Jorge Trabulo Marques - Jornalista e Investigador
Editamos dois vídeos com poemas de Alda
Graça Espírito Santo, Olinda Beja e Conceição Lima - Bem como dos poetas
Manuel Daniel e Hamilton Tavares -

PODERÁ VER MAIS PORMENORES ACERCA DESTE MESMO
EVENTO E AS BIOGRAFIAS DOS POETAS MANUEL DANIEL E HAMILTON TAVARES NOUTRO MEU SITE – EM http://www.vida-e-tempos.com/2018/12/e-hoje-o-solsticio-do-inverno-2018-dia.html


NO PLANALTO DO
MACIÇO DOS TAMBORES, ALDEIA DE CHÃS, VILA NOVA DE FOZ CÔA EXISTEM VÁRIOS CALENDÁRIOS
PRÉ-HISTORICOS - PORMENORES NOUTRO DOS MEUS SITES - EM
ALINHAMENTO COM O PRIMEIRO DIA DO EQUINÓCIO DA PRIMAVERA E DO OUTONO
No Planalto dos Tambores, além dos calendários solares, alinhados com os equinócios da Primavera e do Outono e do Solstício do Verão, existem também dois alinhamentos sagrados com o solstício do Inverno - Um dos quais descoberto há oito anos por Albano Chaves - A segunda descoberta, ocorreu no solstício do Inverno de 2013 -
Solstício do Inverno – Esta é a noite mais longa do ano – porventura também uma das mais geladas - Nós, ao nascer do sol (se estiver encoberto também o faremos) vamos saudar a sua entrada junto à Pedra "Phallus Impudicus" em homenagem aos fantásticos cogumelos Stinkhorn Phallus Impoudicus" que existem por esta altura nalguns pontos dos penhascos do Maciço do Tambores, Quebradas e Mancheia
SOLSTÍCIO DO INVERNO É TAMBÉM A FESTA NATALÍCIA


O "STONHENGE PORTUGUÊS" - EXISTE E SITUA-SE NO MACIÇO DOS TAMBORES-MANCHEIA - Com alinhamentos sagrados para todas as estações do ano
Se as condições do tempo o permitirem, o alinhamento pode observar-se cerca das 08.30 Os raios solares do nascer do sol, ficam em perfeito alinhamento com o horizonte, a crista da pedra (de forma fálica) e o centro do recinto circular .
PEDRA FÁLICA A CURTA DISTÂNCIA DO CASTRO DO CURRAL DA PEDRA E ALINHADA COM O NASCER DO SOL DO SOLSTÍCIO DO INVERNO - É MAIS OUTRA DAS MARVILHAS NOS TEMPLOS DO SOL
Em busca de uma palavra que me ilumine
e purifique de sagrada plenitude e de luz
Sim, porque um dia em paz toda a calma
da minha alma na viagem efémera da vida se apagará!...
Só o mistério indecifrável e eterno para sempre perdoará...
e purifique de sagrada plenitude e de luz
Sim, porque um dia em paz toda a calma
da minha alma na viagem efémera da vida se apagará!...
Só o mistério indecifrável e eterno para sempre perdoará...
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE – ILHAS MARAVILHA QUE GERAM POETAS E CONVIDAM À CONTEMPLAÇÃO E À POESIA - MESMO QUANDO AS REPRIMEM - - Por Jorge Trabulo Marques - jornalista e investigador

