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sexta-feira, 8 de novembro de 2024

RECORDANDO A MEMÓRIA DE JOSÉ MANUEL OSÓRIO – PAI DE LUÍS OSÓRIO - Autor do livro POSTAL DO DIA - Filho do singular fadista português, falecido em 11-08-2011 Músico, ator notável ativista social e cultural – Apaixonado do fado e da sua investigação – O homem que mais longamente resistiu à SIDA

                           Jorge trabulo Marques - Jornalista -
                                          










O jornalista  e escritor, Luís Osório,  é o cronista diário da Antena 1, sob o titulo POSTAL DO DIA”, onde faz abordagem das mais diversas questões. O autor de 12 livros, veio agora acrescentar mais uma interessantíssima obra ao seu vasto e distinto currículo literário e jornalístico,  com 374 páginas, compiladas das suas crónicas.

Desde janeiro de 2024, o Programa da Tarde da Antena 1 é o espaço que alberga os Postais do Dia de Luís Osório, pelas 18.50, que têm como principal objetivo observar o mundo e contá-lo.

 

ABENÇOADOS OS PAIS QUE TÃO TALENTOSOS FILHOS DÃO À LUZ  - GERARAM, CRIARAM E EDUCARAM - Luís Osório, filho do saudoso fadista, José Manuel Osório, no lançamento da obra além dos temas que compilou, aproveitou também para  recordar, muito saudosamente, a memória de seu querido pai .  

 


É exatamente por esse facto, que, antes de  editar na postagem seguinte, o desfile das imagens, em vídeo, que tive o prazer de registar, na sessão do lançamento, que teve apresentação de  Manuel Luís Goucha, e contou com a presença do ex-presidente General  António  Ramalho Eanes e de sua esposa Manuela Ramalho Eanes, além de outras destacadas personalidades, de familiares  e amigos e de muito  público admirador, que encheu completamente a sala do cinema do Centro comercial El Corte Inglês, vou começar por aqui transcrever integralmente  a postagem que dediquei ao seu, pais três dias depois do seu falecimento.,  noutro meu blogue, cujo link indico a seguir


 FADISTA QUE MAIS TEMPO RESISTIU AO TRÁGICO FADO DA SIDA – Apagou-se  a voz  do talento, da coragem, do  amor ao fado e à   vida -  Ganhou duas vezes a Grande Noite do Fado  - Em 1970 é distinguido com o  Prémio da Imprensa para melhor fadista mas a PIDE – que já o perseguia - é impede-o  de cantar  no palco do Coliseu.  https://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2011/08/jose-manuel-osorio-o-fadista-que-mais.html

 Afinal, os homens que amam o fado e a vida, também partem - mas deixam saudades. José Manuel Osório, o doente com sida mais antigo de Portugal, faleceu em Lisboa aos 64 anos. A primeira vez que o conheci foi na Brasileira do Chiado, quando trabalhava para uma estação de rádio. Era a sua zona de eleição dos convívios e do engate.

Posteriormente, também o cheguei a ver, por varias vezes,  divagando pelo jardim do Príncipe Real  e pela noite lisboeta do Bairro Alto
.
José Manuel Osório, artista de talento bem conhecido pelo seu contributo para valorização do Fado, além de ativista  intelectual e politico, faleceu dia 11 de Agosto 2011, aos 64 anos, pai do jornalista Luís Osório

Fadista mas também o entusiasta animador cultural e investigador do fado:.  Osório, era o mais antigo doente de SIDA em Portugal, doença que enfrentou durante muitos anos, desde 1984,  com grande dignidade e coragem, que o tornaram  digno da admiração e apreço de quantos o conheceram


é 

Outra personagem que tinha  idêntico  comportamento, muito  parecido nas deambulações solitárias, em certos locais da cidade, era também o poeta e pintor, Mário Cesariny, que, quando se cruzavam, se cumprimentavam em curtos diálogos. Pude observar esses encontros nas minhas  andanças em busca de apontamentos de reportagem para a então  RDP-Rádio Comercial, 


Com o Mário Cesariny, encontrei-me variadíssimas vezes; pois,  quando não andava lá nas suas escapulidelas solitárias do  engate, era bastante sociável na esplanada de um café ou até nas típicas discotecas, animadas com espetáculos de travestis, então muito na moda. Enquanto, o José Manuel Osório, quando não atuava e animava as sessões de fado ou de teatro,  era mais reservado e dado às suas  aventuras sexuais.





