Meu São Tomé – A ilha dos meus sonhos – Doze anos que já lá vão - Aqui vivi os mais verdes anos da minha juventude: longe da vista mas perto do coração

                     MEU SÃO TOMÉ! - Oh que saudades da minha linda Ilha Verde!

                                     Jorge Trabulo Marques -Jornalista

Oh tão calorosa vontade! Que desejo mais intenso, incontornável!
Ânsia inesperada e irreprimível! Partir agora, ir vê-la! Oh que sede!
Ir ao sabor do mundo que é tão vasto, tão aéreo e tão espaçoso!
Virar costas a tudo e me encontrar num ponto algures do infinito!
Recordar a alma da juventude, saudosa flor! - Meu cálice de cristal!
Demandar ilimitados horizontes, sob arcada de um céu majestoso!
Até situar-me bem no interior ou no centro do seu vasto círculo
Num qualquer ponto, onde o oceano brinca e é também divino!
Chegar lá em luminosa alvorada de avião, barco ou voo de pássaro
Olhar a amplitude imensa que irriga de júbilo sua presença amiga!

Respirar o tónico bafo da maresia que envolve as suas margens,
sentir a nudez e o carinhoso abraço das suas belas praias,
o toque aveludado da sua aragem, espraiar e caminhar
pelas suas finas areias, poder deleitar-me e mergulhar
nas suas quentes e azulíneas águas ou abeirar-me
da frondosa orla dos coqueiros que se debruçam
ao longo das suas angras vulcânicas e belas baías!
Fruir no seio daquela doce paz, suave serenidade,
a delícia intacta, o sopro grácil da sua formosura!

Que se descobre através de um magnifico espaço irradiante!
Multicolorido e luminoso, de plenitude exaustiva e luxuriante!
De incomensurável verdura e volúpia! - Vinda                                                                  

da sua mais primeva origem e vida selvagem!
Ali poder recolher-me no labirinto da espessa floresta equatorial,
sob abóboda do arvoredo e, num rumor de clareira sem igual,
escutar o rumorejar vivo do seu perfume e meu olfato desenhar
um novo sono onde tudo é puríssimo de sentir e de contemplar!
Sentir a nudez de um repouso doce e tranquilo, o aconchego certo
no mais profundo e solitário amplexo de corpo e espírito liberto!
Onde tudo o que se agita é muito leve, suave e quente! - Imbuído
de um fulgor límpido e pacifico! - Indizível, mas muito bem sentido!
Onde nada se inventa! Onde tudo se sente plenamente e completa
sob atmosfera aromática do mais maravilhoso e térreo paraíso!

Jorge Trabulo Marques