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quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Príncipe criou legislação para proteger as abelhas, que estão em vias de extinção- Vale a pena promover a apicultura, trabalho em que fui um dos pioneiros na recolha de exames selvagens para a sua domesticação, num pequeno colmeal, na BFAP, no Potó, onde o atual PR Evaristo de Carvalho, também trabalhou - Meu antigo colega - As Obreiras Africanas, mais pequenas e mais defensivas que a europeias mas podem aumentar a safra do Café em 50%” - São Tomé, tem o melhor café do mundo, deve promover a apicultura – Levei milhares de ferroadas, até ao dia em que as compreendi melhor a sua linguagem e pendurei um enorme enxame, sob o queixo


Jorge Trabulo Marques - Com José Cassandra - Presidente do Governo Regional do Principe 

Príncipe criou legislação para proteger as Abelhas – Diz o Téla Nón  - 
Recordando que “Desde o ano 2018 que as Nações Unidas proclamaram o dia 20 de Maio como sendo o dia mundial da Abelha. Uma forma de despertar a consciência do mundo para a ameaça que paira sobre um dos maiores polinizadores do mundo.

(…) A ilha do Príncipe, que é património mundial da biosfera, optou pela protecção do seu ecossistema como factor para a conquista do desenvolvimento sustentável. Esta semana, a Assembleia Regional do Príncipe deu mais um passo na consolidação do equilíbrio ecológico da ilha.
Os deputados da região autónoma, aprovaram o decreto legislativo de protecção das abelhas na ilha do Príncipe. «É uma lei que vem não só para punir os infractores, mas também vem dar-nos uma forma digna de produção do mel e todos os derivados de abelha», afirmou o deputado regional Francisco Gula.
São Tomé, onde os apicultores, continuam a usar fogo, para incendiar os enxames, e assim poder extrair o mel. Milhares de abelhas ficam carbonizados, em cada acção incendiária de extracção de mel na ilha de São Tomé.- Excertos de Abel Veiga https://www.telanon.info/politica/2020/08/04/32290/principe-criou-legislacao-para-proteger-as-abelhas/



Sim, fui um dos pioneiros na recolha de exames selvagens para a sua domesticação, num pequeno colmeal, em trabalhos técnicos de investigação, em S. Tomé. Os primeiros meses, foram terríveis!... Depois passei a ficar imune às suas ferroadas e a até apanhar os enxames às mãos cheias. Mas também só o podia fazer, após  montes de picadas cegas e a molho sobre a máscara e o fato e lhes aplicar várias fumigações: sobretudo após 1/3  ter-se  atirado num autêntico suicídio,  sobre mim e meu auxiliar,  dado pagarem cara a vida por cada ferroada, até que, por fim - talvez por um instinto de sobrevivência do enxame – lá se acalmarem e ficarem absolutamente inofensivas.

A rainha rodeada das suas damas- Web
Eu ficava  com a impressão  de que, quando os níveis de abelhas mortas pudessem pôr em risco a sobrevivência do enxame, este, como que por um comando instintivo, deixava de atacar – Pois, como é sabido, a abelha africana, ao sentir-se tocada, facilmente se exaspera, é tremendamente agressiva, ataca tudo o que se mexer à sua volta e persegue o seu alvo até grandes distâncias – Se apanhássemos algum enxame, por exemplo, junto de habitações, a criação de galinhas ou de patos, tinha de ser protegida das abelhas – De outro modo,  atiravam-se-lhes à cabeça e matavam essa criação. 

Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Recordo-lhe aqui a minha experiência na apicultura em S. Tomé - 




No serviço militar - Encarregado da Agro-Pecuária 
Uma tropa mais agrícola que militar
Apesar dos riscos inerentes  (e não eram tão poucos como isso), considero ter sido a atividade de apicultor, um dos trabalhos mais interessantes, que mais gostei de exercer, quando trabalhei na Brigada de Fomento Agropecuário, em S. Tomé - Além de que tive como empregado de mato na Roça Uba-Budo, Ribeira Peixe e Rio do Ouro - Ali na condição de mais um escravo a juntar a muitos outros - Pois quem  lucrava eram  os chamados “inspetores da Gravana ou do  cachimbo",  os proprietários, das grandes plantações, que, vivendo refastelados em  Lisboa,  ali iam  banquetear-se no período mais fresco do ano

 É verdade que as  abelhas africanas ou  as africanizadas (hibridizadas com outras espécies), embora mais pequenas,  respondem mais rápida e agressivamente  à perturbação da sua colónia,  são capazes de injetar oito vezes mais toxinas em suas vítimas, que as abelhas comuns, em revoadas de maior número e com  ferroadas de um veneno mais poderoso e letal. Em investidas  tais,  que, se houver de galináceos por perto, não escapam! Pois o ataque é logo dirigido à cabeça das vítimas! - Testemunhei essa experiência, com as abelhas africanas de S. Tomé: quer pelo que sofri fisicamente, quer pelos ataques que observei em animais domésticos e em pessoas.