Não partiu para o exilio mas, mesmo sob a vigilância da antiga policia politica (PIDE) nem por isso deixou de usar a palavra, os seus versos, como a voz mais ativa e interveniente pelo seu Povo - Considerada, por isso, como expoente máximo do nacionalismo são-tomense, pós independência. Alda Graça, morreu em Angola para onde foi evacuada por razões de saúde. Morreu na terra dos seus compatriotas de luta pela independência nacional, como Mário Pinto de Andrade. Um dos nomes de Angola que Alda Graça muitas vezes citou nas suas intervenções públicas. – Excerto deAlda Graça do Espírito Santo
NATAL NA ILHA
Ao cair da tarde, pelas estradas da Ilha
Cabaninhas de andala
Tecidas por dedinhos de garotos,
É a nota tocante do Natal.
Uma tocha de mamão
É o luzeiro no caminho
Alumiar o “passo”.
Mas o exotismo dos trópicos
Descendo pelo calendário dos festejos
Faz do “Dá chinja” a festa da família.
Quarta-feira de cinzas
É cara ao coração da nossa gente,
Onde se sente a ausência dos finados.
Na hora do “angu”,
Do clássico calulú de Peixe
Todos se juntam,
Nas roças, nas grutas, nos ermos mais perdidos,
Em redor da mãe velhinha,
Da avó da carapinha branqueada
Na tradição festiva do “Bocado”.
P’las mãos dessa velhinha solene
todos, todos, recebem p’la mesma colher
Numa união feliz e africana
A primeira colherada
Do menú familiar.
E só então, a refeição começa.
A toda a hora pelo dia fora.
Vem chegando gente
Pró sagrado “Bocado”
Do avô extinto do ano que passou
E da filha arrancada à vida
em plena mocidade.
Cinzas…. Natal…
Exotismo dos trópicos?
- Uma pergunta e uma resposta que pairam nos ares
Alda Graça do Espírito Santo
Alda Espírito Santo era a voz feminina de São Tomé e Príncipe - Poeta, escritora - Figura emblemática da luta pela independência do país e é a autora do hino nacional. Tive o prazer de a conhecer em S. Tomé, e. mais tarde, de a fotografar, junto à minha companheira, à saída de um espetáculo de gala no Casino Estoril.
Alda Neves da Graça do Espírito Santo – Nasceu em S. Tomé, em 30 de Abril de 1926 e faleceu em Março de 2010 - Quando São Tomé e Príncipe conseguiu a independência de Portugal em 1975, ela ocupou vários altos cargos no governo como; Ministra da Educação e Cultura, Ministra da Informação e Cultura, Presidente da Assembleia Nacional e Secretária-Geral da União Nacional de Escritores e Artistas de São Tomé e Príncipe.
Ela é também autora da letra do hino nacional, Independência total.
É autora dos livros de poemas “O Jogral das Ilhas”, de 1976, e “É nosso o solo sagrado da terra”, de 1978. https://pt.wikipedia.org/wiki/Alda_do_Esp%C3%ADrito_Santo~

Pepetela recorda a autora do hino nacional de São Tomé como alguém que "através da sua poesia" soube "apontar o caminho aos mais novos": "O caminho da luta, da dignidade dos povos, da independência." Depois de publicar O Jogral das Ilhas, em 1976, editou em 1978 É Nosso o Solo Sagrado da Terra, o seu trabalho mais importante. "A sua poesia teve importância em todo o movimento anticolonial e em todos os países de expressão portuguesa", recordou o poeta Manuel Alegre. Todos os anos, desde a independência de São Tomé e Príncipe, uma voz feminina recita Trindade, poema com que a escritora imortalizou o massacre de 1953. https://www.dn.pt/artes/livros/interior/alda-espirito-santo-era-a-voz-feminina-de-sao-tome-e-principe-1516060.html
Criou a primeira geração de jornalistas do país, e como poetisa imortalizou o massacre de 1953 no poema TRINDADE, que desde a independência nacional é recitado todos os anos e de forma arrepiante por uma voz feminina.
A poder poético de Alda graça está presente todos os dias, e em todos os momentos de São Tomé e Príncipe. O grito pela independência nacional, a unidade do povo no coro da esperança, é reflectido na letra do hino nacional de que ela é autora. «Somos os frutos produzidos pelas mãos de fada desta nossa grande senhora da cultura e mãe do nosso hino nacional e fundador. Feliz aniversário e longos anos de vida neste mais um 30 de Abril, mês dos poetas e dos escritores», enfatizou o Ministro da Educação e Cultura Jorge Bom Jesus.
Olinda Beja é, sem dúvida alguma, uma das mais espantosas musas do firmamento poético de São Tomé e Príncipe, nascida lá nas bandas do meio do mundo, onde se avista o cruzeiro do Sul – Toda a sua poesia é como que a expressão genuína das raízes da maravilhosa e luxuriante Ilha que a viu nascer. Do mar, da terra e dos seus frutos e flores - sabores e perfumes. Ela é tudo isso! A expressão poética das Ilhas e das suas gentes. Com a genial e rara inspiração de dizer os seus poemas, com a mesma musicalidade calorosa da voz do seu povo e, simultaneamente, nos revelar a beleza envolvente de um verdadeiro paraíso terreal - Naturalmente, com os seus espantos, cores, alegrias, ansiedades e sofrimentos – E, estes, muitos foram ao longo de séculos. Por isso mesmo, é das raras poetas que tem o condão de dizer o que escreve, tal como o sentiu no instante da sua criação: não só recita, declama mas canta! – Não sei se haverá, entre os poetas da língua portuguesa, pessoa capaz de nos proporcionar momentos de tão rara e intensa beleza poética e deslumbrante sensibilidade interpretativa, como são os oferecidos por Olinda Beja.
E será Natal no mês de agosto
Ou em julho
Ou em maio
Ou em janeiro
Desde que sonhes com ternura
Desde que ames
Que vivas
Que sorrias
Desde que te entregues aos outros
Por inteiro
Será Natal TODOS OS DIAS!
Olinda Beja -Dezembro de 2013
Se é verdade que ser-se poeta é um dom, dado por divinas inspirações, não menos verdade é que são as vidas , os acasos, os lugares onde se nasce ou por onde se passa que determinam a condição de um poeta. Se, Luís de Camões, não tivesse andado embarcado pelos mares do Atlântico ao Índico, não tinha escrito os Lusíadas, mesmo que escrevesse uns versos, dificilmente o consagrariam para a posteridade. O mesmo teria sucedido a Fernando Pessoa, senão tivesse percorrido o atlântico de Lisboa a Pretória e depois regressado. Jamais a sua alma teria sido iluminada por tanta força poética e por tanto mar.
Olinda Beja, à semelhança de Almada Negreiros, nasceu em S. Tomé, na Vila de Guadalupe em 1946, filha de mãe santomense e pai natural da Beira Ata, tendo partido para Portugal, com apenas dois anos de idade.

"Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Português/Francês) pela Universidade do Porto, Olinda Beja é docente do Ensino Secundário desde 1976. Ensina também Língua e Cultura Portuguesa na Suíça, é assessora cultural da Embaixada de São Tomé e Príncipe e dinamizadora cultural. Publicou os livros de poemas 'Bô Tendê?', 'Leve, Leve', 'No País do Tchiloli', 'Quebra-Mar' e 'Água Crioula', os romances 'A Pedra de Villa Nova', '!5 Dias de Regresso' e 'A Ilha de Izunari' e ainda livros de contos.
QUEM SOMOS?
O mar chama por nós, somos ilhéus!
Trazemos nas mãos sal e espuma
cantamos nas canoas
dançamos na bruma
somos pescadores-marinheiros
de marés vivas onde se escondeu
a nossa alma ignota
o nosso povo ilhéu
a nossa ilha balouça ao sabor das vagas
e traz a espraiar-se no areal da História
a voz do gandu
na nossa memória...
Somos a mestiçagem de um deus que quis mostrar
ao universo a nossa cor tisnada
resistimos à voragem do tempo
aos apelos do nada
continuaremos a plantar café cacau
e a comer por gosto fruta-pão
filhos do sol e do mato
arrancados à dor da escravidão
Olinda Beja -Dezembro de 2013
Em Um Grão de Café, Olinda Beja conta a história de Paguê, menino que deu origem ao nome da ilha do Príncipe. Pretendendo encontrar um herdeiro para o trono, o rei chama as crianças e confia-lhes um grão de café, para cada uma, no prazo de um ano, cuidar e fazer germinar. Na data marcada, os meninos e as meninas voltam à presença do rei, mas Paguê vem triste, pois é o único que traz um vaso vazio. O seu grão de café não germinou, apesar de se ter esforçado.
Olinda Beja nasceu em Guadalupe – S. Tomé e Príncipe.
Criança ainda deixou as ilhas e passou a viver do outro lado do mar, em terras frias da Beira Alta.
Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos de Português-Francês, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui o Diploma Superior de Hautes Études da Alliance Française.
Para além de escritora, Olinda Beja é professora do ensino secundário, bolseira do Centro Nacional de Cultura, Comendadora dos Países Irmãos Brasil-S.Tomé e Príncipe; contadora de estórias, dinamizadora cultural. Atualmente é professora de Língua e Cultura Portuguesa em Lausanne (Suiça) onde reside.
As suas obras têm sido objeto de estudo em várias universidades nomeadamente no Brasil e nas escolas portuguesas do Luxemburgo onde foram adotadas as seguintes obras: “15 Dias de Regresso” e “Pé-de-Perfume”.
Durante o ano escolar Olinda Beja desloca-se a estabelecimentos de ensino do universo lusófono onde dá a conhecer as ilhas do cacau e faz a aproximação dos dois povos através da riqueza cultural em comum
Liks Relacionados com Olinda beja
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - ONDE A POESIA ANDA À SOLTA - MAS NÃO A REPRIMAM QUEM A INSPIRA

Conhecia a existência da sua obra e também do prestígio que o seu nome goza nas letras e no jornalismo mas ainda não tinha tido o prazer de estar olhos nos olhos e frente a frente, e, ainda para mais, logo em direto num dos mais apreciados e mediáticos programas de informação e debate de ideias da televisão de S. Tomé e Príncipe – Naturalmente que não me posso esquecer desse amável rosto

