
"Jorge Bom Jesus, presidente do MLSTP-PSD, foi nomeado primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe e vai formar um governo com o apoio da coligação PCD-UDD-MDFM. Gerhard Seibert, autor do livro “Camaradas, Clientes e Compadres”, fala em “nova esperança” para o país com um líder que em poucos meses levantou o seu partido e chegou à chefia do Governo" - diz RFI .
A
nomeação de Jorge Bom Jesus, líder do MLSTP-PSD, como primeiro-ministro “é uma nova esperança, é uma nova oportunidade”
para São Tomé e Príncipe, considera Gerhard Seibert, autor do livro
"Camaradas, Clientes e Compadres" e professor na Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
ADI PODE VIR A DESINTEGRAR-SE - "JORGE BOM JESUS É UMA NOVA ESPERANÇA,
UMA NOVA OPORTUNIDADE" – Declarou o antropólogo, Gerhard Seibert, numa entrevista concedida à
RFI, conduzida por Cristina Branco, cujo som tomámos a liberdade de editar do seu site
para video, com suporte de imagens da nossa composição.
O especialista de STP, autor do livro “Camaradas,
Clientes e Compadres", frisou que foi importante destituir Aurélio Martins, uma
figura muito contestada durante muito tempo, não só dentro como fora do partido."Com a liderança de Aurélio Martins, nunca conseguiria estes votos como
conseguiu, Jorge Jesus".
Questionado sobre o futuro de ADI, o investigador respondeu que este é o
partido de Patrice Trovoada, de uma pessoa só em termos políticos, em termos
financeiros, em termos organizativos; então, nos próximos meses, vamos ver se
este ADI vai sobreviver, vai continuar sem a presença e, inclusivamente, sem o
apoio do seu dono, Patrice Trovoada
Teoricamente pode desempenhar um papel na oposição: sobretudo quando
sabe que tem 25 deputados na AN. Mas, como já disse, tendo em conta a perda de
apoio politico, financeiro, pessoal, durante muito tempo, o partido corre o
risco de se desintegrar porque agora está-se a ver na história do ADI, ao
contrário dos outros partidos, não conhece uma democracia interpartidária,
porque, quem manda, é Patrice Trovoada, ele é o dono, é o líder de um partido,
de uma personalidade só.
“Ele conseguiu mostrar uma imagem de credibilidade também dentro do MLSTP-PSD. Era importante substituir Aurélio Martins que foi uma figura muito contestada durante muito tempo, não só dentro do partido, mas também fora. Eu estou convencido que, com a liderança de Aurélio Martins, o MLSTP-PSD nunca teria ganho estes votos”, sublinhou o antropólogo.
Gerhard
Seibert acrescentou que Jorge Bom Jesus conseguiu mostrar que há “uma alternativa viável e real a uma governação do ADI”,
a qual “também estava muito contestada
nos últimos anos pela autocracia, o estilo autoritário de Patrice Trovoada,
tantas posições muito duvidosas contestadas pela oposição e no seio da
população também”.

“Tendo em conta a perda de apoio logístico, financeiro,
pessoal de Patrice Trovoada, este partido corre o risco de se desintegrar”,
afirmou, destacando que “a ADI é um
partido de uma pessoa só” que “ao contrário dos outros partidos em São Tomé,
praticamente não conhece uma democracia intrapartidária porque quem manda é
Patrice Trovoada”.
Ainda
que a ADI tenha vencido as legislativas com maioria simples – 25 em 55
deputados da Assembleia Nacional – o primeiro-ministro nomeado foi Jorge Bom
Jesus, presidente do MLSTP-PSD.

ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DO XVII GOVERNO CONSTITUCIONAL
PROPOSTA - Primeiro-Ministro e Chefe do Governo, Jorge Lopes Bom Jesus

O Primeiro-Ministro e Chefe do Governo do
XVIIº Governo Constitucional de São Tomé e Príncipe Jorge Bom Jesus, 1- Elsa Pinto, – Ministra dos
Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades 2- Osvaldo
D’Abreu, Ministro das Obras Públicas, Infraestruturas,
Recursos Naturais e Ambiente;3- Osvaldo Vaz, Ministro do Planeamento,
Finanças, e Economia Azul; 4- Óscar Sousa, Ministro da Defesa e
Ordem Interna.
5 – Ivete da Graça
Correia, Ministra da Justiça, Administração Pública e Direitos
Humanos. 6 – Francisco Martins dos Ramos, Ministro
da Agricultura, Pesca e Desenvolvimento Rural. 7 – Wuando Borge
Castro, Ministro da Presidência do Conselho de Ministros e
dos Assuntos Parlamentares. 8 – Julieta Izidro Rodrigues, Ministra
da Educação e Ensino Superior. 9 – Maria da Graça Lavres, Ministra do
Turismo, Cultura, Comércio e Indústria.10- Edgar Neves, Ministro da Saúde.
11- Adlander Costa
Mato, Ministro do Trabalho, Solidariedade, Família e
Formação Profissional
12- Vinicius Xavier de Pina, Ministro da
Juventude, Desporto e Empreendedorismo.
Adelino Lucas, Secretário de Estado para a Comunicação
Social..Eugénio António da Graça, – Secretário
de Estado do Comércio e Indústria.
DE RECORDAR QUE O MESMO INVESTIGADOR E ACADÉMICO, EM MAIO PASSADO, ENTREVISTADO PELA LUSA, EM MAIO PASSO, CONSIDEROU QUE A "Exoneração de juízes em São Tomé e Príncipe não tem
base legal -