Fernão Dias - Na antiga Roça Rio do Oiro
É, desde há muito reconhecido o papel importantíssimo das abelhas e de outros insectos na polinização de diversas espécies agrícolas, com o aumento substancial das suas colheitas   – Esta foi uma das razões que levou a que, a Brigada de Fomento Agro-Pecuário, sob a orientação da Junta de Investigação do Ultramar, em meados dos anos sessenta, introduzisse no campo experimental  das suas várias investigações,  junto à Roça Santa Margarida, próximo  da então Vila da Trindadeatual capital do distrito de Mé-Zóchi,  um pequeno colmeal com algumas colónias  capturadas de exames  selvagens, por forma a que  ali  se procedesse ao estudo do seu comportamento e  à reprodução intensiva, com vista ao desenvolvimento da apicultura  em STP: quer  para o aproveitamento do mel – produzem pouco, mas o mel é de boa qualidade: pois têm flora todo o ano e não precisam de o armazenar, mas sobretudo para melhorar a polinização dos cafezeiros e nos coqueiros



PR - Evaristo Carvalho - Meu antigo colega
Trabalhei nesse estudo, sob a orientação do Eng Rosário Nunes, acompanhado de um excelente auxiliar santomense, com o qual procedíamos à recolha de vários enxames e nas mais diversas proveniências, quer de buracos de  troncos de árvores, sobretudo de coqueiros, seus sítios preferidos, quer  dos novos exames que se replicavam na altura de enxamear e  iam pousar  até nos telhados, tal como sucedeu numa casa da cidade, perto do Tribunal, num percurso movimentado, onde, alguns motoristas, não querendo respeitar os avisos que lhe fizemos, de fecharem os vidros dos carros, acabaram por protagonizar os mais insólitos episódios, abandonando a condução em precipitadas fugas, enquanto as abelhas os flagelavam.  
Recordo-me bem, que, quando apanhávamos  um enxame, nas imediações do terreiro de uma roça ou onde houvesse habitações e a criação de animais, depressa se espalhavam pelos ares, zumbindo e atacando as cabeças das pessoas ou dos animais domésticos: - Tínhamos sempre mais alguém para ficar nos caminhos avisar que não passassem naqueles momentos. Mas havia sempre quem não fizesse caso das nossas recomendações e acabasse depois por fugir a pular e a sacudir as orelhas e a cabeça com as mãos. Nem por isso se livrando das suas picadas, pois a abelha africana, quando ataca, persegue, por várias centenas de metros,  tudo quanto for vivo até cair morta com o ferrão.
MEU PAI IA MORRENDO COM PICADAS DE ABELHAS 
Enquanto não me adaptei, não havia máscara e fato de apicultor que me  valesse: ao ponto de ter ficado, algumas vezes,  imobilizado em casaou com os olhos inchados e não podendo ver ou com os pés demasiados inchados e não podendo caminhar – Deus meu!  No rol das minhas aventuras,  desde a escalada de  um pico aprumo ou solitário em pirogas nos mares do Golfo da Guiné, até, por essa experiência, haveria de passar!  Quase por a mesma que  ia levando  à morte o meu pai, por ser alérgico às suas picadas: era eu criança, quando, na propriedade do nosso “Lavor do Ferro”, onde ela andava a lavrar, vendo um enxame junto às raízes  de uma oliveira, resolveu ascender umas giestas para as afugentar e tirarmos de lá o mel, como suplemento à nossa magra merenda 
Viu-se aflito! E, às tantas, de  tanto vomitar, abraçava-se a mim, dizendo-me que ia morrer – “Meu filho! Vou morrer!. Vai para casa! Deixa-me aqui ficar!” Enquanto eu o confortava a chorar!.. Estávamos só os dois e longe da aldeia. Vá lá, que, horas depois, lá se recompôs,  melhorou e pudemos regressar a casa no mancho, que era a besta com que ele andava a lavrar a vinha daquela encosta voltada para o Rio Côa – Episódio que jamais esquecerei, tal como outro, que ali me ocorreu, ainda de mais tenra idade: ao levar o macho a beber no ribeiro, enquanto ele bebia, dei-lhe um beliscão nas ancas, tendo-me dado um coice que me ia matando.
Porém, uns meses depois, desse meu trabalho em S. Tomé, quando passei a compreender melhor o seu comportamento, os sons da sua linguagem, as suas danças,  até a encarar  o meu trabalho com prazer e alguma diversão, ao ponto de as fazer pousar sobre o meu queixo com a rainha mestra engaiolada, tal como documenta a imagem, publicada no extinto Diário Popular.

