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quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Odisseia no Golfo da Guiné – 10º dia perdido numa piroga à deriva noite e dia! Lado a lado com o abismo marítimo da morte! - De véspera, ao fim da tarde, avistei um barco… Passou perto de mim como um fantasma, pelo que hesitei em pedir-lhe socorro – Além de que ainda anão deixei de acreditar de ir parara a terra com os meus próprios meios. Mas depois que o barco desapareceu no horizonte e anoiteceu, arrependi-me

 


Vogando á deriva debaixo de escuríssimo teto dos Céus
Torturado pela brisa e pela fome! Estômago oprimido e vazio!
Mesmo assim, não desesperado, nunca perdendo
a fé numa força sobrenatural ou em Deus!




Diário de Bordo - Faz hoje dez dias que me encontro a navegar numa canoa à deriva. Ontem, tal como previra de tarde, surgiu a chuva veio o vento! Isto ou alterna com chuva ou vento! 

Quando chove, o mar acalma um pouco. acaba de chover, começa a fazer grande ventania e o mar fica agitadíssimo! Ontem, realmente, estava bastante bravo e ameaçava a cada instante cavalgar  a minha canoa. A noite esteve mais ou menos normal. O vento ainda se fez sentir mas não choveu! 

 Esta manhã, no mar há uma certa calema. As nuvens  rodeiam o  horizonte... É provável que para o fim da tarde haja me vento ou chuva. 

Nao sei,...Farto-me de olhar, a todo o instante, a todo o horizonte a leste, a ver se vislumbro terral…. Mas só vejo mar!

Ontem, ao fim da tarde, vi um barco! Passou relativamente   próximo de mim. A principio pensei fazer-lhe qualquer sinal  para me contactarem, para acabar com esta viagem, mas hesitei...Hesitei, porque pensei que, se eles estivessem  dispostos que o fizessem.

Portanto, hesitei mas não sei  porquê... ate porque eu já não estou a fazer viagem   nenhuma. Sou um náufrago autêntico! Na medida em que não  tenho as condições mínimas para navegar; não controlo a  canoa; ela vai a mercê dos ventos e das correntes. O que me  irrita bastante, porque tem estado um vento muito bom para velejar. Mas não sei porque diabo!...Há alturas em que até me mete raiva não poder pôr umas velas, um leme e navegar!

Se  tivesse isso já lá estava há muito tempo...     Pois acabei por não fazer qualquer sinal ao  barco. Depois, quando já estava longe, é que então comecei  fazer-lhe sinais.

Confesso que fiquei arrependido e ate me  insultei a mim próprio...E então perguntei-me porque é que   não fiz nenhum sinal ao barco?...Claro que fiquei em  silêncio, porque, ao mesmo tempo havia em mim um misto de  orgulho!...Pois, por um lado, desejava ser socorrido, mas,   por outro, custava-me ser apanhado no alto mar... Quer  dizer, eu gostaria de chegar a terra, a uma praia, seja ela  qual for...Ora, se fosse apanhado por um barco, era para era  uma demonstração de fraqueza...   

 De qualquer maneira, não sei, efetivamente, o tempo que ainda irei demorar...E, como não posso por a vela, não posso navegar,  tenho que me sujeitar as contingências do mar ,não é?!... Portanto, estou numa situação que não é muito  agradável.     

   E talvez pudesse ser melhor, se o tal barco me tivesse  socorrido. Mas isso não acontecera; não sei se por culpa  minha, que não me esforcei por lhe fazer qualquer sinal, se  pelo facto de não ter sido visto ninguém a bordo. O mais certo terá sido pelo facto de a canoa não ter acusado o menor sinal nos instrumentos de bordo. - Excerto do diário gravado num gravador que pude preservar num vugar caixote do lixo

10ºDia – 30-10-1975 perdido numa piroga -À deriva noite e dia!
Lado a lado com o abismo marítimo da morte!
Em noite de cinza escuríssima!
Mesmo assim, sereníssimo! Lutando e nunca desesperando
ou perdendo a fé e a confiança!- Embora esperando
a todo o instante, estar mais próximo
de ser engolido pelo manto da morte
de que ser salvo por mão salvadora
ou mão corajosa, oportuna  e amiga!

Longe da Terra, das suas vistas e de toda a gente! -
De todo entregue às minhas preces e ao meu silêncio!
Oh infinita noite escura! Que toldas meus olhos cansados
Sozinho, Isolado e aprisionado do Mundo!
Vogando à superfície deste ondulante manto sem fundo!
Mas, também. verdadeiramente livre de espírito e de pensamento!
Não tenho de cumprir horários ou dar satisfações a mais ninguém!
Vou sendo levado ao sabor do vento! Dele inteiramente dependo!