Também me cruzei com ele algumas vezes, ambos nos conhecíamos na profissão que exercíamos.

Eram cumprimentos breves. Ainda chegámos a estar juntos na mesma mesa do típico café da Brasileira do Chiado. Embora simpático, mas, nesses espaços, não era dado a grandes falas;  a sua postura era mais a  do  observador atento e introspetivo. Certamente, já absorto pelas  preocupações, com  a mesma doença  que vitimaria António Variações. 

Entretanto, seria ele próprio a vir depois para os jornais e televisões a assumir e a expor frontalmente a luta em que se havia envolvido: e, pelos vistos, com toda a sua coragem e determinação. Mostrando que, os doentes da SIDA, não eram os tuberculosos ou leprosos, dos quais se devia fugir, como o diabo da cruz. Ele foi, de facto, um dos mais determinados  exemplos de frontalidade e de coragem. 

 

Nascido em 1947 na República do Zaire, viveu em África até aos 10 anos e foi só quando veio para Lisboa, aos 11 anos, é que iria descobrir as suas capacidade musicais e a sua paixão pelo fado nas coletividades da zona de Cascais

Gravou o seu primeiro disco em 1968 e dois anos depois é distinguido com o Prémio para Melhor Fadista, atribuído pela Casa da Imprensa., troféu que  a repressiva polícia  o impede de vir a receber no espetáculo do Coliseu.

Estava previsto receber, em Novembro próximo, o  Prémio Amália Rodrigues Ensaio/Divulgação, mas o destino, pelos vistos, estava assim traçado.

Ligado também ao teatro amador (fundou o Grupo Independente de Teatro da Faculdade de Direito, onde foi aluno), levou à cena dezenas de espetáculos na década de 70 e participou na fundação do grupo A Barraca.. Colaborador do Museu do Fado, trabalhou na candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade

 Foi preso pela PIDE por interpretar peças proibidas e acabou por emigrar, vivendo o Maio de 68 em Paris, ao lado de artistas como Sérgio Godinho, José Mário Branco, Luís Cília ou José Afonso.

Regressado a Portugal, estudou Direito e piano no Conservatório de Lisboa, e dedicou-se à investigação, que lhe valeu vários prémios.

Tony Banza - Uma das vozes singulares das ruas de Lisboa - Artista com o qual se terá cruzado várias vezes, também, José Manuel Osório nas suas deambulações pelo Chiado  - Visto ser a Rua  Garrett, um dos pousos prediletos deste fadita

      Este registo é de minha autoria 


Depois de 25 de Abril de 1974, José Manuel Osório  dá o seu contributo para a fundação de "A Barraca". Compõe música juntamente com Fernando Tordo e Samuel na peça "A Cidade Dourada" (A Barraca) e compõe e interpreta ao vivo a música "As Espingardas da Mãe Carrar", de B. Brecht, na Casa da Comédia, sob a direcção de João Lourenço.

Grava mais três discos de Fado, sempre com música de fados tradicionais, e encerra a sua carreira discográfica. Passa nomeadamente nas casas de Fado amador de Cascais e Estoril, nunca encarando com muita seriedade a profissão de cantar o Fado.

Aproveitando todos os conhecimentos adquiridos como intérprete, inicia uma carreira como Produtor de Espectáculos e Manager de artistas, actividade que mantém até 1990.

José Manuel Osório esteve também ligado à organização da Festa do Avante, no apoio directo à criação de um espaço para o Fado, o «Retiro do Fado».

Por razões de saúde, vê-se obrigado a abandonar a actividade profissional.

Em 1993, pela mão de Ruben de Carvalho, regressa e leva a cabo uma iniciativa artística na área do Fado: "As Noites de Fado da Casa do Registo", inserida na Lisboa/94, Capital Europeia da Cultura, impulsionando o Fado.

Em 1998 é convidado pela EBAHL para coordenar as Festas de Lisboa'98.

Em 2005 coordenou o projecto Todos os Fados (Visão, Abril 2005) Os Fados da Alvorada (2010) e a colecção Fados do Fado (2011) ambas da Movieplay.

Colaborador inestimável do Museu do Fado, estudioso exemplar, José Manuel Osório dedicou grande parte das últimas décadas à investigação do Fado, resgatando um conjunto de importantes temas e personalidades para a sua História.

José Manuel Osório faleceu a 11 de Agosto de 2011



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