Raízes (do secular) Micondó de Conceição Lima espalham-se pelo Brasil
Autora de três livros de poesia, publicados pela Editorial Caminho, um dos quais, “A Dolorosa Raiz do Micondó’’, acaba de ser lançado pelo Ministério da Educação do Brasil com uma tiragem de 32 mil exemplares.
A referida obra poética, publicada em 2011 no Brasil pela editora Geração Editorial, de São Paulo e, que, por ocasião da 2ª Bienal da Feira do Livro de Brasília, que decorreu de 12 a 16 de Abril, já havia sido selecionada pelo Programa Nacional de Bibliotecas Escolares do Brasil, num conjunto de mais de 400 títulos», vê agora confirmado seu lançamento, e, consequentemente, o reforço da visibilidade dos seus livros no maior país de expressão de língua portuguesa.
Em recentes declarações ao Téla Nón, Conceição Lima disse estar muito feliz pelo reconhecimento da sua obra e pela projeção que isso representa da literatura são-tomense. «Saber que contribuo para elevar o nome e a cultura de São Tomé e Príncipe é muito gratificante e deixa-me realmente muito feliz», 11 Dez 2014 Livro de poesia de Conceição Lima com tiragem de 32 mil exemplares no Brasil


SÃO ASSIM OS POETAS ...
Desde os anos 80 que Maria da Conceição Costa de Deus Lima, descobriu os caminhos da poesia, contudo, e, como geralmente acontece aos maiores poetas, a poesia é como voo de ave: voa ou voga, simplesmente, através dos grandes espaços ou mares da sensibilidade e da imaginação, sem, todavia, ter pouso seguro. Vão-se fixando instantes, na sebenta do dia a dia, sem contudo haver a preocupação de os transformar em livro ou de lograr um porto de arribação – Em suma, vai-se viajando:
“Os barcos regressam
carregados de cidades e distância
Adormecem os grilos
Uma criança escuta a concavidade de um búzio.
Talvez seja o momento de outra viagem
Na proa, decerto, a decisão da viragem”
Em Fernando Pessoa, quis o acaso que alguém se lembrasse de vasculhar o seu baú e descobrir a herança do seu legado. Outros, porém, às tantas, lá se dão de conta que o que é belo deve ser partilhado. Creio ter sido o caso de Conceição Lima, quando lançou “O útero da Casa”, em 2004” – Veja-se bem o significado da palavra de útero: tão só, o mais íntimo de si, as emoções mais marcantes da sua vida. Pelo menos, algumas das muitas vividas: mesmo “quando eu não sabia que era quem sou/ Quando eu ainda que era já eu” - Mesmo assim, vai-se ao fundo da memória – Mas impossível é transformar todos os sentimentos, em versos – Seria também matar a poesia, pois, o pensar, ou racionalizar demais, como dizia o poeta da Mensagem, torna as pessoas infelizes: é preciso “Sentir como quem olha/ Pensar como quem anda” – No fundo, é o que nos transmite a bela poesia de Conceição Lima
Três Verdades Contemporâneas
Creio no invisível
Creio na levitação das bruxas
Creio em vampiros
Porque os há.
Creio na levitação das bruxas
Creio em vampiros
Porque os há.

"Constituído por 28 poemas, O Útero da Casa demonstra desde o início a força poética de uma autora comprometida com si mesmo e seu país de origem. Através de “lugares metonímicos”, no dizer da crítica literária portuguesa Inocência Mata (prefaciadora da obra), Conceição Lima deslumbra o seu leitor ao construir e reconstruir os seus lugares de afetividade; o seu país, rico em simbolismos e lutas, a partir de um “eu feminino”, em que a casa ganha uma dimensão de amargura e rememoração -Excerto de Conceição Lima e a linguagem-morada
"No livro A dolorosa raiz do micondó, Conceição Lima, poetisa de São Tomé, reconstitui espaços, paisagens da intimidade e histórico-sociais por meio da representação lírica de sua memória. O quintal da infância, a árvore do micondó, dentre outros elementos espaciais e paisagísticos, ganham contornos simbólicos nessas rememorações, que se espraiam ainda na lembrança de tempos dolorosos vivenciados em seu país"
SÓYA
Há-de nascer de novo o micondó —
belo, imperfeito, no centro do quintal.
À meia-noite, quando as bruxas
povoarem okás milenários
e o kukuku piar pela última vez
na junção dos caminhos.
Sobre as cinzas, contra o vento
bailarão ao amanhecer
ervas e fetos e uma flor de sangue.
Rebentos de milho hão-de nutrir
as gengivas dos velhos
e não mais sonharão as crianças
com gatos pretos e águas turvas
porque a força do marapião
terá voltado para confrontar o mal.
Lianas abraçarão na curva do rio
a insónia dos mortos
quando a primeira mulher
lavar as tranças no leito ressuscitado.
Reabitaremos a casa, nossa intacta morada.
In . A Dolorosa Raíz do Mincondó - 2006
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