Sem rumo e sem destino! - Flutuando e cambaleando,
como ave marinha solitária que esvoaça, furtivamente
de vez em quando, riscando a solidão destes espaços!
A tempestade roubou-me o remo, deixou-me à deriva
Ás vezes navego com o remo improvisado
mas quando o mar fica encrespado,
lá volto eu novamente a ser arrastado!
Vogando para os mais diversos quadrantes!

Vogando em constante frágil tronco escavado!
Neste esquife pronto a voltar-me e a sepultar-me!
De todo encaixado neste madeiro de árvore de ocá!
Em pulsões latejantes nesta balouçante e alada casca!
Que vagueia ao sabor das correntes e dos ventos!
Que me aprisiona movimentos e mos faz subjugar!
Arrastado pelos seus caprichos, sem me poder agarrar a nada!
Umas vezes ameaçador e terrível! Sulcado de grossas vagas!
Ou em tumultuosa e escuríssima noite! Fantasmagórico mar!
Outras vezes mais humorado! Em tranquila calmaria presenteado!
Quando brisas leves mais parecem aquietar-me de que sufocar-me!

Mas, óh Deus infinito, poderoso e misterioso! Meu santo guardião!
Agora, quão densa e escura me é oferecida por esta noturna visão!
Para onde quer que me volte. só vejo água escura!
Só descubro formas de sombras! Negra escuridão!

Vogando à superfície deste líquido manto escuríssimo
Encoberto por uma imensa abóbada infinita!
semeada de grãos de fogo dispersos,
toldada por muralhas de trevas!
Que ao invés de me tranquilizarem,
mais assolam, me oprimem o coração!
Oh Infinita Noite! O Deus misericordioso e omnipresente!
Tende piedade de todos quantos, nestas horas graves e incertas
Se lembram de Vos pedir auxilio e proteção!!
Seja em cântico ou palavras vertidas de lágrimas e oração!

De seguida um dos coros que entoei naquela longa noite escura e que constam do meu diário gravado, que pude preservar no interior de um vulgar caixote do lixo - Contentor de plástico

Oh noite plácida!
Avança a Medo!
Como em Segredo!
Por sobre o Mar! !
Eu nesta hora!
Tão doce e Clama!
Sinto a minha alma!
Voar Voar!




Sporting 3 CD Nacional 1 A Vitória tardou mas vibrou Alvalade, relvado e bancadas, - Desfile de imagens ao som dos "Leonenses" - Música Santomense

                   Jorge Trabulo Marques - Jornalista e fotojornalista  - Desfile de imagens ao som de "Os                                                               Leonenses" - Música Santomense 


Sporting recebeu e venceu,  em Alvalade, em jogo dos quartos de final da Taça da Liga, O Clube Desportivo Nacional da Madeira   - Aos 65 minutos, Viktor Gyökeres, que voltou a ser o melhor jogador em campo, lançado após o intervalo, fez o 2-0, de penálti.
Surpreendentemente, o CD Nacional da Madeira, reage logo de seguida com Macedo a reduzir, para 2-1



Mas, em campo, estava uma estrela à solta, que volta a bisar. É de novo o sueco Gyökeres, que eleva a fasquia , aos 70 minutos 3-1, elevando, também deste modo, os seus golos marcados a16 golos em 15 jogos pelo Sporting - época 2024/25.

A equipa de Rubem Amorim, garante, assim, de forma auspiciosa e triunfante, a «final four» da Taça da Liga, a disputar de 7 a 11 de janeiro







terça-feira, 29 de outubro de 2024

S. Tomé e Principe- Falta comida e medicamentos no Hospital Central Os médicos protestam em greve. Milhões de apoios, onde param?!... As crianças sorridentes são as que mais sofrem. O que lhes vale são os frutos da floresta -

                                                     Jorge Trabulo Marques - Jornalista

Entrada do Hospital Central 

Referem noticias que faltam medicamentos básicos, frisando, que, depois de várias denúncias nos últimos dois anos de falta de medicamentos básicos nos hospitais de São Tomé e Príncipe, e de mortes de cidadãos à míngua os médicos entraram em greve no dia 24 de outubro.

Exigiram apenas o cumprimento dos vários memorandos de entendimento assinados com o governo, que prometeu assegurar o fornecimento dos medicamentos, e consumíveis hospitalares.

Confrontado com a greve dos médicos o governo reagiu de forma célere, e conseguiu importar por via aérea um primeiro lote de medicamentos de urgência


MILHÕES DE APOIOS - PARA ONDE SE ESCOAM?..

De vez em quando, surgem notícias aludindo aos mais diversos apoios, tanto financeiros, como em equipamentos, entre outras ofertas. Todavia, nem por isso, se melhoram as condições de vida das populações.

