Jorge Trabulo Marques - jornalista e
antigo co-respondente, em STP, da Revista Semana Ilustrada, de Luanda - 1970 a
Março de 75
Em Nov de 2014 - Quando me recebeu na residência oficial em Trindade |
"temos que criar condições para permitir que os não
militantes do MLSTP possam intervir e ter um voto!”
... "Aqui em São
Tomé, pela experiência que eu tenho: ganhámos as eleições!... Sim senhor!...
Mas, aqui, em STP, um partido político, mesmo que ganhe as eleições com 55
deputados, se não levar a cabo uma politica inclusiva, e se não tentar
encontrar o diálogo com todas as forças politicas e a sociedade civil para nós
identificarmos pontos de consensualidade que dizem respeito ao desenvolvimento
do país, não governaremos!


A turbulência política, em STP, nem mesmo em tempo de confinamento, cessa de conflituar – As oposições no interior dos partidos vão-se extremando e conflitualizando cada vez mais. Cada clientela politica prefere extremar posições e não deixar espaço para a interpenetração e apaziguamento.



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Quem já se esqueceu da "chamada doença desconhecida?" |
É INDISPENSÁVEL MANTER A SERENIDADE E PROMOVER O DIÁLOGO - HÁ QUE TER SERENIDADE COM A PANDEMIA COVID-19 -E NÃO EXTREMAR POSIÇÕES

O que eu tenho dito às pessoas é o seguinte: Eu não tenho ambições de liderar nada mas estou disponível a dar o meu contributo naquilo em que eu possa ser útil! Estou completamente disponível!... Porque, São Tomé e Principe é um desafio enorme!...Grande desafio!...
Um país no Golfo da Guiné!...Potencialmente rico!... Com muitas possibilidades!... Não tem que ter necessariamente petróleo!... Não.
Além do peixe ( da agricultura), temos uma situação geográfica invejável no mundo de hoje!... E não é por acaso, por exemplo, que nós tivemos a visita do Presidente do Brasil, Lula da Silva, duas vezes!
Porquê?... Por amor a São Tomé?... Não!... Pela importância geográfica que São Tomé tem –
MPC - “Nós situamo-nos numa posição ideal; ainda por cima, São Tomé e Principe, não tem fronteiras terrestres, com nenhuns países africanos, pode, jogar um papel importante na busca de paz e de tranquilidade para toda esta zona. Servindo de intermediário”
Por uma razão: como pequeno país, nenhum dos grandes pensarão, que nós temos atores potenciais, imperialistas!... Podemos jogar um papel muito importante, aí neste Golfo da Guiné!
Mais: eu digo-lhe, aqui em São Tomé, pela experiência que eu tenho: ganhámos as eleições!... Sim senhor!... Mas, aqui, em STP, um partido político, mesmo que ganhe as eleições com 55 deputados, se não levar a cabo uma politica inclusiva, e se não tentar encontrar o diálogo com todas as forças politicas e a sociedade civil para nós identificarmos pontos de consensualidade que dizem respeito ao desenvolvimento do país, não governaremos!
Em 1985, eu fiz um discurso no Principe, e, naquela altura, eu dizia. Meus senhores!...Camaradas!
Nós vamos passar para a 10ª classe!... De 75 para 85!... Mas temos que reconhecer que, nós chumbámos em muitas matérias!... Portanto, não vamos cometer os mesmos erros que cometemos até hoje....
Em São Tomé e Principe, nós temos militante do MLSTP!... Mas a maior parte da população, não são militantes do MLSTP!... Mas têm os mesmos direitos e os mesmos deveres, que os outros!
Temos que criar condições para permitir que os não militantes do MLSTP possam intervir e ter um voto!... - Só que, naquela altura, eu não falei ainda dos partidos.
Foi nessa altura, que mudámos os estatutos do MLSTP e introduzimos o direito à tendência no seio do partido para as várias sensibilidades!... – Isso foi feito no meu tempo...Foi em 85: abrimos, portanto, um espaço no seio do próprio partido!... Isso deu a possibilidade, de muitos elementos, que eram da Associação Cívica, que não mandavam no MLSTP, regressaram ao MLSTP. ... Eu faço, uma tendência especial no seio do MLSTP
Em todos os países africanos, o que é que nós tínhamos?... Partido único!... E acontece, que os países com partido único, surgiram apoiados pela própria potência colonial!... Por uma razão: em África, o que é que nós tínhamos?.... Rivalidades tribais!.... Se nós deixássemos, que a potência colonial, favorecesse o surgimento de vários partidos, pois, só nos Camarões, teríamos mais que 100 etnias!... Gabão, teve mais que 30 etnias!... São 30 partidos!... 200 partidos!...Isso iria contra os interesses da própria potência colonial... Em tanta confusão, já não tinha todo o interesses da própria potência colonial!... Já não teria tanto interesse, em ter um partido único!
(...) O processo, que eu iniciei em 85, culminou em 89 com a Conferência Nacional, que abriu espaços a outros partidos”

