
![]() |
Observado de véspera |

Por via das restrições impostas pelos cuidados sanitários, não haverá o tradicional cortejo druida e a presença dos gaiteiros, que costumam dar também o seu brilhantismo à cerimónia evocativa - No entanto, nem por isso deixaremos de saudarmos a entrada da estação mais desejada do ano, com a leitura de recitais de poemas, junto ao altar do majestoso monumento megalítico

O investigador de nacionalidade inglesa, deslocou-se, propositadamente da Austrália, onde reside para ali fazer vários estudos, a que nos referimos em http://www.vida-e-tempos.com/2008/10/tom-graves-veio-da-australia-para.html
O majestoso monumento megalítico, configurando o disco solar e a esfera terrestre, ergue-se, sobranceiro ao aprazível vale da Ribeira Centieira, afluente do Rio Côa (na foz do qual existe um dos mais belos núcleos de gravuras rupestres do paleolítico, classificados como Património da Humanidade. Destacando-se na vertente do Castro do Curral da Pedra, a curta distância do Santuário Rupestre da Cabeleira de Nossa Senhora, outro gigantesco monolito, cuja gruta, em forma de semi-arco, na sua base, é atravessada pelos raios solares do nascer-do-sol sol nos equinócios.
Visto, perpendicularmente, em direcção ao pôr-do-sol no solstício, assume a forma redonda. Observado, porém, noutro ângulo, deforma-se e toma a forma de um busto feminino, de perfil a norte e, masculino, de perfil a sul
De manhã, o solstício do verão, é celebrado ao nascer do sol em Stonehenge, no condado de Wilshire, Inglaterra . E, ao pôr-do-sol, nos Tambores-Mancheia - aldeia de Chãs.

A cerimónia decorre no lugar de Quebradas-Tambores, num planalto sobre o Vale da Ribeira de Piscos, em cujo curso se situam alguns dos principais núcleos de gravuras rupestres classificados como Património da Humanidade.




Os Equinócios ocorrem duas vezes por ano, na primavera e no outono, nas datas em que o dia e a noite têm igual duração. A partir daqui até ao início do outono, o comprimento do dia começa a ser cada vez maior e as noites mais curtas, devido ao Sol percorrer um arco mais longo e mais alto no céu todos os dias, atingindo uma altura máxima no início do Solstício de Verão. É exatamente o oposto no Hemisfério Sul, onde o dia 20 de março marca o início do Equinócio de Outono. http://oal.ul.pt/equinocio-da-primavera-2019/

Aparentemente, mais lembra terra de ninguém, parda e vazia paisagem de um qualquer pedaço lunar, porém, estou certo que não haverá alguém que, ao pisar o milenar musgo ressequido destas cinzentas fragas, ao inebriar-se com os seus bálsamos, subtis fragrâncias, e volvendo o olhar em torno dos vastos horizontes que se rasgam por largos espaços, fique indiferente ao telúrico pulsar, à cósmica configuração e representação divina, que ressalta em cada fraguedo ou ermo penhasco
Vinde comparar os altares erguidos por nossas mãos
com os sagrados lugares da Natureza, que,
unindo a Terra aos Céus,
não limitam, nem os nossos passos,
nem cerceiam a nossa imaginação,
na infindável procura de se encontrarem,
com paixão e amor,
os laços verdadeiros que nos unem a Deus,
em uníssono diálogo e profundo cântico interior
com a Criação, a Sua Altíssima Vontade,
as Maravilhas e Alegria dos Seus Prodígios!
Vós, a quem humildemente me dirijo,
vinde contemplar, livremente,
em plena paz de espírito,
os genuínos templos celestiais, erigidos
ao culto e em celebração da altíssima
unidade Universal!
Vinde ver estes calmos e míticos lugares
repletos de silêncio, de solidão e de rocha,
povoados por ígneos perfis, fulminadas pedras,
que ora surgem isoladas e se destacam
nas vertentes rochosas, no cimo de duríssimas escarpas,
ora se amontoam, encasteladas, quase se diluem
e confundem,desfiguradas,
por toda a vasta mancha acidentada,
tisnada e calva, da erma paisagem!
Vinde, pois, estender o vosso olhar sobre os grandes espaços abertos,
onde as mais poderosas energias
da terra e do cosmos se fundem e expandem,
subtilmente, vos saúdam e acolhem, alegremente,
para que, assim, bem recebidos,
nos altares destes puríssimos ares,
possais contemplar o que é divino,
aquilo que, a todos, fala a linguagem da imortalidade,
- a silenciosa voz das coisas sublimes,
dádiva generosa que, a todos nós
e por igual, nos é oferecida! –
Jorge Trabulo Marques
Nenhum comentário :
Postar um comentário