 A criança tem o direito de ser protegida contra qualquer trabalho que ponha em perigo a sua saúde, a sua educação e/ou o seu desenvolvimento. Mas um relatório do Fundo das nações Unidas para Infância (Unicef), aponta para que, mais de 70% das crianças são-tomenses, são pobres e “apresentam maior vulnerabilidade relativamente a situação da proteção social”

São Tomé e Príncipe depende em grande medida da importação para satisfazer as necessidades alimentares  A nível da pecuária, o país não dispõe de fábricas de ração. Quase tudo é importado, o que não permite produzir carne suficiente e a preço razoável para o mercado nacional.

Ambas as ilhas dispõem de fertilíssimas potencialidades de produzir o suficiente para garantir a sua segurança alimentar Mas a verdade é que, volvidos, 49 anos sobre a independência, e não obstante os milhões de apoios  que tem recebidos, nos mais diversos domínios,  além de perdões da dívida pública, o único  sinal, aparentemente positivo, é o que tem sido  realçado pelo afluxo turístico. Só que, pelos vistos,  a entrada dessas divisas,  tem outros destinos que não é propriamente o de reverter em benefício  das populações. 

A pesca continua a ser uma atividade totalmente artesanal e não tem grande capacidade de capturar peixe suficiente para o abastecimento da população. Além de que as suas capturas, por frotas estrageiras, a bem dizer têm vindo a deixar guas maritimas varridas. 

 

 

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Livro MASOXI “Lágrimas” - Narrativas poéticas e testemunhos de memórias dos musseques de Luanda, do escritor António de Brito Soares – Obra oferecida a Xanana Gusmão, na 8º Gala da Lusofonia, por “Nelito Kuanza”, antigo craque do futebol angolano, atual empresário Lourenço da Silva, grande amigo e apoiante do autor, que diz escrever ao jeito dos padres Franciscanos, “onde houver ódio eu levo amor” –



                                                     Jorge Trabulo Marques - Jornalista


Brito Soares, confessou-nos que despertou para a literatura no período em que foi forçado a ficar em casa por causa do Covid - Assistimos à oferta do livro ao PM de Timor Leste, no Casino Estoril no passado dia12,, evento que celebrou a união dos países de língua portuguesa sob a liderança da CPLP,.



E dias depois, num jantar  na Amadora, pudemos recolher, além das palavras do poeta e escritor,  testemunhos de outros grandes amigos, entre os quais  a de Manuel Lourenço da Silva, o antigo extremo esquerdo que se notabilizou ao serviço do 1º de Agosto, clube pelo qual conquistou títulos do Girabola, Taça de Angola e Supertaça, bem como de seu irmão, mais novo, que tem sido, igualmente, um entusiástico promotor  das obras do  escritor , que foi motivado a escrever - esta e as anteriores obras -  em função da necessidade de sementar a história do seu bairro e transmitir o percurso às novas gerações, de    modo a preservar a essência  do distrito e a essência do seu passado.




António de Brito Soares, que se intitula, escriba Francisco, associando os seus sentimentos aos dos padres capuchinhos franciscanos, nasceu a 20 de Julho de 1971, em Luanda, no bairro Nelito Soares, distrito urbano do Rangel. Frequentou até ao 2º ano o curso de Comunicação Social pela Universidade de Nova Lisboa, em Portugal, na década de 90

Trabalhou nas edições Novembro, Rádio Luanda, Rádio Renascença, em Lisboa, Sonair e Vip Aero

Na indtrodução deste seu mais recente livro,  de 355 páginas, António de Brito Soares, confessa o seu agradecimento, com palavras de sentida emoção, às personagens que marcaram uma época nos Musseques de Luanda  

AGRADECIMENTOS

As Lágrimas no meu rosto não passam despercebidas por serem reflexo do silêncio da minha voz diante da verdade, mas a hipocrisia fala mais alto por falta de humildade e amor próprio. Alguns fazem de tudo “para destruir a semente do bem, têm medo da força misteriosa do amor que derrama em Lágrimas, Masoxi. 

Nossa Senhora de Fátima, espaço sagrado das minhas Lágrimas, quantas vezes chorei no Rosário em busca de paz, sossego para o meu coração e aconchego para a minha alma, que nunca perdeu a fé porque os Padres Franciscanos Capuchinhos sempre souberam guardar a sorte que Deus me deu, por meio do colo da minha Mãe e do olhar protector do meu rico Pai. Masoxi, as Lágrimas são testemunhas e cada gota de Lágrimas é uma lição de vida que fez nascer os meus cabelos brancos, e agradecer com um abraço sincero a fórmula mais linda de limpar as Lágrimas no meu rosto.  António de Brito Soares Escriba Franciscano  Masoxi “Lagrimas

António de Brito Soares

PREFÁCIO

Os Musseques de Luanda são espaços socio- culturais densamente habitados por gente prove\niente de vários pontos de Angola e do Mundo. No caso em consideração, o Rangel, pelas suas múltiplas idiossincrasias, constitui o cenário de vivências, falas, narrativas e reminiscências, que marcam uma época com os actores aqui eternizados nesta obra literária de António de Brito Soares, com o sugestivo título “MASOXTP”.