JTM - Nessa altura. Manuel Pinto da Costa, não concorre, afasta-se da política?.
MPC –Sim. Para deixar às novas forças, campo aberto a outros partidos, porque, a figura de Pinto da Costa, era uma figura muito pesada...
JTM – Quis permitir que as pessoas pudessem discutir!... Mas depois, houve alguns atritos...
MPC - Deixei também a liderança do MLSTP
JTM- Para que o Partido tivesse mais liberdade
....o MLSTP, que nós temos hoje, não tem nada a ver com o MLSTP dos anos 75 e 80, que teve de se adaptar às mudanças (globais)
Manuel Pinto
da Costa – O Diálogo e o Papel Santomense no Golfo da Guiné! – 12 de Julho de
2015 -
JTM Aliás, no seu discurso de 12 de Julho de 2015, recordei-lhe ter afirmando que “o diálogo nunca é uma causa perdida"
Mas deixe-me dizer-lhe: eu vi sempre, em si, uma vida entregue a esta pátria!... Era estudante, sacrificou uma vida, e sempre foi uma referência ideológica e democrática! ... Porque, há pessoas, que, internacionalmente, que o classificam de marxista! De mão de ferro!... Enganam-se!... Enganam-se, porque, é graças a si, que, São Tome e Principe, é um exemplo único em África, onde o processo democrático evoluíu, sem carnificinas, sem violência

MPC – Eu vou explicar: nós tivemos dois esforços no seu do MLSTP. Nos anos 75:
Quando cheguei a São Tomé, havia um movimento, Associação Cívica, por exemplo, que era (um bocado extremista – a expressão é minha)!... Eu acompanhei-os nalgumas discussões) no seio do MSTP; quis-se definer que o objetivo do MLTP, era construção de todos no socialismo científico!...
E, apontando, de novo para um rascunho, sobre a sua secretária, recorda o que então afirmou, apontando um algarismo:
Esse número era difícil!... Isso era uma utopia!... Eu vivi num país num país socialista 10 anos !...(Alemanha do leste)... Eu conheço o fundo socialista da Alemanha!... Tinha estrutura socialista mas não tinha um homem socialista!... Um homem socialista, independente, não existe!...
Onde é que está a classe trabalhadora?!...Onde está o apoio ao campesinato?!... É uma utopia!...
Além disso, o que é que vocês percebem do marxismo Leninismo?!.. Nada!... Não aprenderam nada!... Portanto,não se deixem impressionar com essa propaganda!...
MPC – “O Estato do MSTP, então era o de que, São Tomé e Principe, vai evoluir para um sistema não capitalista: o que é isso?... Não é nada!... Não é socialismo! Não é capitalismo!... Isso não é nada!..
Bom, isso resultou de várias discussões! no sentido de encontrarmos um meio termo!... Que também, no fundo, não era nada!...
Nessa conferência Nacional, estiveram presentes, os homens de Benin!... Só depois da conferência Nacional de São Tomé, é que, Benim, realizou a sua conferência nacional!.... E, Benin, aparece hoje em África, como o primeiro país africano, que realizou a primeira conferência nacional, não foi!... E,porquê?...
Por uma razão simples: a França, depois, com o seu poder, é que lançou o Benin!... Mas, antes, esteve na nossa Conferência Nacional, assistir!
Quando fizemos, a Conferência Nacional, eu recebi, aqui, uma delegação da Hungria!... Uma delegação da Polónia!...Uma delegação da União Soviética!... Todos! Para verem, em São Tomé e Principe, este processo de mudança!... Como é que está a correr!... Porque eles também estavam a viver um processo.
JTM – Para verem, como é que as coisas, estavam a evoluir em São Tomé!

MPC – Vieram para me dizer que, os soviéticos, estão muito preocupados com toda a evolução, aqui em São Tomé e Principe!...
Eu olhei para o Embaixador, e disse-lhe: ouça lá!... Por respeito ao Povo da União Soviética, eu não vos ponho na rua!... Porque, aquilo que nós estamos a fazer em São Tomé, é aquilo que o povo quer!...- Pressentiam o Gorbachev, que acabava de entrar...
Aquilo que estamos a fazer, em pequena escala, aqui em são Tomé e Principe, eles serão obrigados a fazer em grande escala!... Ou muda!... Ou então será enterrado!...
Porque, o Mundo de hoje – e movimentando os dedos das mãos, diz: é um mundo que se vai desagregando!
E, Manuel Pinto da Costa, aponta-me o retrato do grande líder da revolução Chinesa, exposto sobre uma mesinha, ao lado da sua secretária, dizendo:
MPC - Está ali!...
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