por vencido, entrega-te à claridade que cintila na fímbria da tua alma: faz ressurgir do mais fundo ou recôndito do teu íntimo, as energias que armazenaste em dias de esperança e acalmia -


Sou dos que procurou na vasta planície dos mares, os caminhos solitários que nos conduzem da luminosa claridade do dia à noite mais imensa e profunda, e, sob o olhar vagabundo e mergulhado nas trevas, a Luz que ilumina e poderá revelar a Verdade Eterna!..
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Depois de ter procurado o genuíno Deus na solidão dos mares ( e julgo tê-lo encontrado - ou pelo menos a consciência de me ter ajudado a descobrir o sentido da vida!) enfrentando tempestades, superando podres calmarias, a fome, a sede, enfim, arrostando as maiores vicissitudes e perigos vários (longe, muito longe, do meu país e da terra que me viram nascer), eis porque, após o meu regresso das lindas Ilhas de São Tomé e Príncipe - deixando para sul o imenso Golfo - me voltasse, não para os vastos e desconhecidos horizontes marinhos, mas de novo para os lugares abençoados do meu berço! Planáltico granítico, onde se circunscrevem, puros e largos espaços, que, desde criança, se me tornaram bem familiares - Cedo aprendi a amá-los e a conhecê-los! Palmilhando-os, porém, quantas vezes descalço, por caminhos e atalhos de fragas e de abrolhos!...


Depois de ter procurado o genuíno Deus na solidão dos mares ( e julgo tê-lo encontrado - ou pelo menos a consciência de me ter ajudado a descobrir o sentido da vida!) enfrentando tempestades, superando podres calmarias, a fome, a sede, enfim, arrostando as maiores vicissitudes e perigos vários (longe, muito longe, do meu país e da terra que me viram nascer), eis porque, após o meu regresso das lindas Ilhas de São Tomé e Príncipe - deixando para sul o imenso Golfo - me voltasse, não para os vastos e desconhecidos horizontes marinhos, mas de novo para os lugares abençoados do meu berço! Planáltico granítico, onde se circunscrevem, puros e largos espaços, que, desde criança, se me tornaram bem familiares - Cedo aprendi a amá-los e a conhecê-los! Palmilhando-os, porém, quantas vezes descalço, por caminhos e atalhos de fragas e de abrolhos!...

São, pois, estes os sítios mais queridos e abençoados da minha vida! Para onde me dirigi após longa ausência e onde fui retomar a minha sempre insatisfeita e persistente ânsia de procura do divino.


Envolto em ténue névoa,
fluindo em etéreo véu de brancura e mistério,
a sós, em perfeita harmonia comigo próprio e com os astros,
longe do bulício da cidade,
longe de tudo, do tumulto da vida e do mundo,
aspirando os odores de terra, das flores e das fragas,
canto o vosso cântico, ó Senhor Deus, meu Sol eterno!
Não, não estou só. Neste sítio tão calmo, de solidão e de espaço.
Tudo é igual a mim. Sou tudo o que me rodeia.
A abóbada do ar que me cobre. A luz que cai do alto e unge os meus olhos.
A pedra que piso e me faz pulsar o peito da adolescência perdida.
A débil névoa que me envolve e me transfigura.
Tudo habita em mim e eu habito o coração de tudo .
Oh, aqui, onde me encontro, não há tempo nem lugar definidos,
tudo é assombro, esplendor,
tudo faz parte do mesmo Deus,
tem a matriz do Criador,
só há eternidade, eternidade!


Esse é o meu retiro predileto, o lugar eleito das minhas fugas da cidade para o campo, onde peregrino, sempre que posso, nos meus devaneios espirituais. Pois é lá, ante a vasta linha daqueles largos horizontes, que eu sinto, bem presente, o vibrar da minha identidade, a suave harmonia das minhas raízes, o genuíno pulsar da minha origem, desde o seu lado mais ancestral até ao mais próximo. Porém, mais de que o torrão que me viu nascer, o que ali revejo e descubro, a cada passo, é a visão de um lugar sagrado, cenário eminentemente espiritual, que convida à contemplação e à purificação do corpo e da alma - À inexplicável perceção de quem tem o privilégio de pressentir ou de escutar um hino de serenidade e de louvor a Deus!

Oh abençoada terra natal!
Ó tu, sacro chão das minhas raízes, que tanto me atrais!
Só tu, que me gerastes, sabes o que eu sei dos teus segredos!
Sim, conheço, muitos deles, como a palma das minhas mãos!
Conheço, por exemplo, os teus silenciosos caminhos,
e, por entre eles, o perfume incomparável
das amendoeiras e das giestas, em flor,
que, por tão inebriante, me deleita e delicia, até ao êxtase!
Sim, sempre que posso, lá estou!
Sou o habitual caminheiro que peregrina,
que não desiste de caminhar,
inebriado e sem destino, por ermas ladeiras e penhascos!
Calcorreio veredas e atalhos, subo e desço as fragas,
ou simplesmente vagueio, vagueio
como um sonâmbulo, perco-me!
Sinto a vertigem das alturas
e dos largos espaços!

“Mar das altas vagas espraiadas,
Mar que respiras com longas e convulsivas exalações
Mar do sal da vida e das sepulturas por abri mas sempre prontas,
Mar que uivas e cinzelas as tempestades, mar caprichoso e requintado,
Eu faço parte de ti, sou de uma e todas as fases."

Walt Whitman
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