Em Masoxi a Ngandu aya ni menha - “As lá- grimas do crocodilo, arrastadas pela corrente da água”, a temática de Masoxi está presente na tradição cultural dos Ambundu (falantes de kim- bundu) de Angola e toma variadas formas, em função do contexto, como em choro de Oliveira, musicado pelos Jovens do Prenda, ou em Angélica, um lamento de David Zé. Com a presente abordagem poética de Masoxi, no género popular, António de Brito conseguiu, com sucesso, 
colocar-se ao lado de Boaventura Cardoso em “Dizanga dya Muenhu” e outros escritores, que, com a força da escrita, retrataram € imortalizaram épocas e momentos históricos significativos da nossa existência, enquanto povo com idiossincrasias específicas no mundo globalizado dos nossos dias, que teima em confundir-nos.

O Rangel é o Rangel e sempre será, porque um dia o foi! A nostalgia transversal de Brito na obra desemboca em Masoxi (lágrimas), com que recorda amores, sons, aromas, gestos momentos, cores e vivências do Rangel nos bairros Indígena, Nelito Soares ou nos Blocos, nas B e  C.  Como poder da escrita, na prosa ou no poema,  o autor arrola é eterniza entidades do mundo do desporto (basquete e futebol), da política e da ciência (Carlos Feijó), só para citar esses. É uma lista interminável de entidades e pessoas que marcarem o seu quotidiano rangelino, nas décadas de 80 e 90 e no limiar do Séc. XXI. Este é simplesmente um fragmento do retrato vivo das memórias do escritor. E porque parte significativa das personagens evocadas é bem conhecida, aproveito o ensejo para as felicitar, desejando-lhe sucesso nos seus afazeres.

Considero, finalmente, a presente obra literária, onde a proza e o poema se cruzam em harmonia, um valioso  contributo à literatura  angolana e recomendo a sua leitura à juventude, e aos Kotas da banda, para/ como incentivo ao resgate do género popular da  Literatura Angolana.

 



sábado, 26 de outubro de 2024

Prémios Lusofonia - Xanana Gusmão e os passos de dança à música de José Cid –Atualização com vídeos da nossa reportagem documentam que ambos foram os que que mais brincaram e animaram a 8ª Gala, que decorreu no Salão Preto e Prata do Casino Estoril. no passado dia 12


                                                               Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

Outros pormenores em https://canoasdomar.blogspot.com/2024/10/premios-da-lusofonia-8-edicao-2024-o.html

                             

Prémios da Lusofonia 8ª edição 2024 – Desfile de imagens das 15 personalidades distinguidas  - Fotografámos e também  nos divertimos com muitos sorrisos 


Tal como já nos referimos, a  oitava edição da Gala Prémios da Lusofonia, que decorreu no dia 12 de outubro, no Salão Preto e Prata do Casino Estoril, distinguiu 15 personalidades com o Prémio Lusofonia 2024, entre as quais Xanana Gusmão, , , Primeiro-Ministro da República Democrática de Timor-Leste., com o prémio Carreira, em visita oficial a Portugal.


Prémios Lusofonia -2024 Música de José Cid faz dançar Xanana Gusmão - Líder histórico de Timor



O espetáculo, que  teve como apresentadores  Gabriel Niva e Raquel Flores, bem como  as  presenças da mentora e fundadora Drª Isabel Leitão e o Coordenador da Administração, Dr. Mário Máximo, entre outras personalidades , galardoou várias figuras de relevo que se destacaram em áreas como o ambiente, literatura, cidadania, ação empresarial, língua portuguesa, comunicação social, teatro e cinema, música do mundo, moda e estilismo. Foram entregues, ainda, o Prémio Carreira, o Prémio Diplomacia Lusófona, o Prémio Mérito Lusófono e o Prémio Especial Lusofonia.


A abrilhantar o espetáculo da gala, além de outros artistas, esteve o emblemático José Cid, na qualidade de padrinho do evento - Sem dúvida, um dos mais notáveis embaixadores da música portuguesa e de toda a lusofonia. O seu trabalho constante, inesgotável e de qualidade superior (ao nível da composição, da música e da performance de palco), consubstancia-se numa carreira marcada de inúmeros êxitos e reconhecimentos nacionais e internacionais.