Esta situação é questionável e duvidosa
porque não existe base constitucional para acontecerem estas exonerações desta
maneira", disse à Lusa
Gerhard Seibert, professor na Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), no Brasil, e
especialista em São Tomé e Príncipe.
Na passada sexta-feira, 31 dos 55
deputados do parlamento são-tomense aprovaram uma resolução de "exoneração
e reforma compulsiva" de três juízes do Supremo Tribunal de Justiça (STJ),
incluindo o seu presidente, Silva Cravid.
Esta resolução segue-se a um acórdão
daqueles três magistrados, datado de 27 de abril, que ordena a devolução da
Cervejeira Rosema ao empresário angolano Mello Xavier.
Para o professor universitário, "está
em causa, de facto, o cumprimento dos princípios do Estado de direito
democrático e a separação de poderes".
"Há uma certa tendência, já há algum
tempo, do atual Governo são-tomense (da Ação Democrática Independente /ADI) de
tentar controlar o poder jurídico", sublinhou.
O investigador referiu ainda a criação de
um novo Tribunal Constitucional (TC), que foi "constituído em moldes
legais que garante, praticamente, que o partido no poder possa controlar as
nomeações (dos juízes), a composição do tribunal".

José Bandeira foi eleito pelos seus pares,
com os quais tomou posse a 26 de janeiro, numa cerimónia no Palácio dos
Congressos, onde funciona a sede do parlamento, que ficou marcada pela ausência
da oposição parlamentar, do então presidente do Supremo Tribunal de Justiça
(STJ) e da bastonária da Ordem dos Advogados.
O investigador da UNILAB falou ainda
"em limitação, por parte do Governo de (primeiro-ministro) Patrice
Trovoada, da opinião pública e da própria diversidade de opiniões".

Para Seibert, existe, politicamente, uma
possibilidade de não se substituir os três juízes, sendo que os próprios não
reconhecem tal medida, alegando ser inconstitucional, "porque o parlamento
não tem esta competência para exonerar juízes nomeados para o Supremo Tribunal
de Justiça, que só é possível através do Conselho Superior da Magistratura
Judicial".
"O próprio Governo e o Parlamento não
podem ignorar completamente a Constituição e as leis em vigor", disse,
referindo que este caso ainda não está encerrado.
O juiz conselheiro Silvestre Dias do
Supremo Tribunal de Justiça determinou, na terça-feira, a "suspensão
imediata" da execução da resolução parlamentar de exoneração e reforma
compulsiva de três juízes conselheiros daquele tribunal.
O juiz que tomou esta decisão foi o único
conselheiro que não foi abrangido pela resolução da Assembleia Nacional e
demitiu-se depois em protesto pela decisão política que afastava os seus
colegas.
O governo são-tomense convocou, na
quarta-feira, o corpo diplomático para explicar a crise no setor judiciário.
GERHARD SEIBERT - SEMPRE MUITO ATENTO À REALIDADE POLITICA E SOCIAL - PARA ALÉM DO SEU TRABALHO COMO INVESTIGADOR HISTÓRICO
Quando questionado, após a eleição de Evaristo carvalho, sobre se haveria mais estabilidade ou menos fiscalização .esta foi a resposta:
O analista
Gerhard Seibert disse acreditar que com um Presidente e um Governo do mesmo partido,
São Tomé e Príncipe poderá contar com “maior estabilidade”. Mas, por outro
lado, o Executivo também poderá ser menos “controlado”.
O especialista em São Tomé e
Príncipe não acredita que Evaristo de Carvalho faça uma “fiscalização rígida”
da governação da ADI, o seu próprio partido. E também não prevê mudanças nas
relações com outros países.
DW África: Na sua opinião, qual o porquê da derrota de Manuel
Pinto da Costa, o Presidente cessante?
Gerhard Seibert (GS): Acho que isso tem a ver com um maior apoio
da ADI e do Governo ao candidato Evaristo de Carvalho, que era o candidato
oficial da ADI. E também devido à mensagem de que a eleição do candidato da ADI
podia criar em São Tomé uma situação de partido único. A maior parte do
eleitorado, uma maioria, parece estar a favor de uma governação da ADI em todos
os setores.

"Camaradas,
Clientes e Compadres. Colonialismo, Socialismo e Democratização em São Tomé e
Príncipe - De autoria de Gerhard
Seibert - Considerado Um texto excepcional que é afinal uma história de São Tomé e
Príncipe desde os fins da era colonial até há meia-dúzia de anos. Uma análise
completa de toda a estrutura do país sob os aspectos sociais, políticos,
económicos, etc. É igualmente a única obra do género resultante de uma
investigação séria efectuada por um historiador neutro e idóneo cujos méritos
de há muito são reconhecidos Camaradas, Clientes e Compadres.
Colonialismo, Socialismo ~
Licenciado em Antropologia Cultural pela
Universidade de Utreque, Holanda (1991) e doutorado em Ciências Sociais pela
Universidade de Leiden, Holanda (1999). De 1999 a 2008, bolseiro de
pós-doutoramento da FCT no Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT)
em Lisboa. Desde 2008 é investigador do Centro de Estudos Africanos
(CEA)/ISCTE-IUL em Lisboa. É autor do livro Camaradas, Clientes e
Compadres. Colonialismo, Socialismo e Democratização em São Tomé e Príncipe (Lisboa:
Vega 2001; versão inglesa: Comrades, Clients and Cousins.
Colonialism, Socialism and Democratization in São Tomé and Príncipe. Leiden
1999; 2ª edição actualizada 2006). Publicou vários artigos sobre temas
relacionados com São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique, Guiné Equatorial
e as relações Brasil – África.
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