Abelhas podem aumentar safra de café em 50%

“As safras de café da América Latina aumentaram nos últimos anos por causa das abelhas africanas, diz um cientista americano – Refere a BBC
Segundo David Roubik, ao polinizar um cafezeiro, os insetos podem fazer a planta produzir até 50% mais frutos.
Introduzida em 1985, a abelha africana teria se adaptado ao continente, tornando-se a maior aliada dos produtores de café latino-americanos.
No entanto, em regiões onde habitats naturais foram destruídos ou substituídos por campos agrícolas, o número de abelhas e outros insetos polinizadores estaria diminuindo. É o que se observa, segundo o cientista, em partes da África e da Indonésia, onde as safras de café vêm caindo nas
 últimas décadas. 
https://www.bbc.com/portuguese/ciencia/020613_abelhacg.shtml

A Apicultura em São Tomé e Príncipe. Situação Atual e Perspetivas Futuras” – Titulo de um estudo académico português .

Diz  que “As riquezas naturais de São Tomé e Príncipe, tais como a flora diversificada, o clima e a abundância de água, associadas à eficiência das abelhas locais, permite pensar na apicultura como uma aposta promissora para o país, uma vez que, associada à preservação do ecossistema, constitui uma excelente oportunidade de negócio e fonte de rendimento para as comunidades locais. A apicultura, baseada na gestão sustentável de abelhas Apis mellifera, para além de permitir extrair o mel, a própolis, o pólen, a geleia real, a cera, entre outros produtos da colmeia, é uma atividade do agronegócio que requer um baixo investimento inicial, potenciando a geração de emprego e rendimento, o que permite a manutenção das famílias no seu meio e ainda pode despertar a consciência ambiental, convertendo os apicultores em defensores da natureza. Defende também uma dissertação académica de Jeudíger Lima do Nascimento, apresentada à Escola Superior Agrária de Bragança para a obtenção do Grau de Mestre em Qualidade e Segurança Alimentar” – Mais pormenores em https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/18932/1/tesefinal.pdf

COMO EXPLICAR O COMPORTAMENTO DE ABELHAS TÃO MINÚSCULAS MAS  E TÃO TREMENDAMENTE DEFENSIVAS! – Que na América Latina, depois de um cruzamento com as abelhas nativas, até já foram apelidadas de “abelhas assassinas” 

S. Tomé - 40 anos depois 
Reconhecem estudiosos que. “Durante milhares de anos, por influência do meio ambiente, as características genéticas e comportamentais das abelhas africanas foram se diferenciando das europeias, que são muito mais mansas e fáceis de domesticar”, afirma o biólogo Osmar Malaspina, do Centro de Estudos de Insetos Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP). 

Muitos produtos hortícolas também beneficial com as abelhas
Acredita-se que o modo agressivo como os nativos africanos retiravam o mel, ateando fogo nas colónias, teria provocado a formação de um espírito tão guerreiro na espécie. Assim, as abelhas africanas ficaram tão preparadas para a autodefesa que percebem vibrações no ar a 30 metros de distância e já se sentem ameaçadas quando alguém chega a menos de 15 metros da colmeia. Quando atacam, podem perseguir sua vítima por mais de 1 quilometro”.
De tão perigosas, passaram a ser conhecidas em todo o mundo como abelhas assassinas. O apelido não pegou à toa: desde a década de 50, mais de 1 000 pessoas já morreram por causa de suas picadas só no continente americano. No Brasil, elas chegaram em 1956, trazidas pelo agrónomo paulista Warwick Estevan Kerr, que queria melhorar a produção de mel – mais resistente a doença https://super.abril.com.br/mundo-estranho/por-que-as-abelhas-africanas-sao-tao-perigosas/