A dançarina. Cris Aysel, Cris Aysel, com uma carreira internacional de mais influentes no panorama nacional de Dança Oriental e Fusão. É reconhecida pela sua elegância e alegria ao dançar e também uma referência na área do ensino da Dança Oriental. O seu estúdio “All for Dance” foi criado com o objetivo de vários professores darem formação em distintas áreas de dança, estimulando as artes em geral


Xanana Gusmão - Distinguido Prémio Carreira - Num discurso de palavras emocionadas, afirmou que “este meu prémio pertence ao povo timorense. Aos timorenses que lutaram pela integridade da nação e que se sacrificaram pela libertação do seu território. Coube-me o papel de liderar esta luta. Mas, em boa verdade, eu é que fui liderado pelo povo. Foram as mulheres, homens, jovens e crianças do meu amado país que me inspiraram, que me deram força e esperança, e que nunca me permitiram desistir nos momentos mais difíceis do meu percurso pelo qual sou hoje homenageado”, afirmou o histórico líder timorense, recordando os anos de luta pela autodeterminação de Timor-Leste.

António Quintas, antigo embaixador de São Tomé e Príncipe em Portugal, e Manuel Nsua, primeiro-ministro da Guiné Equatorial e antigo diretor do Banco Nacional da Guiné Equatorial, receberam o ‘Prémio Mérito Lusófono’, enquanto Luísa Diogo, antiga primeira-ministra de Moçambique, e Filomena Gonçalves, ministra da Saúde de Cabo Verde, foram distinguidas com o ‘Prémio Especial Lusofonia’.

O ‘Prémio Língua Portuguesa’, que na edição do ano passado foi entregue ao Instituto Camões, distinguiu o escritor e jornalista brasileiro Edmilson Caminha.

Quanto aos galardoados portugueses, a fadista Ana Moura recebeu o ‘Prémio Música do Mundo’, o encenador e dramaturgo Filipe La Féria o ‘Prémio Teatro e Cinema’, o ativista Miguel Duarte o ‘Prémio Cidadania’, a apresentadora Liliana Campos o ‘Prémio Comunicação Social’ e a estilista e empresária Ana Sousa recebeu o ‘Prémio Moda e Estilismo’.

Na esfera das empresas, a ISQ recebeu o ‘Prémio Ação Empresarial, que em edições anteriores foi atribuído à Delta Cafés e a Rui Nabeiro.

O ‘Prémio Ambiente’ foi entregue a Josefa Sacko, comissária para a Agricultura e Economia Rural da União Africana (UA), o ‘Prémio Diplomacia’ a Maria de Fátima Jardim, atual Embaixadora de Angola na Albânia, o ‘Prémio Literatura’ a Abdulai Sila, engenheiro, economista e investigador social da Guiné-Bissau.


sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Perdido à flor do mar em plena Noite Escura - Deitado no fundo da canoa, tal como Cristo antes de ser erguido na Cruz e crucificado - 5ª Dia à deriva numa canoa 25-10-1975 no Golfo da Guiné


Oh Deus Mesercodioso!... Onde Irei à deriva numa noite assim?!...
Sozinho deitado no fundo de um mísero tronco escavado!




Perdido à flor do mar em plena Noite Escura

Aqui vou sozinho e mudo
Esperando o instante que passa
Alheio a nada, desconfiando de tudo
Puro, como a sombra que esvoaça.

Mas serei eu porventura assim
que por esta noite escura vou indo
Indo comigo e fora de mim
Preso a um desejo, sentindo?!...

É muito difícil a resposta
Impossível talvez responder
Sei que a tristeza me bateu à porta
Sei donde venho, é o que posso dizer
Não sei todavia onde estou
Não sei tão pouco a que venho
Não sei tão pouco onde vou..



Sim, a sós, comigo e com a minha intimidade,
aqui vogo, voz emudecida, flutuando à deriva e à solta,
acima e abaixo de alterosos montes e sulcos
De negras e altas montanhas líquidas,
que, cavalgando ao meu encontro,
ora se erguem, abruptamente,
ora parece que nelas me envolvo e afundo.

Porém, sempre de fronte pura e aberta
à negra imensidão do infinito!
Às sucessivas rabanadas
do agreste uivo do vento,
aos seus golpes duros!
Arrastado pela sua fugidia
e perturbadora fúria, que ecoa espaço a fora!
Vogando em mar deserto, de mil remoinhos,
de fervente espuma escura!

Imerso nas vestes da imensa solidão noturna, perdido e esquecido
De todo mundo e, porventura, até dos escuros e turvados Céus.
E certamente que também da misericórdia ou piedade de Deus .

Nenhum sinal de vida. Ninguém. Vivalma – Só as escuras vagas!
E atrás das vagas, outras e outras ainda!
Alterosos vultos que não cessam de se erguer e levantar,
vindos não sei donde!

