Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Brito Soares, confessou-nos que despertou para a literatura no período em que foi forçado a ficar em casa por causa do Covid - Assistimos à oferta do livro ao PM de Timor Leste, no Casino Estoril no passado dia12,, evento que celebrou a união dos países de língua portuguesa sob a liderança da CPLP,.
E dias depois, num jantar na Amadora, pudemos recolher, além das palavras do poeta e escritor, testemunhos de outros grandes amigos, entre os quais a de Manuel Lourenço da Silva, o antigo extremo esquerdo que se notabilizou ao serviço do 1º de Agosto, clube pelo qual conquistou títulos do Girabola, Taça de Angola e Supertaça, bem como de seu irmão, mais novo, que tem sido, igualmente, um entusiástico promotor das obras do escritor , que foi motivado a escrever - esta e as anteriores obras - em função da necessidade de sementar a história do seu bairro e transmitir o percurso às novas gerações, de modo a preservar a essência do distrito e a essência do seu passado.
António de Brito Soares, que se intitula, escriba Francisco, associando os
seus sentimentos aos dos padres capuchinhos franciscanos, nasceu a 20 de Julho
de 1971, em Luanda, no bairro Nelito Soares, distrito urbano do Rangel.
Frequentou até ao 2º ano o curso de Comunicação Social pela Universidade de
Nova Lisboa, em Portugal, na década de 90
Trabalhou nas edições Novembro, Rádio Luanda, Rádio Renascença, em Lisboa,
Sonair e Vip Aero
Na indtrodução deste seu mais recente livro, de
355 páginas, António de Brito Soares, confessa o seu agradecimento, com palavras
de sentida emoção, às personagens que marcaram uma época nos Musseques de
Luanda
AGRADECIMENTOS
As Lágrimas no meu rosto não passam despercebidas por
serem reflexo do silêncio da minha voz diante da verdade, mas a hipocrisia fala
mais alto por falta de humildade e amor próprio. Alguns fazem de tudo “para
destruir a semente do bem, têm medo da força misteriosa do amor que derrama em
Lágrimas, Masoxi.
Nossa Senhora de Fátima, espaço sagrado das minhas
Lágrimas, quantas vezes chorei no Rosário em busca de paz, sossego para o meu
coração e aconchego para a minha alma, que nunca perdeu a fé porque os Padres
Franciscanos Capuchinhos sempre souberam guardar a sorte que Deus me deu, por
meio do colo da minha Mãe e do olhar protector do meu rico Pai. Masoxi, as
Lágrimas são testemunhas e cada gota de Lágrimas é uma lição de vida que fez
nascer os meus cabelos brancos, e agradecer com um abraço sincero a fórmula
mais linda de limpar as Lágrimas no meu rosto. António de Brito
Soares Escriba Franciscano Masoxi “Lagrimas
António de Brito Soares
PREFÁCIO
Os Musseques de Luanda são espaços socio- culturais
densamente habitados por gente prove\niente de vários pontos de Angola e do
Mundo. No caso em consideração, o Rangel, pelas suas múltiplas idiossincrasias,
constitui o cenário de vivências, falas, narrativas e reminiscências, que
marcam uma época com os actores aqui eternizados nesta obra literária de
António de Brito Soares, com o sugestivo título “MASOXTP”.
Em Masoxi a Ngandu aya ni menha - “As lá- grimas do crocodilo,
arrastadas pela corrente da água”, a temática de Masoxi está presente na
tradição cultural dos Ambundu (falantes de kim- bundu) de Angola e toma
variadas formas, em função do contexto, como em choro de Oliveira, musicado
pelos Jovens do Prenda, ou em Angélica, um lamento de David Zé. Com a presente
abordagem poética de Masoxi, no género popular, António de Brito conseguiu, com
sucesso, colocar-se ao lado de Boaventura Cardoso em “Dizanga
dya Muenhu” e outros escritores, que, com a força da escrita, retrataram €
imortalizaram épocas e momentos históricos significativos da nossa existência,
enquanto povo com idiossincrasias específicas no mundo globalizado dos nossos
dias, que teima em confundir-nos.
O Rangel é o Rangel e sempre será, porque um dia o
foi! A nostalgia transversal de Brito na obra desemboca em Masoxi (lágrimas),
com que recorda amores, sons, aromas, gestos momentos, cores e vivências do
Rangel nos bairros Indígena, Nelito Soares ou nos Blocos, nas B
e C. Como poder da escrita, na prosa ou no
poema, o autor arrola é eterniza entidades do mundo do desporto
(basquete e futebol), da política e da ciência (Carlos Feijó), só para citar
esses. É uma lista interminável de entidades e pessoas que marcarem o seu
quotidiano rangelino, nas décadas de 80 e 90 e no limiar do Séc. XXI. Este é
simplesmente um fragmento do retrato vivo das memórias do escritor. E porque
parte significativa das personagens evocadas é bem conhecida, aproveito o
ensejo para as felicitar, desejando-lhe sucesso nos seus afazeres.
Considero, finalmente, a presente obra literária, onde
a proza e o poema se cruzam em harmonia, um valioso contributo à
literatura angolana e recomendo a sua leitura à juventude, e aos
Kotas da banda, para/ como incentivo ao resgate do género popular
da Literatura Angolana.
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