De tão perigosas, passaram a ser conhecidas em todo o mundo como abelhas assassinas. O apelido não pegou à 


É POSSÍVEL SELECIONAR ESPÉCIES AFRICANAS MENOS DEFENSIVAS  -  Ó QUE TESTEMUNHA UM ESTUDO NO UGANDA COM  ABELHA AFRICANA - “Apis mellifera adansonii é a abelha mais defensiva do Uganda” -

Existem várias espécies de abelhas, e mesmo em cada espécie, os comportamentos, não são os mesmo: podem selecionar-se abelhas mestras capazes de propiciarem enxames mais calmos. Em  África, existem várias raças, subespécies  de abelhas (Apis mellifera L.) [1]., pelo que, o apicultor possa obter melhores rendimentos, precisa de colónias de abelhas com bom temperamento em termos defensivo.
É o que aponta um estudo levado a cabo no Uganda, referindo que “Cinco colónias de abelhas foram avaliadas por apiário. Em cada apiário, as colônias foram selecionadas de forma que a próxima colónia a ser observada não fosse influenciada pela colônia (as colónias de teste foram separadas por 2 ou 3 outras colónias). A distância entre as colónias de teste não foi medida por dois motivos: (i) reduzir o tempo gasto no apiário e (ii) limitar a perturbação antes da amostragem. Durante as observações da colónia, o comportamento defensivo das colônias foi recuperadhttps://www.hindawi.com/journals/psyche/2018/4079587/

A MAIOR AMEAÇA AO HOMEM NÃO É A DEFENSIVA GUERREIRA  DAS ABELHAS SOBRE QUEM  AS PERTURBAR MAS A DOS QUÍMICOS
A Quercus saudou hoje a proposta da Comissão Europeia para restringir a utilização de alguns inseticidas prejudiciais para as abelhas e apelou para o apoio do Governo português a esta posição, protegendo o ambiente, a apicultura e a saúde. https://beira.pt/portal/noticias/ambiente-noticias/quercus-sauda-proposta-restringir-uso-inseticidas-abelhas/

A agricultura intensiva torna as paisagens homogéneas e pode levar ao desaparecimento da flora, reduzir o número de alimentos ou os locais onde os pássaros podem fazer os seus ninhos. Os pesticidas e outros poluentes podem também afetar os polinizadores - diretamente (inseticidas e fungicidas) e indiretamente (herbicidas) - e, por esta razão, o Parlamento Europeu sublinhou a importância da sua redução como uma prioridade. As espécies invasoras, como a vespa asiática, e algumas doenças são particularmente perigosas para as abelhas. As alterações climáticas, que estão a provocar o aumento das temperaturas e eventos meteorológicos extremos, também contribuem para esta problemática. https://www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/society/20191129STO67758/porque-estao-a-desaparecer-as-abelhas-e-os-polinizadores-infografia
Estudos confirmam  que o papel das abelhas melíferas é maior, atuando em diversas culturas: maçãs (90%), amêndoas (100%), mirtilo (100%), pêssego (48%), algodão (16%), frutas cítricas (27%), canola (17% a 30%), tomate (12%), melão (15%), pera e kiwis, além de outros frutos e
essa pesquisa foi evidenciado que a abelha irapuá é o polinizador efetivo de 10 espécies agrícolas: acerola, cenoura, chuchu, girassol, laranja, manga, morango, abóbora, pimentão e romã. Ademais, foi considerada como um polinizador potencial de 16 outros cultivos: melão, urucum, canola, melancia, tangerina, coqueiro, pinhão-manso, macadamia, abacate, pessegueiro, goiaba, beringela, cajazeira, e umbu. Dessas 26 culturas citadas, onze delas apresentam dependência essencial ou grande por polinizadores.
Essa dependência também foi estimada e apresentada em um artigo publicado nesse ano pelo Journal of Economic Entomology. Culturas que apresentam uma dependência essencial ou grande por polinizadores têm a produção muito reduzida na ausência desses animais. No caso, as culturas citadas que apresentam dependência essencial são abóbora, acerola, cajazeira, macadamia, melancia e urucum. Já as que apresentam grande dependência são abacate, girassol, goiaba, pessegueiro e pinhão-manso. Assim, a irapuá representa um importante polinizador para a agricultura, especialmente considerando sua ampla distribuição geográfica. https://abelha.org.br/o-papel-das-abelhas-irapuas-como-polinizadores-na-agricultura-e-em-habitats-degradados/

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