Sonâmbulo abandono o meu!...
Errante e estranha vida a minha!
Para onde serei levado neste miserável esquife,
em noite assim?!...
Para onde me arrastará a minha canoa
nesta louca e incerta deriva?!...
Fantasmagórico e vertiginoso carrossel,
que o vento leva à sua frente, bramindo e uivante,
soando na mesma sinfonia das invisíveis correntes.
Dos vultos sombrios das medonhas e alterosas vagas,
que tumultuam em torno de mim,
vindas de todos os cantos do enegrecido horizonte,
sem todavia saber para onde vão,
sem lhe distinguir direção alguma.

Oh, escura é a noite!
E também escuros são os caminhos à minha volta!
Múltiplos os caminhos que se abrem
para onde quer que me volte!
E, por certo, também escuros os caminhos
que me conduzirão a Deus…
Sim, vou indo, indo arrastado, c
om um medo que ainda não sei vencer.
Mas cá vou indo, porque, enquanto vou vogando assim,
é sinal que vivo.
Indo, sim, com o soar do mar,
com o mar que soa, com o mar que brame,
Com o mar que voa! À flor do mar!
– Qual cavaleiro errante, sentado
No fundo de tosco e frágil madeiro,
sonhando acordado, errando
à superfície deste escuríssimo
e ondulante manto, vasto mar!

Porém, em torno de mim, brame e crepita a densa escura treva!
Avança em turbilhões de fumo e vertigem o tumulto da vaga!
Só as escuríssimas ondas, e, atrás delas, outras ondas mais ainda!
Ao mesmo tempo que nos ares se enrola
e desvanece a baça névoa!
Erguem-se e perpassam à minha volta,
fugazes rolos de inúmeros trapos!
Que se fundem e refundem,
num duelo incessante, desvairado torvelinho!
Enquanto meus olhos, mergulhados de afronta,
pasmo, medo e mistério,
me provocam mil interrogações!
Se alucinam de díspares e mil perguntas!

Varrem e escrutinam, todos os confins
do convulsivo e misterioso oceano!
Perdidos na superfície da ondulante massa escura, imensa sepultura aberta!

Sim, a sós, comigo e com a minha intimidade,
aqui vogo, voz emudecida
flutuando à deriva e à solta,
acima e abaixo de alterosos montes e sulcos
De negras e altas montanhas líquidas,
que, cavalgando ao meu encontro,
Ora se erguem, abruptamente,
ora parece que nelas me envolvo e afundo.
Porém, sempre de fronte pura e aberta
à negra imensidão do infinito!
Às sucessivas rabanadas do agreste uivo do vento,
aos seus golpes duros!
Arrastado pela sua fugidia e perturbadora fúria,
que ecoa espaço a fora!
Vogando em mar deserto, de mil remoinhos,
de fervente espuma escura!
Imerso nas vestes da imensa solidão noturna, perdido e esquecido
De todo mundo e, porventura, até dos escuros e turvados Céus.
E certamente que também da misericórdia ou piedade de Deus .

Jorge Trabulo Marques – Por mares do Golfo da Guiné

Foram 38 longos dias, uma parte dos quais sem mantimentos, bebendo água do mar e das chuvas, valendo-me unicamente dos recursos do mar, enfrentando tempestades, sucessivas e frequentes ataques de tubarões. Ainda cheguei apanhar alguns de pequeno porte enquanto tive anzóis. Mas, até isso, me haveria de faltar. Acabei por ser arrastado pelas correntes até à Ilha de Bioko (antiga Ilha de Fernando Pó), já no limiar da minha resistência física, onde fui tomado por espião, algemado e preso, numa cela de alta segurança, a mando do então Presidente Macias Nguema, após o que fui repatriado para Portugal, tal como já me havia acontecido na Nigéria.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Marco Paulo - Meu tributo a um exemplo de coragem e resistência - Morreu o cantor Marco Paulo, aos 79 anos. Ao fim de muitas lutas contra o cancro, o artista acabou de partir para a eternidade .

   Jorge Trabulo Marques - Peregrino da Luz

Adeus Marco Paulo! Fostes um Marco na vida Artística!

Lutastes até ao último suspiro, corpo dorido e voz erguida!
Oh desdito destino dos que agonizam!... Oh ínvia sorte!
Oh tristes e silenciados corações! - Ó Deus dos Céus!
A Humanidade ansiosa carece de paz e de tranquilidade!...
E não de guerra ou de manhãs ensombradas de morte!



Exemplo de resistência, coragem e sobrevivência

Adeus! Marco Paulo! - Partes para a Eternidade
Mas deixas atrás de ti, um inesquecivel passado!
Meu abraço amigo de eterna saudade!

Deixas uma carreira de mais de 50 anos de êxitos artísticos
Mais de 70 discos, por milhões de pessoas, muito ouvidos ,
Centenas de prémios, jutamente conquistados e merecidos!


