Meu Natal Timor,
Meu primeiro Natal.
Meu primeiro Natal.
Quantos anos tinha?
Nunca o soube ao certo.
Nunca o soube ao certo.
Minha Mãe-Menina
Fez-me o seu presépio:
Uma encosta arrancada ao Ramelau [1]
Com uma gruta ausente
Cheia de Maromak [2]
E perfume de coco.
Um búfalo e um kuda [3]
E o bafo quente dos seus pulmões.
E um menino sobre a palha de arroz
E folhas de cafeeiro.
Fez-me o seu presépio:
Uma encosta arrancada ao Ramelau [1]
Com uma gruta ausente
Cheia de Maromak [2]
E perfume de coco.
Um búfalo e um kuda [3]
E o bafo quente dos seus pulmões.
E um menino sobre a palha de arroz
E folhas de cafeeiro.
Um menino branco
Igual aos que chegavam de longe.
Igual aos que chegavam de longe.
E eu recuei, porque via no berço
Um menino rosado,
Um menino branco
Igual aos que chegavam de longe.
Um menino rosado,
Um menino branco
Igual aos que chegavam de longe.
- Ele é, mais do que todos, teu irmão...
- Mas como pode ser um meu irmão?
- É teu irmão: firma-lhe bem os teus olhos, meu amor!
- Mas como pode ser um meu irmão?
- É teu irmão: firma-lhe bem os teus olhos, meu amor!
E eu, obedecendo,
Firmei-me todo n’Ele.
E vejo-O desde então
Também da minha cor!
Firmei-me todo n’Ele.
E vejo-O desde então
Também da minha cor!

Foi presidente da Sociedade de Língua Portuguesa durante duas décadas.
Participante ativo na Resistência Timorense.
Foi poeta, prosador, dramaturgo e ensaísta.
Morreu em 1993, na cidade de Cascais, Portugal, onde morou grande parte da sua vida.
Nenhum comentário :
Postar um comentário