Dizias que "O cancro não é sinónimo de morte. Eu já vou no quarto, três já ultrapassei. Quando eu fala não é para terem pena de mim, é para ajudar outras pessoas a terem coragem" - Sim, foste um corajoso e brilhante exemplo de vida.

Morreu o cantor Marco Paulo, aos 79 anos. Ao fim de muitas lutas contra o cancro, o artista acabou por partir.

A doença 'assombrou' o cantor durante grande parte da sua vida. Em 1996, foi diagnosticado com um cancro no cólon. Cerca de 20 anos depois, recebeu a notícia do cancro da mama - ao qual foi também operado, fez tratamentos e recuperou. 

Mais tarde, em 2022, foram descobertas metástases no pulmão e depois no fígado. Marco Paulo ainda esteve a fazer quimioterapia nestes últimos anos, mas não resistiu à doença. 

Ao longo destes largos anos de carreira, o artista foi voz de vários temas de sucesso, entre eles, 'Nossa Senhora', 'Maravilhoso Coração', 'Sempre Que Brilha o Sol', 'Eu Tenho Dois Amores', 'Ninguém, Ninguém', 'Na Hora do Adeus', 'Mulher de 40', 'Chiquitita', 'Anita' ou, mais recente, 'Casa Amarela'. 


quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Odisseia em piroga no Golfo da Guiné - 23-10-1975 - Passei uma noite dificílima! tirando água permanentemente desta embarcação, que já não é uma canoa!... É uma banheira!...

 Jorge Trabulo Marques - Estes últimos dias têm sido de um assolar de atribuladas recordações - Peço desculpa por ainda não ter editado o video dos Prémios Lusiadas, mas não está esquecido - Vou ver se termino hoje a composição de várias centenas de fotografias e as edito na postagem da reportagem https://canoasdomar.blogspot.com/2024/10/premios-da-lusofonia-8-edicao-2024-o.html

Tenho a sensação de que não pertenço ao mundo donde vim: reconheço-me um excluído, um inútil - talvez o único elo . em que nele me reveja, seja  apenas o sentimento dos que sofrem a desesperança de nada terem.  

Jorge Trabulo Marques  - Tenciono recordar.-lhe apenas algumas páginas dos meus atribulados 38 dias. Mas não todos os dias. Já editei várias neste blogue em Outubro e Novembro de 2019  Pois, sendo jornalista,  não quero servir-me deste espaço, unicamente para uso da minha vida pessoal . Eu resisti e estou vivo, graças a Deus. Mas, nos dias que correm, há muita gente que está vivendo uma odisseia pior de que a minha. Poderei vir a editar mais alguns textos sobre esta minha dramática experiência mas não com carácter regular. Meu Bem-haja pela sua atenção. 

Manhã parda e brumosa. Aguaceiros a pairar por tudo quanto é vastidão... O céu um espesso manto acinzentado!.. A incerteza a ganhar foros de domínio sobre a esperança. E a angústia a minar-me à alma.  Momento grave .De profundo vazio. Em que até o próprio Universo se me afigura morto, decompondo-se das suas formas, ante os poderes supremos dos elementos destruidores. 

Mais uma noite que não me dera descanso: chuva e vento. Praticamente desde que as trevas cobriram o mar. 


Procurei proteger-me com uma capa e uns plásticos, mas de pouco me serviu. A água caia-me de todos os lados. Se não era a que vinha do alto, era a que a franja das vagas se fazia saltar a cada instante. Depressa a canoa se transformou num autêntico charco. 


E então que dizer de mim?...Foi horrível!  Uma vez mais uma noite angustiante e horrível!  Aliás, as palavras que verti para o meu diário gravado,  não o desmentem. 

Diário - É já manhã do terceiro dia que me encontro sozinho, neste vasto Golfo da Guiné. 

Só vejo céu e mar!...Este mar escuro! De um azul profundo, escuro! Mais nada!...De vez em quando uma ou outra ave na procura de algum peixe. 

Passei uma noite dificílima! tirando agua permanentemente desta embarcação, que já não é uma canoa!... É uma banheira!...


Água por todos os lados! Estou completamente molhado. Encontro-me náufrago! Não tenho domínio na minha canoa! Perdi o leme. Algumas coisas também...  Até agora tenho mantido a serenidade, tenho-me quedado num autêntico mutismo...Não tenho dito palavras nenhumas, mas ao mesmo tempo tenho a sensação de que tudo aqui tem vida!...E que falo...Falo com tudo o que me rodeia na minha canoa. . . Todas as coisas que aqui tenho, tem formas de gente! de pessoas...Mas não falo.. 

 À força de contemplar o que me rodeava e os parcos objectos que me restavam na canoa, parecia-me encontrar em cada um deles um certo carácter, algo muito humano, uma certa fisionomia ou cumplicidade com o meu sofrimento. 

 Imagem da minha largada das Neves para a Baía Ana Chaves, S.Tomé - Sabia que me ia expor a enormes riscos   - e já os tinha vivido em anteriores travessias de S. Tomé ao Principe e de S. Tomé à Nigéria - mas estes pareciam-me prolongar-se por eternidades  

À força de contemplar o que me rodeava e os parcos objectos que me restavam na canoa, parecia-me encontrar em cada um deles um certo carácter, algo muito humano, uma certa fisionomia ou cumplicidade com o meu sofrimento. 

E,  às vezes, era tal a empatia que me dava vontade de me abrir ao meu silêncio e desabafar o que me ia na alma.  Na realidade, nada ali podia ter formas humanas, naquele deserto unicamente povoado de mar; o que eu desabafava para o meu gravador era tão só o excesso do meu silêncio: em que interiormente me escudava e da erma e estranha paisagem em torno de mim.

Diário - "Há um silêncio ameaçador!...Umas vezes há um silêncio. . .Outras vezes há vozes…que eu ouço não sei donde! . . .Nesta imensidão que existe em meu redor!...0 mar. o azul e o céu! 

Mas por que é que estou aqui?...  Afinal, porque?... Aqui?.. Afinal porque?... 

 Eu já não sei porque!... Por que o destino quis?!... Por que eu quis?!...Não sei...Há de ser o que o destino  quiser!...

 Sim, sentia-me demasiado insignificante perante tamanha grandeza, e, por isso desprovido dos meios mais elementares para a poder vencer, via-me assim como que entregue  às  mãos de um destino incerto.  Pois que segurança, que tranquilidade me poderia oferecer um simples pau escavado atirado para ali de qualquer modo à brutalidade das ondas?... Nenhuma. Absolutamente nenhuma. 

Respostas para todas as minhas dúvidas, por enquanto, ainda as não tinha. 

Entender a razão na sua amplitude real, porque ali me encontrava perdido, porque tao repentinamente me havia transformado naquela miséria ,eu que deixara a linda Ilha de São Tome, com tanta confiança, para já era ainda muito cedo para responder a tantas interrogações. Digamos, tudo se afigurava muito nubloso para o espírito. 

A surpresa fora demasiado grande. Além disso, assaltava-me, a todo o momento, aquilo a que vulgarmente os marinheiros chamam a angústia do material. A angústia e o receio de que a minha canoa não resistisse aos constantes embates das águas.

 E, se por um lado, subsistiam tais inquietações, quanto a fragilidade da minha embarcação ,por outro - e este talvez o pior aspeto - era a sensação de impotência para a Governar, ante aquele mar bravio. 

Até a chuva .A própria chuva não parava. 

 Aliás, estava-se no tempo dela: um período que naquelas latitudes se prolonga por nove meses. E em que os tao conhecidos tornados se podem desencadear a qualquer momento.

 De resto, naqueles mares equatoriais, o tempo e mesmo assim: chuvadas, tornados, calmarias entrecortadas com tempestades ou agueceiros. Dificilmente, passa um dia, que não se verifiquem as condições atmosféricas mais bruscas e variáveis. 

A canoa ia, por isso, transformada num charco. 

Primeiro, fora a chuva diluviana da noite tempestuosa, que não parara no dia seguinte, nem na noite que lhe sucedeu. Agora, ao terceiro dia, tanto de manhã, como durante a tarde, era praticamente à copia fiel de um tempo agitado e cinzento que não me dava um minuto de descanso. 

Por isso, os banhos inoportunos por sobre a minha roupa, por sobre o meu corpo, eram uma constante, que fisicamente me desgastavam e, em consequência, me causavam um permanente mal-estar, as vezes muito próximo do desanimo. 

Que imagem, então a minha, meu Deus!...E como todas as minhas coisas andavam por ali mo deus dará, sobre o fundo daquele tronco escavado! ...É donde até exalava um cheiro  fétido devido a frutos já apodrecidos e a odores do meu corpo Que, por causa da humidade e da água salgada, se ia cobrindo de chagas nalgumas partes. 

Ah!...Não o esqueço!...Não esqueço tais horas infinitas! 

Dário – “Na minha canoa reina o caos...eu sou o caos!  Não sou ninguém, não sou nada! ...Absolutamente nada!...E,como tal não me devo preocupar com coisa alguma... 

Vejo apenas uma imensidão de água! Uma vastidão de oceano…Vejo toda esta força quase que a tentar tragar-me, engolir-me! No entanto, este nada! este ninguém! mantém-se aqui nesta fragilidade!.. Que ameaça ser engolida todo o momento!..